As Duas Polegadas de Martha Rocha
Enviado por luisnassif, qua, 10/04/2013 - 13:00
Por lucianohortencio
Em 1954, Martha Rocha perdeu o título de Miss Universo para a americana Miriam Stevenson, e o repórter João Martins, da revista "O Cruzeiro", inventou a história de que ela tinha duas polegadas a mais nos quadris para consolar o orgulho brasileiro. Ela própria aceitou a versão e ainda gravou na Continental esta marchinha de sucesso, lançada em agosto-setembro de 1955 no 78 rpm 17134-B, matriz C-3610. Só duas brasileiras foram Miss Universo: Ieda Maria Vargas (1963) e Marta Vasconcelos (1968). Comentário de Samuel Machado Filho.
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sex, 03/05/2013 - 18:55
A História das duas Marthas é maravilhosa. Falando de Martha Rocha, para mim de beleza ímpar no Brasil e no Miss Universo propriamente dito, todos nós sabemos que não foi eleita por ser o ano da Primeira Miss Universo Norte Amercicana na edição a partir de 1952, no pós-guerra por ser a sede do renascido concurso sob a tutela da Universal e dos maiôs Catalina. Aqueles olhos azuis de Martha eram e são inebriantes e poucas mulheres de beleza e fama sustentaram por tanto tempo seus notáveis atributos sem plástica, mesmo em edições de revista em 1985 e 2000 ainda era a beleza mágica de Martha Rocha a dominar todos os concursos. Mesmo com uma vida difícil, por situações inesperadas acumulou um Book que nenhuma Miss Universo ousaria apresentar, ficou com os prêmios, esteve com a Rainha Elisabeth, na Europa, na Argentina, recebeu prêmio e uma coroa dos países latinos, foi consagrada no Rio de Janeiro em sua época e na Calçada da Fama daquela cidade, participou de marchinhas como já foi dito, foi a anfitriã de vários eventos nos lugares públicos de maior consideração como o Copacabana Pálice, recebeu as boas vindas de uma vencedora em Salvador e foi homenageada em baile pela Fratelli Vitta em Salvador, amiga dos principais presidentes Getúlio Vargas e de Sarah Kubstichek, esteve em eventos e carnavais no Rio, em São Paulo, onde recebeu os vestidos que uou no Miss Universo, os prêmios que seriam dados à vencedora do Miss Universo, carro e outros, inclusive patrocínio da Gessy Lever, esteve ao lado de autoridades e de personalidades as mais importantes do país, teve casamentos de celebridade na época, e hoje se dedica a uma vida tranquila no interior do Rio e a arte de pintura. Sempre convidada a programas de televisão e a concursos de Miss Brasil, e é unanimidade em assunto de beleza. Cabelos louros dourados, olhos azuis e um corpo chamado de escultural para os padrões de sua época. Recebeu o abraço e os beijos dos atores mais famosos de Hollywood e ofuscou a vencedora do concurso daquele ano em fotos e em prsença pública. Enfim, falar de Martha Rocha não é tarefa fácil somente que sempre elegante, mesmo nos bailes de Carnaval, a suas fotos eram belíssimas, mesmo as mais despreocupadas. Para mim e a maioria dos brasileiros, a verdadeira única Miss Universo em 1954 até hoje.
MARCIO LANDIN
A verdade pode machucar mas é sempre mais digna.
A vida de Martha Rocha, a eterna Miss Brasil, em Volta Redonda, no interior do Estado do Rio.
Símbolo de beleza do século 20, ela continua linda. E, aos 73 anos, ganha lugar na Calçada da Fama de Ipanema.
Mário Sérgio Costa/Divulgação
Martha ficou em segundo lugar no Miss Universo de 1954
Uma polegada equivale a 2,54 centímetros. Duas somam 5,08 centímetros.
A glória total e o risco de não resistir aos baques da vida sempre estiveram a duas polegadas da baiana Marta Rocha.
Para a glória total, faltaram duas polegadas.
No sentido literal, preciso, na medida exata: Martha, um dos mais cultuados símbolos de beleza do país no século 20, ficou em segundo lugar no Miss Universo de 1954, nos Estados Unidos, exatamente por ter duas polegadas a mais nos quadris do que permitia a lei do concurso.
Para a glória total, faltaram duas polegadas.
No sentido literal, preciso, na medida exata: Martha, um dos mais cultuados símbolos de beleza do país no século 20, ficou em segundo lugar no Miss Universo de 1954, nos Estados Unidos, exatamente por ter duas polegadas a mais nos quadris do que permitia a lei do concurso.
