Sempre na minha mente e no coração...

Sempre na minha mente e no coração...
Corcovado ou Cristo Redentor, lindo !!!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Espere e observe OSHO



N.T.: Após deixar os Estados Unidos em novembro de 1985, Osho retornou à Índia, de onde seguiu para o Nepal. Em fevereiro de 1986 partiu para um tour mundial, mas 21 países, sob pressão da administração Reagan (EUA), o deportaram ou recusaram sua entrada. Em julho de 1986, Osho se estabeleceu em Bombaim e no final de dezembro daquele ano retornou a Puna, dando início ao período que se convencionou chamar de “Puna-2”, onde permaneceu até deixar o corpo em janeiro de 1990. Em outubro de 1986 ele proferiu uma série de palestras denominada “Beyond Enlightenment”. O texto seguinte foi extraído dessa série.  

Espere e observe

Bombaim, 13 de outubro de 1986.
“Querido Osho,
Depois que saí de Rajneeshpuran em novembro passado, eu tive a experiência de sentir como se fosse quase impossível encontrar o que fazer. No começo foi um pouco assustador, mas depois eu pude perceber que bastava esperar e muitas coisas bonitas começaram a acontecer comigo, sem que eu tivesse que tomar qualquer iniciativa.
É assim que as coisas funcionam quando estamos com você?”
Esta é a maneira como as coisas acontecem, mas não apenas ao meu redor. Esta é a maneira, em toda a existência.
         Você simplesmente espera e tudo acontece no momento certo. Espere e observe. Não caia no sono, porque na espera é muito natural cair no sono. Nada tendo a fazer, é fácil cair no sono. Aí as coisas estarão acontecendo, mas você nem saberá. Por isto, espere e observe.
         A vida tem sido perturbada pelos que se intitulam praticantes de boas ações, pelos que estão continuamente pregando ao redor do mundo: ‘Faça isto, faça aquilo, ajude os pobres’. O fazer tem sido tão exaltado que temos esquecido completamente a arte de esperar, embora seja certo que existem coisas que só podem acontecer se você as fizer.
         
Por exemplo, a sua riqueza não irá crescer se você ficar só esperando.
         Mas há pessoas que até ensinam isto. Um pensador americano, Napoleon Hill, escreveu belos livros. Ele é um mestre na arte de escrever. Eu sempre gostei de um de seus livros – ‘Pense e Enriqueça’ – embora seja uma absoluta tolice. Mas ele escreve bem. E há pessoas que acreditam que tudo o que têm por fazer é simplesmente esperar. Semeie as sementes do pensamento de que um automóvel Cadillac deverá entrar em sua garagem, e fique esperando. E um dia, de repente, um Cadillac chegará e será entregue a você. Existem pessoas que acreditam nisto, que o pensamento tem muito poder. 
         Na América existe uma seita cristã que, há cinqüenta anos, foi muito importante porque uma grande maioria acredita nisto. A seita se denomina ‘Ciência Cristã’. E a ciência é que você nada precisa fazer, você apenas tem que pensar. Deus é um fazedor. Você pensa, reza e espera; simplesmente dá um tempo para Deus. E o que você pensa? Um Cadillac é maior do que todo o universo? Deus consegue criar todo um universo, por que não conseguirá criar um Cadillac?


Eu ouvi contar uma história de um jovem que estava indo para a escola e encontrou no caminho uma velha senhora. Ela lhe perguntou, ‘O que aconteceu com seu pai? Ele não tem vindo aos nossos encontros de domingo.’ Eles eram Cientistas Cristãos.
         O rapaz disse, ‘Ele está doente’.
         A velha senhora riu e disse, ‘Que tolice, ele deve estar pensando que está doente. O pensamento é o que importa. Lembre apenas ao seu velho pai que por toda a sua vida ele foi um membro da Ciência Cristã, mas que ele ainda não entendeu uma coisa simples. Diga-lhe para parar de pensar que está doente e ele não ficará mais doente.’
         
O rapaz disse, ‘Eu vou dar o recado a ele.’
         
Uma semana depois o rapaz encontrou-se novamente com a velha senhora e ela lhe disse, ‘O que aconteceu? Por que ele não veio para o encontro semanal dos Cientistas Cristãos desta semana?’

O Fardo -  Osho Zen Tarot


O rapaz disse, ‘Senhora, ele agora está pensando que está morto. E não é apenas ele que está pensando que está morto, toda a vizinhança também está pensando o mesmo, e chegaram até a enterrá-lo num caixão. Eu tentei convencê-los. Eu lhes disse para esperar, pois talvez ele estivesse apenas pensando que estava morto. Mas eles acharam que eu estava maluco.’
         
Existem coisas que continuam acontecendo sem que você faça algo; você tem apenas que esperar. E existem coisas que você tem que fazer para que elas aconteçam. Pouco a pouco, as coisas que acontecem devido ao seu fazer passam a ser mais importantes. Elas são as suas posses materiais, o seu poder, o seu prestígio, os seus palácios, os seus impérios. Elas não irão acontecer se você apenas esperar. Se ficar esperando, você não se tornará um Alexandre, o Grande. As coisas que somente acontecem se você as fizer tornam-se importantes e por isso a humanidade se esquece completamente de todo o conjunto de coisas que acontecem independentemente do seu fazer.
         
O amor acontece, você não consegue fazê-lo, embora em todo o mundo as pessoas têm tentado fazê-lo. E é tão estranho como o mundo ainda não tenha reconhecido este seu completo fracasso.
         
Por séculos, os pais estiveram combinando casamentos para seus filhos. Astrólogos e quiromantes eram consultados, tudo era investigado a respeito da família, das riquezas, do caráter das pessoas, mas ninguém perguntava ao rapaz e à moça se eles se amavam. O amor não era objeto de suas investigações. Era tido como certo que se eles se casassem, eles se amariam.
         
Por milhares de anos a humanidade fez isto, e ainda faz. E quando os meninos e as meninas se casavam, eles começavam como irmãos e irmãs, brigando e brincando um com o outro. Eles nunca vieram a conhecer o que era o amor. Eles achavam que aquilo era o amor. Eles tinham filhos, os maridos compravam belos vestidos para suas esposas, enquanto elas tentavam tornar as vidas de seus maridos o mais difícil possível. De todas as maneiras, eles se ajudavam mutuamente.
         
Foi somente no século XX que as pessoas começaram a dizer, “A não ser que haja amor, nós não nos casaremos’. E isto aconteceu apenas em países mais avançados.
         
Mas o amor é uma questão a respeito da qual você nada pode fazer. Ou ele acontece ou ele não acontece. Ele não está sob o seu controle.
         
O ‘casamento por amor’ chegou ao mundo, mas ele não irá sobreviver, pela simples razão que o amor vem, acontece e um dia, de repente, ele se vai. Não está em suas mãos trazê-lo, nem está em suas mãos mantê-lo.         O casamento à moda antiga fracassou devido à insistência que você deveria amar a sua esposa, você deveria amar o seu marido. Era um ‘dever’. E você nem mesmo conseguia conceber como poderia ser o amor; no máximo, você conseguia fingir e representar.
         Mas o amor não é um fingimento nem uma representação. Você nada consegue fazer. Você não tem poder algum no que se refere ao amor.
         O casamento à moda antiga fracassou. O novo casamento está fracassando porque ele é simplesmente uma reação ao velho casamento. Ele não é o resultado de uma compreensão, mas apenas uma reação, uma revolta, o ‘casamento por amor’.
         Você não sabe o que é o amor. Você simplesmente vê um belo rosto, um belo corpo e pensa: ‘Meu Deus, eu estou apaixonado’. Este amor não irá durar porque depois de dois dias, vendo o mesmo rosto, vinte quatro horas por dia, você ficará entediado. O mesmo corpo... Você já explorou toda aquela topografia; agora nada mais existe para ser explorado. Explorar a mesma geografia novamente fará você sentir-se como um idiota. Qual é o sentido disso?
         Esse encontro amoroso, esse casamento por amor está fracassando. O amor não é uma paixão nem um desejo. O amor não é sexual. O amor é um sentimento de dois corações batendo num mesmo ritmo. Não é uma questão de belos rostos ou de belos corpos. É alguma coisa muito profunda, uma questão de harmonia.
         Se o amor surge da harmonia, somente então nós conheceremos uma vida de sucesso, uma vida de preenchimento na qual o amor continuará se aprofundando porque ele não depende de nada externo, ele depende de algo interior. Ele não depende do nariz nem do tamanho do nariz. Ele depende de um sentimento interno de dois corações batendo num mesmo ritmo. Esse ritmo pode continuar crescendo, pode alcançar novas profundidades, novos espaços. O sexo pode ser uma parte dele, mas ele não é sexual. O sexo pode acontecer e pode desaparecer nele. Ele é muito maior que o sexo.
         Assim, se a pessoa que ama é mais jovem ou mais velha não interessa. Volta e meia, toda mulher pensa nisto; muitas mulheres já perguntaram aos seus amantes, ‘Você continuará me amando quando eu envelhecer?’

