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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Ipanema 100 anos - "Uma História"...


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Ipanema 100 anos — Document Transcript

  • 1. RESUMO HISTÓRICO DE IPANEMA 
  • A restinga hoje ocupada pelos bairros de Ipanema e Leblon já era habitada desde priscas eras. Com efeito, há provas que os primeiros agrupamentos indígenas assentaram naquela região por volta do século VI. Um mapa francês de 1558 situa duas aldeias tamoias naquelas plagas, uma em Ipanema (aldeia “Jaboracyá”) e outra no Leblon (aldeia “Kariané”). Ambas sobreviveram aos primeiros anos da cidade, mas foram eliminadas em 1575 pelo “Governador da Parte Sul do Brasil”, Antônio de Salema, natural de Alcácer do Sal (152?-1586). Desejoso daquelas terras, Salema, em seu mandato de três anos (1575-1578) mandou colocar roupas de doentes nas matas da região, eliminando os índios por contágio. Na parte onde hoje está o Jardim Botânico, mandou erigir um engenho de cana, ao qual denominou “D`El Rei”. O engenho não deu certo de início e em 1584 foi sugerida sua venda. Quatorze anos depois, ele foi vendido ao Vereador Diogo de Amorim Soares, vindo da Bahia (1558?-1609?), que o rebatizou de “Engenho de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa”. Soares, retirando-se da cidade em 1609, revendeu as terras no ano anterior a seu genro, Sebastião Fagundes Varela, natural de Viana do Castelo (1563-1639), casado com sua filha Da. Maria de Amorim Soares (1589-1676). Fagundes logo ampliou as instalações do engenho e, para tal, cobiçou para sua empresa os terrenos de marinha. Os primeiros proprietários das praias da zona sul carioca, afora os índios tamoios, foram poucos portugueses. Em 1603 Antônio Pacheco Calheiros (1569?-1634), vereador em 1619, casado com Da. Inês de Leão, obteve enfiteuse de terras que iam do engenho de Diogo de Amorim Soares (Lagoa) até a “costa brava” (Leblon), correndo até a Gávea (Vidigal). Em 1606, Afonso Fernandes e sua esposa, Da. Domingas Mendes obtiveram carta de sesmaria da câmara que lhes davam o aforamento de “300 braças começadas a medir do Pão de Açúcar ao longo do mar salgado para a Praia de João de Souza (Botafogo) e para o sertão, costa brava, tudo o que houvesse”. Eram todos os terrenos de marinha do Leme ao atual Leblon, incluindo-se aí, é claro, a futura Ipanema. Pagavam foro de 1000 réis. Em 1609, Da. Domingas, já viúva, trespassa esse aforamento a Martim de Sá (1575-1632), Governador do Rio de Janeiro (1602/08, e 1623/32), filho do então ex- Governador Salvador Corrêa de Sá, nascido em Barcelos (1542-1631, governou em 1568/72 e 78/98) para benefício do engenho que o mesmo possuía na Lagoa. Esse engenho, denominado de “Nossa Senhora das Cabeças”, não foi adiante, haja vista que Martim estava erguendo outro maior em terras que obtivera na aldeia de “Guaraguassú Mirim” (atual Barra da Tijuca). O aforamento então foi sendo aos poucos repassado, sucessivamente em 22 de junho de1609, das terras que iam desde o Pão de Açúcar até a “Praia Brava” (Leblon); em 23 de setembro de 1611 (mais terras); em 19 de julho de 1617 (para aumento de pastos); e em 1619 ao dono do “Engenho de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa”, Sebastião Fagundes Varela. O aforamento era por 9 anos e tinha mais 400 braças para o sertão, permitindo a Varela explorar para pasto e extração de madeiras para seu engenho. Varela ficou assim, aos poucos, dono de todas as terras que iam do Humaitá ao Leblon. A e xtensão de suas posses abrangiam 1700 braças de testada e 4.500.000 braças de área, que englobava a atual Lagoa Rodrigo de Freitas. Os terrenos pagavam foro de 6$400 réis ao “Senado da Câmara”. Esse latifundiário criava gado nessas praias, onde suas vacas pastavam entre cajueiros, ananases e pitangueiras. Em 1702, a herdeira de Varela, sua bisneta, Da. Petronilha Fagundes (1671- 1717), era uma solteirona de trinta e um anos, numa época em que as mulheres casavam com doze, ou até menos idade. Petronilha casou-se com um jovem oficial de 1PDFCreator
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  • 2. cavalaria, Rodrigo de Freitas de Carvalho (1686-1748), natural de Suariba, Freguesia de Sam Payo de Visella, Têrmo da Vila de Guimarães. Ele com dezesseis anos. Alguns anos depois, em 1717, Rodrigo de Freitas, já viúvo, voltou para Portugal, onde passou a residir em sua quinta de Suariba. Lá morreu viúvo em 1748. Sua enorme fazenda, que englobava a Lagoa que lhe acabou por herdar o nome (e, igualmente, eternizar na topografia carioca o “golpista do baú” mais bem sucedido em nossa cidade...), será arrendada a particulares, ficando decadente até princípios do século XIX. Nada existia edificado. Ainda em 1645, o Governador Duarte Corrêa Vasqueanes proibira aos pescadores que edificassem suas casas na praia, com medo de um desembarque holandês para tomar o Rio de Janeiro. Em 1808 o Príncipe D. João manda desapropriar o engenho da Lagoa por decreto de 13 de junho, com o fito de alí instalar uma fábrica de pólvora, aproveitando-se os terrenos circundantes para neles criar o Real Horto Botânico, origem do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ele visitou essas terras em janeiro de 1809, sendo mal recebido pelos escravos e feitor do engenho, que abaixaram as calças à sua passagem. D. João ordenou depois a prisão dos escravos e a perda de todas as mercês e benesses ao feitor e proprietários daqueles chãos. Era herdeira daquelas terras Da. Maria Leonor de Freitas Mello e Castro (1773- 183?), filha de Rodrigo de Freitas Mello e Castro (1740-1803), e bisneta do primeiro Rodrigo de Freitas. Procedeu-se a avaliação da propriedade e a indenização. Julgada a adjudicação por sentença de 30 de janeiro de 1810, foi estipulada a quantia, sendo as terras incorporadas aos próprios nacionais, com as formalidades da lei de 28 de setembro de 1835. Da. Maria Leonor recebeu por estas terras R$: 42:193$430 contos de réis, pagos após a Independência em 1826. Os terrenos de marinha, que não interessavam aos propósitos do Jardim Botânico, foram repassados. FAZENDA DE COPACABANA (IPANEMA) Toda a orla marítima da zona sul, possuía então o nome de “Fazenda de Copacabana”, e foi adquirida em 1808 por Da. Aldonsa da Silva Rosa, uma chacareira. Da. Aldonsa não ficou muito tempo com ela, tendo-a revendido em 1810 ao português Manoel dos Santos Passos, que, ao morrer, legou em testamento para seu sobrinho Antônio da Costa Passos, ficando com elas até 1819. Antônio, assim como seu tio, legou as terras em testamento para seu filho, João da Costa Passos. João era, em 1827, administrador da Capela de Nossa Senhora de Copacabana, na Ponta da “Igrejinha”, erguida antes de 1746 (provavelmente em 1732) e depois demolida. João não ficou, entretanto, muito tempo com suas terras de Ipanema, vendendo-as em 1820 para Inácio da Silva Melo. Inácio, ao morrer em 1843, deixou tudo para dois sobrinhos, Francisco da Silva Melo e Francisco Nascimento de Almeida Gonzaga e eles logo depois venderam tudo em 1844 para Bernardino José Ribeiro. Ano seguinte, Bernardino vende tudo ao empresário francês Carlos Leblon (ele assinava assim, Carlos, e não Charles, como muitos afirmam) o qual instalou no final da praia sua fazenda e empresa de pesca de baleias, a “Aliança”. O negócio ia bem, pois das baleias “espermacetes” do gênero “cachalote”, abundantes em nossos mares, extraía-se o famoso óleo, que era usado não só como “concreto” em nossa construção civil, muito estimulada pelo crescimento da cidade no Segundo Império, como igualmente servia como combustível para iluminação, atividade incrementada por D. Pedro II, que mandou ampliar a iluminação pública das ruas do Rio por lampiões de óleo de baleia, principalmente depois de sua ascensão ao trono em 1841. 
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  • 3. A pesca fazia-se não só de barcas baleeiras, apelidadas de “Alabamas” por provirem tais naves deste estado americano, como também do alto das pedras da praia, que por este motivo apelidou-se “Arpoador” (lá pelos idos de 1964, eu mesmo cheguei a ver baleias perto do Arpoador). Em 1851, Irineu Evangelista de Souza, Barão e depois Visconde de Mauá (1813- 1889), iniciou as obras para poder proceder à iluminação à gaz no Rio de Janeiro, com os primeiros postes na rua Direita, atual Primeiro de Março. Em 25 de março de 1854 foi inaugurado este serviço, atingindo outros bairros além do Centro. Com isso, caiu o negócio da pesca de baleias no Rio, tendo Carlos Leblon vendido suas terras da “Fazenda Copacabana” em 1857 ao tabelião e empresário Francisco José Fialho (1820?-1885), que adquiriu a parte que ia da atual rua Barão de Ipanema, em Copacabana, até o pico dos Dois Irmãos. Fialho, envolvido em vários negócios (dentre eles a restauração do “Passeio Público”), vendeu suas terras em 1878, divididas em dois grandes lotes. A área do lote um, correspondendo ao atual bairro do Leblon foi retalhada em três grandes chácaras, vendidas a particulares, um deles o português José de Guimarães Seixas, famoso por manter um quilombo em sua chácara no “Morro Dois Irmãos”, onde hoje está o Clube Federal. O lote dois, que era o maior, e ia desde a atual Rua Barão de Ipanema ao que é hoje o Canal do Jardim de Alah, abrangendo desde o atual posto V em Copacabana até toda Ipanema, foi adquirida pelo fazendeiro e Comendador José Antônio Moreira Filho, carioca, 2o. Barão com Grandeza de Ipanema (1830-1899). Empreendedor, José Antônio logo pensou em criar alí um novo bairro, que batizou de “Vila Ipanema”, em homenagem a seu pai, o 1o. Barão e Conde de Ipanema, José Antônio Moreira (1797-1879), que era paulista. Vale aqui ressaltar que até então a praia era conhecida desde o século XVIII como “Copacabana”, ou “Praia Grande de Fora”, sendo o nome indígena “Ipanema” (literalmente “água ruim”, em tupi), tirado de uma das propriedades do Conde em Minas Gerais. Em 1878 todo o local era a morada predileta dos socós, preás e tatus; abundavam cajueiros, pitangueiras, araçazeiros e ananases. Era tudo um imenso areal, com pobres choupanas de pescadores. As restingas do Leblon e de Ipanema eram desertas, pois não havia água potável. Um par de casas com a indicação de ser a chácara de Paulino Antônio Andrade, dado como sendo talvez o primeiro morador do bairro. Um levantamento de 1879 atestava que existiam na “Praia Grande da Restinga” apenas sete casas, das quais só uma era de construção perene. Nesse mesmo ano, sua vizinha, a restinga do Leblon, já era mais animada: existiam 49 casas residenciais (duas de sobrado) na rua do “Sapê” (atual Dias Ferreira), rua do “Pau” (atual Conde de Bernadotte) e “Praia do Pinto”. Verdade seja dita, a Praia do Leblon propriamente dita era deserta. No mesmo ano Copacabana contava 58 residências, sendo uma de sobrado. Um dos motivos da baixa procura da “Praia da Restinga” para moradia eram as freqüentes enchentes provocadas pelas chuvas na Lagoa Rodrigo de Freitas, que, só possuindo um vazadouro para o oceano, alagava os terrenos circundantes, destruindo as casas. Para resolver esse problema, apresentou o Barão de Ipanema um plano ao Govêrno Imperial para o saneamento da Lagoa. Pretendia o Barão captar as águas da Lagoa por enorme cano com um metro de diâmetro e conduzi-las por duto até a altura de Copacabana, onde desaguariam no Atlântico. O plano não foi adiante e é bem difícil que resolvesse alguma coisa, pois para dal deságüe precisar-se-ía de duto muito maior. Só em 1920 foram realizados os canais que resolveram o problema. 
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  • 4. Os limites do futuroso bairro, à época eram: a “Praia Grande”, cortada de ponta a ponta em 1893 por um “boulevard”, origem da avenida Vieira Souto; o “Morro da Caieira”, depois rebatizado para “Cantagalo”; parte das areias de Copacabana; a “Praia de Fora”, hoje Praia de Ipanema; o bolsão entre Leblon e Ipanema, hoje canal do “Jardim de Alah”, que era o canal natural de descarga da Lagoa; a “Ponta do Pau Comprido”, hoje ilha do “Clube dos Caiçaras”; e a “Praia Saneada”, hoje é a av. Epitácio Pessôa. Existia apenas meia dúzia de simples trilhas por todo o areal, usadas pelos pescadores, trilhas essas que cortavam até a Praia de Fora. As principais vinham de onde hoje está a rua Aníbal de Mendonça (ex-rua Dário Silva, ex-rua Jangadeiros, reconhecida em 1922) até a rua Prudente de Morais (sempre teve essa denominação, reconhecida em 1917); da atual rua Garcia D`Ávila (ex-rua Pedro Silva, reconhecida em 1922) até a Barão da Torre (ex-rua 28 de agosto, reconhecida em 1917) e Praça General Osório (ex-praça Ferreira Viana, ex-praça Floriano Peixoto, reconhecida em 1922). Desta prossegue por caminhos onde hoje estão as ruas Saint-Romain e Francisco Sá, derivando por uma picada até a “Pedra do Arpoador”. Outras picadas davam em um descampado, onde hoje é a Praça N. Sra. da Paz (antiga Praça Coronel Henrique Valadares e Praça Souza Ferreira, reconhecida em 1917). No ano de 1888 surgia a primeira rua com nome, a “Rua 20 de Novembro”, atual Visconde de Pirajá, batizada em homenagem às datas do aniversário e casamento da Baronesa de Ipanema, Da. Luiza Rudge, nascida a 20 de novembro de 1838, e casada nessa mesma data vinte anos depois. A Baronesa faleceu em 1891, sem ver o bairro desenvolver-se. Deixou cinco filhos: Luísa de Ipanema Moreira, José Jorge Moreira, Sofia Emília Moreira, Laurinda de Ipanema e Carlos de Ipanema. Quanto à “Rua 20 de Novembro”, o caminho primitivo já existia desde 1809. Era a rua interna da “Fazenda Copacabana”. A empresa de urbanização do novo bairro foi formada em 1883 pelo Barão (titulado de “Ipanema” por decreto de 13 de março de 1885, ampliado para “Com Honras e Grandeza”, por decreto de 05 de julho de 1888) e por seu sócio, o Coronel Antônio José Silva (que não tinha título algum). Projetou as ruas o engenheiro da prefeitura e economista Luís Raphael Vieira Souto (1849-1922), que acabou sendo homenageado dando seu nome à via que margeava a praia. Antes teve o nome de av. “Meridional”. A av. foi duplicada em 1915/1916, quando ganhou arborização central. Na obra, trabalharam mendigos e desocupados recolhidos pela Prefeitura das ruas. Só tomou a denominação atual em 1917. Na época, não era a via mais importante. Não se poderia reconstituir a história de Ipanema sem antes falar dos meios de transportes urbanos que tornaram possível a ocupação de tão longínquo arrabalde. E quando se fala em transportes urbanos que possibilitassem tal proeza em fins do Império, está se falando de bondes. BONDES PARA IPANEMA A 27 de abril de 1893, o Prefeito Dr. Cândido Barata Ribeiro (1847-1910) fez uma excursão de inspeção à Copacabana, Leme e Ipanema. Como não estavam prontas as últimas duas linhas, o Prefeito saltou na estação de Copacabana, fazendo o resto do percurso à cavalo. Chegando à “Igrejinha” (era a Igreja de Nossa Sra. de Copacabana, fundada antes de 1746 e demolida em 1918. Hoje lá existe o “Campo de Marte” do “Forte de Copacabana”), embarcou o prefeito num bonde provisório alí assentado pelo Coronel José Silva, sócio do Barão, percorrendo então as obras de arruamento pelo Arpoador. Curiosamente, o Coronel Silva mantinha uma atividade paralela de “peixeiro”, tendo solicitado permissão, em maio de 1893 ao Gerente Coelho Cintra, para atrelar um reboque com carregamento de peixes aos bondes da “Companhia Jardim Botânico”, com 4PDF Creator
