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Corcovado ou Cristo Redentor, lindo !!!

terça-feira, 3 de junho de 2014

O mito de Eros e Psiquê – parte 2

O mito de Eros e Psiquê – parte 2

Como prometido, hoje conto pra vocês a segunda parte do mito de Eros e Psiquê. Na primeira parte, Psiquê trai a confiança de Eros e por isso é expulsa do palácio em que vivia com ele. Ela se vê de volta à montanha na qual foi deixada por sua família para se casar com Eros. Seu sentimento é de desespero e dor profunda.
Sem saber o que fazer para recuperar o amor perdido, a princesa passa a vagar pelo mundo. Desesperada tenta se matar e não consegue, vaga de cidade e cidade, maltrapilha e quase enlouquecida pelo desespero. Mas estava decidida a reconquistar a confiança de seu amado, e tinha dentro de si a força de quem ama. E por isso decide procurar um templo de Afrodite, a deusa do amor, e também sua sogra.
 Psyche at the Throne of Aphrodite de Edward Hale, 1883
Psyche at the Throne of Aphrodite de Edward Hale, 1883
E Afrodite não era uma sogra boazinha. Pelo contrário. A essa altura, já sabia que o filho a havia desobedecido casando-se com Psiquê, e tudo mais que aconteceu a partir daí. Ela estava furiosa com a esposa de Eros, e pronta para impedir que eles ficassem juntos novamente. Quando Psiquê foi procurá-la, Afrodite disse-lhe que somente a deixaria ver Eros novamente depois de passar por algumas tarefas. A ideia da deusa era que as tarefas fossem impossíveis, assim a jovem jamais veria seu filho de novo. Eros, por sua vez, se encontrava enfermo, ferido, sem saber o que acontecia.
No templo de Afrodite, a deusa deixou Psiquê em uma sala, onde havia uma montanha enorme, com todos tipos de grãos. Eles se encontravam misturados e a sala estava muito bagunçada. Psiquê teria que separar todos os grãos por tipos e organizá-los antes de anoitecer. Entendendo que sua tarefa era impossível, começou a chorar de desespero, quando viu se aproximarem várias formigas. As formiguinhas começaram a trabalhar separando os vários grãos. Com essa ajuda, Psiquê conseguiu cumprir sua primeira tarefa, para a surpresa de Afrodite.
A deusa não ficou muito contente, como podem imaginar, e tratou de passar outra tarefa para a princesa. A tarefa seguinte, era praticamente uma tarefa à altura de Hércules. Afrodite determinou que a jovem fosse até as margens de um rio onde carneiros de lã dourada pastavam e trouxesse um pouco da lã de cada um deles. Esses carneiros eram ferozes e não deixavam que ninguém chegasse perto deles para tocar em sua lã de ouro.  Mais uma vez Psiquê teve ajuda da natureza. Quando estava pronta para cruzar o rio, ouviu um junco dizer que não atravessasse até que os carneiros se pusessem a descansar sob o sol quente, quando ela poderia aproveitar e cortar sua lã.  Assim, Psique esperou até o sol ficar bem alto no horizonte, e, observando que os carneiros adormeciam, atravessou o rio e levou a Afrodite uma grande quantidade de lã dourada.
Certa de que a garota morreria ao tentar realizar a tarefa, Afrodite ficou ainda mais furiosa ao vê-la voltar com a lã dourada. Ela decide então que Psiquê deveria trazer para ela em uma jarra de cristal, a água da nascente do rio Estige. A nascente do rio ficava no cume de uma montanha muito íngreme e acesso praticamente impossível. O rio, era o mesmo que banhava o mundo dos mortos. Nascia no alto de uma montanha e em sua descida, desaparecia sob a terra, entrando no reino de Hades, para depois reaparecer novamente na superfície e indo desembocar perto de sua nascente. Por ser tão sombrio, o rio atraía todo tipo de criatura sinistra e sua nascente era guardada por perigosos monstros.
Psiquê se via sem escolha, e mesmo com o cansaço, a fome, o desespero e a tristeza que sentia, no fundo tinha esperança e foi enfrentar sua tarefa. Ela não sabia muito bem como começar, mas tratou de ir até a montanha e a escalar levando consigo a jarra de cristal. Escalava com as mãos e pés nus, que se feriam no tortuoso trajeto. A essa altura, Eros já havia se recuperado e há muito perdoado a mulher amada. Ele descobriu todo o sofrimento pelo qual Afrodite a estava fazendo passar e foi pedir ajuda ao senhor dos deuses, Zeus. Quando vêem, lá estava Psiquê escalando a montanha, com pés e mãos sangrando. Zeus, comovido,  envia sua águia de estimação para ajuda-la. A magnífica águia pega a jarra de cristal, voa até o rio, enche a jarra e a traz de volta para Psiquê. E assim, a princesa consegue realizar a terceira tarefa.
Inconformada, Afrodite decide que é hora de dar uma tarefa realmente impossível de ser realizada por uma simples mortal. Disse à princesa que por ter que cuidar de Eros que estava muito adoentado, tinha perdido um pouco de sua beleza, e ordena a Psiquê vá até o reino dos mortos e consiga com Perséfone um pouco do seu elixir de beleza. Sem ter ideia de como chegar ao mundo dos mortos, acreditava que a única maneira de ir até lá seria morrendo. Sobre então no alto de uma torre para se jogar, quando a própria torre a ajuda. A torre murmura instruções de como entrar em uma determinada caverna para alcançar o reino de Hades. Disse-lhe, que ao chegar lá, encontraria Caronte, o barqueiro do mundo inferior, que transportava a alma dos mostos na travessia do rio Estige até os reinos dos mortos. Ela teria que dar uma moeda a Caronte como pagamento pela travessia. Avisou também sobre o cão de três cabeças que guarda os portões do Hades, Cérbero, e, que, para passar por ele deveria alimentá-lo com apenas um pão, para que as cabeças briguem entre si, e com a distração ela possa passar com tranquilidade.
Assim Psiquê faz, e depois de uma longa jornada chega ao submundo. Comovida com o sofrimento da jovem, Perséfone entrega de bom grado um pouco do elixir de beleza que Afrodite solicitou, e adverte a Psiquê que não abra a caixinha em momento algum.
Psyche in the Underworld de Paul Alfred de Curzon e Psyche Opening the Golden Box de John William Waterhouse, 1903.
Psyche in the Underworld de Paul Alfred de Curzon e Psyche Opening the Golden Box de John William Waterhouse, 1903.
Psiquê teria completado com êxito a sua tarefa se não fossem a curiosidade e a vaidade. Convencida de que não estava tão bela quanto antes por causa das árduas tarefas, no caminho de volta, Psiquê ficou tentada em abrir a caixinha e usar um pouco daquele elixir. Afinal, seria tão pouquinho que Afrodite nem ia notar que ela tinha usado… E ela abriu a caixa. Como tudo que é referente aos deusas, aquilo não fora feito para os olhos humanos. Foi só dar uma olhada dentro da caixinha, que Psiquê desmaiou e caiu em sono profundo.
Ali teria sido seu fim, se Eros, já completamente curado, não tivesse voado ao seu encontro. Encontrou a amada já desacordada, fechou a caixinha colocando de volta lá dentro todo o elixir, e com um beijo fez a amada acordar do sono dos mortos que a havia acometido. Ela mal pôde acreditar nos seus olhos, ao abri-los e ver que estava nos braços de seu amado. Eros a olhava entristecido, mas com profundo amor, e a aconselhou.
Eros e Psiquê de Antonio Canova
“- Mais uma vez a curiosidade te traiu, minha amada. A curiosidade e a vaidade. Mesmo cansada, sacrificada, eu te acharia bela, e não precisaria de artifícios de beleza para ter o meu amor. Agora pode cumprir esta última tarefa, mas jamais se esqueça das coisas importantes que aprendeu.”
L'enlèvement de Psyché de William Bouguereau
L’enlèvement de Psyché de William Bouguereau
Dito isto, Eros levou Psiquê até Afrodite. Psiquê humildemente entregou a caixinha a Afrodite, que ainda estava bastante enraivecida com tudo aquilo. Mas Eros havia já pedido ajuda a Zeus para que ajudasse a apaziguar o coração da deusa. Afrodite acabou aceitando a nora, e numa nova e lindíssima cerimônia, Eros e Psiquê casaram-se novamente, agora com o consentimento de todos os deuses do Olimpo. Zeus pediu a seu filho Hermes que desse Ambrosia à Psiquê, e a cerimônia não foi só um casamento, como também a aceitação de Psiquê como deusa. Agora, graças à Ambrosia, Psiquê também era imortal, uma linda deusa com asas de borboleta. Com o tempo, tiveram uma filha chamada Prazer.
Casamento de Eros e Psiquê
Marriage of Cupid and Psyche, 1744, Louvre
The Awakening of Psyche de Guillaume Seignac, 1904
The Awakening of Psyche de Guillaume Seignac, 1904
Eros – o amor, e Psiquê – a alma, são a expressão mais pura da união do amor e da alma. A alma só consegue conhecer a mais pura expressão do amor após se depurar com os sofrimentos que enfrenta. No início ela ama cegamente sem saber quem é de fato o marido. A luz do lampião ilumina, mas trás a luz a traição. E a reconquista da confiança perdida se dá à duras penas. Para que no fim, a verdadeira felicidade, venha com a verdade, a luz, o conhecimento do outro, o conhecimento de si mesmo e da própria força, e a aceitação do amado mesmo com seus defeitos.
Cupid and Psyche de Paul Baudry, 1892.
Cupid and Psyche de Paul Baudry, 1892.
Espero que tenham gostado e que este lindo mito os ajude, de alguma maneira, a refletir.
Beijos e até a próxima! ;)

