Que Saudades...
Ando com saudades de café com pão.
De namorados dando beijos no portão.
De pedir benção a pai e mãe.
(Deus te abençoe!)
De ver um varal cheio de roupa
Com cheiro de sabão.
De ver alguém sorrindo,
Enquanto lava a louça com bucha vegetal.
De sentir respeito pela polícia
De cantar o Hino Nacional, com mão no peito
e lágrimas nos olhos.
De acreditar que o Brasil ganhou a Copa do Mundo
Por que jogou direito.
De saber que o Zezinho, filho do porteiro,
Não vai morrer de dengue.
E que Maria feirante poderá ter um filho médico.
Saudades de homens que usavam o assobio;
como galanteio.
Fiu-fiu!
Morro de saudades do tempo em que o presidente
de uma nação era o mais respeitado cidadão do país.
Que cadeia era só lugar de ladrão.
Acho que andaram invertendo a situação.
Ando com saudades de galinha de galinheiro;
De macarrão feito em casa, com tempero
sem agrotóxico;
De só poder tomar guaraná em dia de festa.
De homens de gravatas,
de novela com final feliz.
De pipoca doce do pipoqueiro;
De dar bom-dia à vizinha;
De ouvir alguém dizer obrigado ao motorista,
e ele frear devagarzinho, preocupado com o passageiro.
Saudades de gritar que a porta está aberta
Para os que chegam.
Saudades do tempo em que educação não era
confundida com autenticidade.
Hoje, fala o que quer em nome de uma “tal”
Verdade.
E perdão virou raridade.
Ando com saudades de ver no céu pipas
Não atingidas pelo efeito estufa.
Saudades das chuvas sem acidez,
que não causavam aridez.
Saudades de poder viajar sem medo,
de homens-bombas
De ser recebida com pompa em outra nação.
Atualmente, reina a desconfiança no coração.
Sinto muitas saudades do rubor das faces,
de minha mãe, quando se falava em sexo.
Totalmente sem nexo.
Hoje ele é tão banal que até eu banalizei.
Acho que a maior saudade que tenho é a
Saudade de tudo que acreditei.
Para meus filhos não poderei deixar sequer
a esperança.
Hoje, já não se nasce criança!!!
“Poxa! Que saudades”
Autor? Qualquer um de nós.