Tinha 18 anos na época. Os lírios, como atestou o genial Carlos Drummond de Andrade, não nascem mesmo das leis. O que era doce ênfase de encanto ao olhar de todo brasileiro foi considerado exagero, over, pelos jurados majoritariamente americanos.
Mesmo com o segundo lugar, Martha encontrou a glória. Ela frequentou as melhores e mais graduadas rodas. Trabalhou como modelo e garota propaganda em estúdios de Hollywood. E, no Brasil, gravou dois discos com um dos maiores furacões musicais do Brasil delicado daquela metade do século 20: a cantora Emilinha Booooooorrrrba.
Neste domingo (11), Martha recebeu mais uma homenagem importante. Ela gravou as mãos na Calçada da Fama de Ipanema, um projeto mantido pelo misto de livraria e ponto de encontros musicais Toca do Vinícius, no número 129 da célebre rua Vinícius de Moraes, quase esquina com Farme de Amoedo. Na República de Ipanema, claro.
Fará companhia a figuras do quilate do compositor Braguinha, da cantora Maria Bethânia e dos craques Zico, Roberto Dinamite e Jairzinho, entre muitos outros. O cantor Milton Nascimento será o próximo.
O sofrimento também esteve a duas polegadas de Maria Martha Hacker Rocha, sétima filha mulher e sétima Maria dos onze tidos pelo engenheiro Álvaro e Hansa Rocha.
Mesmo com o segundo lugar, Martha encontrou a glória. Ela frequentou as melhores e mais graduadas rodas. Trabalhou como modelo e garota propaganda em estúdios de Hollywood. E, no Brasil, gravou dois discos com um dos maiores furacões musicais do Brasil delicado daquela metade do século 20: a cantora Emilinha Booooooorrrrba.
Neste domingo (11), Martha recebeu mais uma homenagem importante. Ela gravou as mãos na Calçada da Fama de Ipanema, um projeto mantido pelo misto de livraria e ponto de encontros musicais Toca do Vinícius, no número 129 da célebre rua Vinícius de Moraes, quase esquina com Farme de Amoedo. Na República de Ipanema, claro.
Fará companhia a figuras do quilate do compositor Braguinha, da cantora Maria Bethânia e dos craques Zico, Roberto Dinamite e Jairzinho, entre muitos outros. O cantor Milton Nascimento será o próximo.
O sofrimento também esteve a duas polegadas de Maria Martha Hacker Rocha, sétima filha mulher e sétima Maria dos onze tidos pelo engenheiro Álvaro e Hansa Rocha.
Aos 23 anos, Martha ficou viúva do primeiro marido, o banqueiro argentino Álvaro Piano, morto num acidente de avião. Com ele, teve dois filhos: Álvaro, hoje com 50 anos, e Carlos Alberto, 49. A filha mais nova, Cláudia, 42, é fruto do segundo casamento, com Ronaldo Xavier de Lima.
Não foi só. Em 1995, teve todas as suas economias roubadas pelo cunhado, Jorge Piano, fundador da Casa Piano, um das maiores casas de câmbio do Rio de Janeiro na segunda metade do século 20.
Jorge fugiu para o exterior com o dinheiro da musa, de outras figuras-símbolo da carioquice típica (se é que existe outra), como o colunista Ibrahim Sued, e de mais 700 incautos. Martha prefere não revelar quanto perdeu.
Em dificuldade, ela vendeu seu apartamento de quatro quartos na Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos pontos mais exuberantes do Rio e do País, para saldar compromissos, evitar a bancarrota e sobreviver enquanto reorganizava as finanças pessoais.
- Fui traída por este cidadão que, veja só, é também pai de uma de minhas noras e, portanto, avô de netos meus.
Em 2001, soube que tinha câncer de mama.
O tratamento foi longo, mas felizmente controlou a doença.
Em julho passado, viu morrer a neta Fernanda, 24 anos, vítima de complicações geradas a partir de uma pneumonia.
A eterna Miss Brasil sobreviveu. Varreu tudo para fora de sua passarela com altivez e a luminosidade que ainda cintila no par de olhos espantosamente azul.
Hoje, vive afastada da agitação. Mora feliz em Volta Redonda, cidade do Vale do Paraíba fluminense às margens da Via Dutra, com 262 mil habitantes, distante 134 quilômetros do Rio e 280 quilômetros de São Paulo.
