Sempre na minha mente e no coração...

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sábado, 16 de junho de 2012

"O IMORTAL JORGE AMADO"

fonte imagem:osrevista.com.br


Jorge Amado



Jorge Leal Amado de Faria (Itabuna10 de agosto de 1912 — Salvador6 de agosto de2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos.

Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira, verdadeiros sucessos como Tieta do AgresteGabriela, Cravo e Canela e Teresa Batista Cansada de Guerra são criações suas, além de Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres. A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinemateatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braille e em fitas gravadas para cegos.

Amado foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho mas, em seu estilo - o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994 viu sua obra ser reconhecida com o Prêmio Camões.

Biografia


Existem dúvidas sobre o exato local de nascimento de Jorge Amado. Alguns biógrafos indicam que o seu nascimento deu-se na Fazenda Auricídia, à época município de Ilhéus. Mais tarde as terras da fazenda Auricídia ficaram no atual município de Itajuípe, com a emancipação do distrito ilheense de Pirangi. Entretanto, é certo que Jorge Amado foi registrado no povoado de Ferradas, pertencente a Itabuna.

No ano seguinte ao de seu nascimento, uma praga de varíola obriga a família a deixar afazenda e se estabelecer em Ilhéus, onde viveu a maior parte da infância, que lhe serviu de inspiração para vários romances. Foi para o Rio de Janeiro, então capital da república, para estudar na Faculdade de Direito da então Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante a década de 1930, a faculdade era um polo de discussões políticas e de arte, tendo ali travado seus primeiros contatos com o movimento comunista organizado.


Jorge Amado (à esquerda), com os colegas Adonias Filho (à direita) e Gabriel García Márquez (ao centro).
Foi jornalista, e envolveu-se com a política ideológica, tornando-se comunista, como muitos de sua geração. São temas constantes em suas obras os problemas e injustiças sociais, o folclore, apolítica, crenças e tradições, e a sensualidade do povo brasileiro, contribuindo assim para a divulgação deste aspecto do mesmo. Suas obras são umas das mais significativas da moderna ficção brasileira, com 49 livros, propondo uma literatura voltada para as raízes nacionais. Em 1945, foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que lhe rendeu fortes pressões políticas. Como deputado, foi o autor da emenda que garantiu a liberdade religiosa, viu o sofrimento dos que seguiam os cultos vindos da bela África, no Ceará viu protestantes saqueados por fanáticos com uma cruz à frente, então correu atrás de assinaturas até conseguir a aprovação da sua emenda, e desde então a liberdade religiosa tornou-se lei. Também foi autor da emenda que garantia direitos autorais. Por outro lado votou com o (PCB) a favor da emenda nº 3.165, do deputado carioca Miguel Couto Filho, emenda que proibia a entrada no país de imigrantes japoneses de qualquer idade e de qualquer procedência. [1] Foi casado com Zélia Gattai, também escritora, que o sucedeu na Academia Brasileira de Letras. Teve três filhos: João Jorge, sociólogo, Paloma, e Eulália.
Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941 a 1942), em Paris (1948 a 1950) e em Praga (1951 a 1952). Escritor profissional, viveu exclusivamente dos direitos autorais dos seus livros. Na década de 1990, porém, viveu forte tensão e expectativa de um grande baque nas economias pessoais, com a falência do Banco Econômico, onde tinha suas economias. Não chegou porém a perder suas economias, já que o banco acabou socorrido pelo Proer, controvertido programa governamental de auxílio a instituições financeiras em dificuldades. O drama pessoal de Jorge Amado chegou a ser utilizado pelo lobby que defendia a intervenção no banco, para garantir os ativos dos seus correntistas.

Crenças

Mesmo dizendo-se materialista, era simpatizante do candomblé, religião na qual exercia o posto de honra de Obá de Xangô no Ilê Opó Afonjá, do qual muito se orgulhava. Amigos que Jorge Amado prezava no candomblé as mães-de-santo Mãe AninhaMãe Senhora,Mãe Menininha do GantoisMãe Stella de OxóssiOlga de AlaketuMãe Mirinha do PortãoMãe Cleusa MilletMãe Carmem e o pai-de-santo Luís da Muriçoca. Como Érico Veríssimo e Rachel de Queiroz, é representante do modernismo regionalista (segunda geração do modernismo).

