Sempre na minha mente e no coração...

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Corcovado ou Cristo Redentor, lindo !!!

domingo, 6 de abril de 2014

A SINGULARIDADE DE VENEZA

A SINGULARIDADE DE VENEZA

Por Claudia Liechavicius

Veneza é uma cidade que sempre surpreende com seu ar misterioso, romântico e sedutor. Não é por acaso que atrai multidões de turistas. Parece que o tempo passa mais devagar em suas ruas ligadas por uma infinidade de pontes sobre canais onde circulam gôndolas com casais apaixonados. Além, é claro de muitas outras embarcações. Carros definitivamente não têm vez. Não existe outra cidade no mundo que se compare à Veneza. Ela é única. Mesmo que alguns digam que já perdeu parte de sua majestade, não há quem não suspire várias vezes ao dia ao se emaranhar por seus becos. Da arquitetura à gastronomia há muitos encantos para se viver em Veneza.

Centro histórico de Veneza.

Veneza é realmente ímpar. Foi construída sobre uma série de ilhotas e bancos de areia nas águas do Adriático, nordeste da Itália. Por isso mesmo, está sujeita aos caprichos da maré. Sofre com enchentes. E nem se abala. Contraria todas as probabilidades e sobrevive triunfal às eventualidades da mãe natureza.

Veneza vista do alto do Campanário e ao fundo o contorno das Dolomitas.

UM POUQUINHO DE HISTÓRIA

Tudo começou com a fuga dos habitantes da região do Veneto com medo das invasões bárbaras, no século V. Eles se estabeleceram nas 65 ilhotas que existiam por ali. Logo, precisaram se expandir e assim desenvolveram um sistema de aterro sobre as áreas alagadas. Veneza se tornou uma província bizantina independente no século X. E, cresceu muito graças a sua localização privilegiada. Passou a fazer a ligação comercial entre Ocidente e Oriente. A cidade viveu momentos de glória e poder. No entanto, quando os portugueses descobriram uma rota alternativa pela África sua força foi abalada. No final do século XVIII Napoleão conquistou Veneza. Depois, virou território austríaco. Até finalmente ser incorporada à Itália, em 1866.

O centro histórico de Veneza hoje ocupa uma área de aproximadamente 7,6 quilômetros quadrados espalhados sobre 117 ilhas muito próximas, recortadas por 150 canais e conectadas por 409 pontes. Não é pouco para andar de um lado ao outro sem carro. Para ir do hotel em que estava hospedada à Piazza San Marco eu precisava caminhar 2 quilômetros de ida e mais dois de volta. Andei muito por lá. Mas, flanar por Veneza é adorável.

É difícil conseguir se localizar em Veneza sem um mapa.

Boa opção para não cansar das longas caminhadas são os táxis. Aliás, um passeio de táxi pelos canais de Veneza faz parte da viagem. Mas, prepare o bolso. Você não vai para lugar nenhum por menos de 60 euros. As gôndolas têm preços ainda mais salgadinhos. Os hotéis distantes do centro histórico têm transporte particular em horários específicos para alguns pontos da cidade. A população local costuma usar o Vaporetto, uma espécie de ônibus aquático. O problema é que ele vive abarrotado de gente.




As tradicionais gôndolas de Veneza.

CURIOSIDADE: Quando a maré sobe muito, os locais mais baixos da cidade, como a Piazza San Marco, alagam. Enchentes são comuns na cidade que já afundou 23 centímetros por conta da compressão natural do solo e da elevação do nível da água.

Água não falta em Veneza.

O QUE NÃO PODE FALTAR NUMA VISITA A VENEZA
Não necessariamente nessa ordem. Afinal, a ordem dos fatores não altera o produto.


1. PIAZZA SAN MARCO. Considerada como o centro de Veneza, ela é uma das praças mais bonitas do mundo. É imponente, grandiosa e diferente do convencional pois não tem uma árvore sequer. Mas, é repleta de pombos. De um lado tem a belíssima Basílica de San Marco e seu Campanário, que é a construção mais alta de Veneza e onde vale a pena subir para ver a cidade do alto. Do outro lado, lojas que vendem as tradicionais máscaras de Carnaval e muitos cafés. Não deixe de fazer uma pausa no Café Florian com seus salões espetaculares. Visite a praça várias vezes, com luzes diferentes e preste atenção ao relógio da Torre dell'Orologio (Torre do Relógio).