Volta Redonda é a Cidade do Aço. O apelido vem do fato de abrigar uma das maiores usinas siderúrgicas do mundo, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), criada como estatal em 1941, no governo do presidente Getúlio Vargas. Hoje privatizada, a CSN é controlada pelo empresário Beijamin Steinbruch.
O tempo é cruel para todos, mas sabe produzir exceções. Aos 73 anos, Martha Rocha ainda é beleza rara concentrada em 1,60 metro de altura.
Estar bonita aos 73 anos e linda se considerarmos sem piedade a média das senhoras de 73 anos - não chega a ser uma surpresa diante da amizade reverente e inabalável que o destino insistiu em manter com “Martha Rocha gostosona”, como a chamavam muitos nos anos 1950 e 1960. Para encantamento dos homens e surpresa das mulheres.
Continua também extremamente fina e educada.
O repórter quis saber seu peso atual.
- Não me peso há muito tempo. Devo ter engordado um pouco em função dos remédios para o tratamento do câncer. De qualquer forma, acho que você, um moço educado como percebi, não seria capaz de me submeter a um teste desta natureza a essa altura dos meus 73 anos, não é mesmo?
O repórter mudou de assunto no instante.
Martha foi para o interior fluminense assim que teve o câncer diagnosticado.
- Resolvi buscar tranquilidade. Um dos meus filhos, que é agrônomo, morava em Volta Redonda. Ele foi embora, mas eu me apaixonei pelo lugar e fiquei.
Na primeira fase, morou em uma casa espaçosa e distante da região mais populosa da cidade. Atualmente, vive num apartamento de três quartos em um bairro mais central, o Aterrado.
A rotina inclui longas caminhadas, leituras de livros, filmes em DVD e muita música. Ouve Puccini, Verdi, Luciano Pavarotti, Emílio Santiago, Maria Rita. E de um cantor da cidade chamado Ricky Valen.
- Esse rapaz é um talento. Precisa ter um espaço maior no cenário nacional.
Há algum tempo, Martha dedica-se às artes plásticas. A venda de alguns quadros abstratos ajudou a segurar as pontas depois do golpe aplicado pelo cunhado Jorge Piano. Muito da produção está anunciada na sua página na Internet, www.martarocha.com.br. Assim mesmo, sem o h.
E assiste televisão com regularidade.
- Gosto muito da Record. Admiro o trabalho do Celso Freitas e da Ana Paula Padrão. Acompanho também muitos dos debates organizados pelos pastores no início da madrugada. Há sempre temas interessantes.
Para a apresentadora Ana Hickmann, Martha Rocha dedica um comentário que, à luz de sua história pessoal, deve ser guardado com honras de prêmio superior.
- Além de linda, ela é muito competente no que faz.
As visitas aos amigos consomem um bom tempo da eterna Miss Brasil:
- Os mais próximos são o jornalista Mário Sérgio Costa, o promoter Oswaldo Marcos e o administrador Jefpe Castro. Mas todos na cidade me tratam com um carinho comovente.
As noites intermináveis nos pontos badalados do Rio-anos-dourados foram substituídas por jantares e sessões de música em bares e restaurantes locais, como o variado Bosque da Lua e o lusitano Adega do Portuga.
Nos finais de semana, costuma descansar na bela região serrana fluminense de Penedo e de Visconde de Mauá, distante cerca de 35 quilômetros de Volta Redonda.
Mas, além de tudo isso, a admiração pela Cidade do Aço teve alguma inspiração sentimental?
- De forma alguma. Não tenho ninguém na minha vida e nem quero. Está bom assim.
A eterna Miss Brasil certamente ainda merece uma companhia que, de vez em quando, pudesse estar a menos de duas polegadas de distância.
Não foi só. Em 1995, teve todas as suas economias roubadas pelo cunhado, Jorge Piano, fundador da Casa Piano, um das maiores casas de câmbio do Rio de Janeiro na segunda metade do século 20.
Jorge fugiu para o exterior com o dinheiro da musa, de outras figuras-símbolo da carioquice típica (se é que existe outra), como o colunista Ibrahim Sued, e de mais 700 incautos. Martha prefere não revelar quanto perdeu.
Em dificuldade, ela vendeu seu apartamento de quatro quartos na Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos pontos mais exuberantes do Rio e do País, para saldar compromissos, evitar a bancarrota e sobreviver enquanto reorganizava as finanças pessoais.
- Fui traída por este cidadão que, veja só, é também pai de uma de minhas noras e, portanto, avô de netos meus.