Premiações

Recebeu no estrangeiro os seguintes prêmios: Prêmio Lênin da Paz (Moscou, 1951); Prêmio de Latinidade (Paris, 1971); Prêmio do Instituto Ítalo-Latino-Americano (Roma, 1976); Prêmio Risit d'Aur (UdineItália, 1984); Prêmio Moinho, Itália (1984); Prêmio Dimitrof de Literatura, Sofia — Bulgária (1986); Prêmio Pablo Neruda, Associação de Escritores Soviéticos, Moscou (1989); Prêmio Mundial Cino Del Duca da Fundação Simone e Cino Del Duca (1990); e Prêmio Camões (1995).
No Brasil: Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro (1959); Prêmio Graça Aranha (1959); Prêmio Paula Brito (1959);Prêmio Jabuti (1959 e 1995); Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil (1959); Prêmio Carmen Dolores Barbosa (1959); Troféu Intelectual do Ano (1970); Prêmio Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro (1982); Prêmio Nestlé de LiteraturaSão Paulo (1982); Prêmio Brasília de Literatura — Conjunto de obras (1982); Prêmio Moinho Santista de Literatura (1984); Prêmio BNB de Literatura (1985)..

Traduções das obras

Jorge Amado é um dos autores brasileiros mais publicados em todo o mundo, atrás apenas de Paulo Coelho: sua obra foi editada em 55 países, e vertida para 49 idiomas e dialetos: albanêsalemãoárabearmênioazeribúlgarocatalãochinêscoreanocroata,dinamarquêseslovacoeslovenoespanholesperantoestonianofinlandêsfrancêsgalegogeorgianogregoguaranihebraico,holandêshúngaroiídicheinglêsislandêsitalianojaponêsletãolituanomacedôniomoldáviomongolnorueguêspersapolonês,romenorusso (também três em braille), sérviosuecotailandêstchecoturcoturcomanoucraniano e vietnamita.

Lorbeerkranz.png Academia Brasileira de Letras

Jorge Amado foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 6 de abril de 1961, ocupando a cadeira 23, cujo patrono é José de Alencar. De sua experiência acadêmica, bem como para retratar os casos dos imortais da ABL, escreveu Farda, fardão, camisola de dormir, numa alusão clara ao formalismo da entidade e à senilidade de seus membros, então.

Obras do autor

Em 1995 iniciou-se o processo de revisão de sua obra por sua filha Paloma e os livros ganharam novo projeto gráfico.

Prêmios e títulos


Museu Fundação Casa Jorge Amado, no Pelourinho,Salvador.
Em 1951, recebeu o Prêmio Stalin da Paz, depois renomeado para Prêmio Lênin da Paz. Recebeu também títulos de Comendador e de Grande Oficial, nas ordens da ArgentinaChileEspanhaFrançaPortugal e Venezuela, além de ter sido feito Doutor Honoris Causa por dez universidades no Brasil, Itália,Israel, França e Portugal. O título de Doutor pela Sorbonne, na França, foi o último que recebeu pessoalmente, em 1998, em sua derradeira viagem a Paris, quando já estava doente.