http://democraciafashion.com.br/tag/eros-e-psique/

A História de Eros e Psiquê

A História de Eros e Psiquê

“Psiquê (Palavra grega que significa tanto alma, como borboleta) era uma jovem tão bela que de todas as partes acorria gente para admirá-la. Passou mesmo a ser objeto de culto, sobrepondo-se a Vênus (Também conhecida como Afrodite, a deusa da beleza e do amor), cujos templos se esvaziaram. 

A deusa indignou-se com o fato de uma simples mortal receber tantas honras. Pediu a seu filho Eros (Cupido, no panteão romano) , o deus do Amor, que atingisse a jovem com suas flechas, fazendo-a enamorar-se do homem mais desprezível do mundo. Entretanto, ao ver a princesa, o próprio Eros apaixonou-se e, contrariando as ordens da mãe, não lançou suas setas.


Enquanto as irmãs de Psiquê casaram-se com reis, a jovem mortal, cobiçada por um deus, permaneceu só. Apreensivo, seu pai consultou o oráculo de Apolo.

Este aconselhou o soberano a levar a filha, vestida em trajes nupciais, até o alto de uma colina. Lá, uma serpente iria tomá-la como esposa. As ordens divinas foram executadas e, enquanto a jovem esperava que se consumasse seu destino, surgiu Zéfiro(Na mitologia grega, é o vento do Oeste).


O doce vento transportou-a até uma planície florida, às margens de um regato. Esgotada por tantas emoções, Psiquê dormiu. Quando acordou, estava no jardim de um palácio de ouro e mármore. Ouviu, então uma voz que a convidava a entrar.
À noite, oculto pela escuridão, Eros amou-a. 

Recomendou-lhe, insistentemente, que jamais tentasse vê-lo. Durante algum tempo, apesar de não conhecer o amado, Psiquê sentia-se a mais feliz das mulheres.

Saudosa de suas irmãs, pediu ao marido para vê-las. Zéfiro encarregou-se de levá-las ao palácio. Invejosas da riqueza e felicidade de Psiquê, as jovens insinuaram a dúvida em seu coração. Declararam que o homem que ela desconhecia devia ser o monstro previsto pelo oráculo. Aconselharam-na, então, a preparar uma lâmpada e uma faca afiada: com a primeira, veria o rosto do marido; com a segunda, poderia matá-lo, se fosse mesmo o monstro. 