Compromisso - Osho Zen Tarot
Um amigo me contou que a garota que ele ama está continuamente lhe perguntando, ‘Você me amará quando eu envelhecer?’. Ele me perguntou, ‘O que eu devo dizer?’
         Eu disse, ‘Porque você está me trazendo desnecessariamente este problema? Este é um problema seu. Diga qualquer coisa. O que você sente?’
         Ele disse, ‘Se ela ficar como a mãe dela, eu não conseguirei amá-la. E muito provavelmente ela se tornará como a mãe, este é todo o meu medo.’
         Então eu disse, ‘Diga isto claramente, que a sua velhice não é o problema; mas se ela se tornar como sua mãe, então simplesmente esqueça você. Você não será capaz de amá-la.’
         Ele disse, ‘Mas então tudo acabará, porque a mãe dela ficará furiosa e tudo depende dela. Eu estou tentando convencer a mãe dela. O pai já está morto, ela é a única que pode decidir sobre o casamento. Em segundo lugar, a garota também ficará furiosa porque ela sempre soube que um dia ficará como a sua mãe. Todos os sintomas já estão ali.’
Eu disse, ‘Então fique quieto. Quando as dificuldades chegarem, venha me ver novamente.’
         Ele disse, ‘Mas aquela garota é tão insistente. Ela quer saber antes do casamento.’
         Eu disse, ‘É simples. Comece a lhe perguntar – quando eu envelhecer você me amará?’
         Ele disse, ‘Ah! Isto é bom, porque eu vou ficar velho como o meu pai e ela o odeia, da mesma forma como eu odeio a sua mãe. Isto está absolutamente certo.’
         Ele lhe disse, mas ela respondeu, ‘Nunca! Se você ficar como o seu pai, eu não irei amá-lo. Eu irei me divorciar de você imediatamente.’
         O rapaz disse, ‘Então, quando as dificuldades chegarem nós veremos o que fazer. Mas por que trazer estes problemas agora?’
         Mas todo o seu amor está dependente dessas coisas tão pequenas – o tamanho do nariz, os olhos, a cor dos cabelos, as proporções do corpo. Essas coisas nada têm a ver com o amor.
         O amor é um sentimento de harmonia, de consonância com um indivíduo.
 
Então, esta não é apenas uma questão entre o mestre e o discípulo. Em todos os seus relacionamentos se você esperar e observar por um momento de harmonia com a existência, você perceberá que estão acontecendo coisas que você nunca seria capaz de fazer.
         Muitas flores são possíveis, muitos poemas e canções são possíveis. Muitas estrelas estão nascendo a partir da harmonia, esperando e estando alertas.
         Coisas estão acontecendo, mas você necessita estar consciente.
         Muitas vezes as coisas estão acontecendo, mas você não está consciente. Você perde aquilo que lhe seria de direito, só porque você está dormindo.
         O meu ensinamento é basicamente deixar acontecer. As coisas que só acontecem se forem feitas são mundanas. Eu não sou contra elas, mas elas não são a parte essencial de sua vida.
         Se você quiser ter uma bela casa, você terá que construí-la; ela não vai acontecer do nada. Mesmo se você for um Cientista Cristão e acreditar no ‘Pense e Enriqueça’, isso não irá ajudar. Mas essas coisas são não-essenciais.
         Coisas essenciais, como o amor, alegria, o senso de humor, a paz que chega com a compreensão, a jornada interior para encontrar a si mesmo... Essas são as coisas essenciais que não podem ser feitas, que você precisa aprender a permitir que elas aconteçam.
         Assim mantenha uma idéia clara: aquilo que precisa ser feito, deve ser feito; e aquilo que precisa se permitir para que aconteça, deve ser permitido acontecer, nunca interfira nisto.
         E lembre-se sempre: o essencial é aquilo que acontece por si mesmo e o não-essencial é aquilo que você faz. O seu fazer não pode ser algo sagrado.
         É por isto que eu digo que todos os templos e todas as igrejas, todas as estátuas de Deus feitas pelo homem são mundanos. Tudo o que é feito pelo homem não pode ser maior que o homem. Isto é uma aritmética simples. O que é mais elevado que o homem sempre acontece por si mesmo, está além do seu fazer.
         Você está sempre no final, recebendo. Você simplesmente precisa estar aberto, receptivo e agradecido à existência.”
                                              OSHO – Beyond Enlightenment- Disc. 11 – pergunta n° 4                                             Tradução: Sw. Bodhi Champak  
Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados.

                         

O fazer e o não-fazer OSHO


O fazer e o não-fazer 
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          A mente é a queda original, a queda do estado de ser. A mente é o pecado original. Estar na mente é estar no mundo; não estar na mente é estar em Deus. A diferença é muita.
          A queda tem que ser entendida. Medite sobre três palavras: ser, fazer e ter. Do ser ao ter é a queda, e o fazer é o processo de se ir do ser ao ter. Ser é Deus, ter é o mundo, e fazer é o processo de cair do ser para o ter.
          A mente é uma fazedora. A mente constantemente quer estar ocupada. Um grande desejo de permanecer atarefada, isto é a mente. A pessoa não consegue se sentar só; não consegue se sentar em passiva receptividade, nem mesmo por uns poucos momentos. Isto é uma grande tortura para a mente, porque no momento em que você pára de fazer, a mente começa a desaparecer.
          Se você for a um mestre Zen e perguntar 'O que vocês fazem aqui? O que estas pessoas, seus seguidores, estão fazendo?' ele dirá, 'Eles estão apenas sentados. Eles não fazem coisa alguma'. (...)
          A mente é uma fazedora. Observe sua própria mente e você compreenderá. O que estou dizendo não é uma declaração filosófica, é simplesmente um fato. Não estou propondo nenhuma teoria para você acreditar ou desacreditar, mas alguma coisa que você pode observar em seu próprio ser. E você verá isto, sempre que estiver só, você imediatamente começa a procurar: alguma coisa tem que ser feita, você tem que ir a algum lugar, você tem que ver alguém. Você não consegue estar só. Você não consegue ser um não-fazedor.
          Fazer é o processo pelo qual a mente é criada; ela é um fazer condensado. Conseqüentemente, meditação significa um estado de não-fazer. Se você puder sentar silenciosamente, nada fazendo, de repente você estará de volta para casa. De repente você verá a sua face original, a fonte. E esta fonte é satchitanand: verdade, consciência e felicidade, chame isto Deus, ou nirvana, ou o que você quiser.
          Do ser ao fazer, e do fazer ao ter, é como a consciência de Adão chega ao mundo. Mover-se de volta, do ter ao fazer, e do fazer ao ser, é o que significa consciência de Cristo. Mas os Sufis têm uma mensagem tremendamente significante para o mundo. Eles dizem que o homem perfeito é aquele que é capaz de se mover do ser ao fazer, ao ter, ao fazer e ao ser, e assim por diante. Quando o círculo está perfeito, então o homem é perfeito.
          A pessoa deve ser capaz de fazer. Não estou dizendo que você deve tornar-se incapaz de fazer; isso não tem valor algum, isso simplesmente é impotência. Você deve ser capaz de fazer, mas não deve ficar absorvido nisto. Você não deve ficar envolvido no fazer, não deve ficar possuído por isto; você deve permanecer o senhor da situação.
          E não estou dizendo que tudo o que você tem terá que ser abandonado, não estou lhe dizendo para renunciar a tudo o que você possui. Use, mas não seja usado pelo que possui, isso é tudo. Assim nasce o homem perfeito.

