10 dicas para lidar com a chantagem dos filhos
10 dicas para lidar com a chantagem dos filhos
Por MADSON MORAES
A cena é conhecida dos pais: no supermercado, a criança quer porque quer aquele produto e o escândalo é sua arma para conseguir seu objetivo. Os pais, envergonhados, prometem algo em troca daquela considerada inocente "negociação". Mas o cenário pode piorar: o próximo escândalo dos filhos acontece na frente de outras pessoas e, dessa forma, os pais mais uma vez "negociam" mundo e fundos diante de outra "chantagem". E aí o ciclo de chantagem entre pais e filhos continua.
Como lidar, então, com um filho que utiliza dessas artimanhas para conseguir o que quer?
Os pais, de acordo com psicólogos, não devem ficar reféns desse recurso, pois poderão criar uma relação sem bons resultados no futuro embora, de imediato, funcione. A psicopedagoga e vice-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Luciana Barros de Almeida, lembra que ceder sempre à "chantagem" dos filhos, em troca de alguma coisa, é prejudicial. Quem deve saber a hora de atender ou não a solicitação da criança são os pais e não inverso.
Além disso, é importante que os pais saibam a diferença entre negociação e chantagem, como observa a psicóloga e diretora do Colégio Global, Eliana de Barros Santos. Ela explica que na negociação há um crescimento, uma evolução na relação e ambas as partes ganham. Bem diferente da chantagem, que pressupõe o prejuízo de uma das partes em prol do benefício para a outra parte. Sendo assim, essa 'tática' não deve ser considerada na educação.
Dar limites é um ato de amor
Dar limites é um ato de amor
'Dar limites é um ato de amor e proteção porque cria anteparos para a tolerância e ajuda a lidar com frustrações e sentimentos que são enfrentados por toda pessoa. Quanto mais adiar essa experiência, mais difícil será de enfrentar. O 'não' estabelece o limite, mas não pode ser dito em demasia. O mesmo vale para o 'sim', este que estabelece liberdade, mas, se falado em demasia, fica abusivo', observa a psicopedagoga e vice-presidente da ABPp, Luciana Barros de Almeida.
Dizer 'espera um pouquinho' faz bem às crianças
Dizer 'espera um pouquinho' faz bem às crianças
Pais precisam entender que a criança é capaz de aguentar frustrações sem ganhar nada em troca e devem aprender a esperar. 'O prazer satisfeito imediatamente perde o efeito, pois não há esforço contínuo. Além de não haver um tempo de espera para processar e elaborar o pensamento acerca daquilo que se deseja. Por isso, o ditado 'espera um pouquinho' faz bem. Trata-se de uma etapa do amadurecimento e que é imprescindível para a formação de um adulto equilibrado e tranquilo', explica Luciana.
Muitos pais incentivam essa 'troca' com os filhos
Muitos pais incentivam essa 'troca' com os filhos
A psicóloga Eliana de Barros, lembra que, muitas vezes são os próprios pais que incentivam essa troca nada benéfica com os filhos. 'Criança vê, criança faz! Cabe aos pais o cuidado de não utilizar a chantagem como forma de obter vantagens. Os filhos repetem o comportamento observado nos pais. Então, se você for um bom negociador, não terá dificuldades para lidar com a chantagem', adverte.
Chantagem é uma forma de agressão
Chantagem é uma forma de agressão
O recurso da chantagem pode ser encarado como uma forma não muito ética de se relacionar com o outro e até mesmo um tipo de agressão. É uma espécie de linguagem de baixo padrão utilizada pela criança e, de forma geral, copiado do modelo que o adulto oferece.
'A criança que aprende a manipular os pais por meio de comportamentos intimidatórios pode desenvolver um comportamento adulto no mesmo padrão, tornando-se uma pessoa de difícil relacionamento', alerta a psicóloga e diretora do Colégio Global, Eliana de Barros Santos.
Pais devem seguir o ritmo da criança
Pais devem seguir o ritmo da criança
Para Luciana, os pais devem enfrentar e agir de acordo com o ritmo da criança. Se ela solicita muito e toda vez quer ser rapidamente atendida, eles devem criar situações que a façam esperar. Um exemplo disso é fazê-la esperar para assistir ao canal preferido da TV, para descer no 'play', bem como aguardar enquanto os outros falam.