À noite, enquanto Eros dormia, Psiquê apanhou a lâmpada e iluminou-lhe o rosto. Viu, então, o mais belo jovem que já existira. Emocionada com a descoberta, deixou cair uma gota do óleo da lâmpada no ombro do deus. Este despertou sobressaltado e foi embora, para não mais voltar. Afastando-se, disse-lhe em tom de censura:
“O amor não pode viver sem confiança”.

Cheia de dor, a jovem pôs-se a errar pelo mundo, implorando o auxílio das divindades. Entretanto, como não quisessem desagradar a Vênus, nenhuma delas a acolheu. Psiquê resolveu dirigir-se à própria Vênus. 
A deusa encerrou-a em seu palácio e impôs-lhe os mais rudes e humilhantes trabalhos: separar grãos misturados; cortar a lã de carneiros selvagens; buscar um frasco com a água negra do rio Estige. Na primeira tarefa, Psiquê foi ajudada pelas formigas. Na segunda, os caniços da beira de um regato sugeriram-lhe que recolhesse os fios de lã deixados pelos carneiros nos arbustos espinhosos. 
E, na terceira, uma águia tirou-lhe o frasco da mão, voou até a nascente do Estige e trouxe-lhe o líquido negro.

Finalmente, Vênus incumbiu-a de ir aos Infernos para obter um pouco da beleza de Prosérpina. Uma torre descreveu-lhe o itinerário para o reino das sombras. 
Orientou-a também para pagar o óbolo ao barqueiro Caronte e abrandar a ferocidade d cão Cérbero, oferecendo-lhe um bolo.

Bem sucedida na prova, Psiquê voltava com a caixa contendo a beleza, quando resolveu abri-la. Imediatamente foi tomada de um profundo sono. Eros, que a procurava, acordou-a, picando-a com a ponta de uma flecha. Em seguida, o deus do amor dirigiu-se ao Olimpo e pediu a Júpiter para esposar a mortal. Foi atendido, mas antes, era preciso que Psiquê recebesse o privilégio da imortalidade. O próprio Júpiter ofereceu ambrosia à jovem, tornando-a imortal. O casamento celebrou-se solenemente entre os deuses. Da união de Eros e Psiquê nasceu aVolúpia.”


Dicionário de Mitologia Greco-Romana

Na minha humilde opinião, uma das mais belas histórias de amor da Mitologia. 

Gosto do significado de Psiquê, ambos, alma e borboleta. Mas principalmente o primeiro. Vem daí a origem da Psicologia, Psique + Logia, o estudo da alma, porque não?


Volúpia, a filha de Psiquê e Eros, é a personificação do prazer em todas as suas formas. E o que mais prazeroso do que amar e ser amado?



Sim, sim… Pra alimentar nossos sonhos.


Bem vindos ao Blog, by the way.
Voltem sempre!

upidandpsyche.wordpress.com/2008/02/09/a-historia-de-eros-e-psique/

EROS & PSIQUE



Psique era a mais nova de três filhas de um rei de Mileto e era extremamente bela. Sua beleza era tanta que pessoas de várias regiões iam admirá-la, assombrados, rendendo-lhe homenagens que só eram devidas à própria Afrodite.
Profundamente ofendida e enciumada, Afrodite enviou seu filho, Eros, para fazê-la apaixonar-se pelo homem mais feio e vil de toda a terra. Porém, ao ver sua beleza, Eros apaixonou-se profundamente.
O pai de Psique, suspeitando que, inadvertidamente, havia ofendido os deuses, resolveu consultar o oráculo de Apolo, pois suas outras filhas encontraram maridos e, no entanto, Psique permanecia sozinha. Através desse oráculo, o próprio Eros ordenou ao rei que enviasse sua filha ao topo de uma solitária montanha, onde seria desposada por uma terrível serpente. A jovem aterrorizada foi levada ao pé do monte e abandonada por seu pesarosos parentes e amigos. Conformada com seu destino, Psique foi tomada por um profundo sono, sendo, então, conduzida pela brisa gentil de Zéfiro a um lindo vale.
Quando acordou, caminhou por entre as flores, até chegar a um castelo magnífico. Notou que lá deveria ser a morada de um deus, tal a perfeição que podia ver em cada um dos seus detalhes. Tomando coragem, entrou no deslumbrante palácio, onde todos os seus desejos foram satisfeitos por ajudantes invisíveis, dos quais só podia ouvir a voz.
Chegando a escuridão, foi conduzida pelos criados a um quarto de dormir. Certa de ali encontraria finalmente o seu terrível esposo, começou a tremer quando sentiu que alguém entrara no quarto. No entanto, uma voz maravilhosa a acalmou. Logo em seguida, sentiu mãos humanas acariciarem seu corpo. A esse amante misterioso, ela se entregou.. Quando acordou, já havia chegado o dia e seu amante havia desaparecido. Porém essa mesma cena se repetiu por diversas noites.

Enquanto isso, suas irmãs continuavam a sua procura, mas seu esposo misterioso a alertou para não responder aos seus chamados. Psique sentindo-se solitária em seu castelo-prisão, implorava ao seu amante para deixá-la ver suas irmãs. Finalmente, ele aceitou, mas impôs a condição que, não importando o que suas irmãs dissessem, ela nunca tentaria conhecer sua verdadeira identidade.
Quando suas irmãs entraram no castelo e viram aquela abundância de beleza e maravilhas, foram tomadas de inveja. Notando que o esposo de Psique nunca aparecia, perguntaram maliciosamente sobre sua identidade. Embora advertida por seu esposo, Psique viu a dúvida e a curiosidade tomarem conta de seu ser, aguçadas pelos comentários de suas irmãs.


Seu esposo alertou-a que suas irmãs estavam tentando fazer com que ela olhasse seu rosto, mas se assim ela fizesse, ela nunca mais o veria novamente. Além disso, ele contou-lhe que ela estava grávida e se ela conseguisse manter o segredo ele seria divino, porém se ela falhasse, ele seria mortal.
Ao receber novamente suas irmãs, Psique contou-lhes que estava grávida, e que sua criança seria de origem divina. Suas irmãs ficaram ainda mais enciumadas com sua situação, pois além de todas aquelas riquezas, ela era a esposa de um lindo deus. Assim, trataram de convencer a jovem a olhar a identidade do esposo, pois se ele estava escondendo seu rosto era porque havia algo de errado com ele. Ele realmente deveria ser uma horrível serpente e não um deus maravilhoso.
Assustada com o que suas irmãs disseram, escondeu uma faca e uma lâmpada próximo a sua cama, decidida a conhecer a identidade de seu marido, e se ele fosse realmente um monstro terrível, matá-lo. Ela havia esquecido dos avisos de seu amante, de não dar ouvidos a suas irmãs.