A esse homem perfeito eu chamo sannyasin: ele será ambos, Adão e Cristo. O homem mundano é Adão e, até agora, o homem além do mundano esteve envolvido com a consciência de Cristo. Mas cada qual continua sendo apenas a metade.
          O homem precisa tornar-se uma totalidade, um todo. E a minha definição de ser santo nada mais é que ser o todo, a capacidade de estar no mundo e, ainda assim, permanecer acima dele, além dele; a capacidade de usar a mente e, ainda assim, permanecer centrado em seu ser. A mente é um mecanismo de imenso valor; não é um pecado ter uma bela mente. Você tem um belo instrumento de imensa complexidade, e é um prazer usá-lo, da mesma maneira que é um prazer dirigir um belo carro que tenha um mecanismo perfeito.
          Nada existe como a mente, se você conseguir usá-la. Então, a mente também é divina. Mas se você for usado por ela, e se o seu céu ficar perdido nas nuvens da mente, então, você permanecerá na miséria, na ignorância. 
          O advento da mente acontece ao se ficar identificado com os conteúdos da consciência. É preciso apenas uma pequena mudança, um simples passo, e este passo faz a passagem. Este simples passo faz a passagem do mundo para Deus, do externo para o interno, do mundano para o sagrado. E qual é este simples passo? A não-identificação.
          Permaneça uma testemunha. Lembre-se sempre de permanecer uma testemunha; saiba perfeitamente bem que, seja o que for que passe pela sua mente, você não é aquilo. Você não é esta coisa chamada mente. Uma vez que você se torna identificado com qualquer coisa da mente, você caiu numa armadilha, numa prisão. Daí, você pode seguir mudando e ajeitando esta coisa repetidas vezes, mas nada acontecerá.
          Isso é o que as pessoas seguem fazendo: melhorando a si mesmas, criando um belo caráter, tornando-se mais santos e religiosos; mas a coisa básica ainda não foi feita. Elas estão simplesmente ajeitando as coisas da mente.
          Você pode continuar ajeitando os móveis de sua casa; você pode ajeitar da melhor maneira, com mais estética, mas o material continuará sendo o mesmo. O pecador e o chamado santo não são muito diferentes; ambos são diferentes arranjos da mesma mente.
          O verdadeiro sábio é aquele que se torna consciente de que ele não é a mente, definitivamente. A idéia de pecado surge e ele permanece indiferente; a idéia de se tornar um santo surge e ele permanece indiferente. Com nada ele se identifica, raiva ou compaixão, ódio ou amor, bom ou ruim. Ele permanece sem julgamento, ele não condena coisa alguma em sua mente. Se você é apenas uma testemunha, qual é o sentido em condenar alguma coisa? E ele não elogia nada em sua mente. Se você é apenas uma testemunha, elogio é simplesmente fútil. Ele permanece tranqüilo, recolhido e centrado. Enquanto a mente continua esbravejando ao seu redor.
          Por milhares de anos você tem permanecido identificado com a mente, tem despejado muita energia nela. Ela segue girando e girando, por meses e anos. Mas se você conseguir permanecer um observador silencioso, um observador na colina, então pouco a pouco a energia, o momentum, é perdido e a mente chega a parar.
          No dia em que a mente parar, você chegou. A primeira visão do que é Deus e de quem é  você acontece imediatamente, porque uma vez que a mente pára, toda a sua energia que tinha permanecido envolvida com ela, é liberada. E essa energia é tremenda, é infinita: ela começa a descer em você. É uma grande bênção, é graça.
          Os chamados revolucionários seguem fracassando porque eles continuam tentando dar um jeito nas mesmas coisas da mente. Alguém acredita em Deus e daí aparece um revolucionário que diz, 'Não há Deus algum e eu não acredito em Deus'. Mas ele é tão fanático com suas idéias como as pessoas que acreditam em Deus.
          Crente e descrentes, ambos são fanáticos. Uns se apegam ao sim e outros se apegam ao não, mas sim e não, ambos são partes da mente. Você escolhe uma parte e um outro alguém escolhe a outra parte. Um é cristão e o outro é hindu, mas ambos são mentes. Um escolheu a Bíblia e o outro escolheu os Vedas, mas ambos são partes da mente.
          Então, quem é realmente religioso? Aquele que não fez escolhas a partir da mente. Você não pode chamá-lo cristão, nem hindu, nem comunista; você não pode chamá-lo teísta nem ateu. Ele simplesmente é. Ele é indefinível. Você não consegue rotulá-lo. Ser é tão vasto que não pode ser rotulado. Nenhuma palavra é adequada o suficiente para descrever o ser. Em tal vastidão, a liberdade; em tal vastidão, a felicidade.
          Esta é a verdadeira revolução: pular da mente para o ser. E o processo será o mesmo. Se o fazer é o processo da queda do ser para o ter, então, o não-fazer será o processo de voltar para casa.
          Meditação não é algo que você faça; meditação é algo que acontece quando você não está fazendo coisa alguma. Você pode sentar-se, aparentemente imóvel, aparentemente nada fazendo, mas no fundo a mente pode continuar. É assim que acontece nos mosteiros e nas cavernas. Você pode não ter muito o que fazer, mas você pode continuar fazendo algumas poucas coisas repetidas vezes. Você pode seguir repetindo um mantra: isso será o suficiente para a mente. Ela seguirá fazendo o mesmo ato novamente, repetindo a mesma fita cassete por anos, e ela não morrerá. 
          Três iogues estão sentados numa caverna meditando. Um cavalo se aproxima, olha para dentro e vai embora. Alguns anos se passam e um dos iogues diz 'Um cavalo esteve aqui'.
          Mais alguns anos se passam e um outro diz, 'Não, era uma égua'.
          Depois de mais alguns anos, o terceiro diz, 'Se for começar uma discussão, eu vou-me embora'.

          Nada havia acontecido por muitos anos, quando um cavalo apareceu e deu uma olhada dentro da caverna, mas isto foi o suficiente para mantê-lo ocupado pelos anos seguintes. Isto é o bastante, a mente pode viver, mesmo com essas poucas coisas. É preciso ficar alerta: a questão não é se você está envolvido em muitos trabalhos ou se você está apenas fazendo umas poucas coisas. Esta não é uma questão de quantidade. A questão é de qualidade.
          Você pode ser muito rico, você pode ser um rei, ter muitas posses e ter que permanecer envolvido em mil e uma coisas. Daí, você pode renunciar ao reinado e a todas as suas posses, tornar-se um mendigo e viver num barraco. Isto não fará diferença alguma, em absoluto. Para quem está do lado de fora, para os espectadores, parecerá que ocorreu uma grande revolução: o imperador tornou-se um mendigo, ele fez uma grande renúncia. Mas nada aconteceu internamente.
          Primeiro você estava envolvido com os afazeres do reinado, agora você está envolvido com os afazeres do pequeno barraco. Apenas a quantidade foi reduzida, mas a qualidade de sua consciência nunca muda com a redução da quantidade. O homem pobre está preocupado com seu carro de boi e o homem rico está preocupado com sua carruagem dourada. Mas a preocupação é a mesma; a preocupação é da mesma qualidade. O homem pobre preocupa-se com a comida do amanhã e o rei preocupa-se com o país vizinho; o objeto da preocupação é diferente, mas o processo da preocupação é o mesmo.
          A questão é, como mudar o seu foco, da mente para o ser. O fazer trouxe-o para o mundo, o fazer é a escada que o trouxe para o mundo; o não-fazer será a escada... E o não-fazer não é inatividade. Este ponto tem que ser bem compreendido.
          O não-fazer não é inatividade, ele não é inação. A ação está ali, porque ação é vida. Se a ação desaparecer completamente, você estará morto. Mesmo respirar é uma ação; comer, digerir, dormir, tudo são atividades. Viver é estar ativo. Então o que é não-fazer, se não é inatividade? Se você entender o não-fazer como inatividade, você não terá entendido coisa alguma. Daí, a inatividade irá se tornar a sua ocupação. Você estará constantemente ocupado em não fazer isto, não fazer aquilo. O seu processo se tornará negativo, mas ele ainda será um fazer: 'eu não posso fazer isto, eu não posso fazer aquilo'. Agora você está preocupado. A mesma tensão estará ali: 'eu não posso comer isto, eu não posso comer aquilo, eu não posso usar esta roupa, eu não posso usar aquela.' Agora você está se tornando negativo, mas o processo, o ego, ainda está ali; a mente ainda está ali. Ela está ali ao lado, mas é a mesma mente.
          O não-fazer é algo que nada tem a ver com ação, mas tem muito a ver com o ego, com a idéia de ego. O fazedor é o ego. É preciso tornar-se um não-fazedor. Aí, Deus é o fazedor e, você relaxa, você não força o rio e não cria agonia para si mesmo ao ir contra a correnteza.
          Agonia vem da raiz 'ag'. ' Ag' significa empurrar. Quanto mais você empurra o rio, mais agonia é criada. E enquanto você está empurrando o rio, você está certamente tentando nadar contra a correnteza. Você está indo contra a natureza, contra o Tao, contra Deus.