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  • 5. o fito de vendê-los na cidade. Desde 1869 era arrendatário por nove anos do “Mercado do Largo do Paço”, erguido em 1842 onde hoje está o prédio da “Bolsa de Valores”. O Coronel era também, desde 1896, Provedor da “Capela de Nossa Senhora de Copacabana”, sendo Vice-Provedor o médico João Ribeiro de Almeida, Barão Ribeiro de Almeida (1827-1908), Presidente da “Companhia Jardim Botânico”, ficando como Mesário o Barão de Ipanema. A permissão do transporte foi concedida e os “bondes peixeiros” rodaram por algum tempo, no que não deve ter agradado muito aos usuários. Uma prova disso é que em junho de 1899, o “Conselho Municipal” tentou proibir por lei os “bondes peixeiros”, mas o prefeito vetou a medida. A 19 de janeiro de 1894, o Presidente da “Companhia Jardim Botânico”, engenheiro Malvino da Silva Reis (1830?-1896), que igualmente era vereador e Coronel da Guarda Nacional, assina um contrato com o engenheiro Prefeito Coronel Henrique Valladares, piauiense, visando levar as linhas de bondes para o Leme e “Igrejinha”(atual Posto VI). Quatro meses de frenéticas obras tornaram-na uma realidade. INAUGURAÇÃO DE IPANEMA A “Vila Ipanema” foi inaugurada a 15 de abril de 1894 pelo Prefeito Henrique Valladares, amigo do Barão e do Coronel Silva, que no mesmo dia estava também inaugurando a ampliação das linhas de bonde da empresa de “Ferro Carril do Jardim Botânico”, da Praça Malvino Reis(atual Serzedelo Correia), até a ponta da “Igrejinha”, próximo à rua Francisco Otaviano. A e xcursão oficial percorreu toda a linha de bondes, do Centro à Copacabana, indo primeiro ao Leme, depois à “Igrejinha”. Ao chegar neste ponto, houve a cerimônia oficial de inauguração e um banquete, tendo o Prefeito percorrido Ipanema por uma linha provisória de bondes puxados à burro por trilhos de madeira, que iam até o final do Arpoador, onde a “Sociedade Copacabana Sport” havia adquirido terras para alí erguer um grande estabelecimento de banhos. A iniciativa dessa linha provisória foi do Coronel Antônio José Silva, que foi estendendo os trilhos conforme os lotes eram vendidos. Esta primitiva linha de bondes sobreviveu até 1903. Apesar da festa de inauguração ter sido no dia 15, só no dia 26 de abril de 1894 é que foi assinada por todos a ata de fundação definitiva do bairro “Villa Ipanema”. Em virtude disso, até hoje Ipanema comemora seu natalício em 26 de abril, e não a 15, como seria o lógico. Vale ressaltar que o então Presidente da “Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico”, Dr. Alfredo Camilo de Valdetaro, havia pedido em fevereiro sua demissão, por achar o empreendimento de levar as linhas de bonde a terras tão distantes um fiasco. Não fosse a prévia assinatura por seu antecessor, o Coronel Malvino da Silva Reis, de um contrato entre a “Companhia” e a Prefeitura para extensão da linha, tão cedo o bonde não chegaria à Ipanema. Na mesma época, a “Companhia Jardim Botânico” começou a promover o novo arrabalde, e colocou um cartaz em suas estações, dizendo o seguinte: “Bondes em quantidade para as Praias do Leme e Ipanema. O luar é encantador, sendo as noites muito frescas, graças aos ares do alto mar”. Como se percebe, possuía a “Companhia” muito interêsse na prosperidade dos novos arrabaldes. Já em 1896, o “Conselho Municipal” cogitava de outra linha para o Leblon, haja vista o sucesso da concessão anterior. Do têrmo de fundação consta a abertura de dezenove ruas e duas praças. Os critérios para escolha dos nomes dos logradouros foram os seguintes: 1o. homenagear parentes e datas alusivas à família do Barão; 2o. homenagear parentes e amigos do Coronel; 3o. homenagear personalidades e políticos envolvidos com a empresa. 5PDF Creator
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  • 6. A prefeitura reconheceu essas ruas em 1917, mas mudou o nome de algumas. Logo depois, em 1922, o Prefeito Carlos Sampaio (1920-1922) mudou o nome de outras para homenagear vários heróis da “Independência do Brasil”, particularmente da Bahia. A 27 de agôsto de 1901 a Companhia Jardim Botânico assinou outro contrato com o engenheiro Prefeito João Felipe Pereira, cearense, comprometendo-se a levar os bondes até a Vila Ipanema, conquanto a “Companhia Urbanizadora” se comprometesse a abrir as ruas. No dia seguinte, foi inaugurado mais um trecho da linha da “Igrejinha”, chegando os bondes até a altura da atual rua Bulhões de Carvalho, antiga rua “Divisa”. Em 1898 o Prefeito Luiz Van Erven, engenheiro e acionista da “Jardim Botânico”, isentou de qualquer imposto as construções do novo bairro, benefício que foi ampliado em 1902 para dez anos. Em 1905 o Prefeito Francisco Pereira Passos (1836-1913) voltou atrás e revogou tal decreto, submetendo Ipanema aos mesmos impostos de outros bairros da zona sul. Com a revogação de tal benefício, foi no ano de 1905 constituída uma empresa de urbanização para continuar os trabalhos do Barão de Ipanema e do Coronel Silva, que haviam falecido. Era dirigida por Raul Kennedy de Lemos e Octávio da Rocha Miranda (1884-1954). Raul Kennedy foi um dos maiores “grileiros” do Rio de Janeiro, tendo, durante muitos anos, demandado na justiça contra Otto Simon pela posse das terras de Copacabana, do Lido até a rua Paula Freitas. RESUMO HISTÓRICO DAS RUAS DE IPANEMA No ano de 1894, um relatório do engenheiro Malvino Reis informava existir no bairro uma ou outra casa boa de moradia, sendo as demais choupanas de pescadores, ou seja, pouco mudara desde as sete casinhas recenseadas em 1879. Já em 1902 existiam cinqüenta casas próximas ao Arpoador, com, aproximadamente, quinhentos moradores. Em 1906 já residiam em Ipanema 1.006 moradores, em 118 residências. Quatro anos depois, em 1910, eram 175 residências. No ano de 1920, o excelente recenseamento geral realizado pelo Governo Epitácio Pessôa acusou as seguintes construções: Av. Vieira Souto possuía 45 edificações, sendo 10 térreas, 32 sobrados, três em construção. Dos prédios da Vieira Souto, todos eram residenciais exceto dois: um era uma repartição municipal e o outro um clube, o “Country”. No ano de 1922 surgiria nela o “Colégio São Paulo”. Na Prudente de Morais, assim batizada em 1917,homenageando ao primeiro Presidente Civil da República(1894-1898), o paulista Prudente José de Morais e Barro(1841/1902); existiam 51 edificações, sendo 15 térreas e 33 sobrados, mais três em construção. Todas eram residenciais. Na Vinte de Novembro, reconhecida em 1917, rebatizada em 1922 para Visconde de Pirajá, em homenagem ao baiano, Coronel Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, 1o. Visconde com Grandeza de Pirajá(1788-1848), o qual, de quebra, era irmão do Visconde da Tôrre e do Barão de Jaguaripe; existiam 94 edificações, sendo 43 térreas e 46 sobrados, mais cinco em construção. Todos eram residenciais exceto sete, eram casas de negócios (Bar Vinte, Padaria Ipanema, etc.) e uma agência dos correios. Na 28 de Agôsto, data do aniversário do Barão de Ipanema, mudou de nome em 1922 para Barão da Tôrre, em homenagem ao baiano, Coronel Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, último senhor e administrador da Casa da Tôrre de Garcia D`Ávila, na Bahia, e que, em verdade, foi Barão e Visconde com Grandeza de Garcia D`Ávila(1774-1852); existiam noventa edificações, sendo 72 térreas e seis sobrados, mais duas em construção. Todas residenciais menos quatro. Uma escola, duas casas de negócios e um “centro espírita”, no 85. 
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  • 7. Na Nascimento Silva, em homenagem ao engenheiro da antiga Prefeitura, Dr. Carlos Augusto Nascimento Silva, 1o. Diretor da Diretoria de Engenharia na República e Diretor da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico; só existiam dezenove edificações térreas residenciais. Na Alberto de Campos, reconhecida em 1917, sempre teve esse nome, que foi de um genro do Barão de Ipanema; só três edificações térreas residenciais. Na 16 de Novembro, que mudou de nome em 1922 para Jangadeiros, em homenagem a um grupo de pescadores do nordeste que fez um raid de jangada pela costa brasileira, do Ceará ao Rio de Janeiro; cinco edificações, sendo uma térrea, três sobrados e um prédio não residencial. Na Farme de Amoedo, batizada assim em 1917, homenageando o médico da antiga Prefeitura; eram 51 edificações, sendo 49 térreas e dois sobrados. Destes, um era casa de negócios e outro era não residencial. Na Montenegro, homenagem a um dos genros do Barão, Manuel Pinto de Miranda Montenegro, casado com sua filha Sofia Moreira. Desde 1983 rebatizaram-na a rua para Vinícius de Moraes; eram só seis casas, sendo quatro térreas, um sobrado e um em construção, todos residenciais. Na Oscar Silva, que era o nome de um dos filhos do Coronel Antônio José Silva, mudou em 1922 para Joana Angélica, freira baiana, mártir e heroína na luta pela Independência na Bahia(1761/1822); eram cinco casas, sendo duas térreas e três sobrados, todos residenciais. Na Otávio Silva, outro filho do Coronel, mudou de nome em 1922 para Maria Quitéria, a “mulher soldado do Brasil” baiana, outra heroína nas lutas na Bahia(1792- 1835); não existia construção alguma. Na Pedro Silva, mais um filho do Coronel, mudou em 1922 para Garcia D`Ávila, em homenagem ao desbravador da Bahia Colonial, Senhor da Casa da Tôrre, D. Luís de Brito de Almeida de Garcia de Ávila(1520?-1609); só existia uma casa em construção. Na Dário Silva, idem, idem, hoje batizada em homenagem ao Almirante Aníbal de Mendonça, herói do Tenentismo; eram sete edificações, sendo duas térreas, quatro sobrados e uma em construção. Na Henrique Dumont, sempre teve esse nome, dado em 1919, em memória do engenheiro Henrique Dumont(1832-1892), pai de Alberto Santos Dumont (1871-1932), inventor do avião; nada havia sido erguido. Pudera, era o limite do bairro, dando direto para o canal da Lagoa Rodrigo de Freitas, ainda sujeito a inundações. As ruas posteriores só surgiriam depois de 1938. Na Teixeira de Melo, homenageando o escritor e educador José Alexandre Teixeira de Melo (1833-1907), Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Membro da Academia Brasileira de Letras; eram 28 edificações residenciais, sendo quinze térreas e doze sobrados, e uma em construção. Na Gomes Carneiro, batizada em homenagem ao General Antônio Ernesto Gomes Carneiro (1846-1894), herói do “Cerco da Lapa”; eram 13 edificações residenciais, sendo cinco térreas, sete sobrados e uma em construção. Na Praia do Arpoador, existiam 18 construções residenciais. Essa também mudou de nome em 1921 para Francisco Bhering, engenheiro e professor da “Escola Politécnica”, e pioneiro da radiotelegrafia no Brasil. As praças não possuíam numeração própria. Todas as outras ruas surgiram entre 1922 e 1948. 
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  • 8. A Barão de Jaguaripe, antiga rua 31, surgiu em 1921/1922. Era uma homenagem a Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, Barão de Jaguaripe (1787-1856). A Redentor, antiga rua 30, aberta em 1921/1922, foi rebatizada em 1928 em homenagem ao Cristo Redentor. A Almirante Sadock de Sá, antiga rua 32, aberta em 1921/1922, foi rebatizada em 1933 homenageando ao herói do Tenentismo. A Antônio Parreiras, aberta em 1948, batizada em homenagem ao pintor paisagista niteroiense Antônio Diogo da Silva Parreiras (1860-1937). A Gorceix, aberta em 1933, batizada em homenagem a Henry Gorceix, engenheiro fundador da Escola de Minas. A Paul Redfern, aberta em 1928, homenageando o aviador americano falecido em 1927 de acidente aéreo na costa do Brasil. A a v. Epitácio Pessoa, assim batizada em homenagem ao paraibano, Presidente Epitácio da Silva Pessôa (1865-1942); no trecho de Ipanema, teve de 1919 a 1922 o nome de av. Ipanema. Os morros não eram habitados. Quanto ao Leblon, existiam em 1920 apenas 195 prédios, sendo uma casa de negócios e quatro pensões. As casas se subdividiam pela Dias Ferreira (108), rua do “Pau”(29), “Praia do Pinto”(54) e “Pedra do Baiano”(4). A restinga do Leblon, sua orla e praia, estavam desertas como no século anterior. Tudo isso totalizavam mais de 433 edificações em todo o bairro de Ipanema, (não incluindo aqui as tais 195 do Leblon) sendo onze casas de negócio, um clube, uma repartição federal (correio), uma municipal, uma escola particular e duas construções diversas não residenciais (uma era a estação dos bondes). A população beirava os 4.000 moradores. A Firma Kennedy/Miranda fechou as portas em 1927. Não existiam mais terrenos disponíveis. Em princípio, a via mais procurada era a “Rua 20” e suas vizinhas, no trecho mais próximo ao Arpoador, haja vista que a água potável só chegava por canos vindos do “Posto VI”. BONDES ELÉTRICOS EM IPANEMA Prefeito Joaquim Xavier da Silveira mandou instalar a luz elétrica no bairro em 1901, sendo oficialmente inaugurada em 20 de janeiro de 1902, quando ainda se contavam suas casas nos dedos das mãos. A lu z ainda era fornecida pela “Societé Anonimé du Gaz”, cuja concessão era privilegiada. A “Light” só começaria a funcionar em 1907, quando inaugurou sua represa em “Ribeirão das Lages”. Só então começou a existir iluminação domiciliar, antes impossível. Com luz elétrica no bairro, mesmo precária, pôde a “Companhia Jardim Botânico” estender sua linha de bondes elétricos até Ipanema em 1902, sendo o serviço inaugurado oficialmente pelo Prefeito Pereira Passos a 14 de junho de 1903 (naquela época, instalava-se o serviço primeiro, deixava-se funcionar por algum tempo, e aí sim depois inaugurava-se oficialmente). A solenidade de inauguração da tração elétrica nos bondes foi muito concorrida, participando da mesma importantes personalidades. Dentre elas, merece destaque o Sr. Joaquim José Moreira Filho, representando seu irmão, o finado Barão de Ipanema. Os bondes percorriam os doze quilômetros desde o Largo da Carioca até Ipanema em 80 minutos, com ponto final na “Praça Marechal Floriano Peixoto”(hoje General Osório), sendo que em 1903, foi a Praça oficialmente inaugurada pelo Prefeito Passos. Ele mesmo inaugurou a nova estação, na esquina da “Rua 20” com a praça (vale aqui o que já foi dito anteriormente. A dita estação já funcionava desde 02 de 8PDF Creator