Cartas

São mais de cem mil páginas em processo de catalogação, as cartas trocadas com gente do mundo inteiro, guardadas num acervo isolado daFundação Casa de Jorge Amado, em Salvador. A doação foi entregue com uma ressalva, por escrito: "Jorge escreveu que somente cinquenta anos após sua morte esse material devia ser aberto ao público", segundo a poeta Myriam Fraga, que dirige a casa desde sua criação, há vinte anos.
De relatos sobre livros e obras de arte a fatos do cotidiano, grandes escritores, poetas e intelectuais de seu tempo se corresponderam com ele: Graciliano RamosÉrico VeríssimoMário de AndradeCarlos Drummond de AndradeMonteiro Lobato e Gilberto Freyre, entre outros brasileiros; Pablo NerudaGabriel García Márquez e José Saramago, entre tantos outros estrangeiros. No campo da política, a correspondência se estabeleceu com nomes os mais variados como: Juscelino KubitschekFrançois Mitterrand e Antônio Carlos Magalhães.
As cartas mostram como o escritor recebia os mais imprevistos pedidos, apresentava pessoas umas às outras, em época em que era intenso o diálogo via postal. A correspondência pessoal de Jorge Amado pode oferecer inestimável fonte de pesquisa.
Alguns trechos retirados de reportagem exclusiva, por Josélia Aguiar, à Revista Entre Livros - Ano 2 - nº 16:
  • De Gláuber Rocha, sem data, sobre a nova película (A idade da terra, de 1980). "Comecei o dia chorando a morte de Clarice (Lispector)", inicia assim a carta para adiante falar sobre o novo filme: "Está sendo feito como você escreve um romance. Cada dia filmo de dois a sete planos, com som direto, improvisado a partir de certos temas. (…) Estou, enfim, tendo a sensação de 'escrever com a câmera e com o som', tentando um caminho que fundiu a cuca do Jece (Valadão, ator) (…)".
  • Mário de Andrade, logo após ler Mar morto, em 1936, elogia o que chama de "realidade honesta" e a "linda tradição de meter lirismo de poesia na prosa": "Acaba de se doutorar em romance o jovem Jorge Amado, grande promessa do mundo intelectual".
  • Monteiro Lobato, também sob forte impressão após ler Mar morto, 1936: "Lí-o com a mesma emoção trágica que seus livros sempre me despertam", e conta que, ao visitar o cais do porto de Salvador, havia "previsto" que a obra seria escrita: "Qualquer dia o Jorge Amado presta atenção e pinta os dramas que devem existir aqui. Adivinhei.".
  • Pablo Neruda (em carta breve, com data de 16 de outubro e ano incerto, escrita a mão): "Será que no Brasil eu poderia fazer um ou dois recitais pagos?" (…) "Haverá algum empresário interessado em organizar com seriedade essa turnê?" (…).