A noite, quando Eros descansava ao seu lado, Psique tomou coragem e aproximou a lâmpada do rosto de seu marido, esperando ver uma horrenda criatura. Para sua surpresa, o que viu porém deixou-a maravilhada. Um jovem de extrema beleza estava repousando com tamanha quietude e doçura que ela pensou em tirar a própria vida por haver dele duvidado.
Enfeitiçada por sua beleza, demorou-se admirando o deus alado. Não percebeu que havia inclinado de tal maneira a lâmpada que uma gota de óleo quente caiu sobre o ombro direito de Eros, acordando-o.


Eros olhou-a assustado, e voou pela janela do quarto, dizendo:- "Tola Psique! É assim que retribuis meu amor? Depois de haver desobedecido as ordens de minha mãe e te tornado minha esposa, tu me julgavas um monstro e estavas disposta a cortar minha cabeça? Vai. Volta para junto de tuas irmãs, cujos conselhos pareces preferir aos meus. Não lhe imponho outro castigo, além de deixar-te para sempre. O amor não pode conviver com a suspeita."
Quando se recompôs, notou que o lindo castelo a sua volta desaparecera, e que se encontrava bem próxima da casa de seus pais. Psique ficou inconsolável. Tentou suicidar-se atirando-se em um rio próximo, mas suas águas a trouxeram gentilmente para sua margem. Foi então alertada por Pan para esquecer o que se passou e procurar novamente ganhar o amor de Eros.
Por sua vez, quando suas irmãs souberam do acontecido, fingiram pesar, mas partiram então para o topo da montanha, pensando em conquistar o amor de Eros. Lá chegando, chamaram o vento Zéfiro, para que as sustentasse no ar e as levasse até Eros. Mas, Zéfiro desta vez não as ergueram no céu, e elas caíram no despenhadeiro, morrendo.


Psique, resolvida a reconquistar a confiança de Eros, saiu a sua procura por todos os lugares da terra, dia e noite, até que chegou a um templo no alto de uma montanha. Com esperança de lá encontrar o amado, entrou no templo e viu uma grande bagunça de grãos de trigo e cevada, ancinhos e foices espalhados por todo o recinto. Convencida que não devia negligenciar o culto a nenhuma divindade, pôs-se a arrumar aquela desordem, colocando cada coisa em seu lugar. Deméter, para quem aquele templo era destinado, ficou profundamente grata e disse-lhe:
- "Ó Psique, embora não possa livrá-la da ira de Afrodite, posso ensiná-la a fazê-lo com suas próprias forças: vá ao seu templo e renda a ela as homenagens que ela, como deusa, merece."


Afrodite, ao recebê-la em seu templo, não esconde sua raiva. Afinal, por aquela reles mortal seu filho havia desobedecido suas ordens e agora ele se encontrava em um leito, recuperando-se da ferida por ela causada. Como condição para o seu perdão, a deusa impôs uma série de tarefas que deveria realizar, tarefas tão difíceis que poderiam causar sua morte.


Primeiramente, deveria, antes do anoitecer, separar uma grande quantidade de grãos misturados de trigo, aveia, cevada, feijões e lentilhas. Psique ficou assustada diante de tanto trabalho, porém uma formiga que estava próxima, ficou comovida com a tristeza da jovem e convocou seu exército a isolar cada uma das qualidades de grão.
Como 2ª tarefa, Afrodite ordenou que fosse até as margens de um rio onde ovelhas de lã dourada pastavam e trouxesse um pouco da lã de cada carneiro. 


Psique estava disposta a cruzar o rio quando ouviu um junco dizer que não atravessasse as águas do rio até que os carneiros se pusessem a descansar sob o sol quente, quando ela poderia aproveitar e cortar sua lã. De outro modo, seria atacada e morta pelos carneiros. Assim feito, Psique esperou até o sol ficar bem alto no horizonte, atravessou o rio e levou a Afrodite uma grande quantidade de lã dourada.


Sua 3ª tarefa seria subir ao topo de uma alta montanha e trazer para Afrodite uma jarra cheia com um pouco da água escura que jorrava de seu cume. Dentre os perigos que Psique enfrentou, estava um dragão que guardava a fonte. Ela foi ajudada nessa tarefa por uma grande águia, que voou baixo próximo a fonte e encheu a jarra com a negra água.
Irada com o sucesso da jovem, Afrodite planejou uma última, porém fatal, tarefa. Psique deveria descer ao mundo inferior e pedir a Perséfone, que lhe desse um pouco de sua própria beleza, que deveria guardar em uma caixa. Desesperada, subiu ao topo de uma elevada torre e quis atirar-se, para assim poder alcançar o mundo subterrâneo. A torre porém murmurou instruções de como entrar em uma particular caverna para alcançar o reino de Hades. Ensinou-lhe ainda como driblar os diversos perigos da jornada, como passar pelo cão Cérbero e deu-lhe uma moeda para pagar a Caronte pela travessia do rio Estige, advertindo-a:
- "Quando Perséfone lhe der a caixa com sua beleza, toma o cuidado, maior que todas as outras coisas, de não olhar dentro da caixa, pois a beleza dos deuses não cabe a olhos mortais."
Seguindo essas palavras, conseguiu chegar até Perséfone, que estava sentada imponente em seu trono e recebeu dela a caixa com o precioso tesouro. Tomada porém pela curiosidade em seu retorno, abriu a caixa para espiar. Ao invés de beleza havia apenas um sono terrível que dela se apossou.
Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psique e conseguiu colocar o sono novamente na caixa, salvando-a.
Lembrou-lhe novamente que sua curiosidade havia novamente sido sua grande falta, mas que agora podia apresentar-se à Afrodite e cumprir a tarefa.