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  • 9. junho de 1902, mas só foi oficialmente inaugurada ano seguinte). Essa estação foi abaixo nos anos 60, sendo a construção antiga substituída por um prédio residencial moderno projetado por Oscar Niemeyer (n.1907). Ressalte-se que no mesmo dia era inaugurada a eletrificação do ramal do Leme. O Prefeito passos foi saudado por festas e muitos fogos de artifício e até explosivos de dinamite. Logo após as festas, sapecou uma multa de 50$000 na “Firma Kennedy/Miranda”, pois pouco antes editara postura proibindo fogos de artifício na cidade. Aparte a “gafe”, a inauguração foi um sucesso. Esta “Praça Marechal Floriano Peixoto”, surgida em 1894, e que era mais importante do bairro de Ipanema, foi aterrada em 1905 com atêrro do Morro do Castelo e das demolições no Centro resultantes da abertura da Av. Central. Recebeu em 1914 seu monumento mais antigo até hoje. O velho “Chafariz das Saracuras”, erguido por Mestre Valentim da Fonseca e Silva(1745-1813) em 1791 no pátio interno do Convento da Ajuda, no Centro, e dalí removido quando da demolição do dito convento em outubro de 1911. Esse chafariz andou um pouco. Em 1911 foi colocado na “Praça Malvino Reis” e, três anos depois, levado para Ipanema. No mesmo ano de 1914, a “Companhia Jardim Botânico” estendeu a linha de bondes até o “Bar 20”, no final de Ipanema, quando a rua ainda se chamava “20 de Novembro”. A “virada do bonde” era na “Praça 20 de Novembro”, hoje rebatizada para “Alcazar de Toledo (sic!)”. Em 1938 prolongaram a Visconde de Pirajá, que por meio de ponte passou a cruzar o canal da Lagoa, conduzindo os bondes ao Leblon sem precisar fazer o contorno pela praia. Já o tal “Bar 20”, era na atual Visconde de Pirajá, quase esquina de rua Henrique Dumont. Fundado em 1903, durou até meados de 1950. Em 02 de dezembro de 1913 a “Companhia Jardim Botânico” obteve permissão da Prefeitura para estender suas linhas de bonde de Ipanema por Leblon e Gávea, mas a obra demorou muito. Como já foi dito, só ano seguinte a linha atingiu os limites do bairro. Em 1918 chegou ao Leblon, que ainda não possuía prédios na praia e muito depois à Gávea. Com isso a Delfim Moreira começa a ser valorizada. Em 1912 faziam a linha de Ipanema 45 bondes, durando o percurso 47 minutos desde o Centro. Os intervalos entre os veículos era de 10 minutos e, por dia, corriam 235 viagens. Em 1916 usavam-se 49 bondes, levando o percurso do Centro à Ipanema 56 minutos. O intervalo de tempo entre as composições ainda era de 10 minutos, e o número de viagens ainda era 235 por dia. Para estimular a ocupação do bairro, a Prefeitura fez um acordo em 1916 com a “Companhia Jardim Botânico” para baixar o preço das passagens. Como já foi dito atrás, até 1918 Ipanema era bairro final de linha. O bonde vinha de Copacabana pela Francisco Otaviano, ia até a praia de Ipanema e entrava na Teixeira de Melo, onde na esquina com rua Visconde de Pirajá ficava a estação. Em 1914 o bonde passou a correr toda a Visconde de Pirajá, até a altura de Henrique Dumont, onde fazia a volta. Somente em 1918 seria construída uma ponte de concreto sobre o canal da Lagoa Rodrigo de Freitas, ligando a Vieira Souto à Av. Delfim Moreira, aberta também em 1918, mas só inaugurada ano seguinte pelo Prefeito Paulo de Frontin(1860-1933). Então o bonde passou a descer pela Henrique Dumont até a praia, aí pegava a nova ponte sobre o canal e entrava na Delfim Moreira (ainda sem construções). Lá entrava pela Afrânio de Mello Franco (idem) e dobrava na Ataulfo de Paiva(idem), por ela percorrendo todo o Leblon. 
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  • 10. Em 1920/22 essa ponte seria melhorada pelo Prefeito Carlos Sampaio, com projeto do engenheiro Francisco Saturnino de Brito (1864-1929) cujo filho, o também engenheiro Fernando Saturnino de Brito (1914-196?) era morador da Barão da Tôrre, 698; e, até 1938, foi a única ligação de Ipanema com Leblon. Quando era dia de ressaca, o Leblon ficava isolado. O dito bairro do Leblon só surgiria em princípios dos anos vinte, por intermédio da “Empresa Industrial da Gávea”, dos engenheiros Adolfo José Del Vecchio, José Ludolf e Miguel Braga. Só à partir de 1918 ganhou bondes e benefícios urbanos e pôde então sediar belas casas na praia. Diga-se a verdade, o Engenheiro Del Vecchio era o grande “remendão” das praias da zona sul, haja vista que ele reconstruiu as avenidas Atlântica, Vieira Souto e Delfim Moreira, após as três grandes ressacas que destruíram-nas em 1918, 1921 e 1923. No ano de 1931, apenas doze bondes faziam a linha de Ipanema. Apesar de serem menos veículos, eram mais eficientes, pois o número de viagens/dia continuou sendo 235, o tempo entre as composições continuou a ser dez minutos, e o número de passageiros aumentou, já que os novos bondes eram maiores e mais rápidos. Nos anos 30, a “Light” fez uma casa de força para o serviço dos bondes elétricos, na Teixeira de Melo, 57. Graças à isso, em 1938, fez-se a conexão da linha dos bondes elétricos do Leblon com os da Gávea. Eram então quatro linhas de bondes passando pelo bairro. À partir de 1909, foi arrendada por contrato parte da “Companhia Ferro Carril Jardim Botânico” à “Light”, entretanto, continuou como companhia independente até 1946, quando foi incorporada definitivamente e passou a pertencer à “Light”. Depois da 2a. Guerra, em 1950, desinteressou-se a “Light” pelos bondes, já que a legislação da época dificultava a importação de peças. Ao mesmo tempo, a “Light” estava investindo em ônibus à diesel, considerado o transporte coletivo mais eficiente naquele momento. Com a criação do “Estado da Guanabara” em 1960, iniciou o governo estadual guerra à “Light”, pois era objetivo político a “estadualização” dos transportes coletivos. Em 1962 o Governador Carlos Lacerda (1914-1976) extinguiu os bondes de Ipanema, tomando os motorneiros “porre” de despedida no “Bar Zeppelim”. ÔNIBUS PARA A ZONA SUL A primeira linha de ônibus para a Zona Sul da cidade surgiu em 1908, por iniciativa de Octávio da Rocha Miranda, com ônibus saindo do Centro para a Urca. Sua intenção era levar uma linha para Ipanema, mas a “Companhia Jardim Botânico” fez muita oposição. Só depois que a “Light” encampou a Companhia em 1916 é que surgiram as primeiras linhas de ônibus para Copacabana. A linha de ônibus para Ipanema surgiu em 1923, ligando o Centro à Ipanema e Leblon. A iniciativa coube ao português Manoel Lopes Ferreira (1873-1931), que criou uma companhia para tal finalidade. Posteriormente, a própria “Light” criaria sua empresa de ônibus, a “Excelsior”, com várias linhas para Copacabana, Ipanema e Leblon. Durante a Segunda Guerra Mundial, a crise de combustíveis fez com que diminuísse muito o número de ônibus em circulação, deixando o maior encargo dos transportes para os bondes, que não davam conta do recado. Em conseqüência disso, surgiram os “lotações”, veículos “piratas” que transportavam passageiros. O mais famoso, e que fazia a linha de Ipanema foi o célere “Lagosta”, que era um carro de passeio adaptado, expandido com outra carroceria para receber até doze passageiros. Era todo pintado de abóbora, daí o apelido. Eu ainda 10PDF Creator
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  • 11. cheguei a vê-lo, estacionado no Humaitá, em meados de 1960, ainda com a cor original. Funcionava então como veículo turístico. Foi o antepassado das nossas “vans”. PRIMEIROS MORADORES DE IPANEMA Foram os primeiros moradores de Ipanema alguns dos homens mais importantes do Brasil naquela época. Um foi o Senador João Leopoldo de Modesto Leal, Conde de Modesto Leal pela Santa Sé (1860?-1936), e que tendo começado na vida como vendedor de sucatas, chegou a ser o homem mais rico da “República Velha”. Basta dizer que ele era o maior contribuinte do Imposto Predial da Capital da República, de 1902 a 1918. Era também Diretor da “Companhia Jardim Botânico” e grande acionista de outras empresas de bonde. Foi um dos fundadores do “Clube de Engenharia” em 1884. Foi dos primeiros “aventureiros” de Ipanema. Além dessa morada, possuía imensa chácara de veraneio em Paquetá, na “Praia Grossa”, comprada em 1930 de Henrique Lage, bem como trinta fazendas de café no “Vale do Paraíba”. Dizia-se que podia ir do Rio às Minas Gerais só percorrendo suas terras. Depois mudou-se para Laranjeiras, onde até hoje existe seu imenso palacete. Outro foi o banqueiro e Comendador José de Chaves Faria (1848-1915), que gostava de praia, pois foi também o primeiro morador do bairro do Leme. Chaves Faria era igualmente grande acionista da “Companhia Jardim Botânico”, e vereador, conseguindo que a Câmara aprovasse rapidamente o projeto de loteamento da “Villa Ipanema”. Não é de hoje que vereadores legislam em causa própria...; Também montaram casa em Ipanema a Família Barreiros Vianna; a família do advogado e Senador Antônio Ferreira Vianna (1840?-1903), que foi Presidente da Câmara de Vereadores em 1869/73, e Ministro da Justiça em 1888/89, e do Império em 1889. Ferreira Viana foi de 1896 a 1903 advogado da “Companhia Jardim Botânico”. Outro pioneiro foi o médico oftalmologista Dr. José Cardoso de Moura Brasil(1845-1928), grande benfeitor do “Liceu de Artes e Ofícios” e pioneiro da oftalmologia no Brasil. Um dos mais lindos palacetes ecléticos da “rua 20” era o do Sr. Antônio Van Erven, vulgo “Libra Esterlina”, projetado pelo arquiteto espanhol Adolfo Morales de Los Rios. Um irmão de Antônio, Luís Van Erven, era “Diretor Geral de Obras e Viação da Prefeitura”, Prefeito do Rio de Janeiro em 1898 e Diretor do “Clube de Engenharia”, e um de seus fundadores em 1884. Ele muito facilitou a edificação de novos prédios em Ipanema. Contudo, foi o Cônsul Geral da Suécia, Dr. Johan Edward Jansson quem ergueu em 1904 a mais pitoresca residência no Arpoador, batizada de “Castelinho”, que ficava na esquina de Vieira Souto com Rainha Elizabeth, onde existia a famosa casa que era, efetivamente, um castelo neo-mourisco com sua famosa torre panorâmica. Anos depois o castelinho foi vendido à Família Catão, sendo tal a permanência desse nome, que em 1966, muitos anos depois de demolida a residência dos Catão, perto dela surgiu o bar “Castelinho”, na Av. Vieira Souto no. 100, de grande fama e ponto de encontro da juventude, demolido em fins dos anos 70. AS PRIMEIRAS CASAS COMERCIAIS DE IPANEMA Ao lado, na confluência da Praia de Ipanema com Rainha Elizabeth, no quarteirão chamado “ferro de engomar”, surgiu o bar “Mau Cheiro”, freqüentado por motoristas de ônibus e motorneiros. Tinha esse nome porque os pescadores limpavam 11PDF Creator 
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  • 12. o peixe na porta. Tornou-se depois a boite “Barril 1800”, na Av. Vieira Souto no. 104, depois 110. Até 1896 só existiam algumas vendas em Copacabana. Nenhum açougue ou padaria existia em Copacabana e Ipanema, forçando os moradores a se abastecerem em Botafogo. Uma das casas comerciais pioneiras foi a “Padaria e Confeitaria Ipanema”, fundada em c.1896 na “rua 20”, depois Visconde de Pirajá, 325; e que chegou aos cem anos. Ao lado, no 321, surgiu anos depois famoso botequim, onde sempre corria uma saudável “porrada” entre os valentões da Zona Sul, origem depois do pacato restaurante “Chaika”, ainda no mesmo endereço. O Bar “Bofetada”, na rua Farme de Amoedo no. 87, considerado hoje um dos melhores do Rio, surgiu em 1934 com o nome de “Nova Lisboa”. Segundo a abalizada opinião do ipanemense, o Senador Arthur da Távola, nos anos 50 os melhores pastéis, empadas e sonhos de Ipanema eram os da “Confeitaria Pirajá”, fundada nos anos 30, e da “Padaria Brasil”, ambas na Visconde de Pirajá, respectivamente nos. 152-A e 162. Já a primeira casa noturna de Ipanema custou a aparecer, surgida nos idos de 1960. Foi a extinta Boite “Y-Panema”, que era na Garcia D`Ávila, 85. BANHOS DE MAR Em 1900/1910 ninguém de família ia à praia tomar banho, que era lugar de despejo, ou então local de tratamento de doentes por hidroterapia(o que seria hoje a hidroginástica). O hábito de banhos de mar só toma vulto por volta de 1910, por influência dos hábitos franceses congêneres na “Côte D`Azur”. Prefeitos os mais diversos tentaram nas décadas de 10 e 20 normalizar os banhos de mar, estabelecendo horários para os mesmos, tanto no inverno quanto no verão, com severas disposições quanto aos trajes, particularmente os femininos. A mais famosa legislação foi a do Prefeito Álvaro Al vim em 1917. O horário dos banhos era limitado. De 01 de abril a 30 de novembro era das 06:00h às 09:00h, e das 16:00 às 18:00. De 01 de dezembro a 31 de março, era das 05:00h às 08:00h, e das 17:00h às 19:00h. Nos domingos e feriados havia uma tolerância de 01:00h a mais. Era exigido dos banhistas um vestuário apropriado e necessária decência. Eram igualmente proibidos ruídos e vozerio. A multa por infringir tais posturas era de 20$000 réis ou 05 dias de prisão. Nada disso adiantou. A praia demoliu essas pretensões, firmando-se como território livre, característica que nem o Regime Militar conseguiu restringir. A praia era o território sem barreiras do Rio, onde não existiam diferenças sociais e todos andavam quase despidos. Nos anos 70, o banho de mar havia se tornado tal especialidade dos ipanemenses que, em 1970, surge nas praias de Ipanema a famosa “Tanga”, inspirada no vestuário sumário das índias brasileiras. As primeiras a usar foram as atrizes Leila Diniz e Tânia Scher, numa peça intitulada “Tem Banana na Banda”, estreada em janeiro no teatro “Poeira”. CLUBES E VIDA SOCIAL EM IPANEMA Se o banho de mar, de início não teve muita fama, Ipanema sempre possuiu vida social agitada. Em 1916, um grupo de ingleses e americanos, a maior parte deles funcionários da “Light” e da “Botanical Garden” fundaram na Prudente de Morais no. 1597 o “The Rio de Janeiro Country Club”, o mais fechado do Rio, no dizer de Ibrahim Sued. Aliás, o próprio Ibrahim foi barrado como sócio, bem como JK e uma nora de Roberto Marinho. 