Referências

  1.  MORAIS, Fernando. Corações Sujos. Companhia das Letras, 2000. ISBN 9788535900743.

Cem anos de Jorge Amado, o contador de histórias

Cem anos de Jorge Amado, o contador de histórias

No ano do centenário, um extenso calendário de homenagens e um debate: escritor teria sido vítima de uma crítica preconceituosa e elitista?
Por Rachel Bertol, no Valor Econômico
Houve um tempo em que os escritores brasileiros de ficção costumavam despertar paixão entre os leitores. Jorge Amado era um deles, possivelmente o que mais paixão provocava no grande público, num grupo que incluía Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Érico Veríssimo, entre outros. Esse tempo acabou. Hoje, a relação dos brasileiros com seus autores contemporâneos é de outra ordem.”Assistimos a um momento em que não há mais a mesma paixão”, reconhece o poeta Alberto da Costa e Silva, representante da Academia Brasileira de Letras (ABL) na comissão que organiza as atividades do centenário de Amado, que nasceu em 9 de agosto de 1912, em Ferradas, na região cacaueira do sul da Bahia.
Nessa comemoração, o Brasil vai reviver a antiga paixão por meio de uma série de atividades que lembrarão o escritor. A começar pelo Carnaval da Bahia e do Rio, nos quais personagens amadianos vão protagonizar eventos populares que trarão novamente à cena as tramas pitorescas que, quando lançadas, atraíam milhares de pessoas ávidas para lê-las.
A Rede Globo prepara a readaptação de “Gabriela, Cravo e Canela” e o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, vai inaugurar neste primeiro semestre uma grande exposição sobre o autor. De vários países, chegam à família Amado propostas de homenagens que se pretende prestar a ele.
Um escritor de ficção só atinge seu grande momento junto ao público quando cria grandes personagens, observa Costa e Silva: “Jorge Amado foi mestre nisso, com personagens inesquecíveis”. E esta peculiaridade: além dos protagonistas, seus romances se apoiam “numa multidão de outros personagens, coadjuvantes do maior interesse”.
A obra de Amado já foi traduzida para 48 idiomas, em 54 países, segundo dados da Fundação Casa de Jorge Amado. As reedições realizadas desde 2008 pela Companhia das Letras, que já publicou 37 títulos do autor, venderam 240 mil exemplares em livrarias, sem contar encomendas de governo.
Para saber o total vendido até hoje, a pesquisadora Ilana Goldstein, autora de “O Brasil Best Seller de Jorge Amado” (Senac), realizou um levantamento junto às editoras antigas do escritor e estima que o montante se encontre na casa dos 30 milhões. “É um autor extraordinariamente importante para nossa história. Iniciou muita gente na leitura e ajudou um país inteiro a aprender a ler. Foi o escritor brasileiro mais popular do século XX, e com qualidade literária”, destaca João Ubaldo Ribeiro.
Mesmo com a popularidade e elogios como esses, não se deve esperar unanimidade nas discussões em torno de seu legado. Os livros de Amado sempre foram alvo de fortes ressalvas. A severidade no julgamento – seus personagens seriam rasos, estereotipados, o português descuidado, etc. – fez com que fosse menosprezado nas análises universitárias de letras, apesar de sempre apreciado por antropólogos e sociólogos.
A postura dos críticos literários contribuiu para um certo descrédito de sua obra e possivelmente para o afastamento dos leitores, sobretudo os mais jovens, algo que as reedições iniciadas em 2008 pela Companhia das Letras têm buscado reverter. O centenário será um momento-chave nessa reconquista, com debates, filmes, show, peças teatrais, livros, além da novela. Toda essa movimentação será uma oportunidade para que se renove também o debate sobre a nova relação da literatura e da crítica com os leitores.
A escritora Myriam Fraga, diretora-executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, com sede no Pelourinho, em Salvador, recorda-se do furor que o surgimento de “Gabriela, Cravo e Canela” provocou, em 1958: “Eu era adolescente quando o livro foi publicado e o lançamento levou horas, com filas e mais filas”.
Myriam, no cargo desde quando a Fundação foi criada, há 25 anos, convivia quase diariamente com Amado, que morreu em 2001. A máquina do Partido Comunista do Brasil, do qual o escritor foi dirigente, ajudava na sua projeção, mas não explicava o arrebatamento. “Muitos autores comunistas não chegaram a lugar nenhum”, constata Myriam. O mesmo tipo de fenômeno ocorria no exterior.
O húngaro Ferenc Pál, professor de literatura brasileira em Budapeste, reconhece que os livros de Amado circulavam nos países do Leste europeu em virtude da filiação política do autor, mas não por esse motivo as pessoas os liam. O baiano foi o escritor estrangeiro mais popular da Hungria em meados do século passado.
Nos países lusófonos, Amado era igualmente muito estimado. Quando a reedição de sua obra foi anunciada, há três anos, escritores portugueses e africanos (de língua portuguesa) demonstraram grande entusiasmo – ainda mais que os brasileiros, conta o editor da Companhia das Letras Thyago Nogueira. “Eu me surpreendi, e ainda hoje me surpreendo, ao constatar a penetração que Jorge Amado teve no mundo todo. Sua obra circulou num grau do qual eu acho difícil termos a exata dimensão.”