Enquanto isso, Eros foi ao encontro de Zeus e implorou a ele que apaziguasse a ira de Afrodite e ratificasse o seu casamento com Psique. Atendendo seu pedido, o grande deus do Olimpo ordenou que Hermes conduzisse a jovem à assembléia dos deuses e a ela foi oferecida uma taça de ambrosia. Então com toda a cerimônia, Eros casou-se com Psique, e no devido tempo nasceu seu filho, chamado Voluptas (Prazer).

http://www.angelfire.com/la/psique/mito.html

Amor e Psiquismo

Amor e Psiquismo

Por Paulo Urban

Afinal, o que vem a ser, em essência, o amor?
Mesma pergunta fazia-se Sócrates, sábio grego,
durante um banquete, há 2500 anos.

Claro, estamos longe de resolver a questão,
e talvez, definir o amor seja impossível.
Pergunto a meu leitor: fosse convidado a falar sobre o amor num jantar, o que faria? O que diria aos presentes? 
Afinal, o que vem a ser, em essência, o amor?

 Mesma pergunta fazia-se Sócrates, sábio grego, durante um banquete, há 2500 anos. Claro, estamos longe de resolver a questão, e talvez, definir o amor seja impossível.

O fato é que, dotados de razão, temos plena consciência de como nossa existência é breve, e do quanto a solidão pode fazer parte dela. Talvez, por isso, a natureza humana tenha inventado o amor, numa tentativa de dar aos outros aquilo de que mais temos necessidade, a preencher magicamente essa nossa falta essencial. Ou talvez seja a amor quem nos tenha criado, e por capricho emprestado à nossa alma a chance de experimentá-lo.

Eros e Psique, respectivamente, são entidades mitológicas que personificam o amor e a alma. No idioma grego éros provém do verbo érasthai, que significa "desejar ardentemente", e alma forma-se a partir de psýkhein, cujo sentido é o de "sopro de vida".

Curiosamente, o deus do amor não toma parte das epopéias de Homero (Ilíada e Odisséia); mas faz-se presente dali a algumas décadas na Teogonia, escrita nos fins do séc. VIII a.C. por Hesíodo, poeta camponês beócio. 

Até então, Eros era cultuado na Beócia apenas como agente fecundador dos animais e propiciador dos matrimônios, mas o poeta o transformará num deus primordial, a conferir com as cosmogonias mais arcaicas oriundas de outras regiões da Magna Grécia.

"No princípio era o Caos", diz o poeta; "de onde surgiu Gaia, a Terra, de largos flancos, base segura para todos os seres, e Eros, o mais belo dentre os imortais, capaz de desequilibrar os membros e de subjugar no peito de todos os homens e deuses o coração e a sábia vontade". (...) 

"A Terra, então, engendrou Urano, o Céu Estrelado, capaz de cobri-la por inteiro e de oferecer aos deuses sua base para sempre". Nos versos seguintes, a Teogonia nos revela que devido à presença de Eros, o amor universal, Gaia apaixona-se por Urano, e o abraça até ser fecundada, gerando muitos filhos e povoando toda a Terra.

Em sua concepção, Hesíodo não só enriquece as antigas versões da Criação, esparsas pela tradição grega, como sistematiza toda a genealogia dos deuses em torno do Amor, força primordial de atração, capaz por si só de justificar a união entre os seres e suas gerações.
Numa variante órfica, por exemplo, Caos e Nix (a Noite) é que estão na fonte cósmica; Nix põe então um ovo do qual nasce Eros; este, ao romper a casca em duas metades, faz nascer Gaia e Urano.

 Embora assuma distintas genealogias, quase que invariavelmente Eros traz esse aspecto de potência vital do cosmos, e transmite a toda e qualquer união sexual o padrão da primeira hierogamia (casamento divino), o enlace entre Céu e Terra, de onde derivam todas as formas viventes.
O I Ching, livro milenar de sabedoria taoísta, nos diz que "quando essa penetração recíproca se opera, Céu e Terra se harmonizam e todas as dez mil coisas se produzem".

 É o signo da conjunção dos opostos, da união entre pares que se completam, Yin e Yang que se fecundam mutuamente.
No Brahmanismo encontramos o mesmo dinamismo na representação de Shiva-Shákti, divindade hermafrodita cujo aspecto masculino (Shiva) está perenemente se fundindo ao de sua consorte.
 Shiva, conforme dança, transforma-se em Shákti ao mesmo tempo que esta volta a ser Shiva, buscando reencontrar a unidade original por detrás da androginia.

Hesíodo influenciou Parmênides de Eléia, séc. VI a.C., o primeiro racionalista da filosofia ocidental. Em Sobre a Natureza, Parmênides traça dois caminhos: o do Ser, ou da Verdade, a única realidade que existe, e o da Opinião, centrado nos sentidos e aparências. Sua segunda via está constituída por dois princípios: Luz e Trevas, de onde todas as formas aparentes se originam, mescladas por uma única força capaz de unir os princípios opostos fundamentais, o amor.

Outro filósofo, Empédocles de Agrigento, séc. V a.C., ao retornar da Sicília envolto por idéias da Escola pitagórica, tentou unir num único sistema a "filosofia do Ser" de Parmênides com a "do devir" de Heráclito, que lhe fazia direta oposição. Para este último, o conflito é o pai de todas as mudanças, e a vida, numa alegoria, nada mais é que o resultado da tensão entre o arco e sua corda. Empédocles imaginou então o cosmos como uma esfera absoluta e fechada, homenagem ao Ser de Parmênides, mas pôs nela o conflito de Heráclito, fazendo de Philia, outro nome para o amor, e neikos, o ódio, as forças opostas e complementares inerentes aos quatro elementos (água, fogo, terra e ar) que, misturados entre si, geram todas as coisas mutáveis da vida. 

Mas dentre os antigos, foi Platão (428-347a.C.), sem dúvida, quem mais se dedicou a discutir o amor, tornando-o um dos pontos fulcrais de seu sistema filosófico. Toda a sua Obra procura estabelecer a via de relação entre o mundo incorpóreo e perfeito das idéias e o plano material das coisas sensíveis, ao qual estamos presos, em meio às meras imitações das formas puras. Se, por um lado, Platão revela ser a dialética o exercício capaz de nos alçar deste mundo denso das opiniões ao sublime mundo das idéias, em seu diálogo O Banquete, o filósofo nos oferece uma nova perspectiva para este salto evolutivo. 

