Biografia revela detalhes sobre a morte de Elis Regina e carta inédita ao filho
Por , iG São Paulo |
"Elis Regina - Nada Será Como Antes", do jornalista Julio Maria, é lançado nesta terça (17), quando a cantora faria 70 anos. "Tive carta branca para retratá-la com liberdade", diz autor
Se ainda estivesse viva, Elis Regina completaria 70 anos nesta terça-feira (17). Por isso, o jornalista Julio Maria escolheu a data para lançar em São Paulo o livro "Elis Regina - Nada Será Como Antes", biografia inédita sobre a vida e a carreira da cantora gaúcha.
A obra traz detalhes nunca revelados sobre Elis, inclusive em relação o seu falecimento, em 1982, vítima de uma overdose. O autor teve acesso ao inquérito da morte da artista. "A biografia descreve fielmente a cena captada por meio desse documento e pesquisas", disse Julio em entrevista ao iG. "Pretendi transmitir no livro toda a emoção e a intensidade daqueles momentos, a ponto de o leitor poder enxergar-se como parte da cena".
Para recriar a vida e obra de Elis Regina, o jornalista entrevistou durante quatro anos mais de 120 pessoas que conviveram diretamente com ela. Entre as fontes estão Caetano Veloso, Milton Nascimento, Rita Lee e até Dona Ercy, a mãe dela. "Cada um [dos entrevistados] teve reações diferentes ao voltar àquela época e me contar sobre as coisas que aconteceram", explicou o autor. "Posso dizer que, em 80% dos casos, os entrevistados se emocionavam a ponto de chorar".
Para Julio Maria, "Nada Será Como Antes" é diferente de todas as outras histórias já escritas sobre Elis Regina -- tanto que de um livro em homenagem a cantora acabou virando uma biografia. "Quando cheguei à segunda ou terceira entrevista, fiquei intrigado com as histórias que me contavam. Fui atrás do que havia sido escrito sobre Elis e resolvi ir além", contou.
Um dos pontos fortes da obra é o acesso que o jornalista teve a documentos exclusivos. Além do inquérito sobre a morte da artista, ele também analisou uma carta inédita que Elis escreveu ao filho João Marcelo Bôscoli quando ele tinha apenas um ano. Bôscoli deveria ter lido a mensagem quando completasse 18 anos, mas só a leu durante a produção da biografia. A carta é reproduzida na íntegra no livro.
A relação de Julio Maria com os filhos da cantora, aliás, foi muito saudável. "João, Pedro e Maria Rita me receberam de coração aberto para falar da mãe e nunca, jamais fizeram qualquer exigência ou impuseram qualquer restrição", disse o autor. "Essa foi a facilidade que, confesso, me surpreendeu".
Em "Nada Será Como Antes", Julio Maria pretende envolver o leitor na vida frenética de Elis Regina. "Ela cantava o que vivia, realmente", disse. "Ela jamais se encaixaria em uma biografia que separasse sua 'vida pessoal' de sua 'vida profissional'. Ela ultrapassava esses limites e se entregava com uma interpretação violenta, indo a lugares dos quais não sabia se conseguiria voltar", explicou o autor. "Fico feliz por ter tido carta branca para retratá-la com liberdade".
http://on.ig.com.br/palavra/2015-03-17/biografia-revela-detalhes-sobre-a-morte-de-elis-regina-e-carta-inedita-ao-filho.html
Nos 70 anos de Elis Regina, críticos opinam: terá sido a maior cantora do Brasil?