Piazza San Marco.

Torre do Relógio, na Piazza San Marco, feita no século XV.

O mostrador traz as representações das fases da lua e os signos do zodíaco.

2. BASÍLICA DI SAN MARCO: A Basílica é famosa por refletir o poder que Veneza ostentou por tanto tempo. Ela mescla referências do Ocidente e do Oriente numa obra grandiosa. O que se vê hoje foi construído a partir do século XI. Mas, essa já é a terceira igreja construída no local. A primeira sofreu com um incêndio e a segunda foi demolida para dar lugar a outra mais imponente. Um fato interessante é que, por lei, todo navio que estivesse voltando do exterior tinha, obrigatoriamente, que trazer um presente de valor para ornamenta-la. Seu exterior é magnífico. Tem várias colunatas em mármore de diversas cores, sobre a porta principal um belíssimo mosaico de São Marco e acima do mosaico dois enormes cavalos de bronze trazidos de Constantinopla, que hoje são réplicas e os originais estão guardados no museu da basílica. Mas, o que mais me encanta na basílica são os enormes domos arredondados quando vistos do alto do campanário ou quando vistos por dentro com seus belos mosaicos. As filas para entrar na basílica costumam ser grandes. Mas, vale a pena encarar. De todo modo, se der preguiça de enfrentar a espera, observe com calma seus detalhes por fora e só isso já é capaz de causar êxtase.

Domos da Basilica di San Marco.

3. CAFÉ FLORIAN. Depois de conhecer a Basílica di San Marco, circular pela Piazza di San Marco e visitar o Palácio Ducale é hora de fazer uma pausa para um descanso no legendário Café Florian. Durante o inverno, o ideal é sentar nas elegantes salas aquecidas para fugir do frio. Nas épocas mais quentes, as mesas são colocadas do lado de fora e o astral é mágico especialmente, no cair do dia, ao som de música clássica. Há vários outros cafés, um ao lado do outro, mas o Florian é o mais tradicional.

4. PASSEIO DE GÔNDOLA. Sei que as gôndolas não poderiam ser mais turístcas! Também sei que os preços são exorbitantes e os próprios venezianos não chegam nem perto delas. Mas, têm maneira mais romântica de circular pelos pequeninos canais da cidade com sua cara-metade? Então, esqueça desses detalhes e embarque numa viagem no tempo deslizando pelos canais tranquilos de Veneza à bordo de uma gôndola. Nem que seja uma única vez na vida.

De gôndola pelos canais de Veneza.

5. SCUOLA GRANDE DI SAN ROCCO. Essa escola foi fundada em 1515 em homenagem a San Rocco (São Roque), um santo que dedicou sua vida a ajudar os doentes em uma irmandade de caridade. Em 1564, o pintor renascentista Tintoretto foi contratado para decorar as paredes do prédio e trabalhou por 30 anos fazendo os afrescos no que hoje é um museu. A obra é de arrepiar. No térreo há 8 pinturas que ilustram a vida de Maria. A escadaria parece um túnel do tempo com pinturas de Scarpagnino. E, nos salões do andar superior temas bíblicos pintados por Tintoretto deixam qualquer um boquiaberto. Absolutamente imperdível. É um daqueles lugares em que você não tem vontade de ir embora e fica completamente entregue a contemplação. Pena que as obras não possam ser fotografadas. Ao lado, fica a Igreja de San Rocco também com trabalhos de Tintoretto. Valor do ingresso: 10 euros.

6. PASSEIO DE BARCO PELO GRAN CANAL. Gran Canal é a avenida mais larga e a principal de Veneza. É uma via "aquática" de 3 quilômetros cercada por construções belíssimas feitas ao longo de alguns séculos e que contam um pouco da história da cidade. A maneira mais barata e simples de percorrer esse trajeto é de Vaporetto - até porque não tem calçada e a água bate direto nas casas. Não tem como ir caminhando. No entanto, esse barco vive lotado. Se quiser fazer o passeio com menos gente por perto é preciso chamar um "táxi aquático". Porém, o preço vai nas alturas. Não sairá por menos de 60 euros. Observe o Palácio Sagredo, a igreja San Stae, a igreja San Marcuola, o Fondaco dei Turchi (atual Museu de História Natural), a igreja San Simeone Piccolo, a Riva del Vin, o Palácio Barzizza, Palácio Garzoni, igreja Santa Maria da Saúde e especialmente a Accademia (museu com maior acervo de pinturas venezianas do mundo).