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  • 13. Entretanto, o Príncipe de Gales, quando visitou o Rio de Janeiro em 1929, não deixou de conhecê-lo. E seu comportamento no clube não foi nada exemplar. O futuro Rei Eduardo VIII apaixonou-se de tal forma por uma senhora da sociedade brasileira, jovem e desquitada, que a convidou para acompanhá-lo à Inglaterra. A jovem se negou(era Da. Leda de Almeida, mãe do futuro colunista Jacinto de Thormes). Chateado, o príncipe tomou um “porre” majestático no “Country” e jogou-se, todo vestido, na piscina do clube. Seu segurança o rescaldou incólume. Anos depois, o já Rei Eduardo VIII renunciou ao trono para casar-se com a divorciada americana Lady Simpson, com quem vi veu seu grande amor até a morte. Somente em 1938 surgiria um segundo clube no bairro, o “Lagoa”, na Nascimento Silva. Nesse ano surgiu na Visconde de Pirajá, 172 o “Velo Sportivo Helênico”, dedicado ao ciclismo. Por sua vez, nas areias de Ipanema ocorreu o mais famoso duelo da belle époque, travado em 1903 pelo General e Senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado (1852-1915), contra o também gaúcho jornalista Edmundo Bittencourt (1866- 1943), dono do jornal “Correio da Manhã”, e que injuriara Pinheiro Machado em suas páginas. Venceu Pinheiro, tendo sido ferido o jornalista por um tiro de pistola, sem maior gravidade. Pinheiro, aliás, seria homenageado em 1931 com um grande monumento em bronze na Praça N. Sra. da Paz, obra do artista Hildegardo Leão Veloso (1899-1966). IGREJ A MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA PAZ - IPANEMA A Igreja de Nossa Senhora da Paz foi construída em 1918/21, com projeto do engenheiro e arquiteto Gastão da Cunha Bahiana (1874 -1959), em estilo neo-bizantino. A iniciativa partiu do vigário de Copacabana, Monsenhor Cônego Joaquim Soares de Oliveira Al vim, que obteve o dinheiro com a venda por oitenta contos de réis da Igreja de Nossa Senhora de Copacabana, no Promontório da Igrejinha ao Exército, para nele ampliar as instalações do “Forte de Copacabana”. O Cônego destinou 5$000 réis para construir um altar na Igreja Matriz do Bonfim, na Praça Serzedelo Correia, destinando o restante 75$000 para o novo templete católico de Ipanema. O novo templo foi elevado à Matriz da Paróquia de Ipanema em 1920, sendo sua administração confiada aos frades franciscanos, que ergueram bonito convento e escola ao lado. Em 1930 os frades pintaram o interior do templo, com pinturas murais ingênuas, o que fez o arquiteto Gastão Bahiana furioso, tendo exigido da mitra sua caiação. Foram restauradas em 1999. O convento, ao lado, foi demolido em 1953 para alí surgir o “Cine Pax”, bonito prédio art-déco. Em 1979 demoliram o velho “Pax” e em seu lugar subiu um shopping center, o “Fórum de Ipanema”. A igreja, por sua vez, foi a primeira na América do Sul a ter ar condicionado, isso ainda em 1958, por iniciativa do Padre Marcos. Quando foi criticado pelos que se opunham à novidade, sob alegação que ar condicionado era coisa de boite, e que atrairiam desocupados para as missas, Padre Marcos, furibundo, fez célere sermão que terminava: “...quem gosta de lugar quente é o Diabo no Inferno!” A Praça de Nossa Senhora da Paz, antiga “Praça Coronel Henrique Valladares”, ex-prefeito e amigo do Barão de Ipanema, foi a primeira do Brasil a ganhar iluminação em vapor de mercúrio, ainda em 1966. CINEMAS E TEATROS EM IPANEMA Entretanto, foi na Praça General Osório onde se instalou o primeiro e por anos o único cinema do bairro, o “Cine Ipanema”, inaugurado em 1936 na Visconde de Pirajá no. 86. Era um prédio art-déco, com 1.808 lugares, projetado por Raphael Galvão.
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  • 14. (1894-1964), demolido nos anos 80. Dois anos depois surgiu o “Pirajá”, no 303 da mesma rua, com 1.629 lugares. Nos anos 40 surgiu o “Astória”, na Visconde de Pirajá, 595; posteriormente convertido em 1959 no estúdio da “TV Excelsior, Canal 2”. A Visconde ganharia mais dois cinemas: o “Pax”, no 351, em 1953, que durou até 1979. Nos idos de 1960 viria o “Roma-Bruni”, no 371. O Leblon teve dois cinemas: Leblon e Miramar”, e por muitos anos foram os únicos. ARQUITETURA MODERNA EM IPANEMA A primeira casa em arquitetura moderna do bairro foi uma residência erguida em 1935 pelos arquitetos Affonso Eduardo Reidy (1908-1964) e Gérson Pompeu Pinheiro. Logo depois surgiu em 1936 uma casa moderna projetada por Adalberto Szilard. Nenhuma das duas hoje sobrevivem. O primeiro prédio com mais de dois andares foi o “Edifício Issa”, erguido em 1935 na Visconde de Pirajá. Já o primeiro arranha-céu de Ipanema foi o feio “Edifício Aquino”, prédio art-déco de oito andares, construído em 1935 perto do canal. Ambos não mais existem. A arquitetura moderna de Ipanema é de uma monotonia não condizente com o bairro. Dos muitos prédios modernos, merecem distinção os edifícios “Estrela de Ipanema”, erguido em 1967 na Prudente de Morais, 765, obra do arquiteto carioca Paulo Hamilton Casé (1931); e o “Atlântica Boavista”, erguido em 1978 na Prudente de Morais, 630, esquina de Vinícius, obra dos arquitetos Luiz Paulo Fernandez Conde (1934), depois Prefeito do Rio de Janeiro; e Mauro Neves Nogueira. Em 1969, por decreto do Governador Negrão de Lima, o gabarito da orla pulou de seis para onze andares. Resultado: em 1980 a população saltara para 65.000 moradores, sessenta e cinco vezes mais que 1906! A primeira grande escola foi o “Colégio São Paulo”, fundado em 1922 na Vieira Souto. Depois surgiu o “Notre Dame”, fundado em 1933 numa casa e desde 1939 em sede própria, na Barão da Tôrre, 308. Ano seguinte, em 1934, surgia o “Colégio Rio de Janeiro”, na Nascimento Silva, 556. Em 1938 surgia a “Escola Brasileira”, hoje “Colégio Brasileiro de Almeida”. A garotada não tinha do que reclamar, pois em 1938 surgia a primeira sorveteria no bairro, a “Mercearia Moraes”, depois “Sorveteria Moraes”, com os imbatíveis sorvetes de Da. Maria de Moraes. Já as meninas não precisavam ficar sem flores. A “Rainha das Flores”, foi inaugurada em 1938 na Visconde de Pirajá, 124. Também tinham onde se aprontar, pois em 38 surgiu na Visconde no. 106-A, a “Casa Dalva”, cabeleireiro e manicure. Sem cartas ou notícias não ficariam, pois desde 1920 funcionava na Visconde de Pirajá, 296(depois p/ 111, loja 3) uma agência postal/ telefônica. Nos idos de 1930 a central telefônica passou para a Visconde de Pirajá, 54. Da parte relativa à saúde, o primeiro consultório pediátrico foi o do Dr. Massilon Sabóia, na av. Vieira Souto, 680. Nos anos quarenta, foi montado um consultório dentário no convento franciscano da Praça N. Sra. da Paz para atendimento de pessoas carentes, iniciativa de Da. Rosa de Assis. Já a primeira sociedade beneficente antecede essas de muitos anos. Em 1907 foi fundada na “Rua 28 de Agosto”, no. 85(atual Barão da Tôrre), a “Sociedade Espírita Beneficente Santo Antônio de Lisboa”, com 37 associados em 1912 e atendendo, na mesma época, 1400 necessitados. POLÍTICA NO BAIRRO PRAIANO Aliás, foi na rua Barão da Tôrre, no. 636, que se instalou em apartamento alugado o refúgio e quartel general do líder comunista Luís Carlos Prestes. Dali ele 14PDF Creator
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  • 15. comandou o movimento de 27 de novembro de 1935, a famosa “Intentona Comunista”, cujo centro foi o quartel do 3o. Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha. Quem diria, uma “revolução comunista” com sede em Ipanema... Por sua vez, na rua Paul Redfern, 33, era o refúgio de outro líder comunista, o jornalista alemão Harry Berger, que dali saiu preso no mesmo ano de 1935, acusado de ser um dos cabeças da Intentona de 27 de novembro, morrendo de câncer ósseo na prisão. CULTURA NOS BARES DE IPANEMA Ipanema sempre foi um grande ponto de reunião de intelectuais, não tendo rival na zona sul à exceção do bairro da Lapa, este quase no Centro. O “Bar Jangadeiros”, fundado em 1935 na Visconde de Pirajá, 80 com o nome de “Café Rhenânia”, e rebatizado depois da declaração de guerra à Alemanha, sendo transferido já com o nome atual para rua Teixeira de Melo, 20(ainda existe, todo modificado) era, nos anos 50, ponto de encontro dos jornalistas da “Revista Manchete”. Seus membros eram conhecidos como o “Bando de Ipanema”: Rubem Braga, capixaba, jornalista e cronista (1913-198?), Fernando Sabino, mineiro, idem (1923-198?), morava na rua Canning; Paulo Mendes Campos, idem, idem (1902-198?); Elsie Lessa, cronista e colunista; aos quais juntavam-se o carioca Gláucio Gil, ator(1932-1965); Eneida de Moraes, paraense, jornalista(1900-1969), morava no Leme; Aldary Henriques Toledo, carioca, arquiteto (1915-1994), morava em Copacabana; Carlos de Azevedo Leão, carioca, arquiteto e desenhista(1906-1983), morava na Nascimento Silva, 66; Carlos Thiré e seu filho Cécil (seu nome verdadeiro era Carlos Aldary Thiré, ator), Millôr Fernandes, carioca, jornalista (1924), Vinícius de Moraes, carioca, poeta, diplomata e compositor (1913-1983), morava na Frederico Eyer, na Gávea; o futuro arquiteto Paulo Hamilton Casé (1931), morava em Copacabana e hoje na Lagoa; Hugo Bidet, chargista; Caio Mourão, idem; Samuel Wainer, jornalista, etc. Em fins dos anos 50, era o “Bar Jangadeiros” que possuía a maior serpentina de chope do Rio, o que tornava-o ponto da boemia na Zona Sul. O bar era o único do mundo a ter um coelho como mascote, que aparecia incidentalmente perambulando entre os freqüentadores. Algumas vezes, um ou outro freguês não habitual berrava de susto por achar que estava com “delirium tremens” pois, por causa da bebida, achava que estava até vendo coelho andando no bar...  Uma dessas vítimas foi o jornalista mineiro Alberto Deodato, que depois de vê-lo saiu às pressas do balcão e foi para seu hotel tomar banho de água fria na banheira, berrando a todos que estava enlouquecendo, que havia visto um coelho balançando o focinho, achando que estava com alucinações. Ficou famosa a história ocorrida em c.1964, da bonita mocinha que bebeu demais, viu o coelho e quase desmaiou. Atendida pelos fregueses, que a avisaram ser o coelho não uma alucinação e sim a mascote do dono, ela respondeu nervosamente perguntando “que mascote era aquela, que convidara-a para uma noitada?” . A musa do “Bando de Ipanema” era a jovem atriz Maria Antonieta Porto Carrero (1922), mais conhecida como “Mariinha”, para os íntimos, e como Tônia Carrero, para o teatro. Pouca gente sabe, mas Tônia foi, portanto, das primeiras “musas de Ipanema”, antecedendo em vinte anos a Helô Pinheiro e outras. Entretanto, se quisermos ser corretos com a história, a primeira “Miss” de Ipanema foi a Srta. Orminda Ovalle, finalista do concurso de beleza feminina brasileiro em 1922/23 (perdeu o primeiro lugar para uma paulista, Zezé de Leone). Bem antes disso, arrebatava corações ipanemenses nos idos de 1910 a Srta. Laura Barros Moreira, 15PDF Creator 
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  • 16. neta do Barão de Ipanema, e que por um tempo namorou o futuro industrial Raymundo Ottoni de Castro Maia, dono da “Empresa Coqueiro”(1894-1968). POETAS E CANTORES DAS GAROTAS Se a Bossa Nova surgiu pelo violão de João Gilberto em 1958 na vizinha Copacabana, no prédio do “Snack Bar”, no “Posto Seis”; será em Ipanema onde ganhará foros de maioridade. Encontravam-se com freqüência no bairro, ora no “Jangadeiros”, ora no “Zeppelim”, fundado em 1937 na Visconde de Pirajá, 499, pelo velho Moraes, boteco feio e sujo, até ser comprado por Ricardo Amaral em 1969 e reformado com gosto; ora no “Lagoa” (ex-“Berlin”), fundado em 1934, na Epitácio Pessoa, no. 1674, rebatizado em 1944; mas, principalmente, no “Veloso”, hoje “Garota de Ipanema” fundado em 1945 com o nome de “Bar e Mercearia Montenegro”, na ex-rua Montenegro e hoje Vinícius de Moraes no. 49A; o grupo denominado “Bossa Nova de Ipanema”. Formado quase todos por moradores da Gávea: Vinícius de Moraes, já citado; João Roberto Kelly, carioca (1938); Roberto Menescal, capixaba (1937); Antônio Carlos Jobin (1927-1994), nasceu na Tijuca, mas morou a vida toda na Nascimento Silva; Carlos Lyra, carioca (1933); Joaquim Pedro de Andrade, carioca (1932), que não era compositor, mas cineasta. Entretanto, era figura obrigatória no grupo; o arquiteto Sabino Barroso (1934); etc. O baiano João Gilberto (1931) não morava na Gávea, mas na “fronteira” de Ipanema, ou seja, no “Jardim de Alah”, para o lado do Leblon; e outros mais. Do grupo dos cantores ipanemenses, além dos acima citados, deve-se destacar a “Divina” Elizeth Cardoso, carioca (1918-1988), que durante uma época namorou JK..., e que morava na Nascimento Silva 107, no mesmo prédio de Tom Jobin; e a baiana Gal Costa, em princípio de carreira. O Tropicalismo na música, surgido em 1966, encontrou guarita em Ipanema. Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso e Gal Costa reuniam-se no “Bar Lagoa”. Gal chegou a batizar uma duna de Ipanema com seu nome, onde a juventude dos anos 70 fumava maconha. A duna, vizinha à outra, a do “barato”, paraíso dos “chincheiros”, era próxima ao velho píer do emissário submarino, o píer foi erguido em 1969 e desmontado em 1974. Era feio, mas era um “point”. A REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DE IPANEMA A “República de Ipanema” era realmente habitada por figurões importantes da política nacional dos anos 50 e 60: Almirante Carlos Pena Bôto, carioca, Ministro da Marinha (1892-196?); Filinto Strübling Müller, Senador da ARENA, falecido em 1972; Marechal Henrique Duffles Teixeira Lott, carioca, Ministro da Guerra de Juscelino, morava na Vieira Souto, (1894- 1994); O próprio mineiro Juscelino Kubitschek (1902- 1976), morava no Arpoador, depois mudou-se para uma cobertura na av. Atlântica, em Copacabana, Presidente da República em 1956/1960; Hélio de Almeida, ministro; Marechal Eurico Gaspar Dutra, mato-grossense (1885-1980), Presidente da República em 1946/51; Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, cearense (1900-1967), Presidente da República em 1964/67, morava na Nascimento Silva, donde saiu em 1964 para Brasília; e outros. ATORES, CINEASTAS E TEATRÓLOGOS DE IPANEMA A “Hollywood de Ipanema” era formada pelos cineastas Gláuber Rocha, baiano (1939-1981); Walter Lima Júnior, niteroiense (1938); Paulo César Sarraceni, carioca (1933),por sinal, um dos fundadores da “Banda de Ipanema”; Maurício Gomes Leitão; 16PDF Creator 