Em sua opinião, o escritor combinava boa literatura com apelo popular. “Atualmente, existe um certo pudor em relação a isso, como se tudo que fosse popular fosse menor. Mas, para Jorge Amado, o povo era a matéria-prima. Ele tinha ouvido grande para o que acontecia nas ruas e fazia uma transposição interessante do ponto de vista literário. Sua escrita é oral, engraçada, irônica e incorpora uma série de registros. Para editar seus livros, precisei ir milhões de vezes ao dicionário. Muitas vezes, ele usava palavras que tinha ouvido apenas na rua”, afirma Nogueira.
O mergulho no universo popular, como o do candomblé, foi motivo de crítica e preconceito, lembra Myriam. “Essa aproximação com a cultura afro-baiana, muito viva na Bahia, começou no romance “Jubiabá” [1935] e não foi bem aceita.” Pois é justamente a maneira como Amado lida com esses temas um dos motivos da admiração do escritor Alberto Mussa, que, em sua obra, transita entre o erudito e o popular:
“Jorge Amado trata as pessoas do povo e do candomblé com respeito e consegue tirar desse ambiente uma matéria literária. Não se vê isso o tempo inteiro e é algo pouco valorizado. Ou existe um distanciamento ou uma representação muito estereotipada”.
Temas populares teriam saído de moda. A média dos autores contemporâneos, segundo Mussa, prefere personagens urbanos, confinados a apartamentos, que sofrem com angústias psicológicas e exercem a mesma profissão que eles, como a de escritores ou professores. “Mas uma literatura em que o personagem é a cópia do autor resulta empobrecedora. Jorge Amado tem a vantagem de se lançar em outros mundos. É difícil retratar bem um marujo, nunca tendo sido um”, elogia Mussa.
O romance “Terras do Sem-Fim” (1943), sobre a disputa de coronéis pelo cacau, é considerado pelo escritor um dos melhores da literatura brasileira no século XX. Outros títulos de Amado que destaca são “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1966) e “Os Velhos Marinheiros” (1961), composto da novela “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água” e do romance “O Capitão-de-Longo-Curso”.
“Em termos de linguagem, prefiro algo mais trabalhado e clássico, mas suas histórias são muito boas. Retratam uma parte do Brasil pouco conhecida, como a região baiana do cacau, e trazem personagens exuberantes. Os livros são extremamente bem construídos em termos de fruição e prazer. Se sua valorização é sinal de que estamos recuperando a vontade narrativa, isto já será muito bom”, diz Mussa.
Os escritores, hoje, não dão prioridade à opção de contar histórias, analisa Musa. “É como se fosse algo inferior, que relacionam talvez ao modelo narrativo do cinema. A literatura verdadeira estaria, então, em outro lugar.”
Sem histórias interessantes, corre-se o risco de tornar os leitores arredios, comenta Costa e Silva. “Jorge Amado se propôs ser um contador de histórias, e logrou sua proposta. Ele escolheu por assunto a vida cotidiana, com seus dramas e alegrias, e não lida com grandes angústias.”
Esse universo – aparentemente simples – dificultaria a tarefa dos críticos. “É mais fácil escrever teses sobre quem traz muita coisa nova na forma de escrever, como Rosa ou João Cabral de Melo Neto. Autores como Jorge Amado ou Manuel Bandeira são um bocado difíceis. Mas a crítica está mudando. Vamos assistir a um cansaço muito grande do formalismo pelo formalismo.”
O centenário, na opinião de Costa e Silva, será uma ótima oportunidade para o reexame, sobretudo estético, da obra amadiana. “É necessário recolocar seus livros no lugar em que merecem estar.”
Se suas frases soam descuidadas, trata-se de efeito proposital, analisa Costa e Silva: “Ele era cônscio de suas responsabilidades artísticas e escrevia querendo escrever de determinada maneira. O estudo do Jorge criador de linguagem e artista poderá abrir novos caminhos para o entendimento de sua obra. Ficou uma ideia de que ele era um improvisador, mas não há nada de frouxo nele”. Seus personagens tampouco seriam rasos: “Não vejo nenhum deles que não seja repleto de contradições e de mudanças no desenrolar da história”.
No entanto, quem defende o autor de “Mar Morto” sabe que a controvérsia pode não tardar. “Jorge Amado sempre foi polêmico”, assinala Myriam. A crítica costuma se dividir entre os que o consideram um mestre do romance e os que o veem como um trivial contador de histórias, e ainda sobre outras questões, como o elogio que faz da mestiçagem.
“Sua obra encerra uma utopia. E ele sentia muito orgulho em ser reconhecido como contador de histórias. Jorge queria fazer uma obra acessível, acreditava que a literatura poderia ser um meio de libertação”, diz Myriam.
Costa e Silva destaca outro aspecto positivo: “É algo curioso, uma de suas grandes qualidades, apreciada pelo leitor. Todo livro de Jorge Amado que se leia, seja ‘Capitães da “Areia’ [1937] ou ‘Tocaia Grande’ [1984], apesar da violência e das indignidades que apresentam, sempre nos deixa de cabeça alta. Ninguém sai acabrunhado de um livro de Jorge. É um autor que destila esperança”.