 O não-fazedor é aquele que relaxou com o rio, que está flutuando no rio, fluindo com o rio, aquele que se tornou parte do rio, que não pensa em si separadamente, aquele que não tem um destino individual. Esse é o significado de não-fazer. O destino do todo é o seu destino. 'Para onde o todo estiver indo, eu estou indo também; para qualquer destino ou não-destino. Para onde esta bela existência estiver se movendo, eu sou parte dela. Eu sou uma onda neste grande lago, simplesmente uma pequena onda. Eu não preciso ter um destino individual.'
          A partir do destino individual é que surge o medo, a angústia e a agonia. A partir do destino individual, 'eu tenho que fazer algo, eu tenho que ser alguém, eu tenho que atingir algum lugar', que a mente é criada. Fazer significa: 'eu tenho alguma idéia de como eu devo ser, do que eu devo ser'. O não-fazer significa: ' abandonei todas as idéias do meu ser separado da existência'.




 Não-separação é não-fazer. A ação continua, mas ela não é mais a sua ação. Agora ela é natural. Se uma cobra passa por uma trilha, você saiu para uma caminhada matinal e vê a cobra passando, você simplesmente dá um salto para fora do caminho da cobra. Não é que você tenha feito aquilo, a ação aconteceu, mas ela é natural. Você não pensa a respeito dela, você não pondera sobre ela. Você não estava de prontidão para aquela ação; você talvez não tenha cruzado com uma cobra antes em sua vida. Você não treinou para fazer aquilo, aquilo não era uma programação em sua mente. Você simplesmente respondeu. Em forma de uma cobra, ali estava a morte. E você respondeu, imediatamente, instantaneamente. A mente nem chegou ali, porque a mente necessita de tempo para ponderar, para pensar, para contemplar. E não havia tempo, a morte estava tão perto; você simplesmente deu um salto.
          Sentado debaixo de uma árvore, depois que a cobra passou, você pode pensar sobre ela, agora você tem tempo suficiente para pensar. Mas naquele momento, naquele exato momento, quando a cobra estava ali à sua frente, você simplesmente agiu, não a partir de sua mente, mas a partir de sua totalidade. Aquilo foi um ato de Deus.
          O homem que quer realmente se tornar um não-fazedor, começa agindo como um veículo do divino, do todo. A ação continua, mas o ator desaparece. Este é o significado do não-fazer. Você vive a mesma vida, mas agora você tem uma qualidade totalmente diferente, ela tem um sabor diferente."
          
                                                             OSHO - Unio Mystica - Vol. II - Capítulo 3
                                                                                 tradução: Sw.Bodhi Champak
Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados.



A Busca do Homem OSHO

A Busca do Homem





Querido Osho.
          O que eu estou procurando?
          "Jeva Parmita, o homem é uma busca do self (*), não de um self, mas do self. O homem está constantemente procurando o paraíso perdido. Em algum lugar profundo nos nichos de seres humanos, a nostalgia persiste. Nós conhecemos alguma coisa que é apenas uma memória longínqua. A memória nem mesmo está consciente. Nós perdemos todas as trilhas dela, até onde ela está. Mas a fragrância continua surgindo.
          Conseqüentemente, a religião não é um fenômeno acidental. Ela não vai desaparecer do mundo; nenhum comunismo e nenhum fascismo conseguem fazê-la desaparecer. A religião vai permanecer, porque ela é muito essencial. A não ser que o homem supere a humanidade, a não ser que o homem se torne um Buda, a religião permanece relevante. Somente para um Buda a religião é irrelevante. Ele já chegou; agora não há necessidade de qualquer busca. 

Parmita, não há diferentes buscas por seres humanos diferentes. A busca é singular, ela é única, ela é universal. A busca é do self, o supremo self. A pessoa quer saber 'Quem eu sou?' porque tudo o mais é secundário. Sem conhecer a si mesmo, tudo o que for feito é sem sentido. A não ser que eu conheça exatamente quem eu sou, toda a minha vida vai permanecer inútil. Ela não irá trazer realização, florescimento e satisfação.
          O primeiro passo tem que ser o auto-conhecimento. Mas o paradoxo é que se você começa buscando por umself, você irá perder o self. Por 'umself eu quero dizer o ego, o processo do ego. Esse é o falso self. Para nos consolarmos, começamos a criar o falso, uma vez que não conseguimos encontrar o verdadeiro. Ele é um substituto. Mas o substituto nunca pode tornar-se a verdade, e o substituto torna-se uma escravidão.
          A verdade liberta. Substitutos da verdade aprisionam. O ego é a maior prisão que o homem já inventou; todos vocês estão se sentindo sufocados, esmagados. Não é que alguém esteja fazendo isso com você. Você é quem está fazendo isso. Você deu um passo errado. Em vez de buscar por aquilo que é, você começou substituindo algo por um brinquedo, por uma coisa falsa. Isso pode ser um consolo para você, mas não trará celebração para a sua vida. E todo consolo é suicida, porque enquanto você permanece consolado, o tempo vai escapando de suas mãos.



          O self não é um self. O self é exatamente um não-self. Não há qualquer idéia de 'Eu' nele, ele é universal. Todas as idéias surgem nele, mas ele não pode ser identificado com qualquer idéia que surja nele. Todas as idéias surgem nele, todas as idéias dissolvem-se nele. Ele é o céu, o contexto de todos os contextos, ele é o espaço no qual tudo acontece. Mas o espaço em si nunca acontece, ele habita, ele está sempre ali, e porque ele está sempre ali, é fácil perdê-lo. Porque ele está muito ali e sempre ali, você nunca se torna consciente de sua presença.
          Ele é como o ar: você não se torna consciente de sua presença. Ele é como o oceano que circunda o peixe; o peixe nunca se torna consciente dele. É como a pressão do ar: a pressão é tanta, ela está sempre ali, mas você não é consciente dela. É como a terra apressada em grande velocidade ao redor do sol: a terra é uma nave espacial, mas ninguém está consciente disso. Nós estamos a bordo de uma nave espacial, e ela está indo em grande velocidade. E nós não estamos conscientes disso.
          Consciência precisa de algumas falhas. Quando não há qualquer falha, você cai no sono; você não consegue permanecer consciente.
          Se uma pessoa está sempre saudável, ela não estará consciente da saúde. Consciência precisa de falhas, algumas vezes você deve estar não saudável.Você deve adoecer, então você poderá ter a sensação de saúde. Se não existisse escuridão no mundo e existisse somente luz, ninguém jamais teria conhecido a luz, as pessoas nem a teriam percebido.
          É assim que nós seguimos sem perceber o self original; você pode chamá-lo de Deus ou nirvana, isso não importa.Os sufis têm duas belas palavras. Uma é fana: fana significa dissolvendo o ego, dissolvendo o falso substituto. E a outra palavra é baqa: baqa significa a chegada, o surgimento do self verdadeiro.
          O verdadeiro self é universal. Como encontrá-lo? Ele não está longe, assim você não tem que fazer uma longa jornada até ele. Ele está tão próximo que nenhuma jornada é necessária, absolutamente. Em vez de jornada, você tem que aprender como sentar-se silenciosamente.

Isso é tudo a respeito de meditação: simplesmente sentar-se silenciosamente, nada fazendo. Os pensamentos surgem, você observa. Os desejos surgem, você observa. Mas você permanece o observador. Você não se torna uma vítima dos desejos e dos pensamentos que vão surgindo; você permanece o observador. Você permanece o contexto de todos os contextos, você permanece o espaço no qual tudo aparece. Mas o espaço nunca aparece nele mesmo, ele não consegue, é impossível.
          O espelho não consegue refletir a si mesmo. Os olhos não conseguem ver a si mesmos. Você não consegue segurar uma mão com a mesma mão, é impossível.
          Essa é a coisa mais fundamental a ser lembrada, Parmita. Você é o observador e nunca o observado; você é o vigilante e nunca o vigiado; você é a testemunha e nunca o testemunhado. Você é pura subjetividade. Você nunca aparece como um objeto. Como você pode aparecer como um objeto diante de si mesmo? Qualquer coisa que aparecer em frente a você não é você.
          Continue eliminando os conteúdos. Continue dizendo'neti neti, eu não sou isso, eu não sou isso.' Continue eliminando, e um momento chegará em que nada permanecerá para ser eliminado.Haverá puro silêncio, nenhum conteúdo se movendo diante de você, o espelho refletindo nada. Este é o momento em que o auto-conhecimento surge em você. Você se torna cheio de luz, você está iluminado.


