Sempre na minha mente e no coração...

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Corcovado ou Cristo Redentor, lindo !!!

sábado, 26 de abril de 2014

AGRA, O NINHO DO TAJ MAHAL

AGRA, O NINHO DO TAJ MAHAL

Por Claudia Liechavicius

Depois de um dia inteiro de uma estrada para lá de emocionante, entre Delhi e Agra, chegara a hora de relaxar no oásis chamado Oberoi Amarvilas. A escolha pelo hotel recaiu principalmente pela proximidade com o Taj Mahal, pela possibilidade de ver o monumento ao amor da janela do quarto e pelo luxo. Numa viagem à Índia, as diferenças são tão grandes com relação à cultura, valores, crenças, arquitetura, higiene, alimentação... que é necessário encontrarmos um porto seguro, que nos aconchegue, dê segurança e nos distancie um pouco da dura realidade. Pensando assim, o hotel Oberoi Amarvilas cumpriu a tarefa com perfeição.

Entrada do hotel Oberoi Amarvilas.

Sala de recepção do hotel Oberoi Amarvilas.

Quarto do hotel Oberoi Amarvilas.



Área de lazer do Oberoi Amarvilas.

O quarto na realidade não é tão grande, nem tão luxuoso como o do hotel Aman de Delhi. No entanto, ao acordar, abrir a janela e quase poder tocar a cúpula do Taj Mahal é simplesmente mágico!

Pela janela do quarto do hotel Oberoi Amarvilas.

Outra facilidade é que eles programam para que a entrada dos hóspedes seja antes do nascer do sol no Taj Mahal, providenciam os bilhetes para a entrada, fornecem protetores para os sapatos (assim não é preciso andar descalço pelo mausoléu) e ainda utilizam um carrinho de golfe que vai até o portão de entrada, economizando uma bela caminhada. Na entrada, filas. Filas sempre! E, longas. Claro. Afinal, estamos falando do legítimo país das "filas indianas". Uma fila para homens indianos, outra para mulheres indianas, mais uma para homens estrangeiros e uma outra para mulheres estrangeiras.

Depois de trinta minutos de espera, o sol começava a nascer e uma visão de sonho se descortinava à minha frente. O símbolo máximo da Índia. Taj Mahal. Sonho antigo.



Aurora no Taj Mahal.

Harmonioso, esplêndido, sublime, inacreditável, magnífico, deslumbrante. Por mais que se tente, é impossível descrever. Qualquer adjetivo é pequeno frente ao impacto de se deparar com a "maravilha" que é o Taj Mahal. Merecidamente, declarado como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno além de ser classificado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade. Capaz de inspirar tantos poetas, músicos e artistas plásticos. Ninguém consegue ficar indiferente frente ao seu magnetismo.


O impacto inicial é tão grande que as máquinas fotográficas não conseguem parar.

A beleza do monumento ao amor toca a alma. O túmulo-jardim é de uma delicadeza comovente. Sobre um plinto, todo emmármore branco vindo do Rajastão, o mausoléu é trabalhado com jade e cristais da China, turquesas do Tibet, lápis-lazulis do Afeganistão, safiras do Sri Lanka, ágatas do Yemen, ametistas da Pérsia, corais da Arábia Saudita, ambar do Oceano Índico, quartzo do Himalaia, 500 quilos de ouro e centenas de diamantes. Além dessa riqueza toda, ele é perfeitamente encaixado num jardim simétrico, tipicamente muçulmano, feito em quadrados iguais atravessados por canais onde sua imagem reflete. Os jardins são ornamentados com ciprestes que dão uma aura de imensa paz. Fantástico!

Taj Mahal.

O emblemático Taj Mahal nasceu de uma linda história de amor entre o imperador mongol Shah Jahan e sua amada Aryumand Banu Began, a quem chamava carinhosamente de Mumtaz Mahal, "A eleita do palácio". Reza a lenda, que eles se conheceram ao acaso, quando a princesa tinha apenas 15 anos, e tiveram uma paixão avassaladora. Por um capricho do destino, ficaram afastados por cinco anos sem se ver uma única vez sequer. Até que se reencontraram, casaram e tiveram 14 filhos. Ao dar a luz ao décimo quarto filho, ela morreu. Tinha apenas 39 anos. O rei ficou inconsolável e chorou a perda de sua esposa preferida por dois anos. Nesse período não houve festas, nem música no reino. Então, ele ordenou que fosse construído um monumento para que o mundo jamais esquecesse da sua rainha. E sua vontade se concretizou.

Cúpula do Taj Mahal.

O mausoléu foi feito entre 1631 e 1643, com uma equipe de cerca de 20 mil homens trazidos de várias partes do Oriente. Depois foi feito o resto do complexo: minaretes, mesquita, hospedaria e forte de acesso. A obra custou em torno de 50 milhões de rúpias. Uma fortuna. Mas, é de uma elegância ímpar - gasto bem justificado. Hoje recebe em torno de 20 milhões de turista ao ano e já devolveu aos cofres da Índia todo o investimento de Shah Jahan. O ingresso custa 750 rúpias (em torno de 15 dólares) e movimenta mais de 200 milhões de dólares por ano.



O turismo interno é muito forte na Índia. 

Os detalhes impressionam. À começar pela imensa cúpula branca de 44 metros, típica da arquitetura islâmica, costurada com fios de ouro, rodeada por outras quatro cúpulas menores.

