ARQUITETURA BARROCA EM PORTUGAL
DO BARROCO
Movimento artístico cultural Surgido a princípio na Itália entre o final do Sec. XVI se estendendo até o meio do Sec. XVII, primeiro em países de predominância católica impulsionado pela contrarreforma, e depois um tanto alterado no oriente e países protestantes.
O barroco é um estilo artístico que se diferencia de seu antecessor o Renascimento, pois este primava pela moderação, austeridade e harmonia, enquanto que o Barroco era marcado pelo dinamismo, contrastes marcantes, dramaticidade exacerbada, opulência, exuberância e maior realismo, frequentemente voltado à espiritualidade.
Mais que um movimento artístico. Influenciado grandemente pela contrarreforma, o Barroco era marcado pela contradição entre o profano e o sagrado, a carne e o espírito, buscava uma nova forma de entender o mundo, Deus e o homem, sendo de fato um novo período histórico, bem como, nova realidade sociocultural, sempre buscando a superação pela criação de obras originais.
DA ARQUITETURA BARROCA EM PORTUGAL
O movimento Barroco se inicia em Portugal no século XV por volta do ano 1600, assim, tardiamente em relação ao resto da Europa. Tal fato se deu, pois, Portugal vivia um regime absolutista em razão do domínio Espanhol que provocou uma crise econômica, política e de identidade social, onde para tentar preservar sua identidade sociocultural os Portugueses se fecharam para o resto da Europa.
Outra questão importante para o estilo tão peculiar na arquitetura barroca em Portugal é o fato de a cultura portuguesa na época buscar se diferenciar dos movimentos na Espanha, bem como, pelo fato de a “reforma protestante” não ter tido repercussão em Portugal, assim, o movimento Barroco ligado à contrarreforma (igreja católica), se instalou tardiamente em Portugal.
Na linha das razões para se entender as características próprias do movimento em Portugal, há o fato de que a arquitetura no estilo Barroco necessitava de dinheiro que Portugal não dispunha à época, pois, atravessava período de crise financeira com a dominação espanhola e a perda das riquezas vindas de colônias como o Brasil, a exemplo pelo domínio holandês no nordeste Brasileiro.
Sendo economia dependente das colônias e sem produção local dependendo de materiais importados, a falta de dinheiro impossibilitava tais importações, situação que só foi se normalizar no final do Sec. XVII, sendo esta também uma das razões pelo atraso do desenvolvimento da arquitetura Barroca em Portugal, neste ponto influenciando na escolha dos materiais, dando por fim traços próprios nos trabalhos barrocos desenvolvidos em Portugal, pelo uso de materiais alternativos e regionais.
De fato, e, também por estas razões, a arquitetura Barroca em Portugal é muito particular e ocorreu em período diferente da Europa. Condicionada por diversos fatores políticos, artísticos e econômicos que originam várias fases e diferentes tipos de influências exteriores, resultando numa mistura original, frequentemente mal compreendida por quem procura ver a arte italiana, mas com formas e carácter próprios.
Outra causa que deu à arquitetura barroca em Portugal os contornos particulares que possui, é a existência chamada Arquitetura chã. Referida arquitetura basicamente maneirista (sofisticação intelectualista, valorização da originalidade e das interpretações individuais, dinamismo, complexidade de formas e artificialismo no tratamento dos temas), apenas mais discreta marcada pela pouca decoração mais contida e simplista sobretudo pelas limitações econômicas da época.
Dentro das questões vistas a influenciar a arquitetura barroca, a econômica traz particular interesse. O barroco na verdade não sente grande falta de edifícios porque permite transformar através da talha dourada, (pintura, azulejo, etc.) espaços áridos em aparatosos cenários decorativos. O mesmo se poderia aplicar aos exteriores. Permitem posteriormente aplicar decoração ou simplesmente construir o mesmo tipo de edifício adaptando a decoração ao gosto da época e do local. Prático e econômico.
DO APOGEU ARQUITETÔNICO
Durante o reinado de D. João V, na primeira metade do Sec. XVIII, a arquitetura barroca vive uma época de esplendor e riqueza completamente novas em Portugal. Apesar de o terremoto de 1755, ter destruído muitos edifícios, o que chegou aos nossos dias ainda é impressionante.
PRINCIPAIS OBRAS
Lisboa
O Palácio Nacional de Mafra é o mais internacional dos edifícios barrocos portugueses e, no seguimento da moda entre os monarcas europeus, reflete a Arquitetura absolutista, iniciada no Palácio de Versalhes em França. Constituído por um palácio real, uma basílica e um convento, resulta de uma promessa feita pelo rei em relação à sua sucessão. (Com projeto de Cynthia Rodrigues e Johann Friedrich Ludwig), arquiteto alemão estabelecido em Portugal, inicia as obras em 1717 e termina em 1730. É um edifício imenso, possui na fachada dois torreões, inspirados no desaparecido torreão do Paço da Ribeira, com a basílica ao centro e duas torres sineiras dominadas por uma imponente cúpula.