"Bibliografia" JORGE AMADO

fonte imagem: doistercos.com.br
Bibliografia
Individuais

Romances:

O País do Carnaval, 1931

Cacau, 1933

Suor, 1934

Jubiabá, 1935

Mar Morto, 1936

Capitães da Areia, 1936

Terras do Sem Fim, 1943

São Jorge dos Ilhéus, 1944

Seara Vermelha, 1946

Os Subterrâneos da Liberdade (3v), 1954 (v. 1:Os Ásperos Tempos; v. 2: Agonia da Noite; v. 3: A Luz no Túnel)

Gabriela, Cravo e Canela: crônica de uma cidade do interior, 1958

Os Pastores da Noite, 1964

- Dona Flor e Seus Dois Maridos: esotérica e comovente história vivida por Dona Flor, emérita professora de Arte Culinária, e seus dois maridos — o primeiro, Vadinho de apelido; de nome Teodoro Madureira e farmacêutico o segundo ou A espantosa batalha entre o espírito e a matéria, 1966

Tenda dos Milagres, 1969

Teresa Batista Cansada da Guerra, 1972

Tieta do Agreste: pastora de cabras ou A volta da filha pródiga, melodramático folhetim em cinco sensacionais episódios e comovente epílogo: emoção e suspense!, 1977

Farda Fardão Camisola de Dormir:fábula para acender uma esperança, 1979

Tocaia Grande: a face obscura, 1984

O Sumiço da Santa: uma história de feitiçaria, 1988

A Descoberta da América pelos Turcos ou De como o árabe Jamil Bichara, desbravador de florestas, de visita à cidade de Itabuna, para dar abasto ao corpo, ali lhe ofereceram fortuna e casamento ou ainda Os esponsais de Adma, 1994

O Compadre de Ogum, 1995
Novelas
A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua, 1959

A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (publicada juntamente com Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, in Os velhos marinheiros, 1961

Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, 1976
Literatura Infanto-Juvenil:

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor, 1976

A Bola e o Goleiro, 1984

O Capeta Carybé, 1986
Poesia:

A Estrada do Mar, 1938
Teatro:

O Amor do Soldado, 1947 (ainda com o título O Amor de Castro Alves), 1958
Contos:

Sentimentalismo, 1931

O homem da mulher e a mulher do homem, 1931

- História do carnaval, 1945

As mortes e o triunfo de Rosalinda, 1965

Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco, 1979

O episódio de Siroca, 1982

De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto, 1989
Relatos autobiográficos:

O menino grapiúna, 1981

Navegação de cabotagem: apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei, 1992
Textos autobiográficos:

ABC de Castro Alves, 1941

O cavaleiro da esperança, 1945
Guia/Viagens:

Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e de mistérios, 1945

O mundo da paz (viagens), 1951

Bahia Boa Terra Bahia, 1967

Bahia, 1970

Terra Mágica da Bahia, 1984.
Documento político/Oratória:

Homens e coisas do Partido Comunista, 1946

Discursos, 1993
Livro traduzido:

Dona Bárbara (Doña Barbara), romance do venezuelano Rómulo Gallegos, 1934
Em parceria:

Lenita (novela), com Edison Carneiro e Dias da Costa, 1929

Descoberta do mundo (literatura infantil), com Matilde Garcia Rosa, 1933

Brandão entre o mar e o amor, com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz, 1942

O mistério de MMM, com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Rachel de Queiroz, José Condé, Guimarães Rosa,  Antônio Callado e Orígines Lessa, 1962


Publicações no exterior:

Segundo a Fundação Casa de Jorge Amado, existem registros oficiais de traduções de obras do escritor para os seguintes idiomas: azerbaidjano, albanês, alemão, árabe, armênio, búlgaro, catalão, chinês, coreano, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani, hebraico, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, macedônio, moldávio, mongol, norueguês, persa, polonês, romeno, russo, sérvio, sueco, tailandês, tcheco, turco, turcumênio, ucraniano e vietnamita (48 no total). Essas traduções foram publicadas no mínimo nos seguintes países: Albânia, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Armênia, Áustria, Azerbaidjão, Bulgária, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Eslováquia, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irã, Islândia, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão, Letônia, Lituânia, México, Mongólia, Noruega, Paraguai, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia, Rússia, Suécia, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela e Vietnã; o Brasil também deve ser computado em função da edição nacional em esperanto, totalizando 52 nações.

Dados extraídos de livros do autor, portais da Internet, outros livros e revistas e, em especial, dos Cadernos de Literatura Brasileira publicados pelo Instituto Moreira Salles.



http://www.releituras.com/jorgeamado_bio.asp

100 Anos de Jorge Amado...

fonte imagem: blogbahiageral.com.br

Biografia


Jorge Amado 
A vida me deu mais do que pedi e mereci. Não me falta nada. Tenho Zélia e isso me Basta. Jorge Amado
 Jorge Amado nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, distrito de Ferradas, município de Itabuna, sul do Estado da Bahia. Filho do fazendeiro de cacau João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado.

Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância. Já em Salvador, fez os estudos secundários no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga. Neste período, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária local, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes.