Entrada do Gran Canal e na parte superior da foto, as cúpulas da igreja Santa Maria da Saúde.

7. PONTE DO RIALTO. A ponte do Rialto foi feita em 1591 e foi a primeira a transpor o Gran Canal, que atravessa a cidade toda. Tirar um foto nas suas escadarias faz parte do roteiro da viagem, mas esteja preparado para as cotoveladas, pois a ponte é um dos principais cartões postais de Veneza. Ela fica num bairro especial, repleto de mercados e vive cheia de turistas. E já que está nessa região chamada de San Polo aproveite para caminhar entre as barracas do mercado e lojinhas de alimentação que existem há anos naquele local e já foram as mais importantes do Mediterrâneo. O ideal é ir bem cedo, antes das 8 horas da manhã quando tudo está muito fresco e os chefs da cidade fazem suas compras.

Ponte do Rialto.

8. MADONNA DELL'ORTO. Igrejas não faltam em Veneza. São muitas mesmo. Mas, a Madonna Dell'Orto é especial. Essa igrejinha gótica, construída no século XIV, escondida e distante do centro foi dedicada inicialmente ao santo padroeiro dos viajantes, São Cristovão, protetor dos barqueiros. No entanto, o padroeiro foi transferido um século depois para outro local. Nesse meio tempo, foi encontrada perto dali uma imagem da Virgem Maria com supostos poderes milagrosos e ela passou a ser a nova padroeira da igreja. Assim, além de guardar uma santa milagrosa a igreja também guarda obras de Tintoretto, que frequentava a igreja e está ali sepultado com sua família. Vale um desvio da rota turística tradicional. A igreja é uma graça e numa área pouco explorada por turistas.

Madonna dell'Orto.

9. TRATTORIA ALLA RIVETTA. Comer bem em Veneza é fácil. Apesar, de ser uma cidade turística e cheia de restaurantes feitos especialmente para turistas. Perguntando aos moradores da cidade onde eles mais gostavam de comer cheguei à essa tratttoria simples, animada e de excelente qualidade. Tudo que veio à mesa estava impecável. Não é um restaurante estrelado, mas ficou marcado como uma bela experiência gastronômica veneziana. O endereço é Ponte 5, Provolo. Telefone: 041 52 87 302.

Outros restaurantes que indico são:

Trattoria Da Fiore. Conhecido pelos peixes frescos, pela fritura mista e por servir siri mole em determinadas épocas do ano. (Santo Stefano 3461, San Marco. Tel: 041 52 35 310) Esse restaurante foi uma indicação da amiga Roberta Sudbrack que também indicou a Osteria alle Testieri e o Al Covo (que não tive tempo de experimentar. Ficam para a próxima).


Il Paradiso Perduto. Não fica num ponto turístico. É fora do centro, mas vive lotado, muito lotado de gente. Decoração exótica e ambiente bem descontraído. (Cannaregio, 2540, Campo dei Mori. Tel: +39 041 720581). Vale a pena fazer uma reserva.


Osteria L'Orto dei Mori. Também fora da zona turística e excelente. Tem que fazer reserva, pois é bem pequeno e está sempre cheio. (Cannaregio, 3386, Campo dei Mori. Tel: 041 52 43677).

10. HARRY'S BAR. Impossível ir a Veneza sem dar uma passadinha no bar mais conhecido do mundo. Pequeno e sem muita pompa, o bar frequentado por Hemingway continua atraindo uma quantidade enorme de pessoas que querem provar um Bellini original. Afinal, ali foi criada a bebida que ganhou fama mundo afora. Um drinque a base de prosecco e suco de pêssego. O Bellini é a cara de Veneza. Tanto que no Reveillon garrafas de Bellini eram distribuídas gratuitamente à todos que estavam circulando pela Piazza de San Marco.