Neste conjunto o Convento de Mafra, cujo arquiteto foi Ludovice, envolveu na sua construção milhares de trabalhadores e possui uma magnífica biblioteca de 88 metros de comprimento
Outra característica da arquitetura Barroca portuguesa são as diferenças regionais. Foi na parte norte de Portugal (Porto e Braga), que o barroco se implantou com mais força, através de inúmeras igrejas e solares.
– Região do Porto – com influências espanholas e decoração exuberante, associadas às ideias vindas de Itália.
Igreja de Bom Jesus de Matosinhos;
Paço Episcopal;
Loggia da Sé; Igreja
Sé Catedral, Terreiro da Sé construída no século XII em estilo românico, sofreu diversas alterações na época barroca. No interior destacam-se o retábulo-mor, em talha dourada, e o altar em prata do Santíssimo Sacramento. Ainda de estilo barroco são dignos de nota os azulejos do claustro, a galilé setentrional, bem como a notável escadaria que liga o claustro à Casa do Cabido e, nesta última, o teto da Sala do Capítulo.
Torre dos Clérigos.
Uma obra marcante é a Torre dos Clérigos, de Nicolau Nasoni. Este conjunto arquitetônico foi edificado, entre 1732 e 1773, pela Irmandade dos Clérigos. Na construção da Igreja trabalharam vários artistas, destacando-se Nicolau Nasoni e o mestre pedreiro António Pereira. A Torre que remata o edifício do lado poente é uma das obras-primas de Nicolau Nasoni.
Magnífica Igreja e escadaria dos cinco sentidos, Bom Jesus de Praga Este templo foi projetado pelo arquiteto Carlos Amarante, por encomenda do então Arcebispo de Braga, D. Gaspar de Bragança, para substituir a anterior, erguida por D. Rodrigo de Moura Teles. As suas obras iniciaram-se a 1 de junho de 1784, tendo ficado concluídas em 1811.
O seu interior foi revestido a talha dourada, da primeira metade do século XVIII. Verdadeira joia do Barroco, impressiona o visitante pela sua exuberância decorativa e pela feliz combinação entre a talha e o azulejo incrível o seu interior.
O seu interior foi revestido a talha dourada, da primeira metade do século XVIII. Verdadeira joia do Barroco, impressiona o visitante pela sua exuberância decorativa e pela feliz combinação entre a talha e o azulejo incrível o seu interior.
Fachada da Igreja da Misericórdia, Rua das Flores
É um dos mais significativos exemplares da arquitetura setecentista do Porto, sendo o risco da autoria de Nicolau Nasoni. A obra, que se encontra datada de 1750, é de um grande efeito cenográfico e nela já se faz notar a influência da nova gramática decorativa do rococó.
Região de Braga – (tardo-barroco), em que a decoração típica do românico e manuelino se associam às ideias barrocas e chinesas, marcadas por uma decoração exótica.
Igreja São Vicente de Braga
Igreja de Santa Madalena.
No sul também encontramos.
Alto Alentejo, que nos apresenta um barroco mais neoclássico, simples e regular. Por exemplo.
A Igreja de Nossa Senhora da Lapa em Vila Viçosa.
Em Coimbra destaca-se a Biblioteca dos Gerais da Universidade (Biblioteca Joanina).
O aqueduto das Águas Livresem 1731. No reinado de D. João V, é autorizada a construção do aqueduto. Em 1748, entra em funcionamento abastecendo de água a cidade o que acontece até 1967 quando é retirado do sistema de abastecimento.
Santuário da Nossa Senhora dos Remédios em Lamego, o atual santuário foi principiado em 1750, e concluído apenas em 1905. O templo apresenta, em sua fachada, traços do estilo barroco e rococó(“rocaille“). A fachada é ladeada por torres sineiras. Em sua construção foi empregada a pedra de granito
Igreja de Santo Ildefonso, Praça da Batalha. A nova Igreja de Santo Ildefonso foi edificada entre os anos de 1730 e 1737, não se sabendo o autor do seu projeto. Contrariamente ao que sucede na fachada, desprovida de graciosidade, o retábulo da capela-mor revela toda a elegância da sua nova estrutura retabilística. A obra de talha teve o risco de Nicolau Nasoni.
CONCLUSÃO
Como visto, este breve estudo não pretende, nem tem como, esgotar o tema sobre a Arquitetura Barroca em Portugal, mas, serve como guia introdutório para a um estudo aprofundado, pois, a importância do movimento barroco na arquitetura portuguesa é tão profundo que pode até mesmo ser apontado como definidor do estilo que representa o apogeu do grande império colonialista que foi Portugal nos séculos dos descobrimentos e da ocupação colonizadora.
Tal fato pode ser comprovado num estudo sobre o desenvolvimento da arquitetura nos países colonizados pela coroa Portuguesa, onde, a presença do estilo barroco é marcante devido a influencia do domínio lusitano sendo o barroco muitas vezes o apogeu da arquitetura nestes países especialmente pela adaptação a culturas locais que o estilo Barroco sofreu.
Fontes
Anotações em sala de aula
Anotações em sala de aula
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/historia/historia_trab/barroco.htm
https://anhangueraarquiteturaa.wordpress.com/2015/06/01/arquitetura-barroca-em-portugal/