Assim, esses poucos fundamentos devem ser lembrados: o self é um não-self. O self não é pessoal, ele é universal. O self é o espaço ou contexto no qual todos os 'posicionamentos' na vida aparecem, ocorrem, aparecem. Ele é a tela da vida, mas a tela em si mesma nunca aparece na tela, ela não consegue. Tudo mais aparece nela. Ela própria permanece escondida. Ela é pura subjetividade.
          Essa pura subjetividade é o objetivo maior que todo mundo está buscando. Mas ele parece difícil. Nós somos tão propensos a nos identificarmos com os conteúdos. Em vez de buscarmos pelo verdadeiro, nós criamos alguma coisa não verdadeira, que é fácil. O artificial é sempre fácil, você pode manufaturá-lo.
          O seu ego é um fenômeno manufaturado. E uma vez que você manufaturou o ego...Como o ego é manufaturado? 'Eu sou um hindu' agora você está a caminho de criar um ego. 'Eu sou bonito, eu sou inteligente, eu sou isso, eu sou aquilo' você está trazendo mais e mais tijolos para fazer a prisão chamada ego.
          E isso é o que seguimos fazendo por toda a nossa vida. Ganhar mais dinheiro, ter uma grande conta bancária, e o seu ego se sentirá mais firme, mais apoiado, mais seguro. Torne-se famoso: quanto mais as pessoas souberem a seu respeito, mais você pensará que você é.
          Daí a constante procura por atenção. Se ninguém prestar qualquer atenção em você, você estará reduzido a nada. Se você passar pela rua e ninguém disser 'olá', se as pessoas continuarem passando e nem mesmo notarem você, de repente você irá sentir como se a terra estivesse desaparecendo debaixo de seus pés.
          O que aconteceu? Eles não estão alimentando o seu ego. Mas as pessoas alimentam os egos entre si, porque é assim que eles podem ser alimentados. Alguém diz: 'Como vai?'. Ele na verdade está dizendo: 'pergunte-me como eu vou'. Ele está simplesmente pedindo por uma gratificação mútua. E as pessoas gratificam umas às outras. Uns dão apoio ao ego dos outros: alguém elogia você e, em troca, você o elogia.
          É a isso que nós damos o nome de sociedade. Ela depende da mútua satisfação e a maior das satisfações parece ser a gratificação do ego.
          Daí as pessoas estarem muito interessadas em política, porque a política pode gratificar você como nada mais consegue.Se você tornar-se politicamente poderoso, todo o país estará agarrado em você; todo o país terá que prestar atenção em você. Você poderá impor a sua vontade sobre as pessoas, você terá poder.
          O poder de um político é o poder de violência. Agora ele controla todo o mecanismo de violência; ele controla a polícia, o governo, os militares; ele controla tudo. Ele pode lhe impor a sua vontade. É por isso que os políticos, mais cedo ou mais tarde, tendem a se tornarem violentos. Políticos no fundo desejam guerras, porque somente na guerra um político se torna um grande político. Se você der um giro através da história irá ver isso.
          Winston Churchill não teria sido um tão grande líder, se não acontecesse a Segunda Guerra Mundial. Nem Adolf Hitler teria sido tão poderoso se não houvesse a Segunda Guerra, nem Mussolini. A guerra criou o contexto: eles foram capazes de serem tão violentos quanto possível. Eles foram capazes de abater milhões pessoas, de assassinar milhões pessoas.
          As pessoas prestam atenção imediatamente quando você é violento.. Se você vive uma vida pacífica, nenhum jornal irá fazer reportagem a seu respeito, em toda a sua vida. Mas se você matar alguém ou cometer suicídio, você estará imediatamente nos jornais. (...)
          Lembre-se, o verdadeiro self nada tem a ver com pessoas prestando atenção em você. Observe a diferença: o falso self precisa que os outros prestem atenção em você e o verdadeiroself só precisa de sua atenção, só a sua atenção é o quanto basta.
          Se você voltar a sua atenção para dentro de si, você conhecerá o verdadeiro self. Se você continuar procurando pela atenção dos outros, você continuará vivendo numa falsa identidade que está sempre pronta para desaparecer se você não alimentá-la continuamente. Ela tem que ser apoiada.
          O ego não é uma entidade. Ele não é um substantivo, ele é um verbo. Por isso eu digo que ele é um 'egoing' (**). Você não consegue ficar satisfeito com qualquer atenção prestada a você. Você tem que pedir e desejar mais. Você continua 'egoing'. É através do 'egoing' que o ego consegue existir. Ele é um processo e ele é tão falso, e suas cobranças são tão feias! Ele é uma mentira. Ele cobra mais e mais mentiras de você e para gratificá-lo você tem que tornar-se completamente falso. Você tem que tornar-se uma personalidade.
          Uma personalidade significa um fenômeno falso, uma máscara. Você tem que tornar-se um ator. Você não é mais uma pessoa verdadeira, você não é mais autêntico. Você não tem qualquer substância, você é apenas uma sombra. E por causa dessa sombra, existe sempre o medo da morte, porque a qualquer momento essa sombra pode desaparecer.
          O seu banco pode quebrar e você imediatamente se acaba, você será ninguém. O seu poder pode ser perdido porque existem outros competidores empurrando você. Toda essa vida é um constante empurra-empurra, daí existir tanta agonia.
          Todo o mundo vive em angústia e agonia. Somente a pessoa que vem a conhecer o seu verdadeiro self vai além disso e entra no mundo do êxtase. E esses são os dois estados: agonia e êxtase.
          Parmita, você está em agonia, como todo mundo está. E a busca é pelo êxtase. Lembre-se sempre: seus compromissos, suas ideologias, os seus chamados altos valores, suas teologias, filosofias e religiões fornecem contextos, muitas vezes contextos valiosos, para a existência individual. Mas eles não são o que você é.
          Você nem mesmo é o seu corpo. Você não é a sua mente. Você não é branco nem negro; você não é indiano nem alemão. Você não pode ser definido de maneira alguma. Todas as definições são insuficientes.Você é indefinível; você é algo que supera todas as definições. Você é o vasto céu no qual os planetas aparecem, e a terra aparece, e o sol, a lua a as estrelas, e todos eles desaparecem, e o céu permanece como sempre permaneceu. O céu não conhece mudanças. Você é aquele céu imutável. As nuvens vêm e vão, e você permanece sempre ali. (...)
          Se você quer buscar o verdadeiro self, não se apegue a qualquer compromisso, a qualquer programa ou a qualquer idéia. Permaneça desapegado, flexível, fluido. Não se torne estagnado. Permaneça sempre no estado de não-congelamento; não congele. No momento em que você congela, você tem alguma coisa falsa em suas mãos; uma nuvem surgiu. Permaneça no estado de derretimento, não se torne comprometido com qualquer forma ou nome. E então, alguma coisa tremenda começa a acontecer em você: pela primeira vez você começará a sentir quem você é. Esse sentir não vem de fora, ele surge da profundidade mais interna de seu ser. Ele inunda você. Ele é luz, completa luz; ele é êxtase, completo êxtase. Ele é divino. Ele é um outro nome de Deus.
          Nunca se torne cristalizado. Se você se torna cristalizado em alguma coisa, você está encarcerado. Permaneça livre, seja a liberdade. Toda identidade cria amarras; e toda amarra, toda identificação é um comprometimento. Quanto mais fixa é a identidade de alguém, menos ele é capaz de experienciar. O ponto não é não ter uma posição, o ponto é não ser identificado com a posição.
          Eu não estou dizendo para ficar sem pensar. Permaneça inteligente e capaz de pensar, mas nunca fique identificado com qualquer pensamento. Use o pensamento como uma ferramenta, como um instrumento; lembre-se que você é o mestre. Não estar apegado a qualquer posição que se tenha em qualquer momento particular, é o começo do auto-conhecimento. A pessoa é, ela experiencia a vida numa extensão em que pode transcender posições particulares e consegue assumir outros pontos de vista.
          Isso é o que eu quero dizer por permanecer fluido, fluindo. A pessoa deve permanecer disponível para o presente. Morra para o passado a cada momento, de modo que nada a seu respeito permaneça fixo. Não carregue um caráter junto consigo. Todo caráter é armadura, aprisionamento.
          O verdadeiro homem de caráter é sem caráter. Ele tem consciência, mas nenhum caráter. Ele vive momento a momento. Ele é responsável, mas ele responde a partir do momento e não a partir de contextos passados. Ele não carrega qualquer programa pré-fabricado em seu ser. Quanto mais você tiver programas pré-fabricados, mais você será um ego. Quando você não tem qualquer programa, nada pré-fabricado em você, quando a cada momento você é tão fresco como se tivesse nascido novamente, para mim isso é liberdade. E somente uma consciência livre pode conhecer um verdadeiro self.
          Essa é a busca, Parmita. Nada mais irá satisfazer, nada mais poderá satisfazer. Tudo são consolos e é melhor abandoná-los, é melhor estar consciente de que consolos não irão ajudar.
          Isso é o que eu chamo sannyas: abandonar os consolos, renunciar aos consolos, não ao mundo mas aos consolos, renunciar a tudo o que é falso, tornando-se verdadeiro, tornando-se simples, natural e espontâneo. Essa é a minha visão de um sannyasin, a visão de liberdade total.
          E em tais belos momentos de liberdade total, os primeiros raios de luz entram em você, os primeiros vislumbres de quem você é. E a grandeza disso é tanta, e o esplendor disso é tanto que você ficará surpreso ao descobrir que você estava carregando o reino de Deus dentro de você enquanto permanecia tão inconsciente, e por tanto tempo. V
ocê ficará surpreso. Como foi possível não ter conhecido tal tesouro? Um tesouro inesgotável dentro de você.
          Jesus seguia repetindo 'O Reino de Deus está dentro de você'. Chame-o de reino de Deus ou de supremo self, ou de nirvana, ou o que você quiser, essa é a nossa busca, a de todo mundo, não apenas dos seres humanos, mas a de todos os seres. Mesmo as árvores estão crescendo em direção a isso, mesmo os pássaros estão buscando isso, mesmo os rios estão correndo em direção a isso. Toda a existência é uma aventura.
          E essa é a beleza dessa existência. Se ela não fosse uma aventura, a vida seria uma absoluta chatice. Vida é celebração porque ela é uma aventura.
                                              OSHO - Unio Mystica - Discurso 2 - pergunta 1
                                                                 tradução: Sw.Bodhi Champak