Piazza di San Marco e Bellini. Uma combinação totalmente veneziana.

Bellini por toda parte. A cara de Veneza.

E, já que estamos no mês de fevereiro, em plena época de carnaval no Brasil, não podemos deixar de lado a tradicional festa de carnaval veneziana que acontece exatamente no mesmo período. A festa vem de longa data, mas caiu em decadência e foi ressuscitada em 1980 com todo seu glamour e pompa. Mascarados enchem a cidade paramentados com roupas rendadas elegantes e perucas à moda do século XVIII. Lembram os dias de Casanova e personagens da Commedia dell'Arte.

Roupas do carnaval de Veneza.

Máscaras do carnaval veneziano.

INDICAÇÃO DE HOTEL: Fiquei hospedada no Hotel Dei Dogi (Boscolo Luxury Hotel). Excelente. Quartos amplos, banheiro moderno, super café da manhã. Porém, distante dos principais pontos turísticos. Como fiquei quase uma semana na cidade foi excelente para conhecer uma parte de Veneza que ainda não conhecia, experimentar novos restaurantes e circular bastante com o barco do hotel. No entanto, para quem tem a intenção de ficar poucos dias não recomendo. Melhor escolher um hotel mais central.

Para quem quer curtir Veneza num clima romântico e em grande estilo recomendo o Hotel Aman Canal Grande Venice que fica pertinho da Ponte do Rialto. Fantástico.
O inconveniente é o preço. Salgadíssimo.


Veneza é isso. Uma cidade ímpar. Capaz de seduzir, aquietar e desorientar como nenhuma outra. Apesar de já ter perdido parte de sua majestade, se mantém altiva e capaz de encantar a todos. Como dissse o escritor Henry James:
"uma visita a Veneza é o início de um eterno caso de amor". 

MANTOVA E O CÁLICE SAGRADO

MANTOVA E O CÁLICE SAGRADO

Por Claudia Liechavicius 

Firmemente plantada no coração da Lombardia entre Milão e Veneza - Mantova é uma cidadezinha italiana que quase passa em branco aos olhares menos atentos, de alguns turistas. No entanto, seu valor religioso e histórico é enorme. Segundo o catolicismo, um cálice com sangue de Cristo foi depositado na Igreja de Sant'Andrea Apóstolo, no ano de 36 d.C. trazido por um soldado romano de nome Longino que presenciou a agonia de Cristo na cruz. Conta a história que Longino atinge a costela de Jesus com a ponta de sua lança fazendo o sangue jorrar (em 33 d.C.). Esse sangue o cura de uma enfermidade. Então, ele se ajoelha aos pés de Jesus arrependido de seu ato e percebe o poder divino do homem crucificado. Imediatamente, ele recolhe parte da terra molhada pelo sangue, o coloca numa pequena caixa e parte levando consigo essa preciosidade. Três anos depois, a tradição diz que Longino chega à Mantova e antes de ser decapitado pela Inquisição, ele esconde a relíquia junto ao templo romano de Diana, onde hoje fica a cripta da magnífica Basílica de Sant'Andrea Apóstolo. Em 804, o papa Leão III, autenticou a relíquia. O fato caiu no esquecimento do povo e mais tarde foi novamente encontrada. Em 1048, sua veracidade foi reconfirmada pelo papa. Mantova, então, tornou-se local de peregrinação de massa e passou a ser visitada por papas e imperadores. Atualmente, uma vez ao ano, na sexta-feira santa, duas cópias do cálice sagrado são expostas à visitação. Uma história digna de ser reeditada por Dan Brown.

A Basílica de Sant'Andrea Apóstolo em Mantova, Itália é uma das obras do arquiteto Leon Battista Alberti grande representante do renascimento italiano.

UMA CIDADE ENTRE LAGOS

Mantova é cercado por três lagos artificiais - Superior, do Meio e Inferior que foram feitos no século XII. Eles são abastecidos com a água do rio Mincio, alimentado pelo Lago de Garda. Também havia um quarto lago, chamado Pajolo, usado como parte do anel de proteção da cidade. Mas, ele secou no século XVIII.
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O centro da cidade é interligado por pontes, pois é cercado de água por todos os lados. .

