Água: Importante e esquecida
Posted: March 26, 2011
Escrito por Icaro Alves Alcântara
Há cerca de 8 anos atendi, no HFA, uma
senhorita dos seus “quase” 30 anos, com uma queixa bastante comum: Cefaléia
(dor de cabeça).
A paciente relatava que já havia passado por Otorrino,
Oftalmo, Neurologista, Clínico e até Endocrinologista,com as prescrições dos mais diversos
tratamentos e a presunção de várias hipóteses diagnósticas , sem qualquer
melhora, entretanto.
Durante sua consulta, entre as várias perguntas
habituais, questionei acerca do quanto de água ela ingeria por dia e de que
forma (ou seja,com qual periodicidade); esta senhorita me referiu que ingeria
pouca água diariamente e sobretudo à noite, porque “não sentia sede” ;
após mais algumas perguntas e um exame físico praticamente sem alterações,
suspendi as medicações para enxaqueca e cefaléia em geral que a paciente estava
tomando e disse-lhe que ela apenas precisava tomar água adequadamente; um tanto
quanto descrente, após um pouco de conversa, ela voltou para casa .
Após apenas uma semana, retornou
referindo que não sentia mais qualquer dor de cabeça, que seu intestino
funcionava melhor e que até sua disposição havia melhorado…
Milagre? Não. Bom
senso.
Casos como este são bastante comuns e quando a cura não depende da
simples mudança ou adequação de hábitos em nossas vidas, pelo menos algum grau
de melhora está envolvido; Todos sabemos o quanto é importante uma ingesta
adequada de água diariamente mas quase sempre negligenciamos a devida atenção
que lhe deveria ser dada.
“Para mostrar o quanto é fácil
convencer-se dos inúmeros benefícios da ingestão hídrica adequada e de como
fazê-la, basta observar que todos os dados fornecidos no texto que se segue
foram obtidos pesquisando-se as palavras “água”, “ importância” e “saúde”,
simultaneamente, no site de busca Yahoo!Brasil, o que forneceu 40.103
referências sobre o assunto! Sendo assim, não há como justificar a falta de
informação com falta de tempo, não saber onde encontrá-la, dificuldade de
acesso…
Todos os organismos vivos apresentam de
50 a 90%
de água em si. O próprio corpo humano é constituído em 70% por água que, em
constante movimento, hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutriente, elimina
toxinas e repõe energia, entre inúmeras outras utilidades. Em constante
renovação, um indivíduo adulto perde por dia, em condições normais, uma média
de 2,5 litros
de água (cerca de 800 ml pela expiração e urina, 1,2 litros pela
transpiração e 0,6 litros
pelas evacuações fecais).
Sendo assim, um adulto normal deveria beber pelo
menos este dois litros e meio diariamente, para evitar a desidratação.
Há quem pense que nunca esteve
desidratado, a quem posso afirmar que a desidratação ocorre todos os dias, por
várias vezes; isto porque todos os processos citados (produção de urina,
transpiração e produção de fezes/urina) estão constantemente ocorrendo, o que
faz da perda de água uma condição igualmente constante. Para se ter uma idéia,
quando uma pessoa sente sede, a água já está “em falta” no seu organismo há
algum tempo…
Isto ocorre porque o corpo tem mecanismos de reduzir a perda de
água, reduzindo a produção de urina, desidratando as fezes, diminuindo a
transpiração e até “roubando” água da respiração para poupar sua água; quando
vem a sede, o organismo está na verdade mostrando que seus reservatórios de
água estão com os “níveis baixos” e que não está mais conseguindo compensar as
perdas de água. Assim sendo, a ingesta de água deve ser independente da sede,
constante e rigorosa. Preconiza-se um mínimo de 01 copo de 200ml de água por
hora em que se estiver acordado.
E não adianta deixar para tomar os 2 a 3 litros necessários
diariamente de uma só vez. Estudos mostram que o estômago capacita apenas 12
ml/kg/hora de líquidos, ou seja, um adulto não conseguirá tomar mais que 01 litro de líquido de uma
só vez sem “passar mal”; some-se a isso o fato que, se houver excesso de
líquido no corpo, aumenta a produção de urina proporcionalmente.