A agulha da cúpula central do Taj Mahal termina com uma lua crescente.

Nos extremos da plataforma sobressaem quatro minaretes, cada um com 40 metros de altura coroados por pavilhões octogonais perfeitos simetricamente.


Os minaretes têm leve inclinação para fora, pois caso venham a cair, não tombam sobre os túmulos.

Sua fachada tem painéis caligráficos com inscrições retiradas do Alcorão. O tamanho das letras aumenta conforme a altura do monumento criando uma ilusão de que a escrita é uniforme. As letras são incrustadas em quartzo sobre o mármore branco. O rendado das janelas foi trabalhado em peças maciças de mármore deixando entrar a luz natural em diferentes nuances ao longo do dia.


Olhando de longe tudo parece branco. Os detalhes só se tornam visíveis com a aproximação.

Flores delicadamente incrustadas em pedras preciosas e semi preciosas, com a técnica italiana de Pietre Dure, dão vida ao mármore branco. Dizem ter sido inspiradas no jardim do paraíso. O trabalho feito pelos hindus é tão perfeito que fica difícil ver a olho nu as junções. Uma pequena flor de dez centímetros quadrados chega a ter 70 incrustações distintas. Uma verdadeira obra de arte, de proporções gigantescas.



Flores incrustadas no mármore em pedras preciosas e semi preciosas.

Também há muitos ramalhetes de flores entalhados, com um realismo impressionante na parte inferior das paredes. Dá para ficar horas observando os detalhes dessa obra tão romântica, apesar de fúnebre. Espetacular!
Ramos de flores entalhadas em mármore e arenito.

O Taj Mahal é cercado por muros em pedra vermelha. Após os muros há vários mausoléus secundários que incluem os das outras viúvas de Shah Jahan e de seu ajudante favorito, com arquitetura tipicamente mongol. Dentro dos muros há uma entrada principal "darwaza", também em pedra vermelha. Só esse prédio já vale a visita. Suas arcadas se assemelham as formas do mausoléu e incorporam flores e caligrafia na sua decoração.

Portão de acesso ao Taj Mahal, Darwaza.

Detalhes do portão de entrada do Taj Mahal.

Darwaza, visto do Taj Mahal.

Quando a obra estava chegando na reta final, o imperador adoeceu gravemente e seus filhos o destronaram. O exilaram no Forte de Agra onde viveu o resto de seus dias admirando o Taj Mahal pela janela. Após sua morte, em 1666, foi sepultado ao lado da esposa, gerando a única ruptura na simetria perfeita do mausoléu. Ele pretendia fazer sua própria sepultura do outro lado do rio, em um mausoléu idêntico ao Taj Mahal, mas em mármore preto. O que não chegou a ser realizado. Uma pena.

Esse é o local onde seria o mausoléu preto de Shah Jahn. Em frente, ao Taj Mahal, na margem oposta do rio Yamuna.

De ambos os lados do Taj Mahal erguem-se dois prédios em pedra vermelha. À oeste, uma enorme mesquita. Do lado oposto, as evidências levam a crer que era uma hospedaria. As duas construções são muito parecidas. A diferença está apenas nos detalhes do chão, que na mesquita parecem demarcar o local onde os tapetes eram dispostos para orações.



Mesquita.

Entrada da suposta hospedaria.
Os indianos são simpáticos com os estrangeiros.

O interior do mausoléu não pode ser fotografado. Ele é uma joia com incrustações em pedras preciosas e semi preciosas. A sala principal é octogonal, com uma altura de 25 metros, adornada por oito arcos. A tumba de Mumtaz ocupa exatamente o centro do recinto sobre uma base de mármore. Shah Jahan está ao seu lado em uma tumba maior. Na penumbra. A iluminação é toda feita naturalmente pelas pequenas malhas feitas nas placas de mármore. A única luz artificial que se vê é a das lanternas dos guias que explicam os detalhes dos trabalhos.

Sem dúvida, esse é o mais opulento mausoléu da história da humanidade. Custou uma fortuna. Levou o rei à desgraça (rei esse que tinha um passado de conquistas e glórias). Reuniu os melhores arquitetos da época. Tudo em nome do amor por uma mulher de cultura persa, religião islâmica e descendência mongol. Mumtaz Mahal emprestou uma versão reduzida do seu nome ao principal ícone da Índia, o magnífico Taj Mahal.

Foto clássica do Taj Mahal tirada de dentro da hospedaria.

Já se passaram quase quatro séculos e uma massa de visitantes do mundo todo continua se curvando aos pés desse monumento em respeito ao amor.

À esquerda a mesquita, ao lado do mausoléu.

A maior parte dos turistas costuma fazer de Agra apenas um ponto de parada para ver o Taj Mahal e seguir rumo a outros destinos. Optei por ficar três dias em Agra para entrar mais no espírito da cidade, aproveitar o hotel e ter a chance de retornar ao Taj Mahal em horários diferentes. Perfeito. Vi o sol nascer e se por. Dois horários com luzes mágicas. Viagens corridas demais não dão tempo de degustar a cultura local com prazer. 
Prefiro ver um número menor de cidades, programar um retorno e viver com tranquilidade a viagem.





É preciso visitar pelo menos duas vezes o Taj Mahal para ver suas diferentes cores na aurora e no por do sol.


http://www.viajarpelomundo.com/2012/12/agra-o-ninho-do-taj-mahal.html

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