A FAMÍLIA GONZAGA

Mantova foi fundada em 2000 a.C. e mais tarde virou uma vila etrusca. Na Idade Média foi o centro de um ducado governado pela poderosa família Gonzaga, que deixou um patrimônio cultural e artístico incrível. Seus tesouros arquitetônicos são extremamente bem preservados com palácios e palacetes em estilo medieval e renascentista. Atualmente, Mantova é considerada Patrimônio Mundial pela Unesco. Merecidamente.

PALÁCIO DUCALE

Esse palácio construído entre os séculos XIV e XVII foi a residência da família Gonzaga. É formado por um imenso conglomerado de prédios e jardins conectados por corredores e galerias. O número de quartos é gigantesco são mais de 500. O mais famoso é o quarto do casal, chamado de Camera degli Sposi, em italiano. A entrada do palácio é pela Piazza Sordello. É para a praça que se abrem o Magma Domus (Casa Grande) e o Palazzo del Capitano (Palácio do Capitão) que formam a Corte Vechia.


Fachada do Palácio Ducale.


Piazza Sordello.
O Castelo San Giorgo foi construído por ordem de Francesco I Gonzaga.
Torre do Sino da Igreja de Santa Bárbara.

Cortile della Cavalerizza. Local onde os cavalos eram tratados.

Pintura da Camera degli Sposi.

Detalhe dos afrescos de Andrea Mantegna, no quarto do casal, do Palácio Ducale. 

PALÁCIO TE

Foi construído entre 1524 e 1534, por Frederico II Gonzaga, Marques de Mantova, nos arredores da cidade para ser o Palácio do Subúrbio. Era o palácio de verão e onde muitas cerimônias e festas eram celebradas. Na época era um local afastado. Fora das muralhas da cidade. Hoje, não é central, mas também não fica muito distante. Abriga o Museu Cívico que guarda muitas obras de arte doadas por Arnoldo Mondadori (importante empresário italiano) e por Ugo Sissa (arquiteto italiano que trabalhou muitos anos no Iraque e trouxe de lá muitas peças de arte da Mesopotâmia).

O Palazzo Te - Palácio de Verão da família Gonzaga é uma obra do arquiteto Giulio Romano, outro grande representante do renascimento italiano.

DUOMO

A catedral de Mantova também fica na Piazza Sordello (a principal praça da cidade), quase em frente a entrada do Palácio Ducale. A construção original da igreja data do início da era cristã. Vários incêndios fizeram com que ela fosse reconstituída aos poucos e tivesse essa interessante mistura de estilos: gótico, barroco e renascentista.
Ao fundo, a Duomo de Mantova, na Piazza Sordello. O prédio da direita é o Palazzo Ducale. À esquerda fica o acesso a um dos melhores restaurantes da cidade, o Aquila Nigra.

ROTONDA DI SAN LORENZO

Muitas são as construções de cunho religioso que Mantova ostenta. A Rotonda di San Lorenzo foi erguida no século XI, durante o reinado de Canossa. Sua construção foi inspirada na Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém e dedicada ao mártir San Lorenzo, daí vem seu nome. Com o passar dos anos, ela caiu em desuso como templo religioso e passou a ser usada como armazém. Vários prédios foram construídos ao seu redor e a igrejinha ficou escondida. No século XX foi redescoberta e hoje é um dos belos pontos de interesse da cidade.

A Rotonda di San Lorenzo fica escondidinha num canto da Piazza delle Erbe.

PIAZZA DELLE ERBE

É para essa charmosa praça que muita gente é atraída pelo mercado de frutas e verduras (que dá o nome da praça), além de ter outras pequenas barracas que vendem vários tipos de artigos, a Rotonda e a Torre do Relógio. Linda de dia e de noite!
Duas sorveterias atraem a galera para a Piazza delle Erbe durante o dia. À noite, são os bares que animam os Mantovanos.

Piazza delle Erbe, um lugar especial em Mantova.