'Assim, em situações cotidianas, fica mais fácil ensinar a criança a exercitar a tolerância', aconselha. Para Eliana, se o comportamento estiver estabelecido, os pais devem ter sua atenção e esforços redobrados para modificar a forma de comunicação com a criança. 'Prestar muita atenção à forma como interage com os filhos é o melhor caminho', defende Eliana.
Quanto mais os pais cedem, mais poder o filho ganha
Quanto mais os pais cedem, mais poder o filho ganha
Quanto mais os pais cedem, mais poder o filho ganha e isso cria um desequilíbrio na família. Há, nessa situação, uma possível inversão dos papéis em termos de hierarquia e isso não é uma fórmula saudável. Com isso, o surgimento de outros conflitos é previsível. Os pais atribuem ao filho um poder exacerbado e se posicionam em uma situação inferiorizada na relação.
'A liderança da família está nas mãos dos pais e cabe a eles exercerem esse papel tendo consciência de suas funções, inclusive de tomar decisões baseadas em seus objetivos. Uma boa opção é se perguntar: que tipo de relação construo com meu filho? Estou resolvendo a situação de forma imediatista?', pondera a psicóloga Eliana Santos.
'Não ter tudo o que se quer na hora que se quer' é saudável
'Não ter tudo o que se quer na hora que se quer' é saudável
Luciana conta que, na maioria dos casos, os pais cedem a esse comportamento dos filhos por se sentirem culpados. Isso acontece porque eles trabalham o dia todo, se separaram ou então sofreram com a falta dos pais quando eram crianças e agora querem poupar o sofrimento do filho.
Ou, argumentam outros pais, porque o filho não para de pedir/chorar enquanto não se faz o que ele quer. 'Por isso, é importante os pais saberem que não ter tudo que se quer na hora que se quer é saudável. Isso ajuda a construir tolerância. A criança deve entender que há alguém que a controla e que em alguns momentos decide por ela, já que ainda não sabe o que é melhor para si própria', indica a psicopedagoga.
A recompensa por mérito é saudável
A recompensa por mérito é saudável
Como os pais devem diferenciar uma recompensa por mérito daquelas prometidas aos filhos em troca de algo ou um favor? A vice-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Luciana Barros de Almeida, explica que a recompensa por mérito deve partir dos pais e não se tornar uma negociação com a criança.
'É quando os pais oferecem algo à criança que não estava programado, mas, em decorrência da atitude boa que ela teve, recebe algo de bom. Isso de surpreender a criança de vez em quando também faz bem ao desenvolvimento saudável', destaca Luciana.
Para Eliana, não há como confundir a recompensa com a chantagem, pois são comportamentos extremamente diferentes. 'De um lado a recompensa enaltece as qualidades do feito, por outro lado, a chantagem exacerba o poder do chantageador de forma a corromper a outra parte', indica Eliana.
Estratégia para barrar a chantagem é ser honesto
Estratégia para barrar a chantagem é ser honesto
Eliana explica que a melhor estratégia é a clareza e honestidade e que o segredo está em controlar a emoção. Mesmo com crianças pequenas é possível dizer com todas as letras que você não vai atender ao pedido ou exigência. E que isso acontece por não concordar com a forma como a criança está atuando.
'O segredo está no controle da emoção. Jamais utilize o momento para se comunicar com agressividade, raiva ou qualquer outro sentimento forte. É preciso ter controle sobre os seus sentimentos para que a clareza na comunicação seja possível', aconselha a psicopedagoga.
Se a criança ficar nervosa e esbravejar, lembra Luciana, os pais devem deixá-la sentir a raiva e evitar falar com ela para não irritá-la ainda mais. 'Espere passar um tempo até que ela se acalme', recomenda.
Pais não devem ceder
Pais não devem ceder
Quando a criança ou o adolescente apresenta esse tipo de comportamento deverá ser orientado a não repeti-lo, e os pais não podem ceder, evitando reforçar essa conduta.
'Em relação à educação das crianças, haja o que houver, os pais precisam dizer à criança que eles controlam o que pode e o que não pode. Além de mostrar que estão atentos, mantendo a calma e o tom de voz sereno e firme. Assim demonstram tranquilidade e segurança, o que favorece um desenvolvimento saudável e equilibrado', opina a psicóloga, Eliana de Barros Santos.
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