Especialistas ouvidos por Zero Hora especulam o que ela estaria cantando hoje
Com um site oficial agendado para ser lançado na terça-feira (17/3) – data em que serão lembrados os 70 anos de seu nascimento – e uma nova biografia já nas livrarias, Elis Regina segue fascinando. Mais do que uma intérprete do Brasil, tornou-se um mito. Ainda hoje, os críticos dividem-se entre aqueles que a consideram uma das maiores cantoras do país e aqueles que a julgam a maior de todas e ponto. Esta segunda opinião é endossada pelo jornalista Julio Maria, autor do recém-lançado Elis Regina – Nada Será Como Antes (leia entrevista). Julio não está sozinho: conta que ouviu do próprio Caetano Veloso, em entrevista ao lado de Gal Costa, opinar que Elis é a maior.
"Não existe polêmica sobre a morte de Elis Regina", diz biógrafoOpinião: livro é mergulho profundo na trajetória de Elis
O jornalista e colunista de Zero Hora Juarez Fonseca garante que ela não apenas está no topo como também “muito à frente da que estiver em um possível segundo lugar”:
– Nenhuma cantora brasileira, e o Brasil tem ótimas cantoras, alcançou o nível geral da Elis. Não é só a voz. É o repertório, a chama que sentimos quando a ouvimos cantar. É um conjunto de coisas, a personalidade que ela imprime na música.
A opinião é compartilhada pelo músico e jornalista Arthur de Faria, que tem uma biografia de Elis pronta para ser publicada (ainda sem data prevista) pela editora Arquipélago:
– Você pode ser uma grande cantora e ser, ao mesmo tempo, uma intérprete que não significa nada. E vice-versa. Mas nenhuma outra brasileira conseguiu equilibrar, em nível tão alto, as duas habilidades: cantora e intérprete. É uma das maiores do mundo. A Björk pirou o cabeção quando ouviu Elis pela primeira vez.
Outros especialistas ouvidos por Zero Hora evitam isolar Elis na primeira posição, preferindo reverenciá-la ao lado de outras grandes do país. É a opinião de Carlos Calado, Tárik de Souza e Rodrigo Faour.
– Num país de tantas cantoras extraordinárias, escolher “a melhor” sempre é problemático e um tanto redutor. Mas Elis está, sem dúvida, entre as maiores de todos os tempos – resume Tárik.
Enquanto a geração que cristalizou a MPB segue em plena atividade, a exemplo de Gal Costa e Maria Bethânia, é irresistível não especular: que tipo de música estaria fazendo Elis hoje? Para Calado, ela já teria tocado com os grandes instrumentistas da atualidade, como Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, André Mehmari ou Chico Pinheiro. Tárik arrisca que a gaúcha estaria cantando o repertório dos novos talentos, como Criolo e Tulipa Ruiz, e “referendando seus contemporâneos”. Faour acredita que ela gravaria compositores que Bethânia tem cantado, como Chico César e Carlinhos Brown. Lembrando que, nos últimos anos de vida, Elis havia se aproximado de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção, Arthur palpita que ela teria enveredado pela vanguarda paulista. Juarez aposta em gravações de Vitor Ramil e Nei Lisboa, entre outros compositores do Sul, uma vez que a cantora havia requisitado fitas de músicos de sua terra natal pouco antes de morrer.
O jornalista e colunista de Zero Hora Juarez Fonseca garante que ela não apenas está no topo como também “muito à frente da que estiver em um possível segundo lugar”:
– Nenhuma cantora brasileira, e o Brasil tem ótimas cantoras, alcançou o nível geral da Elis. Não é só a voz. É o repertório, a chama que sentimos quando a ouvimos cantar. É um conjunto de coisas, a personalidade que ela imprime na música.
A opinião é compartilhada pelo músico e jornalista Arthur de Faria, que tem uma biografia de Elis pronta para ser publicada (ainda sem data prevista) pela editora Arquipélago:
– Você pode ser uma grande cantora e ser, ao mesmo tempo, uma intérprete que não significa nada. E vice-versa. Mas nenhuma outra brasileira conseguiu equilibrar, em nível tão alto, as duas habilidades: cantora e intérprete. É uma das maiores do mundo. A Björk pirou o cabeção quando ouviu Elis pela primeira vez.