A COZINHA MANTOVANA

Além de suas belezas arquitetônicos e de sua densa história, a cozinha dessa região é espetacular e conquista qualquer paladar. A começar pelas pastas fartas de tartufos e funghis. O Tortelli di Zucca, uma massa fresca recheada com abóbora que é dos deuses - é um dos pratos mais típicos de Mantova - isso sem falar das pastas com ragu di salsicce (linguiça) e do risotto alla mantovana. Tudo sempre carregado de muito parmigiano Reggiano. Experimente essas delícias regadas por um belo vinho "Lambrusco" espumante tinto típico da região. Hum.... Para fechar com chave de ouro, de sobremesa: Tiramisú feito pela minha amiga Alberta. É o melhor da cidade e talvez da Itália. Pode ser feito nas versões: café, morango ou abacaxi. Querem a receita? Então, vai...

TIRAMISU DA ALBERTA

Ingredientes: 5 ovos, 5 colheres de açúcar, 500 gramas de mascarpone, 250 ml de creme de leite fresco, uma caixa de biscoito champagne, abacaxi/morangos ou café bem fraco.

Modo de fazer: Bata bem as gemas com o açúcar. Junte o mascarpone e reserve. Bata as claras em neve com uma pitadinha de sal. Junte as duas misturas lentamente com uma colher de pau.

Molhe os biscoitos no café ou na calda de abacaxi (em lata) ou na calda dos morangos (feita com açúcar e umas gotas de limão) e comece a montar o prato. Alterne, uma camada de biscoitos, uma de creme de mascarpone (e uma de abacaxi ou morangos caso tenha escolhido a versão fruta). Depois de pronto leve à geladeira até o dia seguinte.

Pronto? Agora é só comer (de preferência de joelhos)...


http://www.viajarpelomundo.com/2010/10/mantova-e-o-calice-sagrado.html

UMA TARDE EM PISA

UMA TARDE EM PISA

Por Claudia Liechavicius
Já passava do meio dia na Itália. Um sol tímido começava a sorrir no céu depois de alguns pingos de chuva terem insistido em cair. Era a luz perfeita para envolver a estrela maior do Campo dei Miracoli: o Campanário, ou seja, a Torre de Pisa. Gente em profusão se aglomerava para ver de perto não só a torre, como também o Batistério, a Duomo, o Camposanto e o Museo Dell"Opera del Duomo.
O mapa sinaliza os pontos de interesse de Pisa:

1) Duomo 2) Batistério 3) Torre 4) Camposanto 5) Museo dell'Opera del Duomo 6) Museo delle Sinopie 7) Muro Medieval

Pela proximidade com o Mediterrâneo, Pisa estabeleceu fortes ligações comerciais com a Espanha e o Norte da África. Isso lhe rendeu muita riqueza e poder até o momento em que Gênova derrotou o temido exército de Pisa. Como se não bastasse essa baixa, duzentos anos depois foram os florentinos que conquistaram a região. Mas, afortunadamente (e apesar da região ter sido bombardeada) tudo continua de pé encantando nossos olhos.
Que praça maravilhosa Pisa ostenta!
A começar pela Torre "torta" de Pisa que é a edificação mais conhecida do público. Ela foi construída para ser o Campanário da Duomo. Por ter sido construída em um terreno arenoso em 1173, a torre começou a desalinhar e em 1995 já somava uma inclinação de mais de cinco metros. Graças a recentes obras poderosas de engenharia avançada 40 centímetros foram revertidos de sua inclinação e a torre voltou a ser aberta para visitação. Quem tiver coragem pode se aventurar pelas suas escadarias. Se preferir apenas observe os arcos de sua fachada de longe... Vai que ela resolva entortar mais um pouco exatamente na hora de sua visita.
A Torre de Pisa é um dos principais cartões-postais da Itália.

A Duomo é tida como uma das construções mais belas da Toscana, em estilo românico. Sua fachada é toda feita em arcos e os portões de bronze ostentam cenas em alto relevo feitas por Bonanno Pisano.
Detalhe de um dos portões da Duomo.

O Batistério, em forma circular, mistura os estilos românico e gótico. Os pilares que o sustentam têm estátuas das virtudes, a pia batismal é toda em mármore, assim como o púlpito.

Batistério, Duomo e Torre, no Campo dei Miracoli de Pisa.