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  • 17. Suzana de Moraes, filha de Vinícius; o já citado Joaquim Pedro de Andrade, dentre outros. Muita gente de televisão e teatro freqüentava ou morava em Ipanema. Alguns já foram citados, como Tônia Carrero e seu filho Cécil Thiré; Paulo Autran, carioca (1922), que morava na Joaquim Nabuco; o cearense José Wilker, que morava num prédio antigo; Gláucio Gil, que abriu no bairro seu primeiro teatro, o “Gláucio Gil”, na Visconde de Pirajá; Aurimar Rocha, grande animador do bairro; e Maria Clara Machado, mineira (1921), a pioneira do teatro infantil no Brasil. Além de, é claro, Leila Diniz, atri z (1950- 1972), que inspirou uma música e comportamento de toda uma geração até sua morte em 1972. O grupo teatral “Asdrúbal Trouxe o Trombone”, foi outra criação ipanemense dos anos 70. Outra atriz, essa mais de comédias, foi a americana naturalizada Kate Lyra, e x-esposa de Carlos Lyra. Teatros não faltaram em Ipanema. Além do já citado “Gláucio Gil”, que depois mudou-se para a Praça Cardeal Arcoverde, s/no, em Copacabana; surgira antes, na Visconde de Pirajá, 22 o “Teatro Santa Rosa”, do “Grupo Bloch”, onde, nos anos setenta instalou-se a “Discoteca New York City”, de efêmera existência; o “Teatro da Praça”, na General Osório; o “Teatro de Bôlso”, fundado pelo carioca Silveira Sampaio (1914 - 1964), na Jangadeiros, 28-A, e que depois mudou-se nos anos 70 para a Av. Ataulfo de Paiva, 269, Leblon; antes já mudara seu nome para “Cine Teatro Poeira”, já citado. ARTES PLÁSTICAS E MUSEUS EM IPANEMA As artes plásticas em Ipanema formam um “primo pobre do bairro”, que por muitos anos não possuiu museu algum ou centro cultural. Entretanto, tudo mudou quando em princípios de 1960 surgiu a primeira galeria de arte, a “Petite Galerie”, na Praça General Osório, 53. O acêrvo, que, por ser uma loja variava muito, nem por isso deixava de ser de primeira. Lá podiam se ver obras de Alfredo Volpi, o concretista ítalo- brasileiro, pintor das bandeirinhas (1896-1977); Emiliano Di Cavalcanti, o carioca pintor de coloridas mulatas (1897-1976); Franz Krajberg, polonês, pintor, gravador e escultor (1921); Genaro de Carvalho, o baiano dos tapetes (1926); Glauco Rodrigues, gaúcho, pintor e gravador hiper-realista(1929); Alberto da Veiga Guignard, fluminense, pintor colorista (1896-1962); Marcelo Grassmann, paulista, pintor e gravador surrealista (1925- 1974); Maria Leontina, paulista, pintora (1917-198?); Milton Dacosta, fluminense, pintor e gravador cubista (1915-198?); Ruben Valentim, baiano, pintor e escultor (1922); Hélio Oitica, carioca, pintor e escultor neo-concretista (1937-1981); e outros. Nos anos 80 foram inaugurados três museus em Ipanema. Um, na Vieira Souto, 176, é a “Casa de Cultura Laura Alvim”, fundada em lembrança à sua instituidora, a “locomotiva social” Laura Alvim, filha e neta de artistas (era neta do famoso chargista do Império, Ângelo Agostini), e que transformou sua residência em ponto de encontros de intelectuais nos anos vinte, numa época em que eram raros os museus e centros de cultura no Rio. Outro museu foi o da “H. Stern Joalheiros”, em na Visconde de Pirajá, 490, dedicado às pedras preciosas e à joalheria, foi fundado por seu mantenedor, Dr. Hans Stern, considerado por muitos o maior joalheiro do mundo. Ao lado, surgiu o terceiro, o “Museu de Minerais e Jóias da Amsterdam Sauer”, fundado para dar apoio à loja de jóias, como o anterior. Dentre os artistas ditos “menores”, não podemos esquecer os caricaturistas e chargistas de um porte como: Borjalo Lopes, mineiro (1925); Ziraldo Alves Pinto, mineiro (1932); Jaguar, carioca (1932); que depois abandonou Ipanema pelo Leblon, alegando terem acabado os bares de lá; Millôr Fernandes, carioca, morador do Méier (1924); Hugo Bidet, chargista, já citado; dentre outros. Eram responsáveis pela crítica social nos pesados “Anos de Chumbo” (1964 -1985). Leila Diniz, que já foi citada acima, não era 17PDF Creator
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  • 18. chargista, mas atriz. Entretanto foi, com seu comportamento, uma das maiores contestadoras da sociedade burguesa, sendo eleita a primeira “Musa de Ipanema”. MANIFESTAÇÕES CULTURAIS URBANAS EM IPANEMA imagem completamente oposta à de Leila Diniz era a da socialite Beki Klabin, dona da cobertura de um milhão de cruzeiros, a mais cara na Vieira Souto dos anos 70, mas que, por sua vez, foi a primeira figura da sociedade a desfilar fantasiada numa escola de samba, a Portela, em 1969, lançando moda que pegou. Beki mudou-se depois para o “Largo do Boticário”, no Cosme Velho, onde teve tempestuoso romance com o cirurgião plástico Hosmany Ramos. Outro pólo cultural do bairro foi a “esquerda festiva”, com sua “sede própria” no “Bar Zeppelim”, onde nasceu a idéia do mais corrosivo jornal da década, “O Pasquim”, fundado em 1968 e extinto em 1980. Criação de Ziraldo (Ziraldo Alves Pinto, “...o que nunca brochou!”); Jaguar (pseudônimo de Hélio Jaguaribe, funcionário do Banco do Brasil “...intelectual não vai à praia, intelectual bebe!”); Millôr (Millôr Fernandes, “...o melhor humorista do Méier!”); e, acredite se quiser, Paulo Francis (em verdade, seu nome era Franz Paulo Tranin Heilborn, jornalista da Manchete e Diário de Notícias ...“Waal!”)! O Pasquim era a crítica social da época do Regime Militar. Outra importante manifestação cultural foi a “Banda de Ipanema”, a qual, por incrível que pareça, foi fundada em Ubá, Minas Gerais em 1957, por Ferdy Carneiro, Albino Pinheiro (falecido em 1999), Paulo César Sarraceni e outros. Radicou-se cinco anos depois definitivamente em Ipanema e ainda hoje firme, é um dos símbolos do bairro. Alguns integrantes da Banda de Ipanema começaram a vender produtos artesanais em 1962, na Praça General Osório, origem da feira “Hippie”, legalizada pelo Governador Francisco Negrão de Lima (n. 1901) em 1969. Em 1985 surgiu o primeiro bloco carnavalesco de Ipanema, o “Simpatia é quase Amor”, cuja sede fica no Arpoador. Outro artesão, o arquiteto e designer carioca Sérgio Rodrigues (1927-1997); lançou em 1958 em Ipanema, na sua “Galeria Oca”, na Jangadeiros, 14-C; a famosa “poltrona mole”, peça primorosa de designer mobiliário que arrebatou todos os prêmios do setor, no Brasil e no exterior. A moda brasileira será revolucionada por uma estilista ipanemense, Marília Valls (1930-1997), com sua loja “Blu-Blu”, numa casa pequena da rua Montenegro, fundada em 1972. Marília, que residia na Prudente de Morais, foi uma das melhores estilistas do Brasil. Depois surgiram a “Jo and Co”; a “Glorinha Pires Rebêlo”; a “Gregório Faganello”, na Barão da Tôrre, 422; bem como a lendária “Company”, fundada por Mauro Taubmann(já falecido) na Garcia D`Ávila, 56. A “Company” foi a primeira griffe a patrocinar desportistas no Brasil, moda que, felizmente, pegou. ESPORTES EM IPANEMA Falando em esportes, o surf surgiu na “Praia do Arpoador”, nos princípios de 1964. Depois mudou-se para a “Praia do Diabo” e “Macumba”. Seu primeiro campeão internacional foi o célebre “Rico”. O “Body Boarding” também teve origem idêntica, chamada naqueles anos inocentemente de “jacaré”. Em 1989 foram tombadas pela prefeitura as pedras e praia do Arpoador, sendo dotadas de possante iluminação, possibilitando a prática do surf noturno. Por sua vez, Millôr Fernandes e seu irmão Hélio inventariam em 1958 igualmente na Praia do Arpoador um esporte original, o “Frescobol”, única modalidade desportiva no mundo sem vencedores ou vencidos.
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  • 19. POETAS (MAIS SÉRIOS) DE IPANEMA Jorge Murad, foi, por muitos anos, o maior poeta de Ipanema, mas perdeu feio o posto para o “gaviano” Vinícius de Moraes, que eternizou o bairro e suas mulheres na poesia e na música. Dentre suas musas, sobressaiu-se Helô Pinheiro, que inspirou a cançoneta “Garota de Ipanema”, literalmente um hino extra-oficial do bairro (e da cidade). O mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) morava na fronteira de Copacabana com Ipanema, ou seja, no meio da Rainha Elizabeth, na pracinha Rei Alberto. O poeta maranhense neo-concretista Ferreira Gullar(1930) era outro morador da Praça General Osório. Gullar, que trabalhava como jornalista no Centro, lembra com saudades do velho ônibus “Gosório”. Em verdade, o título na tabuleta do teto do veículo era G. Osório, mas grafados de maneira tão junta que logo originou o neologismo para os coletivos que iam do Centro para Zona Sul. Esses ônibus, que circularam nos anos 50/60, também eram alcunhados de “Camões”, por possuírem somente cabine proeminente na parte do motorista, dando a impressão de veículos “caolhos”, daí a associação com o poeta português. Outro que morava em Ipanema, era poeta, mas em verdade ficou muito mais conhecido pela luta em prol da preservação do patrimônio histórico nacional foi o mineiro Rodrigo Mello Franco de Andrade, Diretor do IPHAN por trinta anos até 1967(1898 -1969). Era morador da rua Nascimento Silva. Uma das figuras populares mais conhecidas de Ipanema nos anos 60 foi o “Chita”, apelido do mímico José Conceição (1925-198?), ex-combatente da FEB, tipo de rua que imitava com graça a famosa macaca do Tarzan. Fez muito sucesso entre a garotada da Praia do Arpoador. JARDIM DE ALAH O “Jardim de Alah”, possui, em verdade nome oficial. Aliás, três: Praças Grécia, Paul Claudel e Saldanha da Gama. O apelido “Jardim de Alah” proveio do fato de que quando inauguraram as obras executadas pelo Prefeito Dodsworth (1895-1977) no canal da Lagoa, em 1938, fazia sucesso nos cinemas do Rio o filme “Jardim de Alah”, com Marlene Dietrich. Aliás, esse canal, outrora natural, entupia com freqüência por assoreamento. Até 1893 a União era responsável por sua manutenção. Em 1893, esse serviço passou para a municipalidade, que o terceirizou em 1896 para a empresa “Companhia de Melhoramentos da Lagoa e Botafogo”, que logo se mostrou ineficaz. Em consequência disso, as enchentes e a mortandade de peixes infernizavam os bairros circundantes da Lagoa. O canal só foi perenizado em 1920/22 pelo engenheiro Saturnino de Brito por ordem do Prefeito Carlos Sampaio para manter limpa e salgada as águas da Lagoa Rodrigo de Freitas, comunicando-as com as do oceano. Só ganhou o famoso jardim, desenhado pelo paisagista da Prefeitura David Xa vier de Azambuja durante a administração do Prefeito Henrique Dodsworth, que almejava transformar o feio canal em lugar romântico, com cais e gôndolas para os namorados passearem na Lagoa. Não deu certo, mais os cais de atracação ainda estão lá esperando as tais gôndolas. O único marinheiro que atracou no “Jardim de Alah” até hoje foi o Almirante campista Luís Felipe de Saldanha da Gama (1846-1895), um dos líderes da Revolta da Armada (1893/94), falecido na “Batalha de Campo Osório”. Seu monumento foi inaugurado no jardim em 1946, obra do artista Antônio Caringi. Alí perto da boca do canal, em 1922, surgiu uma ilha na Lagoa, ampliada com aterro pelo engenheiro Saturnino de Brito, onde em 1930 foi fundado o “Prant Club”, hoje rebatizado para “Clube Caiçaras”. Em 1966, o arquiteto Sérgio Bernardes projetou uma grande marina para iates, a ser erguida na entrada do canal, na praia entre Ipanema e Leblon. Não foi adiante, haja vista o reboliço que causaria no trânsito. 19PDF Creator 
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  • 20. Em 1933 surgiu em frente ao Caiçaras enorme favela, a da “Praia do Pinto”, que chegou a ter 7.142 moradores em 1950, mas foi removida em 1954 por iniciativa do Bispo D. Hélder Câmara (1909-1999) para a “Cruzada São Sebastião”, um conjunto habitacional erguido no princípio do Leblon, na antiga “Pedra do Baiano”, sob projeto de Oscar Niemeyer(n. 1907). Onde era a favela pôde então ser feita a ligação entre as Avenidas Epitácio Pessôa e Borges de Medeiros, e de ambas com Vieira Souto e Delfim Moreira. Já no Leblon, nos terrenos recuperados se ergueram ainda nos anos cinqüenta o “Clube Monte Líbano” e a “Associação Atlética do Banco do Brasil”. BRIZOLÃO DE IPANEMA No início da década de sessenta, um grupo de empresários lançou a idéia de um grande estabelecimento hoteleiro em Ipanema, no morro do Cantagalo. Era o “Panorama Pálace Hotel”, que teve até festa de inauguração em 1964, mas fracassando o empreendimento, tornar-se-ía a ruína mais famosa do bairro por vinte anos, até ser transformada num CIEP, pelo Governador Brizola. No ano do centenário do bairro, existiam sete hotéis importantes em Ipanema, sendo dois de cinco estrelas, um de quatro, e um três estrelas. Os outros eram de duas apenas. ARPOADOR A “Praça Garota de Ipanema”, com saídas para o Arpoador e a rua Francisco Otaviano, foi feita em terras que foram do “Forte de Copacabana”, urbanizadas em 1978/80 pelo Prefeito Marcos Tito Tamoyo da Silva (morador do Leblon). Foi o último grande espaço verde criado no bairro. O Arpoador, por sua vez, teve, nos idos de 1937, uma piscina pública, inaugurada pelo Prefeito Dodsworth (que inaugurou outra no Leblon, no princípio da av. Niemeyer), as quais duraram pouco. Afinal, quem é que iria a uma piscina em frente à Praia de Ipanema?... Por sua vez, foi instalado no Arpoador em 1982 o “Circo Voador”, iniciativa cultural de Perfeito Fortuna, que revelou muitos grupos de música jovem. Alí ficou cinco anos até ser transferido para a rua dos Arcos. Em 1924, as praias da Zona Sul ganharam postos de salvamento. Seis em Copacabana, três em Ipanema e três no Leblon. Foram substituídos por outros mais modernos em 1978, projetados por Sérgio Bernardes. Tais postos acabaram balizando a praia e, até a construção de quiosques na orla em 1992, o povo marcava encontro na areia pelos postos. O sete, no Arpoador, era o das famílias, surfistas e sambistas, da turma do bloco “Simpatia é quase Amor”, etc. O nove era do pessoal de vanguarda, intelectuais, artistas, maconheiros e também onde se lançava moda: biquíni fio dental (1975); brincos para homens (1978); tanga de crochê(1979), e, até “topless”(1981), Moda que voltou no verão de 2.000. PARQUE GAROTA DE IPANEMA - PRAIA DO ARPOADOR O parque, junto à Pedra do Arpoador, é tombado pelo Município. Seu nome é homenagem a uma das mais famosas músicas de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Essa ligação com a música popular brasileira levou o local a se tornar ponto de realização de shows musicais. Com 28 mil e 270m2, o Parque Garota de Ipanema possui local com pistas de skate e um mirante de onde se pode admirar a Praia do Arpoador, famosa por seus surfistas e por ser o local de onde se vê o mais belo pôr-do-sol da cidade, as praias de Ipanema, Leblon, o Morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea. 20PDF Creator 