Se o leitor ainda não está convencido
de que deve tomar seus 3
litros de água diariamente, basta observar que a
desidratação diária ocasiona :
Desvitalização dos cabelos, levando a
sua queda e “embranqueci mento”;
Descamação do couro cabeludo;
Distúrbios de concentração, sono e
memória, com perda da disposição para realização das atividades diárias, em
virtude da circulação cerebral prejudicada (Uma baixa quantidade de água faz o
sangue ficar mais “viscoso” e “grosso”, de circulação mais lenta);
Ressecamento dos olhos e tecidos das
vias aéreas que, com baixa umidade, sofrem lesões com mais facilidade por
ficarem mais frágeis, assim tornando-se mais propensos a inflamações ou
infecções (conjuntivites, sinusites, bronquites, pneumonias );
Lesões de pele e sangramentos, com o
aparecimento de “cravos” e “espinhas” pela não eliminação adequada de toxinas
via pele e seu acúmulo local;
Baixa produção de saliva, levando à
sensação de boca seca;
Distúrbio no aproveitamento adequado de
vitaminas e sais minerais, com excesso em alguns lugares e falta nos outros,
levando a caimbras, dormências, perdas de força muscular e problemas ósseos,
dentais,…
Respiração dificultada, por vezes
levando a falta de ar, sobretudo aos exercícios físicos
Constipação e, por vezes, sangramento
retal (devido a fezes ressecadas, endurecidas, que lesam o tecido intestinal ao
moverem-se no seu interior)
Cefaléias (Pela menor chegada de sangue
no cérebro e Pela retenção de toxinas, não eliminadas
adequadamente em virtude da baixa transpiração e produção de urina/fezes)
Impotência ou disfunções eréteis ou, no
caso das mulheres, sangramentos vaginais;
É certo que há água nos alimentos,
mesmo os sólidos, mas a complementação da ingesta diária de água deve ser
feita, periodicamente, conforme já disposto. Uma forma prática de checar se a
quantidade de água adequada para o seu corpo está sendo tomada é observar a
coloração da urina, que deve ser sempre incolor; quanto mais forte a cor,
geralmente, mais concentrada está a urina, ou seja, menos água há em relação ao
que está sendo eliminado.
Vale lembrar que é sempre bom evitar
bebidas alcoólicas e bebidas não naturais (colas, refrigerantes, etc.). Tanto o
álcool ( presente nos vinhos, cervejas,…) como a cafeína (presente nos
refrigerantes de cola, café,etc.) são diuréticos e assim, embora ajudem a eliminar
pelos rins os detritos metabólicos (formados durante o trabalho muscular e
processos de desintoxicação e filtragem), obrigam os rins a eliminar água e os
sais minerais que deveriam ser retidos para compensar a desidratação; fica,
portanto, a dica de intercalar sempre a administração destas substâncias,
quando feita, com bastante água ou sucos naturais. Ainda importante é ressaltar
que a ingesta de líquidos deve distanciar-se em pelo menos meia hora das
refeições, para não prejudicar a digestão.
Uma curiosidade : Há trabalhos
científicos evidenciando que muitos tratamentos com medicações orais, sobretudo
anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal e anti-hipertensivos não
alcançam o devido sucesso em virtude da baixa ingesta de água por parte do paciente;
isto dever-se-ia tanto à má circulação da substância pelo corpo quanto pela má
absorção da mesma no intestino, processo este dependente da água como veículo
de transporte para a substância.
Levando-se em consideração a realidade
específica da nossa comunidade, 3 comentários adicionais:
Aos hipertensos: O rim tem papel
fundamental no controle da pressão sangüínea e é o único órgão do corpo que
pode parar de receber sangue caso haja desidratação considerável; sendo assim,
é especialmente importante a ingesta adequada de água aos portadores de pressão
alta;
Os aparelhos de ar condicionado
desidratam ainda mais o ambiente, sobre tudo as vias aéreas, tornando
consideravelmente maior e mandatória a reposição de água, freqüente;
Uma adequada ingesta hídrica, associada
à dieta regular (5 a
6 refeições por dia) rica em fibras, e exercícios físicos regulares são tudo o
que qualquer pessoa precisa para perder peso e/ou manter-se no seu peso ideal
(Tema a ser discutido nos próximos artigos)
Artigo escrito por Ícaro Alves de
Alcântara, médico; atua em Clínica geral, Homeopatia, estética e ortomolecular;
professor da disciplina Fisiologia da Mulher na pós-graduação de Fisioterapia
em Saúde da Mulher no Unicetrex; Ex-docente de Semiologia, Patologia e Clínica
Médica para os graduandos em Fisioterapia do UniCeub, com algumas das
informações aqui publicadas retiradas dos sites :
http://netpage.em.com.br/larossi/
http://www.citysaude.com/seu_corpo/importancia.htm
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?
LibDocID=2849&ReturnCatID=763
http://www.crystalnordeste.com.br/