Propõe que pela ascese erótica cheguemos a essa contemplação, pois a alma, quando quer que se deixe levar pelo amor, vislumbra a própria divindade. Eros é, pois, o mediador entre as vicissitudes da realidade imediata e as verdades transcendentes.
Em 416 a.C., numa festa na casa de Agaton, que comemorava um prêmio recebido por uma de suas Tragédias, os convidados se propõem a competir discursando sobre o amor. Fedro de Mirrinote, primeiro a falar, mostra o amor como o mais bondoso dos deuses; Pausânias, em seguida, distingue o amor sexual do espiritual; e o médico Erixímaco trata o amor como uma força organizadora do cosmos. 

O comediante Aristófanes narra então um mito acerca dos andróginos e a separação dos sexos, e é seguido pelo anfitrião, que se põe a louvar deus Eros, enaltecendo sua beleza, vendo-o como fonte de inspiração. Convidado especial do banquete, cabe a Sócrates falar por último.
 "Não poderei fazê-lo", ele diz, argumentando não reunir talento para tanto diante de tudo que já fora exposto. Mas os presentes, inconformados, cobram dele uma opinião.Ponderando, o sábio diz que falará então à sua maneira, sem fazer elogios e sem querer competir. Aplica então a maiêutica aos discursos apresentados, pergunta a todos sobre a verdadeira essência do amor e, evidentemente, ninguém sabe defini-la.

Sócrates introduz então um mito que diz ter ouvido da sacerdotisa Diotima de Mantinéia: quando nasceu Afrodite, os deuses banqueteavam no Olimpo; mas haviam se esquecido de convidar Penúria, deusa da pobreza, que, após a festa, miserável e faminta, veio à caça dos restos enquanto todos dormiam. Nisso encontrou Poros, deus dos recursos, embriagado e prostrado no jardim dos deuses. Deitou-se com ele, e concebeu Eros.

 "Eis porque o Amor se tornou amante do belo e servo de Afrodite, pois foi gerado em seu dia natalício", explica Sócrates. Assim como sua mãe, o amor vive faminto e sedento, deseja preencher-se; como o pai, encontra sempre expediente para alcançar o que deseja.


O mito revela uma grande lição: amar é desejar o que nos completa, é a possibilidade de preenchimento pleno, uma busca pela perfeição. O amor se vale de todos os recursos para aplacar a dor da falta, e procura pela forma pura e perfeita. Amar é desejar o belo em sua essência, para além do mundo das ilusões. Mas onde se encontra a beleza no mundo das formas corpóreas? O que de fato amamos quando amamos as coisas belas? São perguntas que decorrem do discurso socrático. 

Ora, nos corpos físicos, a união do amor gera a imortalidade dos pais nos rostos de seus filhos, e nas almas belas o amor floresce em pensamentos e atitudes com sua beleza compatíveis.
Por esse mito fica evidente o quanto Platão procurava romper com a tendência de se enxergar Eros como um deus primordial todo poderoso. Uma das conquistas de sua Academia foi "baixá-lo" no Olimpo, trazendo o amor para uma realidade bem mais próxima dos humanos. O leitor, portanto, sinta-se convidado ao banquete de Platão. Ainda que não saiba definir o amor, que sorva cada gota de seu néctar, experimente de todos os seus pratos e participe da alegria dos presentes. 

Talvez por isso os gregos reservem um mesmo termo, ágape, para designar tanto os banquetes como o amor fraternal.
Com o passar dos séculos, novas genealogias para o Amor surgiram. Umas têm Eros como filho de Hermes e Ártemis, outras lhe emprestam a paternidade do casal Ares e Afrodite; noutras fontes ele tem ainda um irmão que é seu contrário, chamado Anteros.

Mas foi o poeta latino Lúcio Apuleio (125-170d.C.) quem compôs pela primeira vez a estória de amor entre Eros e Psique. Seu relato busca raízes na mitologia e (re)vela o cerne da doutrina platônica, ensinando-nos que a alma só pode ser feliz quando transformada pelo amor. Amplamente difundida, a versão de Apuleio tem servido pelos séculos como fonte de inspiração a escultores, pintores, literatos e músicos que imortalizam Eros e Psique em suas Obras.


Passemos juntos brevemente por algumas cenas do mito, na impossibilidade de tratarmos aqui de todas as suas nuances.
Um rei e uma rainha tinham três filhas. As duas mais velhas, embora bonitas, não despertavam nos homens a paixão arrebatadora que lhes causava Psique, a princesa mais jovem, dotada de descomunal beleza. Julgando-se incapazes de pedi-la em casamento, por considerá-la divina, os homens passaram a fazer-lhe oferendas, com o que se esvaziaram os templos consagrados a Afrodite. Menosprezada, a deusa em sua cólera resolve castigar a pobre mortal, e ordena a seu filho Eros que a atinja com uma de suas flechas, de modo a fazer com que sua rival se apaixonasse por algum monstro. Temeroso da ira divina, o casal se antecipara consultando o Oráculo de Apolo em Mileto. O vaticínio fora claro: deviam abandonar a princesa à beira de certo penhasco, de onde ela seria levada por uma terrível criatura. Resignados, os reis cumprem sua pena. Mas Eros, que havia se apaixonado por Psique à primeira vista, dera ordens a Zéfiro, o vento, para que este arrebatasse a moça e a deixasse salva em seu palácio secreto, sem luzes, todo feito de ouro, prata, cedro e marfim. Naquela mesma noite Eros se apresenta à princesa, faz dela sua mulher, mas a proíbe terminantemente de ver sua face, e promete voltar visitá-la todas as noites, sempre coberto pela escuridão. Psique passa a viver seus dias sozinha, cercada apenas por uma multidão de Vozes que lhe atendiam todos os desejos.

Mas a deusa Fama, cujo nome grego significa "divulgar", revela às irmãs de Psique onde ela se encontra, e ambas resolvem visitá-la. 