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  • 21. BARES ATUAIS DE IPANEMA Apesar da crítica de Jaguar, afirmando terem acabado os bares de Ipanema, isso não é lá bem verdade. Em 1994, no ano do centenário do bairro, dos restaurantes mais badalados de toda a cidade, os dez mais freqüentados e na moda estavam em Ipanema: “Casa da Feijoada”, na Prudente de Morais, 10. “Le Streghe”, na Prudente de Morais, 129. “Satiricon”, na Barão da Tôrre, 192. “Grottamare”, na Gomes Carneiro, 132. “Natural”, na Barão da Tôrre, 171. “Mediterrâneo”, na Prudente de Morais, 1810. “Mariu`s”, na Francisco Otaviano, 96. “Churrascaria Porcão”, na Barão da Tôrre, 218. “Lagoa Charlie`s”, na Maria Quitéria, 136. e “Mistura Fina”, na Garcia D`Ávila, 15. Dos bares do Rio, seis dos mais famosos localizam-se no bairro: “Alberico”, na Vieira Souto, 236. “Barril 1800”, na Vieira Souto, 110. “Garota de Ipanema”, na Vinícius de Morais, 49- A. “The Lord Jim Pub”, na Paul Redfern, 63. “Polis Sucos”, na Maria Quitéria, 70. E o “Bofetada”, na Farme de Amoedo 87-A. Nem se inclui aí o já falado “Bar Lagoa”, hoje monumento tombado pelo Município. O “PIRULITO” DE IPANEMA O Prefeito César Epitácio Maia iniciou em 1994 seu famoso projeto “Rio - Cidade”, objetivando melhorar a qualidade de vida do pedestre carioca. Particularmente, Ipanema foi beneficiada de muito pelas obras, ganhando mobiliário urbano de primeiro mundo, monumentos e benefícios que precisava há mais de vinte anos. Entretanto, nem tudo foi bem sucedido. O arquiteto Paulo Casé, morador da Lagoa, mas ex-integrante do “Bando de Ipanema” , colocaria por obra e graça do prefeito o monumento mais polêmico do bairro: o “pirulito” e, de quebra, um arco (ex- passarela), na Praça Alcazar de Toledo, arranjo até hoje muito questionado pela população. BIBLIOGRAFIA BÁSICA SOBRE IPANEMA 01)- Abreu, Maurício de A .; Evolução Urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, IPLANRIO/Jorge Zahar Editor, 1987, il. 02)- Amaral, Zózimo Barroso do; Projeto de Construção de uma Cidade Jardim às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. Rio de Janeiro, 1930, il. 03)- Athayde, Raimundo; Paulo de Frontin. Rio de Janeiro, Prefeitura do Distrito Federal, 1959. 04)- Azevedo, Manuel Duarte Moreira de; O Rio de Janeiro - Sua História, homens Notáveis, Usos e Curiosidades. Rio de Janeiro, Livraria Brasiliana Editôra, Coleção Vieira Fazenda, 2 vols., 1967, il. 05)- Bandeira, Manuel; e Andrade, Carlos Drummond de; O Rio de Janeiro em Prosa e Verso. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editôra, 1965, il. 06)- Bardy, Cláudio; Curiosidades Cariocas. Rio de Janeiro, Editôra Telebook, 1965, il. 07) - Belchior, Elísio de Oliveira; Conquistadores e Povoadores do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Livraria Brasiliana Editôra, Coleção Vieira Fazenda, 1965. 08)- Bernardes, Lísia Maria Cavalcanti; O Rio de Janeiro e sua Região. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1964, il. 09) - Berger, Paulo; e Moraes, Eneida; Copacabana - História dos Subúrbios. Rio de Janeiro, Prefeitura do Distrito Federal, 1960, il. 10)- Campos, Alexandre; e Silva, Da Costa e; Dicionário de Curiosidades do Rio de Janeiro. São Paulo, Comércio e Importação de Livros, 1965, il. 11)- Carvalho Neto, Fernando; Os Nobres do Brasil. São Paulo, Editora do Autor, 1990, il. 
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  • 22. 12)- Cavalcanti, J . Cruvêllo; Nova Numeração dos Prédios da Cidade do Rio de Janeiro - 1877/78. Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Coleção Memória do Rio, 1977. 13)- Cintra, Alarico Coelho; Cupertino Coelho Cintra - Pai de Copacabana - Túnel Velho. Rio de Janeiro, 1967, il. 14)- Coaracy, Vi valdo; Memórias da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editôra, 1965, il. 15)- Coaracy, Vi valdo; O Rio de Janeiro no Século XVII. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editôra, 1965, il. 16)- Coaracy, Vi valdo; Velharias Cariocas. Rio de Janeiro, Revista do Clube de Engenharia, 1941, il. 17)- Costa, Cássio; Gávea - História dos Subúrbios. Rio de Janeiro, Departamento de História e Documentação do Estado da Guanabara, 1960. 18)- Cruls, Gastão; Aparência do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editôra, 2 vols., 1965, il. 19)- Dodsworth, Henrique; Prefeitura do Distrito Federal - Administração do Prefeito... . Rio de Janeiro, Prefeitura do Distrito Federal, 1940, il. 20)- Dodsworth, Henrique; Prefeitura do Distrito Federal - Administração do Prefeito... . Rio de Janeiro, Prefeitura do Distrito Federal, 1944, il. 21)- Dunlop, Charles Julius; Álbum do Rio Antigo. Rio de Janeiro, Editôra Rio Antigo, 1965, il. 22)- Dunlop, Charles Julius; Apontamentos para a História dos Bondes no Rio de Janeiro, vol. 2 - A Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Rio de Janeiro, Editôra Gráfica Laemmert, 1953, il. 23)- Dunlop, Charles Julius; Os Meios de Transporte do Rio Antigo. Rio de Janeiro, Ministério dos Transportes, Serviço de Documentação, 1972, il. 24)- Dunlop, Charles Julius; Rio Antigo. Rio de Janeiro, Editora Rio Antigo, 1958/1960, 3 vols., il. 25)- Dunlop, Charles Julius; Subsídios para a História do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Editora Rio Antigo, 1957, il. 26)- Edmundo, Luís; De um Livro de Memórias. Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Nacional, 5 vols., 1958, il. 27)- Edmundo, Luís; O Rio de Janeiro do Meu Tempo. Rio de Janeiro, Editôra Conquista, 5 vols., 1957, il. 28)- Fazenda, José Vieira; Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 5 vols., 1919. 29)- Ferreira, João da Costa; A Cidade do Rio de Janeiro e o seu Têrmo. Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Coleção Memória do Rio, s/d., 1978. 30)- Fontainha, Affonso; História dos Monumentos do Distrito Federal - Biografias. Rio de Janeiro, Companhia Editora Americana, 1954, il. 31)- Fontainha, Affonso; História dos Monumentos do Rio de Janeiro(Estado da Guanabara) - Biografias. Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, 1965, il. 32)- Fuss, Peter; Brasil. Berlin und Zürich, Orbis Terrarum, Atlantis Verlag, 1937, il. 33)- Fuss, Peter; Rio de Janeiro - Com 48 fotografias. Berlin und Zürich, Atlantis Verlag, 1937, il. 34) - Gautherot, Marcel; Rio de Janeiro, Trinta Ilustrações em Cor. Rio de Janeiro, 1965, il. 35)- Gerson, Brasil; História das Ruas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Livraria Brasiliana Editôra, Coleção Vieira Fazenda, 1965, il. 22PDF Creator
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  • 23. 36)- Gonçalves, Aureliano Restier; Extractos de Manuscriptos sobre Aforamentos - 1925/1926/1929. Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Coleção Memória do Rio, 1978, il. 37)- Govêrno do Brasil. Recenseamento Geral de 1920. Rio de Janeiro, 6 vols., Diretoria Geral de Estatística, 1922, il. 38)- Hollanda, Nestor de; Itinerário da Paisagem Carioca. Rio de Janeiro, Editora Letras e Artes, 1965, il. 39)- Kastrup, Sebastião Aroldo; O Rio Pitoresco - Histórias Curiosas da Cidade Estado. Rio de Janeiro, José Álvaro Editor, 1965, il. 40) - Lozada, Germán; Nossa Senhora de Copacabana. Rio de Janeiro, Editôra do Autor, 1953, il. 41)- Oliveira, Agenor Lopes de; Toponímia Carioca. Rio de Janeiro, Prefeitura do Distrito Federal, 1959. 42)- Orazi, Ângelo; Rio de Janeiro And Environs. Rio de Janeiro, Guias do Brasil Ltda., 1939. 43)- Lima, Negrão de; Guanabara em Nova Dimensão. Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, 1967, il. 44)- Macedo, Roberto Duarte Teixeira de; Barata Ribeiro - 1o. Prefeito do Distrito Federal. Rio de Janeiro, Serviço de Documentação do DASP, 1955,il. 45)- Macedo, Roberto Duarte Teixeira de; Henrique Dodsworth. Rio de Janeiro, Serviço de Documentação do DASP, 1955, il. 46)- Magalhães, Paulo de; Antes que Eu me Esqueça - A História de Copacabana. Rio de Janeiro, 1967, il. 47)- Martins, Luís Dodsworth; Presença de Paulo de Frontin. Rio de Janeiro, 1960, il. 48)- Moraes, Alexandre José de Mello; Chrônica Geral e Minuciosa do Império do Brasil. Rio de Janeiro, Typographia Dias da Silva Júnior, 1879, il. 49) - Niemeyer, Conrado Jacob; Ferro Carril Copacabana. Concessão Duvivier & Cia. - Conferência Pública. Rio de Janeiro, Typographia à Vapor, 1883. 50)- Orazi, Ângelo; Rio de Janeiro and Environs. Traveller`s Guide. Rio de Janeiro, Guias do Brasil Ltda., 1939. 51)- Pessôa, Murilo; Ipanema e Sua História. Rio de Janeiro, Revista Lions Internacional, 1969, il. 52)- Prefeitura do Districto Federal - Recenseamento Geral de 1906. Rio de Janeiro, 1907, il. 53)- Prefeitura do Districto Federal; Sinopse Estatística do Districto Federal. Rio de Janeiro, 1935. 54)- Questão de Privilégio; Recurso para o Conselho de Estado Interposto pela Companhia Brasileira Ferro Carril do Jardim Botânico Contra o Procedimento Arbitrário do Governo. Rio de Janeiro, Typographia de Leuzinger e Filhos, 1883. 55)- Reis, José de Oliveira; A Guanabara e seus Governadores. Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1978, il. 56)- Reis, José de Oliveira; O Rio de Janeiro e seus Prefeitos. Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1977, 4 vols., il. 57)- Relatório da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Rio de Janeiro, Typographia de Carlos Gaspar da Silva, 1890. 58)- Relatório da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Rio de Janeiro, Typographia de Carlos Gaspar da Silva, 1892. 59)- Relatório da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Rio de Janeiro, Typographia de Carlos Gaspar da Silva, 1894. 23PDF Creator 
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  • 24. 60)- Relatório da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Rio de Janeiro, Typographia de Carlos Gaspar da Silva, 1895. 61)- Relatório da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Rio de Janeiro, Typographia de Carlos Gaspar da Silva, 1896. 62)- Relatório da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Rio de Janeiro, Typographia de Carlos Gaspar da Silva, 1899. 63)- Rheingantz, Carlos Grandmasson; Primeiras Famílias do Rio de Janeiro - Sécs. XVI/XVII. Rio de Janeiro, Livraria Brasiliana Editora, Coleção Vieira Fazenda, 2 vols., 1965. 64)- Rocha, Luiz; Rio e Arredores - A Melhor Maneira de se Conhecer o Rio. Rio de Janeiro, Editôra do Autor, 1991, il. 65)- Rosa, Professor Ferreira da; Memorial do Rio de Janeiro - 1878/1928. Rio de Janeiro, Arquivo do Distrito Federal, 1951, il. 66)- Rosa, Professor Ferreira da; Rio de Janeiro em 1922/24. Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Coleção Memória do Rio, 1978, il. 67)- Rouchou, Jöelle; e Blanc, Lúcia; Memórias de Ipanema: 100 anos de Bairro. Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1994, il. 68)- Sampaio, Carlos César de Oliveira; Memória Histórica - Obras da Prefeitura. Rio de Janeiro, Lumen Empresa Internacional Editora, 1924, il. 69)- Santos, Francisco Agenor de Noronha; As Freguesias do Rio Antigo. Rio de Janeiro, Editôra O Cruzeiro, 1965, il. 70)- Santos, Francisco Agenor de Noronha; Chorographia do Districto Federal. Rio de Janeiro, 1913, il. 71)- Santos, Francisco Agenor de Noronha; Os Meios de Transporte do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2 vols., Typografia Jornal do Commércio, 1934, il. 72)- Santos, Joaquim Ferreira dos; Feliz 1958 - O Ano que não Devia Terminar. Rio de Janeiro, Editôra Record, 1998, il. 73)- Santos, Paulo F.; Quatro Séculos de Arquitetura. Rio de Janeiro, Instituto de Arquitetos do Brasil, 1981, il. 74)- Schlichthorst, C.; O Rio de Janeiro Como É - 1824/26: Huma Vez e Nunca Mais. Rio de Janeiro, 1938, il. 75)- Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes; Guia do Patrimônio Cultural Carioca. Rio de Janeiro, Departamento Geral de Patrimônio Cultural, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1992, il. 76) - Silva, J. Romão da; Geonomásticos Cariocas de Procedência Indígena. Rio de Janeiro, Prefeitura do Distrito Federal, 1959. 77) - Silva, Maurício Joppert da; Paulo de Frontin - Patrono da Engenharia Brasileira. Rio de Janeiro, Clube de Engenharia, 1967, il. 78) - Soares, Alaôr Prata; Recordações de Vida Pública. Rio de Janeiro, Editora Borsoi, 1958. 79)- Tabet, Sérgio; e Pummar, Sônia; O Rio de Janeiro em Antigos Cartões Postais. Rio de Janeiro, Editôra do Autor, 1985, il. 80)- Teixeira Filho, Álvaro; Roteiro Cartográfico da Baía de Guanabara e Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Livraria São José, 1974, il. 81)- Teixeira, Milton de Mendonça; O Rio de Janeiro e sua Arquitetura. Rio de Janeiro, GECET/DOP/RIOTUR, 1988. 82)- Teixeira, Milton de Mendonça; O Rio de Janeiro e suas Praças. Rio de Janeiro, GECET/DOP/RIOTUR, 1988. 83)- Tôrres, José Moreira; Lagoa Rodrigo de Freitas. Rio de Janeiro, Revista Municipal de Engenharia, 1990, il. 24PDF Creator
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  • 25. 84)- Vários Autores; Assistência Pública e Privada no Rio de Janeiro(Brasil). História e Estatística. Em Comemoração do Centenário da Independência do Brasil. Tip. Do Anuário do Brasil, 1922, il. 85)- Vários Autores; O Rio de Janeiro em seus Quatrocentos Anos. Rio de Janeiro, Editôra Record, 1965, il. 86)- Vários Autores; Rio, Modéstia à Parte. Rio de Janeiro, Suplemento Especial de Seleções do Reader`s Digest, dezembro de 1964, il. 87)- Winz, Antônio Pimentel; Notas Históricas sobre Nossa Senhora de Copacabana. Rio de Janeiro, Anais do Museu Histórico Nacional, 1965, il. 88)- Xavier, Alberto; Britto, Alfredo; Nobre, Ana Luiza; Arquitetura Moderna no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RioArte, PINI, 1991, il. 25PDF Creator 
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Praia de Ipanema nos anos 50 fonte imagem:fotolog.com
O sucesso de maior repercussão chegou em 1962: "Garota de Ipanema".
fonte imagem: jblog.com.br


