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domingo, 6 de abril de 2014

MANTOVA E O CÁLICE SAGRADO

MANTOVA E O CÁLICE SAGRADO

Por Claudia Liechavicius 

Firmemente plantada no coração da Lombardia entre Milão e Veneza - Mantova é uma cidadezinha italiana que quase passa em branco aos olhares menos atentos, de alguns turistas. No entanto, seu valor religioso e histórico é enorme. Segundo o catolicismo, um cálice com sangue de Cristo foi depositado na Igreja de Sant'Andrea Apóstolo, no ano de 36 d.C. trazido por um soldado romano de nome Longino que presenciou a agonia de Cristo na cruz. Conta a história que Longino atinge a costela de Jesus com a ponta de sua lança fazendo o sangue jorrar (em 33 d.C.). Esse sangue o cura de uma enfermidade. Então, ele se ajoelha aos pés de Jesus arrependido de seu ato e percebe o poder divino do homem crucificado. Imediatamente, ele recolhe parte da terra molhada pelo sangue, o coloca numa pequena caixa e parte levando consigo essa preciosidade. Três anos depois, a tradição diz que Longino chega à Mantova e antes de ser decapitado pela Inquisição, ele esconde a relíquia junto ao templo romano de Diana, onde hoje fica a cripta da magnífica Basílica de Sant'Andrea Apóstolo. Em 804, o papa Leão III, autenticou a relíquia. O fato caiu no esquecimento do povo e mais tarde foi novamente encontrada. Em 1048, sua veracidade foi reconfirmada pelo papa. Mantova, então, tornou-se local de peregrinação de massa e passou a ser visitada por papas e imperadores. Atualmente, uma vez ao ano, na sexta-feira santa, duas cópias do cálice sagrado são expostas à visitação. Uma história digna de ser reeditada por Dan Brown.

A Basílica de Sant'Andrea Apóstolo em Mantova, Itália é uma das obras do arquiteto Leon Battista Alberti grande representante do renascimento italiano.

UMA CIDADE ENTRE LAGOS

Mantova é cercado por três lagos artificiais - Superior, do Meio e Inferior que foram feitos no século XII. Eles são abastecidos com a água do rio Mincio, alimentado pelo Lago de Garda. Também havia um quarto lago, chamado Pajolo, usado como parte do anel de proteção da cidade. Mas, ele secou no século XVIII.
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O centro da cidade é interligado por pontes, pois é cercado de água por todos os lados. .

A FAMÍLIA GONZAGA

Mantova foi fundada em 2000 a.C. e mais tarde virou uma vila etrusca. Na Idade Média foi o centro de um ducado governado pela poderosa família Gonzaga, que deixou um patrimônio cultural e artístico incrível. Seus tesouros arquitetônicos são extremamente bem preservados com palácios e palacetes em estilo medieval e renascentista. Atualmente, Mantova é considerada Patrimônio Mundial pela Unesco. Merecidamente.

PALÁCIO DUCALE

Esse palácio construído entre os séculos XIV e XVII foi a residência da família Gonzaga. É formado por um imenso conglomerado de prédios e jardins conectados por corredores e galerias. O número de quartos é gigantesco são mais de 500. O mais famoso é o quarto do casal, chamado de Camera degli Sposi, em italiano. A entrada do palácio é pela Piazza Sordello. É para a praça que se abrem o Magma Domus (Casa Grande) e o Palazzo del Capitano (Palácio do Capitão) que formam a Corte Vechia.


Fachada do Palácio Ducale.


Piazza Sordello.
O Castelo San Giorgo foi construído por ordem de Francesco I Gonzaga.
Torre do Sino da Igreja de Santa Bárbara.

Cortile della Cavalerizza. Local onde os cavalos eram tratados.

Pintura da Camera degli Sposi.

Detalhe dos afrescos de Andrea Mantegna, no quarto do casal, do Palácio Ducale. 

