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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

É a ciência fonte de todos os males? (Parte 2)

É A CIÊNCIA FONTE DE TODOS OS MALES ? (PARTE 2)
Algumas questões do senso-comum que propalam a negação da ciência:
A partir de perguntas que tenho recebido de meus leitores, seja por e-mail ou em fóruns, compilei esses questionamentos (que são os mais recorrentes) e estou postando na forma de artigos numa série que intitulei “A Negação da Ciência” e aqui vai a segunda parte:
3. A ciência perde sua credibilidade ano a ano. E só mesmo um grupo de nerds fanáticos (que escrevem e/ou leem o Hypescience ou outro portal semelhante) é que tem coragem de defendê-la.
Conceituando a credibilidade como sendo “a característica de quem consegue ou conquista a confiança de alguém” a ciência tem credibilidade em função dos resultados de sua aplicação que é a tecnologia. Tal avaliação é fruto de várias pesquisas de opinião e se apoiam em fatos que são incontestáveis. Só para citar alguns poucos exemplos, basta observar os avanços significativos na ciência médica, na informática, nas tecnologias dos transportes e nas tecnologias da comunicação.
Mesmo com a campanha de marketing de alguns setores da sociedade norte americana que propalam o modismo da “negação da ciência”, tanto a ciência quanto a tecnologia seguem firmemente em seu papel revolucionário e garantidor da qualidade de vida e da sobrevivência de nossa espécie.
Tanto isso é verdade que o conjunto de melhorias que a tecnologia propiciou em nossa relação com os ambientes natural e social gerou dois grandes resultados: o aumento da esperança de vida e o aumento da população humana.
Hoje uma criança de um bairro pobre de Nova Déli vive mais que um rei do século XIX.
(Sonho com o dia em que não existam mais crianças pobres em parte algum do mundo!)
Todos os dias somos bombardeados com novidades em todas as áreas, principalmente nas ciências da saúde. Alguns torcem o nariz:
O homem vivia mais feliz quando não tinha tanta tecnologia à sua disposição. Será?
Será que a tecnologia só teria importância quando esses mesmos indivíduos estivessem deitados em uma mesa de cirurgia e o médico com o bisturi representasse a diferença entre a vida e a morte?
E quando surge uma epidemia todos clamam em uníssimo, defensores ou não da ciência: 
– Onde estão os cientistas? Cadê as vacinas e os soros? O que estão fazendo as autoridades?
Não há ideologia que resista a uma epidemia? Não há negação da ciência que resista ao diagnóstico de um tumor?
Será que negar a ciência é também negar a tecnologia?
Negar a ciência é negar a anestesia, os antibióticos, as ferramentas, a eletricidade, o xampu, o telefone, a televisão, o avião, as roupas confortáveis e elegantes, o ar condicionado, o carro, a vacina, a geladeira e o freezer (cheios de comida), a ressonância magnética, o marca-passo, os analgésicos, etc., etc., etc.? Ou não?
Negar a ciência é negar os benefícios da vida moderna e todos os avanços para garantir a sobrevivência do indivíduo e da espécie? É negar também o racionalismo crítico que busca os fatos e não suas interpretações e/ou versões políticas?
[Sonho com o dia em que toda a humanidade poderá usufruir dos benefícios da ciência e da tecnologia sem pagar o preço pelo seu mau uso!]
Como sempre falo para meus alunos, quem quiser negar a ciência (e a tecnologia que ela propicia) poderá fazê-lo hoje mesmo. Basta inscrever-se em algum curso de sobrevivência radical e embrenhar-se em qualquer mata em estado natural.
Porém, não poderá levar nem a roupa do corpo. Nada do kit de sobrevivência com canivete suíço, pederneira, antissépticos, antibióticos e barraca Lacoste.
Todos são subprodutos da nossa tecnologia, incluindo as técnicas milenares de fazer o fogo.
Quem quiser negar a ciência e tecnologia negar de fato terá de usar apenas o seu corpo como ferramenta.
Pelo menos até descobrir que a natureza não é a mãe carinhosa dos comerciais de água mineral, e que em verdade só faz valer dia a dia a lei do mais forte e/ou do mais adaptado não se apiedando de nenhuma criatura patética, frágil ou desprotegida (como é o ser humano abandonado nu em uma floresta).
Espera aí! Agora estou sendo muito radical. Não precisamos negar tanto assim a ciência e a tecnologia.
Queremos apenas um mundo menos complicado!
Mas era assim que viviam nossos ancestrais antes de dominarem o fogo. Antes de desenvolverem tecnologia.
Tinham como abrigo as cavernas ou palhoças rudimentares e alimentavam-se apenas com que suas unhas e dentes conseguissem arrancar da terra e moviam-se aterrorizados por tudo e por todos, pois se encontravam mergulhados na superstição, na ignorância e na miséria material e moral.
É fácil afirmar que a ciência perdeu a credibilidade ou não é importante, principalmente quando estamos sentados em nossa casa confortável, bem alimentados, bem vestidos e bem saudáveis, usando o ápice da tecnologia da eletrônica que é o computador para digitar na coluna do Hypescience esse parecer.  Afinal todos tem o direito a expressar sua opinião. Certo?
Mas será que ao desprestigiar a ciência fazendo uso de todos os seus inventos não seria no mínimo ingratidão para todos esses mesmo benefícios materiais e filosóficos que a ciência tem propiciado ao longo de toda a história humana?
Será que essas mesmas pessoas que negam a ciência o fazem dizendo:
- Vamos negar a ciência mal praticada que atende a interesses espúrios e propala a fraude?
Ou
Vamos negar a ciência sem ética que está a serviço apenas do capital ou de uma minoria dona do poder que explora a maioria e destrói o ambiente pelo lucro?
Ou
Vamos negar os pseudo-cientistas que adotam práticas falaciosas e IMPÕEM com fanatismo suas “verdades” (como argumento de autoridade) contrariando a essência do método científico?
Por essa razão eu questiono quando me dizem apenas para negar a CIÊNCIA e a todo o pensamento crítico que ela suscita;
A meu ver, não existe aí nenhum convite para pensar. Existe?
Apenas o obscurantismo que condena a todos os cientistas e a toda a ciência pelo desserviço de alguns.
Mais uma vez, sem separar o joio do trigo.
Aliás, o mesmo obscurantismo que quer condenar todo um processo milenar de depuração de erros e de acúmulo de conhecimento com o qual a ciência tem brindado a humanidade desde a aurora das civilizações.
E para concluir essa parte:
Será que este artigo é uma defesa cega e apaixonada da ciência ou é um convite para a difícil tarefa de exercermos o pensamento crítico?
Esse mesmo pensamento que nos capacita a valorizar o pouco que já conquistamos sem abandonar a luta por tudo aquilo que ainda nos falta!
-o-

http://hypescience.com/e-a-ciencia-fonte-de-todos-os-males-parte-2/

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