Eros, em seu pressentimento adverte Psique de que alguma desgraça adviria por intermédio de suas irmãs, mas a esposa, saudosa demais, consegue convencê-lo a recebê-las no palácio. Eros cede, mas exige que Psique renove a promessa de nunca desejar ver seu rosto, mesmo que as irmãs a convençam do contrário.
O encontro a princípio foi só deslumbramento, mas aos poucos a inveja das irmãs preteridas pelo destino se transforma em desejo de vingança. Numa segunda visita, estando Psique grávida, as irmãs passam a envenená-la dizendo que seu marido não poderia nunca ser um homem, senão uma serpente de mil anéis que apenas esperava pelo oportuno momento para devorá-la junto com a criança concebida em seu ventre. Dão a ela uma lâmpada a óleo e uma adaga, e insistem para que à noite, depois de se amarem, tão logo o marido dormisse, ela iluminasse sua face e o matasse caso constatasse estar deitando com um monstro.

Angustiada, Psique segue à risca os terríveis conselhos. Com a adaga numa das mãos e a lâmpada na outra, aproxima-se e ilumina o rosto de seu amo. Hipnotizada diante de divina beleza, treme e cai de joelhos, ferindo-se numa flecha do marido guardada ao lado do leito, ao mesmo tempo que derrama óleo quente sobre o ombro do amado. Com um grito de dor, Eros acorda e seu semblante se entristece; sem dizer palavra, sobe e desaparece nas nuvens, separando-se de Psique, agora mais do que nunca ferida pela paixão eterna.

Mas não tema o leitor; em nome do amor, nosso mito acabará bem.
Eros retorna para junto de Afrodite, para que esta lhe curasse sua ferida. A deusa descobre então que vinha sendo traída pelo filho e se enfurece. Psique, por sua vez, procurando resgatar o amor perdido, oferece-se como escrava de Afrodite. A deusa, disposta a humilhá-la, promete-lhe seu filho em troca de quatro tarefas impossíveis. 

Primeiramente pede-lhe que separe por espécie numa só noite uma enorme quantidade de grãos de trigo, cevada, milho, lentilhas, favas etc... Ajudada por um batalhão de formigas, Psique consegue o feito. Irritada, Afrodite pede a Psique que lhe traga flocos de lã de ouro de ovelhas selvagens venenosas. Um caniço verde lhe sopra o que fazer, ensinando-a colher a lã ao entardecer, quando as ovelhas se amansavam num regato em meio aos arbustos; e Psique poderia colher os flocos presos em seus galhos. Terceira tarefa: buscar água da nascente do Estige, no alto de um rochedo guardado por terríveis dragões. 

Desta vez será uma águia quem virá em sua ajuda, colhendo para ela uma jarra dessa fonte. Afrodite quase enlouquece, e cobra-lhe um último castigo. Exige que entre no Hades, reino dos mortos, para que fosse buscar com Perséfone uma caixinha com o pó da juventude. Uma torre aconselha Psique quanto às armadilhas do percurso, e Psique cumpre bem sua perigosa viagem. Recebe em suas mãos a encomenda, mas já no caminho de volta, não resistindo à idéia de experimentar o pó mágico com o qual ficaria eternamente bela para Eros, abre a caixa, aspira seu conteúdo vazio; e desmaia para sempre num sono profundo.


E onde está o final feliz?, pergunta-se o leitor. 

Ora, entendamos primeiramente alguns aspectos psicológicos do mito.
Interessante notar que conquanto o amor seja divino, a alma, ainda que de nobre estirpe, é humana e mortal. Sua condição especial, entretanto, atrai a ira de Afrodite, deusa do prazer e da beleza, que, distinta de Psique por sua função estanque na ordem do cosmos, não pode evoluir; a ela não foi dada essa chance. Por isso quer banir de sua frente a princesa, representante da beleza anímica capaz de evoluir e transformar-se. Erro primário da deusa, a revelar também a sua imperfeição, foi enviar logo o Amor para destruir a vida, algo impossível por acepção natural da virtude.
mariliagambi.wordpress.com

Eros não só protege Psique como se apaixona por ela, e a prende em seu paraíso idílico, onde a alma passa a viver indiferenciada. O palácio de ouro, prata, cedro e marfim, revela a preciosidade do estado puro da alma que, inconsciente de si mesma, está sozinha. Ela não conhece a fonte de seus prazeres nem aquilo que, oculto pela sombra da noite, lhe faz bem e lhe basta. Ora, são suas irmãs, ícones das forças matriarcais reprimidas, que assumem relevante papel, sem o qual a alma nunca acordaria nem deixaria o Éden da inocência. Elas a forçam a romper os tabus e levam-na à verdadeira experiência da sedução, dirigindo-lhe seus passos.

 A alma segue à risca sua natural tendência, e caminha em direção ao abismo da consciência. A queda nessa nova realidade ocorre quando Psique quebra sua promessa e enxerga o rosto proibido. Em verdade, o que ela vê é sua própria face desconhecida, pois, apesar da falta cometida, ela descobre a beleza em seu ideal e perfeição, enxerga a realidade de que nos fala Sócrates no Banquete. Semelhante situação enfrenta o casal adâmico no Velho Testamento da tradição judaico-cristã, que, por seu pecado, é expulso do Éden. Notemos ainda que Psique deixou-se levar por sua submissão à imagem de uma serpente de mil anéis, correlata da serpente bíblica.

À luz da lâmpada, Psique entende que Eros sintetiza a união de seus mundos inferior e superior. Ao vê-lo partir, lança-se na dor do abismo na esperança de recolher-se a si mesma através da viagem que empreenderá ao mundo dos mortos. Auxiliada por sua própria consciência, ela se entregará à grande iniciação, ao processo de morte e renascimento pelo qual sofrerá sua metamorfose. A evolução da consciência acha-se aqui bem demarcada por quatro de seus aspectos que serão assimilados ao longo da jornada: as formigas (instintos primitivos), o caniço (sistema neuro-vegetativo), a águia (aspecto masculino profundo ou o animus) e a Torre (o feminino oculto ou a anima).
Mas por que fracassa Psique quando tem nas mãos a caixa da imortalidade, estando prestes a vencer o jogo? Ora, ela decide não entregar a Afrodite aquilo que conquistou com seu pleno sacrifício. A alma mortal, em conflito com a deusa, aceita atrair para si a maior das desgraças na tentativa extrema de alcançar ela própria a imortalidade, igualando assim sua condição a de seu amado divino. Psique tudo sacrifica pelo Amor, até a própria vida, e por isso é que vence e se transforma.