O Camposanto (cemitério) é o quarto ícone abrigado no interior dos muros medievais que compõe o Campo dei Miracoli. O prédio, de forma retangular, é ornado por arcadas em mármore. Bombardeios da Segunda Guerra Mundial destruíram alguns de seus afrescos.

O Museo dell'Opera del Duomo ocupa a antiga casa paroquial da catedral e exibe objetos retirados da própria igreja, do Batistério e do Camposanto. O acervo também inclui peças retiradas de ruínas romanas e etruscas.
Vale umas pedaladas não vale?

UMA ESTICADA ATÉ VIAREGGIO OU FORTE DEI MARMI

Um período de três a quatro horas é mais do que suficiente para apreciar essa praça imperdível da Itália. Dá tempo até para almoçar ou sentar para tomar um café por ali. Mas, se ainda estiver com tempo e se der vontade de parar em uma praia próxima vá até Viareggio, um balneário da Costa Versilia. Estenda sua toalha (se quiser uma situação tipo "farofa na praia") ou alugue uma espreguiçadeira para descansar um pouco nessa cidadela moderna, em estilo Art Nouveau tão contrastante e diferente da belíssima Pisa.
Viareggio fica lotada nos dias quentes.
Vários pontos da praia oferecem cadeiras e guarda-sóis para quem pretende passar algum tempo com conforto nas areias da costa italiana.

No entanto, para quem não quer pagar para ficar bem instalado, cuidado "o tiro pode sair pela culatra". É melhor não economizar nessa hora.

Uma opção mais "bem frequentada" é Forte dei Marmi. Menor, porém um pouco mais sofisticada. Só não espere muita coisa da areia (que é dura e amarelada) nem da água (que é turva e cheia de marolas chatas). No mais... Divirta-se! Tome muito vinho! E, desfrute os prazeres da boa mesa. A Itália é cheia de surpresas. Descubra por você mesmo. Entre a costa e o interior da Toscana, eu fico com a segunda opção. E você?

http://www.viajarpelomundo.com/2010/08/uma-tarde-em-pisa.html

CINQUE TERRE, EM PLENA RIVIERA ITALIANA

CINQUE TERRE, EM PLENA RIVIERA ITALIANA
Por Claudia Liechavicius

O cenário muda radicalmente quando se sai do interior da Toscana em direção ao mar italiano. Vales cheios de parreiras e montanhas suaves dão lugar à uma costa rochosa, toda recortada e cheia de casas coloridas debruçadas sobre o Mar da Ligúria.

A Ligúria é dividida em duas partes: Riviera Ponente (que faz fronteira com a França) e Riviera Levante, onde está a parte mais charmosa da Riviera Italiana. É exatamente aí que fica Cinque Terre, uma das cidadezinhas costeiras mais encatadoras da região.

É bem verdade que chegar a Cinque Terre não é das tarefas mais fáceis da Itália, pois o relevo das montanhas é bastante acidentado e o trajeto é feito por pequenas estradinhas cheias de curvas. Depois de serpentear um bom trecho pela encosta íngrime surge uma bela surpresa: Riomaggiore. Esse é o primeiro vilarejo de Cinque Terre para quem vai do sul para o norte. Depois vem Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterosso. A melhor maneira de explorar as cinco cidadelas é a pé. E haja pernas. Com boa disposição indo ladeira acima, ladeira abaixo dá para percorrer tudo em menos de 5 horas caminhando. As
trilhas garantem fotos lindas. Mas, também dá para ir de barco ou de trem.

É imperdível!

Em cada curva da região de Cinque Terre surge uma nova surpresa. Os vilarejos são lindos.

Muitos restaurantes, cafeterias e bares se escondem pelas ruelas de Cinque Terre. Quando o cansaço bater não vai faltar lugar para um descanso.
 

As casinhas coloridas em tons esmaecidos são uma marca registrada da Riviera Italiana.

Os barcos ajudam a alegrar a encosta de Riomaggiore.

Perca-se pelas subidas e descidas de Cinque Terre. Você não vai se arrepender. Aproveite que você já está na região e não deixe de conhecer Portofino o balneário mais badalado e chique da Riviera Italiana que fica 60 quilômetros ao norte de Cinque Terre.

http://www.viajarpelomundo.com/2010/07/cinque-terre-em-plena-riviera-italiana.html