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Helô Pinheiro (Foto: EFE) Helô Pinheiro, 67 anos, ganhou fama e se tornou ...
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Suas areias marcam a história da Bossa Nova. Ipanema está entre as praias ...
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Ilha do Marajó - BRASIL


fonte imagem: http://ilhadomarajo.com/


Ilha de Marajó

A ilha de Marajó é uma ilha brasileira do estado do Pará, localizada na foz do rio Amazonas no arquipélago do Marajó.
Com uma área de aproximadamente 40 100 km², é a maior ilha fluviomarítima do mundo. A cidade de Belém situa-se à sudeste do canal que separa a ilha do continente. A maior ilha fluvial é a Ilha do Bananal.
Destaca-se pelos montes artificiais, nomeados tesos, construídos ainda em seu passado pré-colombiano pelos índios locais. A ilha era chamada de Marinatambal pelos indígenas (confirmado por Sir Walter Raleigh no século XVI), já em tempos coloniais foi denominada como Ilha Grande de Joannes.[1]
Outro destaque da ilha, é o lugar de maior rebanho de búfalos do Brasil, cerca de 600 mil cabeças.[2]

A desembocadura do rio Amazonas e a Ilha do Marajó.


Divisão Administrativa

A ilha é composta por 16 municípios paraenses distribuídos em 3 Microregiões:
  • Microregião do Arari: Cachoeira do Arari, Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, Soure
  • Microregião dos Furos de Breves: Afuá, Anajás, Breves, Curralinho, São Sebastião da Boa Vista
  • Microregião de Portel: Bagre, Gurupá, Melgaço,Portel.
Sendo o município de Santa Cruz do Arari, o menos populoso com cerca de 8.000 hab, e o município de Breves o mais populoso com cerca de 90.000 hab.

Território Federal do Marajó
A proposição de decreto legislativo nº 2419 de 2002 dispõe sobre a realização de plebiscito para a criação do "Território Federal do Marajó". O referido projeto, em tramitação no Congresso Nacional, definiria que, caso viesse a ser aprovado, os seguintes municípios do estado do Pará seriam desmembrados para constituir o Território Federal do Marajó: AfuáAnajásBagreBrevesCachoeira do ArariChavesCurralinhoGurupáMelgaçoMuanáPonta de Pedras,SalvaterraSanta Cruz do ArariS. Sebastião da Boa Vista e Soure.

Clima e vegetação

Possui clima equatorial úmido com um período seco anual ocorrendo no início do segundo semestre e com um a dois meses de duração ao sul, chegando a três meses ao norte. Grande parte do território é região de floresta ombrófila densa aluvial e das terra baixas. Ao nordeste percebe-se a grande presença de áreas de influência fluvial ou lacustre (campos mistos alagados ou campos de várzeas)repletos de herbáceas. Ainda no nordeste, mais próximo ao litoral, há predominância do manguezal, onde "a Rhyzophora mangle, sua espécie mais característica, ocorre ora isolada ora formando grupamentos gregários em meio às aningas (Montrichardia arborecens) e, da mesma forma, intercalada entre os aturis (Drepanocarpus lunatus), às vezes, com as palmeiras buriti (Maritia flexuosa) e o açaí (Euterpe oleracea), que se comportam como pioneiras indicadoras da transição do mangue para a vegetação das áreas alagadas com água doce". Ao norte e sul ocorrem áreas de domínio de savana (cerrado), principalmente nas áreas de transição entre os domínios de influência fluvial ou lacustre e áreas de floresta ombrófila densa.

Turismo

A ilha de Marajó, a partir da década de 1990, insere-se no circuito turístico nacional devido a suas belas praias, igarapés, vigorosa natureza e sua culinária específica tem atraído muitos visitantes. Conta na atualidade com estruturada rede de hospedagem e alimentação de várias categorias. Outro atrativo conciliado ao ecoturismo é o artesanato e a criação de búfalos. O artesanato marajoara é famoso em todo o país, assim como as fazendas de criação de búfalos.

Baronato

Durante o período colonial do Brasil, a coroa portuguesa criou o título de barão da Ilha Grande de Joanes, antigo nome da ilha. O primeiro agraciado foi Luís Gonçalo de Sousa de Macedo (1640–1727), por decreto real de D. José I de Portugal, em 1754. O título de barão da Ilha Grande de Joanes foi extinto pois foi trocado pelo viscondado de Mesquitela, transferindo-se a Ilha Grande de Joanes (atual Ilha de Marajó) para a coroa portuguesa.



Apesar de bela e exótica, a Ilha de Marajó, situada no estado do Pará e cercada pelos rios Amazonas, Tocantins e pelo oceano Atlântico, ainda é pouco conhecida pelos turistas. A variedade da fauna é uma das grandes atrações da Ilha: são as mais diversas aves, peixes, macacos, capivaras, mas com certeza, as manadas de búfalo se destacam como símbolo da região.


São aproximadamente 250.000 habitantes. Dizem que a Ilha de Marajó foi descoberta antes mesmo do Brasil. Especula-se que os portugueses tenham chegado à Ilha em 1498. O navegador lusitano Duarte Pacheco Pereira, porém, acreditou estar pisando em território espanhol, de acordo com o Tratado de Tordesilhas. Sua atual economia se baseia na criação de búfalos, pesca, extração de madeira, açaí e borracha.

fonte imagem: senado.gov.br  (Senador Mario Couto)

A ilha de Marajó, a maior ilha fluvial do mundo, é dividida em vários municípios.

fonte imagem: brasildiario.com

Ilha do Marajó: santuário ecológico da Amazônia

Região abriga florestas, praias, rios, lagos e uma rica fauna.
Adriana Lopes
www.brasildiario.com
Um dos mais preservados santuários ecológicos da Amazônia, a Ilha do Marajó, no Pará, encanta por suas belezas naturais. Florestas, praias, rios, lagos de diversos tamanhos, igarapés, dunas e uma rica fauna compõem o lugar, que tem atraído milhares de turistas todos os anos.
A ilha pode ter sido o primeiro ponto do território brasileiro a ser visitado pelos europeus dois anos antes da expedição portuguesa chegar à Cabrália, mas se o cartógrafo e navegador Duarte Pacheco Pereira passou mesmo por aqui, se fez desapercebido. De acordo com o Tratado de Tordesilhas, pisava em território espanhol.

Foi habitado por diversas tribos indígenas, dentre eles, os aruãs, tribo mais numerosa e mais valente, de onde foram expulsos pelos Caraíbas. Os índios encontravam na ilha o ambiente ideal para viver e trabalhar a sua arte de desenhos geométricos, que hoje é distribuída pela Europa e América do Norte.
A ilha também se destaca por sua cultura, danças do carimbo e lundu e a cerâmica marajoara, além de também ser conhecida como a terra dos búfalos, devido a enorme população de búfalos, que é maior do que a de habitantes.
Os cenários são transformados de seis em seis meses, devido a grande quantidade de chuva, principalmente no primeiro semestre, quando as matas e os campos ficam embaixo das águas. No segundo semestre, o período da seca acaba e a visitação se torna mais favorável pela melhor observação dos animais e da vegetação. Praias com dunas claras, praticamente inexploradas são o grande atrativo.
Fazendas
Embora mantenham suas atividades normais de pecuária, recebem turistas. Organizam passeios em trilhas, de barco ou montando búfalos, para que os visitantes possam entrar em contato com o meio ambiente local. É possível também hospedar-se em uma típica fazenda nos campos do interior da ilha.

Museu do Marajó
Ilha do Marajó: santuário ecológico da Amazônia
Fica na pequena cidade de Cachoeira do Arari, a 75 km de Soure, por estrada de terra que percorre a planície. A viagem até lá é uma oportunidade de se entrar em contato com o exótico ambiente do interior da ilha. Expõe peças da antiga cerâmica marajoara, encontrada em escavações, além de artesanato e objetos típicos da cultura regional.
Praias
As bonitas praias do Pesqueiro, Araruna e Barra Velha ficam próximas ao centro de Soure. No município de Salvaterra, se encontram as de Joanes, Monsarás e Grande. A maioria tem areias claras, pequenas dunas e mar azul. Nas praias mais movimentadas, há barracas rústicas que servem bebidas e petiscos.
Urna funerária do período conhecido como marajoara, em referência aos povos pré-colombianos que viveram na Ilha de Marajó.