(*) Preferimos manter a palavra 'self' em inglês, sem traduzi-la, devido à dificuldade em se encontrar um equivalente em português. Poderíamos traduzi-la por 'eu', e faria muito sentido, mas essa palavra traz em si uma conotação de ego, o que poderia comprometer o sentido do texto. Em muitas frases seria perfeito traduzi-la por 'ser', mas em outras frases, o sentido ficaria estranho. Uma tradução mais literal seria 'si mesmo', mas a leitura do texto também soaria estranho em vários parágrafos. Assim, preferimos manter a palavra 'self' em inglês sem traduzi-la. Pedimos apenas que não a confundam com a palavra self adotada na literatura de psicologia em geral, na língua portuguesa. Na ciência Psicologia, self tem outra conotação. (N.T.)
(**) 'egoing' é um neologismo criado por Osho para poder classificar a palavra 'ego' como sendo um verbo e não um substantivo. O sufixo 'ing' em inglês sugere que a palavra é um verbo e não um substantivo. Não encontramos uma palavra em português para traduzir 'egoing'. (N.T.)
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O que é o homem exatamente? OSHO



O que é o homem exatamente?



"O homem é um mero talvez, uma possibilidade, um potencial, um tornar-se, uma vontade. O homem não é, ainda. O homem ainda tem que ser. Essa é a agonia do homem e o seu êxtase também. A besta é, e nenhum crescimento lhe é possível. É um produto acabado. Na besta não há qualquer possibilidade de procura, de busca, de ser. Nesse caso, não há qualquer liberdade. A besta está em absoluta escravidão. A besta vive e morre sem saber que ela vive e morre. A besta é, mas ela não sabe que ela é.
          O homem é e sabe que ele é, mas não sabe quem ele é.
          O homem é um processo constante. Alguma coisa está sempre acontecendo, está sempre na beira do acontecimento. O homem é uma excitação, uma aventura, uma peregrinação.
          Nenhuma besta pode sequer fugir de seu destino. Ele é sempre predeterminado. A besta tem um destino absoluto. Nada acontecerá de outro jeito. A besta é pré-programada. O homem não tem qualquer programa prévio, ele é simplesmente uma abertura. Mil e uma coisas são possíveis. Por isso surge a ansiedade: 'Ser isso ou ser aquilo? Ir para a direita ou para a esquerda? Viver desse jeito ou viver daquele jeito? E o que é certo? E o que irá me satisfazer?'
          A cada momento o homem tem que decidir. E, obviamente, quando você decide, você treme. Há sempre a possibilidade de você escolher errado. Na verdade, as possibilidades de escolher errado são maiores. Em mil e um caminhos, apenas um será o certo. Por isso uma grande tremedeira e angústia: "Eu vou fazer isso? Sendo eu mesmo, eu serei bem sucedido? Ou isso vai ser apenas um grande e inútil esforço e ao final terei só frustração e fracasso? Eu serei capaz de conhecer vida abundante? Essa vida se tornará uma base para uma vida ainda maior que virá? Ou isso nada mais é do que uma morte? Existe apenas um túmulo no final, ou alguma coisa mais?'
          O homem é um ser aberto. Tudo é possível, mas nada é certo. A besta é absolutamente certa. Ela tem uma definição. O homem não tem definição.
          Assim quando você me pergunta: O que é o homem exatamente? você está formulando errado a pergunta. O homem não é algo exatamente. Ele é apenas uma vaga vontade, um sonho muito muito vago de coisas que podem ser, de coisas que podem ser possíveis, que podem não ser possíveis. O homem é uma hesitação. A cada momento o homem é pego pela hesitação, porque um simples passo errado destruirá toda a sua vida.
          O homem pode perder. Nenhuma besta pode sequer perder. Mas porque o homem pode perder, ele pode ganhar também. Ambas as possibilidades vêm juntas. O homem pode crescer, o homem é crescimento. O mero talvez pode se tornar verdade. O potencial pode ser transformado em realidade. A semente pode se tornar um florescimento. Aquilo que era apenas não-manifesto, pode se manifestar e então acontece um grande esplendor, uma grande bênção.
          O Buda é, sabe que ele é, e também sabe quem ele é. Esses são os três estágios do crescimento: a besta, o homem e o Buda. A besta tem apenas uma dimensão: ela é, ela existe, completamente inconsciente de que ela existe. Por isso ela não pode pensar em morte. A morte não é um problema para a besta. A morte somente pode se tornar um problema quando você sabe que você é. Com esse conhecimento surge o medo de que um dia você pode deixar de ser. Porque houve um tempo em que você não era e haverá de novo um tempo em que você deixará de ser. A sua existência é momentânea. Você pode desaparecer a qualquer momento. Você desaparecerá algum dia. A morte está por acontecer. É somente o homem que sabe a respeito da morte.
          É por isso que o homem cria a religião. Religião é a resposta do homem diante da possibilidade da morte. É o esforço do homem para vencer a morte. Nenhum animal é religioso, não pode ser. Sem a consciência da morte, não há possibilidade de religião. Mas antes que você se torne consciente da morte, você terá que se tornar consciente de que você é. Esse é o pré-requisito básico.
          Assim o homem sabe que ele é, e também se torna consciente e apreensivo de que a qualquer momento ele deixará de ser. O tempo é curto. Para a besta o tempo é não-existencial, o tempo não existe. A besta vive num mundo sem tempo, vive a cada momento. Não pensa no passado nem imagina acerca do futuro.
          O homem não consegue viver no presente. Ele pensa no passado e em toda a sua nostalgia. Nos dias que foram dourados e que não são mais. E pensa, imagina, fantasia a respeito do futuro, de como os dias deveriam ser.
          O homem pensa no passado e no futuro. As bestas vivem apenas no presente. Mas elas não estão conscientes de que isso é o presente. Elas não conseguem ser conscientes do presente. Somente quem é consciente do passado e do futuro, pode ser consciente do presente, porque o presente está espremido entre o passado e o futuro.
          Os animais não têm ansiedade. A memória não os perturba e as imaginações não agitam seus corações. Eles são simples. A existência não tem qualquer complexidade para eles. Quando eles vivem, eles vivem. Quando eles morrem, eles morrem. Eles são inocentes. O tempo não chegou para corromper o ser deles.
          Mas o homem vive no tempo. Ele é consciente de que ele é, mas ele não é consciente de quem ele é. E isso se torna um grande problema. Quem sou eu? Essa é a pergunta fundamental que homem algum consegue responder. A partir dessa pergunta fundamental surge toda a filosofia, toda a religião, toda a poesia, toda a arte. São diferentes maneiras de se levantar essa pergunta 'Quem sou eu?' e diferentes maneiras de respondê-la. Mas a pergunta é só uma: Quem sou eu?
          Se você tentar compreender a vida do homem, você verá a persistência dessa simples pergunta. Sim, o homem que é louco por dinheiro também está tentando responder à pergunta 'Quem sou eu?'. Ele pensa que ao ter dinheiro ele saberá quem ele é, ele saberá que ele é rico. Ele terá uma certa identidade. O homem que está buscando o poder está basicamente tentando responder à pergunta 'Quem eu sou?'. Ao se tornar o Primeiro Ministro de um país ele saberá que ele é o Primeiro Ministro.
          Mas essas respostas são superficiais e não irão satisfazê-lo realmente. Elas podem satisfazer apenas ao medíocre. Elas não podem satisfazer a uma pessoa verdadeiramente inteligente. Mesmo quando você tiver se tornado muito rico, a sua inteligência persistirá em perguntar 'Quem é você? Sim, você tem dinheiro, mas quem é você? Você não é o dinheiro. Você não pode ser aquilo que você possui. Quem é essa pessoa que possui? Sim, você se tornou o Primeiro Ministro de um país, mas aquilo é só uma função, aquilo não é o seu ser. Quem é você? Quem é essa pessoa que não era Primeiro Ministro e que agora é um Primeiro Ministro, e que amanhã talvez possa não ser mais? Essa função de Primeiro Ministro é só um episódio... na vida de quem?'
