(continuação)
Saikawa Roshi: - A parte do Sutra “Fu-sho Fu-metsu, Fu-ku Fu-jo, Fu-zo Fu-gen”, significa que nesse mundo do Dharma nada surge ou desaparece, nada é puro ou impuro, nada cresce ou diminui, como eu falei antes, o mundo é como é e vai além de nossas estimativas ou julgamentos. Todo o universo é assim, não surge nem desaparece, só se transforma, a energia fundamental é a mesma.
Na próxima parte do Sutra aparece algumas vezes a expressão “MU”, os cinco skandas são um, ou seja, não há sensação, percepção, conceituação etc., não existem também os sentidos, tato, visão, audição, paladar, olfato e também a mente, nem corpo, nem forma, nem conhecimento, nem cor, cheiro ou sabor. “MUMYO” é então o mundo da delusão, logo, na parte “MUMUMYO”, ele nega a existência da delusão. Na minha interpretação, esse “mu” é como se estivéssemos usando um espelho, tudo que aparece, mesmo esse som (bate na mesa) é refletido, sem preferência ou julgamento. Da mesma forma, não importa se você gosta ou não de todas essas sensações, elas surgem e desaparecem. Esse som (bate na mesa) agora existe, mas no segundo seguinte não existe mais, para onde foi? A atividade mental também é assim. Aquilo que pensamos ser real e que agarramos desaparece em instantes. Ao mesmo tempo que ele diz que não existe delusão, a delusão não tem fim, porque a existência dos seres humanos depende da delusão. Não há delusão mas não há como ficar além da delusão, porque nascemos como seres humanos e os seres humanos precisam de palavras e linguagens como uma ferramenta para pensar e resolver problemas.
A realidade é que não nascemos, mas usamos expressões como “eu nasci em tal dia e tal mês de determinado ano”. Mas eu sou vida e vida não nasce, vida só continua, então eu sou uma continuação de meus pais que são uma continuação de seus pais. Eu não nasci. Uma única molécula não possui vida, mas combinadas podem formar uma célula, porém não existe uma linha clara separando vida de não vida. Do ponto de vista de uma mente ampla, todo o universo tem vida, porque não podemos dividir, não há fronteiras, logo, um nada existir é o mesmo que tudo existir. Forma é vazio e vazio é forma, é o mesmo que dizer branco é preto e preto é branco, nada é tudo e tudo é nada.
(continua)
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