O amor não é sofrimento
20, outubro 2016 em Emoções
O sofrimento é uma das ideias que mais associamos ao amor. Acreditamos que sofrer em uma relação é inevitável e que isso está relacionado com a intensidade e profundidade do amor. Aprendemos a amar dessa forma, a partir do sofrimento, criando relacionamentos tóxicos.
O amor pode implicar dor, que é algo inevitável. No entanto, o sofrimento em si é algo que se pode prescindir, além de ser algo que se deve retirar da equação. Tendo em conta que o amor é um sentimento que faz com que duas pessoas se juntem para compartilhar a felicidade, não tem lógica dar-lhe uma conotação negativa.
Sendo assim, por que temos tão enraizada a ideia de sofrimento no amor? Isto foi aprendido cultural e socialmente através da redenção ou “salvação”, com a crença de que o sofrimento é uma prova de amor. Uma ideologia que pode inclusive chegar a ser um pouco sadomasoquista.
Em que consiste amar sem sofrimento?
Nesta cultura, como já fizemos referência, existe a ideia de que quanto mais sofrimento passamos, mais amamos. Desta forma, é necessário fazer uma reaprendizagem e sobretudo perguntar a si mesmo o que significa amar.
Quando o sofrimento aparece nos nossos relacionamentos amorosos, é porque alguma coisa está errada. O nosso desenvolvimento pessoal, maturidade, honestidade e a harmonia do casal são elementos que, quando se consolidam, deixam de ter espaço para o sofrimento na relação.
Amar sem sofrer significa desprender-se da possessão criada pelos ciúmes, dependência e fixação. É situar-se perante uma relação de forma equitativa, regida pelo respeito e valorização pessoal, tanto em relação a si mesmo como em relação à outra pessoa.
Quando amamos de uma forma saudável, nos relacionamos sem sofrimento, sem medos que nos façam perder a nossa liberdade individual, sem a necessidade de estar com alguém para não nos sentirmos sozinhos. É saudável nos relacionarmos a partir do que somos compartilhando a nossa felicidade com a outra pessoa.
Afastar-se da possessividade e da dependência
A união que representa o nosso vínculo amoroso não deveria estar contaminada pela possessividade e pela dependência. Afastar-se destas duas práticas tão comuns exige muita maturidade e sobretudo um bom autoconceito e valorização pessoal.
Relembramos que a dependência e a possessividade são ingredientes inevitáveis do sofrimento. Não é possível harmonizar e estar em paz quando se está constantemente dependente do medo de perder o que acreditamos possuir.
O amor é valorização e agradecimento
Como vimos anteriormente, o sofrimento não tem lugar no amor, pois o intoxica e acaba por matá-lo. Existem alguns valores que podemos introduzir nas nossas relações para não cair na armadilha da fixação, que são essencialmente a valorização e o agradecimento.
Manter uma relação a partir do respeito, da mútua valorização, compartilhando o que somos e compreendendo que a reciprocidade é importante, assim como a troca de mensagens positivas. Estes são princípios que nos afastam do sofrimento e que estabelecem motivos para nos sentirmos gratos pelo vínculo que temos.
Nisto consiste um vínculo de amor: uma relação onde compartilhar gostos e interesses esteja acima da repressão e do medo de perder quem amamos. Trata-se do cuidado, da valorização, do agradecimento e da tranquilidade de que seguiremos juntos diante das dificuldades.
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