          A pergunta persiste. Ela não pode ser respondida por esses empenhos e esforços superficiais. Mas basicamente o homem está tentando fazer isso. Ele se torna um marido, se torna uma mãe, um pai, isso e aquilo... mas o desejo básico é de alguma maneira ter uma identidade: 'eu sou a esposa, eu sou o marido, eu sou o pai, eu sou a mãe.' Mas você ainda não teve a pergunta respondida. Ser uma mãe ou um pai, é simplesmente acidental, é a superfície. O seu centro mais interior permanece intocado.
          Essa não é a real identidade. Essa é uma identidade falsa. A criança morrerá, então quem é você? Você já não será mais mãe. O marido pode deixá-la, então quem é você? Você já não será mais uma esposa.
          Essas identidades são muito frágeis e o homem vive constantemente enfrentando crises de identidade. Ele tenta arduamente se ajustar a alguma definição quanto a si mesmo, mas ela acaba escorregando de suas mãos.
          Somente a pessoa religiosa formula realmente a pergunta, e a formula na direção certa.
          O Buda existe da mesma forma que a besta existe. O Buda sabe que ele é, da mesma forma que o homem sabe. Mas uma terceira dimensão se abriu: ele sabe quem ele é, ele chegou a ver o seu ser mais interior. Ele não procurou pela identidade no mundo exterior, porque lá não pode estar qualquer identidade. Como ela pode estar no mundo exterior? Você é a sua interioridade, você é o seu mundo interno, você é a sua subjetividade. Como você pode conhecer isso através de objetos?
          Você pode ter uma bela casa, mas isso é o mundo exterior. Você pode ter belas peças de arte, pinturas, antiguidades, mas elas são o mundo exterior. Elas não podem definir você. Você permanece não-definido por elas. Um dia a casa pega fogo e toda a sua identidade foi queimada, e você está parado na rua, de novo confuso: 'quem sou eu?'
          É por isso que as pessoas cometem suicídio. Se elas perderam o dinheiro, se elas faliram, elas cometem suicídio. Porque elas cometem suicídio? Alguém pode pensar 'porque?' O dinheiro pode ser ganho novamente... Mas olhe para dentro dessas pessoas. Aquela era a identidade delas. Elas acreditaram por muito tempo que 'eu sou isso'. Agora, toda a minha conta bancária se esgotou e de novo o problema surge: 'quem sou eu?' E elas desperdiçaram toda a vida criando aquela conta bancária. Agora elas não estão preparadas para começar todo aquele esforço de novo. Isso é demais. Elas fracassaram completamente.
          Na verdade, ao falirem, o suicídio já havia ocorrido. A identidade delas já havia ido. Elas agora não sabem mais quem elas são. A sua face desapareceu. Como elas podem viver sem uma face? A mulher que você tem amado morre e você comete suicídio, ou começa a pensar em cometer suicídio, porque aquela mulher era a sua identidade. Agora você foi deixado sozinho, vazio. E para reiniciar tudo de novo, começar do nada, parece ser demais. É melhor terminar já com toda essa história.
          Esses são os três estágios. E quando eu digo a besta, existem muitos homens que são como as bestas. Eles não estão nem mesmo conscientes de que eles são. Eles vivem mecanicamente. Existem muitas pessoas que são homens, eles sabem que eles são, mas eles não sabem quem eles são. E no meio deles, existem somente uns poucos, aquelas raras pessoas que sabem quem elas são. Elas se tornam tridimensionais.
          O homem é uma ponte entre a besta e o Buda. Lembre-se, o homem é uma ponte. Não construa a sua casa sobre a ponte, a ponte não existe para isso. A ponte tem que ser atravessada. Não permaneça um homem, senão você permanecerá na ansiedade e angústia, porque o homem não é um lugar para se ficar e se acomodar. Ele é uma passagem a ser ultrapassada. Ele é uma escada. Você não pode ficar estacionado numa escada. Ela é apenas uma ligação de um ponto a outro ponto.
          A besta é e está num certo estado de satisfação. Sem ansiedade, sem medo, sem morte, sem ambição, sem buscas, completamente calma e quieta. Porém inconsciente. O Buda está de novo no estado de satisfação, completamente em paz, à vontade, ele chegou, a jornada terminou. Não há nenhum lugar para ir. Ele já alcançou. Entre esses dois está o homem: meio-besta, meio-Buda. Daí surge a tensão: uma parte se movendo para trás e a outra parte se movendo para a frente.
          O homem está rasgado em pedaços.
          Deixe-me repetir: o homem ainda não é um ser. O homem perdeu uma maneira de ser, o ser de uma besta. E o homem ainda não alcançou a outra maneira de ser, o ser de um Buda. E o homem está constantemente se movimentando entre esses dois seres, entre essas duas margens.
          Você não pode voltar, porque na existência não existe movimento de volta. Você não pode voltar no tempo. O tempo só tem uma dimensão: ele flui em direção à frente. Você só pode ir em direção à frente. Não perca tempo pensando que você também pode ser uma besta e que pode viver como uma besta: comer, beber e se divertir. Isso não é possível para um ser humano. Ele terá que pensar, ele terá que ponderar. Ele não pode se dar ao luxo de não pensar. E é muito arriscado fazer isso porque você ficará estagnado e se tornará uma poça de água suja. O seu frescor e a sua vitalidade são possíveis apenas se você seguir num fluxo e fluir até alcançar o oceano. Àquele oceano eu estou chamando de Buda. Buda, o estado de consciência.
          O homem tem que se tornar um Buda, tem que criar aquele desejo intenso, aquela vontade intensa de se tornar um Buda. Esteja numa busca apaixonada por isso. Coloque toda a energia que você tiver. Torne-se flamejante com essa vontade... e você pode se tornar um Buda. E no dia em que você se tornar um Buda, você terá se tornado um ser novamente. Um ser num nível mais alto, no mais elevado nível. Nada existe mais elevado que isso.
          Você me pergunta: O que é o homem exatamente?          Enquanto homem, o homem não é algo exato, é apenas um fenômeno vago, uma nuvem, um nevoeiro. O homem não é exato porque ele é uma multidão. O homem é muitos homens, por isso ele é um nevoeiro. A unidade está faltando. Você não tem o centro. O centro surge somente através da consciência. O homem vive simplesmente como uma madeira boiando.
          É por isso que eu digo que o homem é um mero talvez, um confuso paradoxo, um ser absurdo. Ele é e não é. Ele está no meio. Ele é o único animal que pode enlouquecer a si mesmo. Nenhum animal pode enlouquecer a si mesmo, somente o homem, porque o homem tem a capacidade de se tornar sábio.
          Se você não crescer em sabedoria, você irá se comportar como um louco. Isso é o que a maioria das pessoas no mundo está fazendo. Se você observar a partir de um ponto de vista isento, você ficará surpreso como as pessoas estão vivendo... em tanta confusão, em tanta bagunça, em tanta loucura. Como elas estão se movendo? Elas não estão se movendo em absoluto. Elas estão correndo sem sair do mesmo lugar.
          E se observar o homem, você ficará surpreso pois é muito raro cruzar com um homem sábio. Tolos e tolos... Tolos em abundância. Mas lembre-se de que nenhum outro animal pode se comportar como um tolo. Você já viu um cachorro comportando-se como um tolo? Nunca. Eles não podem ser tolos porque eles não podem ser sábios. Ambas as possibilidades surgem simultaneamente.
          Observe a si mesmo. Observe a suas tolices. Esteja constantemente alerta em relação ao que você está fazendo com a sua vida. Esta é uma vida preciosa. O valor que ela tem é tanto que não pode ser medido, não pode ser avaliado. Mas porque ela lhe é dada como uma dádiva, você não aprecia o seu valor. Porque ela tem sido uma bênção de Deus, você acha que ela já está certa e garantida. Isso é tolice. Não a considere como certa e garantida. Ela é uma oportunidade para o crescimento.
          E você terá que responder a Deus pelo que fez com a sua vida. Você deixou a vida do mesmo jeito que você a recebeu? Ou ainda pior? Pense a respeito disso, de que o homem um dia terá que responder. E a não ser que você seja um Buda, você não será capaz de responder. Porque ser um Buda é ser um Deus, e essa é a sua intrínseca possibilidade. E a não ser que você seja um Deus, você não se sentirá completo.
          E somente então você conhecerá exatamente o que você é. Agora, neste momento, você não é nada, apenas um mero talvez.