Conheça a história e um pouco mais da Cerâmica Marajoara

O trabalho dos índios da Ilha de Marajó. A fase mais estudada e conhecida se refere ao período de 400/1400 dC.
      Os índios de Marajó faziam peças utilitárias e decorativas. Confeccionavam vasilhas, potes, urnas funerárias, apitos, chocalhos machados, bonecas de criança, cachimbos, estatuetas, porta-veneno para as flechas, tangas (tapa-sexo usado para cobrir as genitálias das moças) – talvez as únicas, não só na América, mas em todo o mundo, feitas de cerâmica.
     Os objetos eram zoomorfizados (representação de animais) ou antropomorfizados (forma semelhante ao homem ou parte dele), mas também  poderiam misturar as duas formas-zooantropomorfos.
     Visando aumentar a resistência do barro eram agregadas outras substâncias-minerais ou vegetais: cinzas de cascas de árvores e de ossos, pó de pedra e concha e o cauixi-uma esponja silicosa que recobre a raiz de árvores, permanentemente submersas.
      As peças eram  acromáticas (sem uso de cor na decoração, só a tonalidade do barro queimado) e cromáticas. A coloração era obtida com o uso de engobes (barro em estado líquido) e com pigmentos de origem vegetal. Para o tom vermelho usava o urucum, para o branco o caulim, para o preto o jenipapo, além do carvão e da fuligem.
      Depois de queimada, em forno de buraco ou em fogueira a céu aberto, a peça recebia uma espécie de verniz obtido do breu do jutaí, material que propiciava um acabamento lustroso.
Nas urnas funerárias, os índios colocavam os restos de seus mortos-ossos acompanhados de objetos.  Externamente, tais urnas eram decoradas com desenhos gráficos relativos às crenças e aos deuses adorados.   
      A decoração da Cerâmica Marajoara era feita com traços gráficos simétricos e harmoniosos, em baixo e alto relevo, entalhes, aplicações e outras técnicas.                  
A descoberta de artefatos marajoaras é dificultada por ser o solo da ilha extremamente úmido e sujeito a inundações periódicas. Infelizmente, no correr dos anos, muitos objetos encontrados em escavações arqueológicas foram saqueados e até contrabandeados para o exterior - um grave desrespeito ao patrimônio cultural brasileiro.
     Hoje em dia o mais importante pólo de resgate da cerâmica marajoara no estado do Pará encontra-se em Icoaraci, localidade próxima à cidade de Belém.
     Os artesãos usam o barro colhido nas margens dos igarapés da região, modelam, à mão ou em tornos-de-pé, réplicas, peças utilitárias e decorativas, queima em rústicos fornos a lenha, decoram com engobes, e usam a técnica de brunir.
O maior acervo de peças de Cerâmica Marajoara encontra-se no Museu Emilio Goeldi em Belém-PA. Há também peças no Museu Nacional no Rio de Janeiro, (Quinta da Boa Vista), no Museu Arqueológico da USP em São Paulo-SP, e no Museu Universitário Prof Oswaldo Rodrigues Cabral, na cidade de Florianópolis-SC e em museus do exterior - American Museum of  Natural History-New York e  Museu Barbier-Mueller  em Genebra.
      Um dos maiores responsáveis, atualmente, pela memória e resgate da civilização indígena da ilha de Marajó é Giovanni Gallo, que criou em 1972 e administra o Museu do Marajó, localizado em Cachoeira do Arari.  O museu reúne objetos representativos da cultura da região - usos e costumes.  


fonte imagem: pacotes-viagens.com
Fotos - Ilha de Marajó fonte imagem: sitesturismo.com.br
Ilha de Marajó, situada no estado do Pará, é cercada pelos rios Amazonas, Tocantins e pelo Oceano Atlântico, com uma área de 40.100 km², é a maior ilha fluviomarinha do mundo.
Entre as principais atrações turísticas do lugar, destacam-se os montes artificiais, nomeados “tesos”, que foram construídos no período pré-colombiano pelos índios locais, e o grande rebanho de búfalos, um dos maiores do Brasil.
A região é considerada o maior e mais bem preservado santuário ecológico da Amazônia, abriga planícies cobertas de savana, densas florestas, praias fluviais, lagos de diversos tamanhos, igarapés, dunas e a pororoca, com formação de ondas gigantescas no encontro da águas.
Também tem destaque a cultura local, a dança do carimbó, de lundu e a cerâmica marajoara.

Dicas e Passeios na Ilha de Marajó

Os cenários do local se transformam de seis em seis meses, principalmente no primeiro semestre, quando as matas e os campos ficam embaixo das águas.
No segundo semestre, a visitação se torna mais favorável pela melhor observação dos animais e da vegetação, rica e diversificada.
O território da Ilha de Marajó e constituído por várias localidades, entre elas, Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Muaná, Ponta de Pedras,Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Soure.
Fonte: www.hoteis-e-pousadas.com

Um pouco de história: o tradicional e o novo

A ilha do Marajó foi habitada, muito antes da chegada dos portugueses, entre os anos 400 e 1.300 d.C., por povos que faziam uma cerâmica bonita e refinada. Eles fabricavam potes, vasos, tigelas, tangas, urnas funerárias, adornos e outros objetos, com um estilo próprio, que ficou conhecido como ‘cultura marajoara’. Contavam histórias e expressavam suas crenças e emoções, só que em vez de palavras escritas, usavam imagens. Desenhavam ou moldavam no barro animais e seres da floresta: cobras, jacarés, tartarugas, lagartos, corujas, macacos. Esses objetos, que foram encontrados pelos arqueólogos, estão vivos e espalhados por museus do mundo inteiro.
Quando os portugueses chegaram ao Pará, em 1616, a ilha do Marajó já estava ocupada por outros povos estimados em cem mil habitantes. Eles falavam línguas diferentes da Língua Geral ou Nheengatu (que significa ‘língua boa’), usada na catequese pelos missionários. Por isso, ficaram conhecidos como Nheengaíbas (que significa ‘língua difícil’). Um desses povos era o SACACA, dono de conhecimentos sobre plantas medicinais, ervas e cipós, transmitidos oralmente de pai para filho através de histórias e de narrativas míticas. Em algumas gerações, os povos do Marajó adotaram a Língua Geral e depois a língua portuguesa, mas a palavra ‘sacaca’ ficou para denominar o ‘pajé’ ou ‘aquele que cura’.
Os povos do Marajó, através dos séculos, criaram formas majestosas de arte como a cerâmica, a pintura, a arquitetura deixada nos traços das aldeias encontradas, além de mitologias, narrativas, poesias, cantos, pajelanças, etnosaberes e muito mais coisas que hoje inspiram a alma do caboclo. Esses saberes acumulados durante milênios podem ajudar-nos hoje a melhorar a qualidade de vida na Amazônia. Daí surge a necessidade de fortalecimento dessas expressões culturais que têm em sua existência a herança de povos que resistiram à imposição colonizadora, mas que souberam também dialogar com outras culturas, incorporando novos elementos da modernidade.
Hoje, surgiram novas informações, novos meios de vida e novas preocupações. O grande desafio do século XXI é: como acompanhar as mudanças tecnológicas e ao mesmo tempo manter a tradição, os conhecimentos sobre a floresta, a qualidade de vida, o respeito ao meio ambiente e a forma de olhar o mundo? Como incorporar as inovações sem perder a identidade e a origem marajoara? O homem marajoara não tem medo das inovações e da mudança, ele quer mudar, preservando, no entanto, o que tem de melhor na sua tradição.
Um professor francês, Jean Jaurés (1859-1914) escreveu que a defesa da tradição deve ser feita não para conservarmos as cinzas, mas para soprarmos as brasas: “Do passado – ele diz – apoderemo-nos do fogo e não das cinzas”.
Esse é o espírito que tem animado as jornadas de oficinas e palestras que realizamos em Soure em quatro anos consecutivos. Discutimos questões como o desmatamento, a proteção da fauna da Ilha, o papel que o marajoara deverá desempenhar na luta pela preservação da Natureza e até problemas modernos como o aquecimento global.

Um pouco de geografia: o território e o meio-ambiente

Situada bem no coração da foz do Rio Amazonas, a Ilha de Marajó guarda muita beleza e contrastes. Maior ilha fluvio-marinha do mundo, com quase 50 000 km² (o tamanho dos estados de Sergipe e Alagoas juntos), a Ilha de Marajó é a extensão natural de uma visita à capital paraense. A viagem de lancha que separa Belém da cidade de Soure, capital da ilha, dura duas horas e atravessa as baías do Guajará e do Marajó. Situada na foz do Rio Amazonas, a ilha, um paraíso selvagem, é uma extensa planície, pontilhada de campos, matas, mangues e igarapés.
O lado oriental, mais próximo da capital paraense, abriga boa parte dos vilarejos e das fazendas de criação de búfalos (a manada da ilha é a maior do país). É nessa região que vive a maioria dos 250 000 habitantes de Marajó. Do outro lado da ilha, praticamente desabitado, os campos dão lugar a uma floresta úmida e abafada.
A melhor época para visitar Marajó vai de janeiro a junho, quando chove quase todo final de tarde e os campos ficam inundados, a relva, viçosa, e o clima, mais ameno. No resto do ano, o forte calor faz o solo rachar, abrindo cicatrizes na terra.
Os búfalos são uma presença marcante na vida dos marajoaras - tão forte quanto o carimbó e o lundu, danças de origem africana e indígena típicas do Pará. Os animais, que chegam a pesar meia tonelada, pastam livremente pelas ruas de Soure e até servem como viatura para uma espécie de polícia montada. Servem também como táxi e, no carnaval, puxam carroças equipadas com potentes caixas de som, numa curiosa mistura de carro de boi com trio elétrico. A passarela do samba em Soure, por sinal, foi batizada de Bufódromo, numa homenagem ao animal-símbolo da ilha. O curioso é que os búfalos chegaram à região por acidente, depois que um navio carregado dos animais, que seguia para a Guiana Francesa, encalhou na costa da ilha.Os animais nadaram até a praia e se adaptaram ao clima inóspito do lugar - ainda hoje é possível encontrar búfalos selvagens nas matas de Marajó.
Existe um turismo promissor na região. Para conhecer o modo de vida simples marajoara, nada melhor que hospedar-se numa das muitas fazendas. De dia, pode-se passear a cavalo e navegar pelos igarapés e, à noite, aventurar-se na focagem de jacaré. Caso, porém, se prefira o conforto de um hotel, nos arredores de Soure é possível encontrá-lo num hotel-fazenda. Lá, você poderá experimentar a sensação de montar no lombo de um búfalo. Quatro animais mansinhos - Vagalume, Louro, Sol e Rambo - estão às ordens de quem quiser fazer esse curioso passeio. E, no final da visita, se prova os quitutes de Dona Carlota, a dona do empreendimento, que faz uma deliciosa geléia de cupuaçu, fruta típica do Pará.
No vilarejo de Cachoeira do Arari, distante 74 quilômetros de Soure por uma estradinha de terra, a atração é outro traço marcante da cultura da ilha: as célebres cerâmicas marajoaras, herança dos primeiros habitantes. Cachoeira do Arari é a sede do Museu do Marajó que, além da coleção de artefatos marajoaras, destaca-se por investir na preservação da cultura e das tradições dos ilhéus. "A principal peça do museu é o caboclo marajoara", afirma o italiano Giovanni Gallo, que foi diretor do museu e escreveu o livro: Marajó, a ditadura da água.

A arte dos marajoaras

Povos de culturas sofisticadas povoaram a Ilha de Marajó muito antes da chegada do colonizador europeu. Eram os marajoaras, que dominavam a técnica de horticultura na floresta e desenvolviam a agricultura itinerante, com queimada e derrubada de árvores. Habilidosos arquitetos, os marajoaras faziam aterros artificiais para erguer suas casas nas épocas de cheia.
O maior legado desse povo, que desapareceu por volta do ano de 1.300, foi a estilizada cerâmica marajoara. São vasos, jarros, pratos, utensílios de cozinha e urnas funerárias ricamente enfeitados com curiosos desenhos - o mais comum é o de uma serpente, representada por espirais. As peças mais antigas datam de 980 a.C. e podem ser apreciadas nos museus do Marajó, em Cachoeira do Arari, e no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém.
Inúmeros artesãos reproduzem peças de barro no estilo marajoara. A maioria dos ateliês fica em Icoaraci, cidade a 23 quilômetros de Belém, que tem uma cooperativa de ceramistas. O mais famoso de todos os artesãos é o seu Anísio, cujas bem trabalhadas peças já foram vendidas até para a Joalheria H. Stern. Quem visita seu ateliê pode acompanhar todo o processo de produção das peças.
Fonte: www.caruanasdomarajo.com.br
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ilha-de-marajo/ilha-de-marajo-2.php                                        
  A Ilha de Marajó é a maior ilha fluviomarinha do mundo, palco da mais famosa pororoca do mundo e fenômeno de formação de ondas gigantescas no encontro da águas. Ela pode ter sido o primeiro ponto do território brasileiro a ser visitado pelos europeus dois anos antes da expedição portuguesa chegar a Cabrália, mas se o cartógrafo e navegador Duarte Pacheco Pereira passou mesmo por aqui, se fez desapercebido. De acordo com o Tratado de Tordesilhas, pisava em território espanhol.
Marajó foi habitado por diversas tribos indígenas, dentre eles, os aruãs, tribo mais numerosa e mais valente, de onde foram expulsos pelos Caraíbas. Os índios encontravam na ilha o ambiente ideal para viver e trabalhar a sua arte de desenhos geométricos, que hoje é distribuída pela Europa e América do Norte.
A ilha também se destaca por sua cultura, danças do carimbo e lundu e a cerâmica marajoara, além de também ser conhecida como a terra dos búfalos, devido a enorme população de búfalos, que é maior do que a de habitantes.
CLIMA
O clima na Ilha é de chuva, muita chuva. Portanto, a melhor época para se visitar a Ilha vai de junho a janeiro, período em que não chove tanto, tornando os passeios mais fáceis de serem praticados. Nos outros meses, a Ilha fica praticamente alagada, devido ao imenso volume de chuva.
ASPECTOS NATURAIS
Pouco conhecida, a Ilha de Marajó é um dos mais preservados santuários ecológicos da Amazônia, tendo como meios de transporte mais comuns, pesando cerca de meia tonelada, o búfalo.
Suas belezas naturais se dividem entre a planície coberta de savana e as densas florestas. Praias de rio, lagos de diversos tamanhos, igarapés, dunas, florestas e uma rica fauna fazem da Ilha de Marajó um dos maiores santuários ecológicos.
Os cenários são transformados de seis em seis meses, devido a grande quantidade de chuva, principalmente no primeiro semestre, quando as matas e os campos ficam embaixo das águas. No segundo semestre, o período da seca acaba e a visitação se torna mais favorável pela melhor observação dos animais e da vegetação. Praias com dunas claras, praticamente inexploradas são o grande atrativo.
Nascer do Sol na Ilha do Marajó - Pará (Porto do Camará) Travessia Marajó - Belém





A ilha de Marajó é a maior ilha fluviomarinha do mundo, Com uma área de aproximadamente 40.100 km², situada no Estado do Pará na foz do Rio Amazonas. possui o maior rebanho de búfalos do Brasil. A vegetação é bem diversificada, que vai desde alagados à floresta amazônica, além de possuir rios e belas praias de água doce e salgada.
Soure - Ilha de Marajó - Pará
Pará - Amazônia
Norte do Brasil

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The island of Marajo is the largest fluvialmarine island in the world, with an area of approximately 40.100 km², located in Para State in the mouth of the Amazon River. It possesses the largest herd of buffalo in Brazil. The vegetation is diverse, ranging from wetlands to Amazon forest, also has beautiful beaches and rivers of freshwater and saltwater.
Soure - island of Marajo
Pará - Amazon
Northern Brazil
Fotos - Ilha de Marajó fonte imagem: sitesturismo.com.br
ormond_marajo.jpg fonte imagem: geocities.ws