Aliviemos a tensão. Eros se aproxima de sua bela adormecida, guarda o sono de novo na caixa, e desperta Psique para levá-la consigo ao Olimpo.
Também ele está amadurecido; curado pelo sacrifício da princesa, nada mais precisa fazer às escusas de sua mãe. E o herói vai pedir autorização a Zeus para celebrar seu casamento. A divindade suprema reconhece o esforço da alma evoluída e transformada, e mostra a Afrodite o descabido de seu ciúme, pois Psique agora é transcendente, imortalizou-se em sua grande iniciação, tornando-se digna do banquete dos deuses.
Eros, como todo herói, não foge à sua sina; sempre traz consigo uma alma apaixonada.

Fernando Pessoa nos revela essa verdade em sua poesia Eros e Psique:

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um infante, que viria
De além muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino -
Ela dormindo encantada
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega em sono onde ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra a hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Uma linda História de Amor!

Segunda-feira, 5 de maio de 2014

Uma linda História de Amor!

Após 60 anos juntos, casal morre de mãos dadas com horas de diferença.
Caso aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos. Eles estavam em hospitais diferentes e foram reunidos antes de morrerem.

Um casal de idosos que passou 60 anos juntos morreu de mãos dadas, com apenas algumas horas de diferença no início deste mês em Nova York, nos Estados Unidos, segundo o jornal “New York Daily News” e a TV WGRZ (veja a reportagem em vídeo, em inglês).


Ed Hale, de 83 anos, havia prometido à mulher, Floreen Hale, de 82 anos, que nunca a deixaria. Ele permaneceu ao lado dela mesmo após ela morrer, e acabou morrendo 36 horas depois.

Os dois se conheceram em 1952. Floreen estava em uma festa com seus amigos pela primeira vez desde que havia sofrido um acidente de carro, que matou seu primeiro marido – ela estava casada havia apenas seis meses.

Ed prometeu cuidar de Floreen pelo resto da vida, e os dois nunca se separaram.


No fim de janeiro, entretanto, a promessa feita pelo homem de cuidar de sua mulher até o fim quase foi quebrada quando ele foi hospitalizado devido a um problema na perna, considerado grave pelos médicos.

Ed pediu para ver sua mulher, sem saber que ela também havia sido internada em um outro hospital com problemas no coração. Seu estado também era considerado grave.

O homem ficou inconformado. “Ele disse ‘preciso ver sua mãe, preciso falar com sua mãe. Estou morrendo, eu preciso vê-la’”, contou Renee Hirsh, filha do casal. “Foi o pior dia da minha vida.”

O hospital onde Ed estava internado concordou em transferi-lo caso suas condições de saúde melhorassem. Dois dias depois, isso foi possível, e ele foi levado para o hospital onde Floreen estava.


Os dois foram instalados em camas colocadas uma ao lado da outra. Floreen pareceu confusa ao perceber que seu marido havia chegado. “Ela achou que ele talvez já tivesse morrido”, contou a filha do casal.

Os dois trocaram juras de amor novamente, deram as mãos, e alguns minutos depois Floreen morreu. Ed permaneceu ao seu lado, e sua condição se deteriorou. Após 36 horas, ele também morreu. Os dois foram enterrados juntos no dia 13 de fevereiro.

Veja também: Entenda a ciência do amor e Porque nos apaixonamos?


Fonte: G1


http://www.vocerealmentesabia.com/2014/05/uma-linda-historia-de-amor.html

O amor também é química

O amor também é química


Um casal participou do primeiro teste humano com um novo antidepressivo. Confinados em um laboratório, os dois logo se apaixonaram. Mas, com o humor e sensações alteradas pela droga, como eles podem saber se estavam realmente apaixonados, ou se o amor surgiu apenas como resultado de uma química cerebral alterada?
Não se preocupe, pois essa não é uma história real absurda, mas o enredo de The Effect, uma peça teatral britânica. O enredo chama nossa atenção por questionar até que ponto os sentimentos não são apenas resultados do funcionamento químico dos nossos corpos.

Afinal, o que é o amor? Um sentimento que surge através de experiências corpóreas concretas, ou é apenas algo psicológico? Qual a relação entre essas sensações físicas e químicas? Muitos tentam dar uma explicação científica para o amor, mas, até hoje, ninguém chegou a uma conclusão definitiva sobre isso.
Está claro, entretanto, que todas as sensações que surgem quando estamos apaixonados ocorrem graças à química. Borboletas no estômago, faces rosadas, mãos suando, olhos brilhantes, sorriso até as orelhas… Esses são apenas alguns dos indícios de que o amor que sentimos está ligado a reações produzidas pelos nossos corpos.
A frase “rolou uma química entre nós” não é apenas figurativa. Todos esses sentimentos bons que acompanham a paixão são causados por um fluxo de substâncias químicas fabricadas nos corpos das pessoas apaixonadas. Entre as substâncias, estão a adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, dopamina, oxitocina, vasopressina, serotonina e as endorfinas.
Ao todo, pesquisadores acreditam que 12 áreas do cérebro trabalham juntas só quando você olha para o seu amado. Não é a toa que nos sentimos tão bem!
A química da paixão libera substâncias que produzem a sensação de felicidade, aceleram o coração e aumentam a excitação. É graças a esse fenômeno que surge o desejo sexual entre o casal, que muito além de algo físico, é química novamente.
“Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer”. Isso era o amor para Luis Vaz de Camões. Não só ele, como outros escritores e poetas de todas as gerações tem tentado expressar em palavras o que é esse sentimento. Apesar de todos nós (ou pelo menos a maioria das pessoas) o reconhecerem, o amor não tem uma definição única.
Será que algum dia a ciência conseguirá explicar o que é esse sentimento, ao seu modo? [New Scientist/Brasil Escola/Somos Todos UmFoto]