                                                 OSHO - The Perfect Master  - discurso n. 10 - pergunta n. 1
                                                                                          (Tradução: Sw. Bodhi Champak)
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Anima e Animus...Carl Jung






CARL JUNG

CARL JUNG E A PSICOLOGIA ANALÍTICA

  Carl Jung desenvolveu uma teoria de psicologia complexa e fascinante, que abrange uma série extraordinariamente extensa de comportamentos e pensamentos humanos. A análise de Jung sobre a natureza humana inclui investigações acerca de religiões orientais, alquimia, parapsicologia e mitologia. De início, sua teoria provocou maior impacto em filósofos, folcloristas e escritores do que em psicólogos ou psiquiatras. Um dos principais conceitos de Jung é o da "individuação", termo que usa para um processo de desenvolvimento pessoal que envolve o estabelecimento de uma conexão entre o ego, centro da consciência, e o self, centro da psique total, o qual, por sua vez, inclui tanto a consciência como o inconsciente. Para Jung, existe interação constante entre a consciência e o inconsciente, e os dois não são sistemas separados, mas dois aspectos de um único sistema. A psicologia junguiana está basicamente interessada no equilíbrio entre os processos conscientes e inconscientes e no aperfeiçoamento do intercâmbio dinâmico entre eles. 



As Funções: Pensamento, Sentimento, Sensação, Intuição


  Jung identificou quatro funções psicológicas fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Cada função pode ser experienciada tanto de uma maneira introvertida quanto extrovertida.
  O pensamento e o sentimento eram vistos por Jung como maneiras alternativas de elaborar julgamentos e tomar decisões. O pensamento está relacionado com a verdade, com julgamentos derivados de critérios impessoais, lógicos e objetivos. Sentir é tomar decisões de acordo com julgamentos de valores próprios.
  Jung classifica a sensação e a intuição, juntas, como as formas de apreender informações, ao contrário das formas de tomar decisões. A sensação refere-se a um enfoque na experiência direta, na percepção de detalhes, de fatos concretos, o que uma pessoa pode ver, tocar, cheirar.
  A intuição é uma forma de processar informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e processos inconscientes. Pessoas intuitivas dão significado às suas percepções com tamanha rapidez que via de regra não conseguem separar suas interpretações dos dados sensoriais brutos. Os intuitivos processam informação muito depressa e relacionam, de forma automática, a experiência passada e informações relevantes à experiência imediata.
  Para o indivíduo, uma combinação das quatro funções resulta em uma abordagem equilibrada do mundo: uma função que nos assegure de que algo está aqui (sensação); uma segunda função que estabeleça o que é (pensamento); uma terceira função que declare se isto nos é ou não apropriado, se queremos aceitá-lo ou não (sentimento); e uma quarta função que indique de onde isto veio e para onde vai (intuição). Entretanto, ninguém desenvolve igualmente bem todas as quatro funções. Cada pessoa tem uma função fortemente dominante, e uma função auxiliar parcialmente desenvolvida. As outras duas funções são em geral inconscientes e a eficácia de sua ação é bem menor. Quanto mais desenvolvidas e conscientes forem as funções dominante e auxiliar, mais profundamente inconscientes serão seus opostos. Jung chamou a função menos desenvolvida em cada indivíduo de "função inferior". Esta função é a menos consciente e a mais primitiva e indiferenciada.





O Ego
   O ego é o centro da consciência e um dos maiores arquétipos da personalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes. Ele tende a contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçar esta frágil consistência da consciência e tenta convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa experiência. Somos levados a crer que o ego é o elemento central de toda a psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente. De acordo com Jung, a princípio a psique é apenas o inconsciente. O ego emerge dele e reúne numerosas experiências e memórias, desenvolvendo a divisão entre o inconsciente e o consciente. Não há elementos inconscientes no ego, só conteúdos conscientes derivados da experiência pessoal.




Anima e Animus
 É uma estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada indivíduo; Jung denomina tal estrutura de anima no homem e animus na mulher.


Self
  O self é o arquétipo central, arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. Segundo Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao outro, mas completam-se mutuamente para formar uma totalidade: o self. O self é com freqüência figurado em sonhos ou imagens de forma impessoal. É um fator interno de orientação, muito diferente e até mesmo estranho ao ego e à consciência. O self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente; é o centro desta totalidade, assim como o ego é o centro da consciência.


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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Oração Celta



Oração Celta 




Que jamais, em tempo algum, o teu coração acalante ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.
Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.
Que a música seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.
Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.
Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.
Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.
Que em cada amigo o teu coração faça festa,
que celebre o canto da amizade profunda que liga as almas afins.
Que em teus momentos de solidão e cansaço,
esteja sempre presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma,
quando a alma é grande e generosa.
Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente,
para que tu percebas a ternura invisível,
tocando o centro do teu ser eterno.
Que um suave acalanto te acompanhe,
na terra ou no espaço,
e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.
Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!
Que os teus pensamentos e os teus amores,
o teu viver e atua passagem pela vida,
sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome.
Aquele amor que não se explica, só se sente.
Que esse amor seja o teu acalanto secreto,
 viajando eternamente no centro do teu ser.
Que este amor transforme os teus dramas em luz,
a tua tristeza em celebração,
e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora.
Que jamais, em tempo algum,
tu esqueças da Presença que está em ti e em todos os seres.
Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz!

Uma oração maravilhosa...

ONDE VOCÊ COLOCA O SAL???‏




ONDE  VOCÊ  COLOCA  O  SAL ?

 
O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo de água e bebesse.
-'Qual é o gosto?' - perguntou o Mestre.
-'Ruim' - disse o aprendiz.
 
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.
Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago. Então o velho disse:
-'Beba um pouco dessa água'.Enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou:
-'Qual é o gosto?'
-'Bom!' disse o rapaz.
-'Você sente o gosto do sal?' perguntou o Mestre.
-'Não' disse o jovem.

O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:
-'A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta.
É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Em outras palavras:
É deixar de ser copo, para tornar-se um Lago.'


"Entender a vontade de Deus nem sempre é facil, mas crer que Ele está no comando e tem um plano pra nossa vida faz a caminhada valer a pena!".