Outros especialistas ouvidos por Zero Hora evitam isolar Elis na primeira posição, preferindo reverenciá-la ao lado de outras grandes do país. É a opinião de Carlos Calado, Tárik de Souza e Rodrigo Faour.
– Num país de tantas cantoras extraordinárias, escolher “a melhor” sempre é problemático e um tanto redutor. Mas Elis está, sem dúvida, entre as maiores de todos os tempos – resume Tárik.
Enquanto a geração que cristalizou a MPB segue em plena atividade, a exemplo de Gal Costa e Maria Bethânia, é irresistível não especular: que tipo de música estaria fazendo Elis hoje? Para Calado, ela já teria tocado com os grandes instrumentistas da atualidade, como Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, André Mehmari ou Chico Pinheiro. Tárik arrisca que a gaúcha estaria cantando o repertório dos novos talentos, como Criolo e Tulipa Ruiz, e “referendando seus contemporâneos”. Faour acredita que ela gravaria compositores que Bethânia tem cantado, como Chico César e Carlinhos Brown. Lembrando que, nos últimos anos de vida, Elis havia se aproximado de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção, Arthur palpita que ela teria enveredado pela vanguarda paulista. Juarez aposta em gravações de Vitor Ramil e Nei Lisboa, entre outros compositores do Sul, uma vez que a cantora havia requisitado fitas de músicos de sua terra natal pouco antes de morrer.
MAIS NOVIDADES SOBRE ELIS
Na terça-feira (17/3), será inaugurado o site oficial da cantora
Na terça-feira (17/3), será inaugurado o site oficial da cantora
UM SITE DEDICADO A ELIS REGINA... ACESSEM O LINK DEIXEM A MUSICA ROLAR!
http://www.elisregina.com.br/
(www.elisregina.com.br), com discos disponíveis para audição, mais de 500 fotos, vídeos e depoimentos, incluindo materiais inéditos. Também haverá um link para o download gratuito do livro Viva Elis, de Allen Guimarães.
No segundo semestre, será relançado o disco Elis (1972), que inclui canções como Casa no Campo, Mucuripe e Atrás da Porta. O álbum retornará com áudio restaurado em CD e estará disponível em serviços de música digital.
O diretor Hugo Prata pretende rodar um filme sobre Elis entre julho e setembro, com roteiro de Nelson Motta, Patrícia Andrade, Luiz Bolognesi e do próprio diretor. Existe a possibilidade de originar uma minissérie para TV.
O jornalista e músico Arthur de Faria acertou com a editora Arquipélago a publicação (ainda sem previsão de data) das cerca de 300 páginas de Elis, uma Biografia Musical. Resultado de nada menos do que 25 anos de pesquisa, deverá focar mais na obra do que na vida da Pimentinha, analisando disco a disco.
Assista a playlist com alguns dos maiores sucessos de Elis Regina:
No segundo semestre, será relançado o disco Elis (1972), que inclui canções como Casa no Campo, Mucuripe e Atrás da Porta. O álbum retornará com áudio restaurado em CD e estará disponível em serviços de música digital.
O diretor Hugo Prata pretende rodar um filme sobre Elis entre julho e setembro, com roteiro de Nelson Motta, Patrícia Andrade, Luiz Bolognesi e do próprio diretor. Existe a possibilidade de originar uma minissérie para TV.
O jornalista e músico Arthur de Faria acertou com a editora Arquipélago a publicação (ainda sem previsão de data) das cerca de 300 páginas de Elis, uma Biografia Musical. Resultado de nada menos do que 25 anos de pesquisa, deverá focar mais na obra do que na vida da Pimentinha, analisando disco a disco.
Assista a playlist com alguns dos maiores sucessos de Elis Regina:
http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2015/03/nos-70-anos-de-elis-regina-criticos-opinam-tera-sido-a-maior-cantora-do-brasil-4717590.html