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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

SAÚDE - Cura da AIDS: Conferência fala sobre como erradicar a doença

Cura da AIDS: Conferência fala sobre como erradicar a doença


Essa semana, um dos maiores eventos sobre Aids está acontecendo nos EUA: a 19ª Conferência Internacional da Aids, em Washigton. Mais de 25.000 médicos, cientistas, ativistas, políticos, filantropos, representantes de empresas farmacêuticas e pessoas vivendo com o vírus HIV estarão debatendo o assunto que, pela primeira vez, terá na sua pauta um tema importantíssimo: a cura da doença.
Outros tópicos da conferência incluem pesquisa sobre como prevenir a infecção pelo HIV, tratamento e prevenção da condição.

“Rumo a uma cura do HIV”
O grande tema da conferência é o lançamento do “Rumo a uma cura do HIV”, uma estratégia científica global de um grupo internacional de 300 pesquisadores que estão delineando as prioridades para encontrar uma cura para a doença.
O objetivo é descobrir por que o vírus HIV vive indefinidamente em certas células, em quais tecidos ele vive, como fazer o sistema imunológico matá-lo e que tipo de drogas poderiam matá-lo.

O paciente de Berlim

A Aids já reivindicou cerca de 30 milhões de vidas em todo o mundo. Há pouco tempo, falar sobre a cura da doença seria impossível. Hoje, graças ao paciente de Berlim, a esperança volta a fazer parte da casa dos doentes.
Em 2007, um americano chamado Timothy Brown, que estava morando na Alemanha, recebeu um transplante de medula óssea como tratamento para leucemia mieloide aguda (um tipo de câncer de sangue) e acabou sendo curado do vírus HIV, doença que ele também possuía.
Em 2010, depois de três anos sem nenhum sintoma da Aids, Timothy foi confirmado como a primeira pessoa no globo a ser curada da Aids. Isso aconteceu porque a medula que ele recebeu era de um doador com uma mutação rara que torna algumas pessoas imunes ao HIV.
Só que o seu caso é raro. O procedimento pelo qual Timothy passou é extremamente perigoso, porque o sistema imunológico de um paciente tem de ser “exterminado” a fim de aceitar o transplante de medula óssea.
Além disso, apenas 1% dos caucasianos (principalmente europeus do Norte) e nenhum afro-americano ou asiático têm essa mutação em particular que torna as pessoas resistentes ao vírus.
Ou seja, a “cura” ainda não podia ser bradada em todos os cantos, já que usar um transplante de medula óssea de um doador resistente não é um tratamento viável para a Aids.
Ainda assim, os pesquisadores são realistas.
“Estamos tentando inspirar as pessoas sobre a possibilidade de que a cura poderia acontecer algum dia”, disse o Dr. Steven Deeks, da Universidade da Califórnia, em San Francisco (EUA). “A maioria das pessoas razoáveis diria que temos 50%-50% de chances de obter uma cura, por isso, não é bom ficar muito entusiasmado. Achamos que é possível, e que vale a pena investir nisso, mas não espere nada em um futuro próximo”.

Como seria a cura do HIV?

Timothy apresentou, no mês passado, pela primeira vez desde 2007, traços do vírus HIV no seu sangue. Isso não significa que ele não está mais curado. O paciente de Berlim não tem sintomas, seus testes para HIV dão negativo, e ele não precisa de medicamento nenhum. Os médicos garantem: Timothy não tem Aids.
Cada vez mais os pesquisadores aceitam uma definição de “cura funcional”, na qual o vírus é controlado, e a transmissão não ocorre. Uma outra corrente de pensamento prefere a cura por “esterilização”, que eliminaria o vírus do organismo completamente.

Avanços nas curas funcionais

O Dr. David Margolis, pesquisador da Universidade da Carolina do Norte (EUA), vai apresentar os resultados de seu pequeno estudo com oito pacientes tratados com Vorinostat na conferência. Vorinostat é um remédio usado no tratamento do linfoma, um câncer dos gânglios linfáticos e da corrente sanguínea.
Pesquisadores franceses que estão estudando 12 pessoas HIV-positivas chamadas de pacientes Visconti também vão falar sobre seus avanços. Esses pacientes foram tratados imediatamente após terem sido expostos ao vírus HIV e têm sido capazes de controlá-lo naturalmente. Após receberem, desde cedo, o tratamento clássico antirretroviral durante a fase aguda da infecção, os doentes se tornaram capazes de controlar as infecções sem nenhum tratamento, além de não transmitir a doença aos outros, o que também entra no tópico da prevenção.
Além disso, um estudo com um grupo de homens e mulheres infectados com o vírus chamados de controladores de elite também é promissor: eles são totalmente capazes de controlar naturalmente sua infecção, pois nunca receberam nenhum tratamento antirretroviral, e têm uma carga viral indetectável.
Muitas mentes científicas, juntas, numa colaboração de esforços, podem chegar a resultados incríveis. Eu sei que não devemos apostar todas as esperanças na cura, mas hoje ela parece mais real do que nunca.[CNN]

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