Em 2001, soube que tinha câncer de mama.
O tratamento foi longo, mas felizmente controlou a doença.
Em julho passado, viu morrer a neta Fernanda, 24 anos, vítima de complicações geradas a partir de uma pneumonia.
A eterna Miss Brasil sobreviveu. Varreu tudo para fora de sua passarela com altivez e a luminosidade que ainda cintila no par de olhos espantosamente azul.
Hoje, vive afastada da agitação. Mora feliz em Volta Redonda, cidade do Vale do Paraíba fluminense às margens da Via Dutra, com 262 mil habitantes, distante 134 quilômetros do Rio e 280 quilômetros de São Paulo.
Volta Redonda é a Cidade do Aço. O apelido vem do fato de abrigar uma das maiores usinas siderúrgicas do mundo, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), criada como estatal em 1941, no governo do presidente Getúlio Vargas. Hoje privatizada, a CSN é controlada pelo empresário Beijamin Steinbruch.
O tempo é cruel para todos, mas sabe produzir exceções. Aos 73 anos, Martha Rocha ainda é beleza rara concentrada em 1,60 metro de altura.
Estar bonita aos 73 anos e linda se considerarmos sem piedade a média das senhoras de 73 anos - não chega a ser uma surpresa diante da amizade reverente e inabalável que o destino insistiu em manter com “Martha Rocha gostosona”, como a chamavam muitos nos anos 1950 e 1960. Para encantamento dos homens e surpresa das mulheres.
Continua também extremamente fina e educada.
O repórter quis saber seu peso atual.
- Não me peso há muito tempo. Devo ter engordado um pouco em função dos remédios para o tratamento do câncer. De qualquer forma, acho que você, um moço educado como percebi, não seria capaz de me submeter a um teste desta natureza a essa altura dos meus 73 anos, não é mesmo?
O repórter mudou de assunto no instante.
Martha foi para o interior fluminense assim que teve o câncer diagnosticado.
- Resolvi buscar tranquilidade. Um dos meus filhos, que é agrônomo, morava em Volta Redonda. Ele foi embora, mas eu me apaixonei pelo lugar e fiquei.
Na primeira fase, morou em uma casa espaçosa e distante da região mais populosa da cidade. Atualmente, vive num apartamento de três quartos em um bairro mais central, o Aterrado.
A rotina inclui longas caminhadas, leituras de livros, filmes em DVD e muita música. Ouve Puccini, Verdi, Luciano Pavarotti, Emílio Santiago, Maria Rita. E de um cantor da cidade chamado Ricky Valen.
- Esse rapaz é um talento. Precisa ter um espaço maior no cenário nacional.
Há algum tempo, Martha dedica-se às artes plásticas. A venda de alguns quadros abstratos ajudou a segurar as pontas depois do golpe aplicado pelo cunhado Jorge Piano. Muito da produção está anunciada na sua página na Internet, www.martarocha.com.br. Assim mesmo, sem o h.
E assiste televisão com regularidade.
- Gosto muito da Record. Admiro o trabalho do Celso Freitas e da Ana Paula Padrão. Acompanho também muitos dos debates organizados pelos pastores no início da madrugada. Há sempre temas interessantes.
Para a apresentadora Ana Hickmann, Martha Rocha dedica um comentário que, à luz de sua história pessoal, deve ser guardado com honras de prêmio superior.
- Além de linda, ela é muito competente no que faz.
As visitas aos amigos consomem um bom tempo da eterna Miss Brasil:
- Os mais próximos são o jornalista Mário Sérgio Costa, o promoter Oswaldo Marcos e o administrador Jefpe Castro. Mas todos na cidade me tratam com um carinho comovente.
As noites intermináveis nos pontos badalados do Rio-anos-dourados foram substituídas por jantares e sessões de música em bares e restaurantes locais, como o variado Bosque da Lua e o lusitano Adega do Portuga.
Nos finais de semana, costuma descansar na bela região serrana fluminense de Penedo e de Visconde de Mauá, distante cerca de 35 quilômetros de Volta Redonda.
Mas, além de tudo isso, a admiração pela Cidade do Aço teve alguma inspiração sentimental?
- De forma alguma. Não tenho ninguém na minha vida e nem quero. Está bom assim.
A eterna Miss Brasil certamente ainda merece uma companhia que, de vez em quando, pudesse estar a menos de duas polegadas de distância.
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A verdade pode machucar mas é sempre mais digna.
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