Boas vindas ao dia que chega!
Uma atitude de alegria consiste em acolher o que chega, o que quer que chegue, seja qual for a maneira pela qual chegue.
A ideia de que há qualquer coisa a se obter ou a acontecer nos transporta para um estado mental no qual estamos perpetuamente selecionando, separando, escolhendo.
Estado no qual nós podemos oscilar entre o desejo dos objetos sensoriais e o desejo de conhecer mais, o desejo de ter o melhor possível, de progredir.
Estes desejos são frequentemente um obstáculo real para aqueles que meditam.
Desejamos mais clareza, mais paz, mais compreensão; constantemente sentimos a necessidade de qualquer coisa que nos falta.
Por conseguinte, nós nos assentamos e praticamos, de forma a obter qualquer qualidade que não possuamos no momento.
Mas a maneira pela qual o espírito se comporta no presente, condiciona o que experimentaremos no futuro.
Se mantemos a mente nesta atitude de necessidade, de desejo de ser qualquer coisa, então tudo que poderemos sempre experimentar será esta necessidade e desejo de ser outro.
Isto não significa, no entanto, que se deve simplesmente se assentar e esperar a morte!
A questão é justamente tentar mudar nossa atitude diante da vida.
As coisas então se transformam naturalmente e amadurecem em seu próprio ritmo.
Ao buscar se desassociar de impulsos cegos é possível estabelecer as condições que permitem a paz, a tranquilidade de se instalar em nós.
Não para obter a tranquilidade de espírito, mas para apaziguar esta loucura do ganho, este nervosismo, esta impaciência e sentimento de estar incompleto, este sentimento de falta.
(Ajahn Sucitto)
(Traduzido do francês pelo Centro de Estudos Buddhistas Nalanda)