PALÁCIO TE

Foi construído entre 1524 e 1534, por Frederico II Gonzaga, Marques de Mantova, nos arredores da cidade para ser o Palácio do Subúrbio. Era o palácio de verão e onde muitas cerimônias e festas eram celebradas. Na época era um local afastado. Fora das muralhas da cidade. Hoje, não é central, mas também não fica muito distante. Abriga o Museu Cívico que guarda muitas obras de arte doadas por Arnoldo Mondadori (importante empresário italiano) e por Ugo Sissa (arquiteto italiano que trabalhou muitos anos no Iraque e trouxe de lá muitas peças de arte da Mesopotâmia).

O Palazzo Te - Palácio de Verão da família Gonzaga é uma obra do arquiteto Giulio Romano, outro grande representante do renascimento italiano.

DUOMO

A catedral de Mantova também fica na Piazza Sordello (a principal praça da cidade), quase em frente a entrada do Palácio Ducale. A construção original da igreja data do início da era cristã. Vários incêndios fizeram com que ela fosse reconstituída aos poucos e tivesse essa interessante mistura de estilos: gótico, barroco e renascentista.
Ao fundo, a Duomo de Mantova, na Piazza Sordello. O prédio da direita é o Palazzo Ducale. À esquerda fica o acesso a um dos melhores restaurantes da cidade, o Aquila Nigra.

ROTONDA DI SAN LORENZO

Muitas são as construções de cunho religioso que Mantova ostenta. A Rotonda di San Lorenzo foi erguida no século XI, durante o reinado de Canossa. Sua construção foi inspirada na Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém e dedicada ao mártir San Lorenzo, daí vem seu nome. Com o passar dos anos, ela caiu em desuso como templo religioso e passou a ser usada como armazém. Vários prédios foram construídos ao seu redor e a igrejinha ficou escondida. No século XX foi redescoberta e hoje é um dos belos pontos de interesse da cidade.

A Rotonda di San Lorenzo fica escondidinha num canto da Piazza delle Erbe.

PIAZZA DELLE ERBE

É para essa charmosa praça que muita gente é atraída pelo mercado de frutas e verduras (que dá o nome da praça), além de ter outras pequenas barracas que vendem vários tipos de artigos, a Rotonda e a Torre do Relógio. Linda de dia e de noite!
Duas sorveterias atraem a galera para a Piazza delle Erbe durante o dia. À noite, são os bares que animam os Mantovanos.

Piazza delle Erbe, um lugar especial em Mantova.

A COZINHA MANTOVANA

Além de suas belezas arquitetônicos e de sua densa história, a cozinha dessa região é espetacular e conquista qualquer paladar. A começar pelas pastas fartas de tartufos e funghis. O Tortelli di Zucca, uma massa fresca recheada com abóbora que é dos deuses - é um dos pratos mais típicos de Mantova - isso sem falar das pastas com ragu di salsicce (linguiça) e do risotto alla mantovana. Tudo sempre carregado de muito parmigiano Reggiano. Experimente essas delícias regadas por um belo vinho "Lambrusco" espumante tinto típico da região. Hum.... Para fechar com chave de ouro, de sobremesa: Tiramisú feito pela minha amiga Alberta. É o melhor da cidade e talvez da Itália. Pode ser feito nas versões: café, morango ou abacaxi. Querem a receita? Então, vai...

TIRAMISU DA ALBERTA

Ingredientes: 5 ovos, 5 colheres de açúcar, 500 gramas de mascarpone, 250 ml de creme de leite fresco, uma caixa de biscoito champagne, abacaxi/morangos ou café bem fraco.

Modo de fazer: Bata bem as gemas com o açúcar. Junte o mascarpone e reserve. Bata as claras em neve com uma pitadinha de sal. Junte as duas misturas lentamente com uma colher de pau.

Molhe os biscoitos no café ou na calda de abacaxi (em lata) ou na calda dos morangos (feita com açúcar e umas gotas de limão) e comece a montar o prato. Alterne, uma camada de biscoitos, uma de creme de mascarpone (e uma de abacaxi ou morangos caso tenha escolhido a versão fruta). Depois de pronto leve à geladeira até o dia seguinte.

Pronto? Agora é só comer (de preferência de joelhos)...


http://www.viajarpelomundo.com/2010/10/mantova-e-o-calice-sagrado.html

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