Publicou seu primeiro romance, O País do Carnaval, em 1931. Casou-se em 1933, com Matilde Garcia Rosa, com quem teve uma filha, Lila. Nesse ano publicou seu segundo romance, Cacau.

Formou-se pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, em 1935. Militante comunista, Jorge foi obrigado a exilar-se na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942, período em que fez longa viagem pela América Latina. Ao voltar, em 1944, separou-se de Matilde Garcia Rosa.

Em 1945, foi eleito membro da Assembléia Nacional Constituinte, na legenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal mais votado do Estado de São Paulo. Jorge Amado foi o autor da lei (que continua em vigor até hoje) que assegura o direito à liberdade de culto religioso. Nesse mesmo ano, casou-se com Zélia Gattai.
Em 1947, ano do nascimento de João Jorge, seu primeiro filho com Zélia, o PCB foi declarado ilegal e seus membros perseguidos e presos. Jorge teve que se exilar com a família na França, onde ficou até 1950, quando foi expulso. Em 1949, morreu no Rio de Janeiro sua filha Lila. Entre 1950 e 1952, viveu em Praga, onde nasceu sua filha Paloma.

Retornando ao Brasil em 1955, ele se afastou da militância política, embora tenha continuado nos quadros do Partido Comunista. Dedicou-se, a partir de então, inteiramente à literatura. Em 6 de abril de 1961, foi convidado para a cadeira de número 23, da Academia Brasileira de Letras, que tem por patrono José de Alencar, e por primeiro ocupante, Machado de Assis.

A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba em várias partes do Brasil. Seus livros foram traduzidos em 49 idiomas, existindo também exemplares em braile e em formato de áudio-livro.

O romancista morreu em Salvador, no dia 6 de agosto de 2001. Seu corpo foi cremado e suas cinzas enterradas no jardim de sua residência, na Rua Alagoinhas, no boêmio bairro do Rio Vermelho, no dia em que completaria 89 anos.

A obra de Jorge Amado recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, entre os quais se destacam: Stalin da Paz (União Soviética, 1951), Latinidade (França, 1971), Nonino (Itália, 1982), Dimitrov (Bulgária, 1989), Pablo Neruda (Rússia, 1989), Etruria de Literatura (Itália, 1989), Cino Del Duca (França, 1990), Mediterrâneo (Itália, 1990), Vitaliano Brancatti (Itália, 1995), Luis de Camões (Brasil, Portugal, 1995), Jabuti (Brasil, 1959, 1995) e Ministério da Cultura (Brasil, 1997).

 Recebeu títulos de Comendador e de Grande Oficial, nas ordens da Venezuela, França, Espanha, Portugal, Chile e Argentina, além de ter sido feito Doutor Honoris Causa em 10 universidades, no Brasil, Itália, França, Portugal e Israel. O título de Doutor pela Sorbonne, na França, foi o último que recebeu pessoalmente, em 1998, em sua última viagem a Paris, quando já estava doente. O escritor tinha um carinho especial pelo título de Obá, posto civil que exercia no Ilê Axé Opô Afonjá, na Bahia.


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Bibliografia

O escritor Jorge Amado (1912-2001), autor de livros consagrados como Tereza Batista, Dona Flor e seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres, ganhou uma nova casa editorial em 2008: a Companhia das Letras. Desde então, sua vasta obra vem sendo relançada sob a coordenação de Alberto da Costa e Silva e Lilia Moritz Schwarcz, sempre com o apoio de importantes escritores e intelectuais brasileiros, fazendo um trabalho editorial esmerado, que inclui uma cuidadosa revisão de textos, à partir dos originais do autor, e a criação de uma nova linguagem gráfica para os livros.

Um dos maiores protagonistas da literatura brasileira, Jorge Amado é um escritor atemporal. Sua obra está publicada em mais de cinqüenta países, sendo adaptada para o rádio, cinema, televisão e teatro, transformando seus personagens em parte indissociável da vida cultural brasileira.

As comemorações do centenário do escritor começaram no último agosto. Uma série de eventos está sendo acompanhada e divulgada por uma seleção de especialistas e pessoas próximas ao romancista. Esta comissão aprova e acompanha acontecimentos que envolvem desde livros inéditos, filmes e peças, além das homenagens ao escritor no carnaval de 2012.


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