DESVENDANDO AGRA, ALÉM DO TAJ MAHAL
Por Claudia Liechavicius
Assim que os primeiros raios de sol aparecem, Agra, a sede do império mongol nos séculos XVI e XVII começa a acordar preguiçosamente, mas ao mesmo tempo frenética. Inicia-se um vai e vem de pessoas e bicicletas que transportam pequenos tarros prateados. Curioso. Uma volta no tempo. Parece que eles ainda vivem como nossos avós. E, se orgulham disso. O que tem ali dentro? Leite. Leite fresco. Recém tirado das vacas sagradas para abastecer as famílias indianas. E, assim começa o dia.
E lá vão os indianos carregando seus tarros com leite fresco.
Perceber esses detalhes do cotidiano de uma cidade só mesmo com tempo ou com o auxílio de uma pessoa que vivano local. Por isso, decidi ficar mais do que um mísero dia em Agra. A maior parte dos turistas faz apenas uma parada de um dia, para ver o Taj Mahal. Ele realmente é um dos pontos altos, não só da cidade como do país. Imponente, forte, grandioso, o mais suntuoso mausoléu da Índia. No entanto, Agra não é só o Taj Mahal. Mesmo sendo uma cidade pequena (apesar de ter quase 2 milhões de habitantes), empoeirada, suja e pobre, ela floresceu sob a proteção dos imperadores Humayun, Akbar, Jahangir e Shah Jahan. Atraiu artesãos e arquitetos de várias partes da Ásia que construíram grandiosos palácios, fortes, mausoléus e jardins.
Forte de entrada do Taj Mahal.
ALÉM DO TAJ MAHAL
No centro de Agra estão: o Itimad-ud-Daulah (carinhosamente apelidado de Mini Taj) e o Agra Forte. Em seus arredores, a 8 quilômetros está o mausoléu de Akbar, no vilarejo de Sikandra. A 35 quilômetros, o marajá Akbar construiu a nababesca cidade de Fatehpur Sikri que foi abandonada. Um pouquinho mais longe, 60 quilômetros, mas também nas imediações de Agra fica a cidade de Mathura, onde nasceu Krishna.
Destes, foram declarados Patrimônio da Humanidade pela Unesco o Taj Mahal, o Forte de Agra e Fatehpur Sikri.
O FORTE DE AGRA
Grandioso. Murado. Todo em arenito vermelho e mármore branco, protegido por um fosso. O Forte de Agra foi construído às margens do rio Yamuna, em 1080, por Hindu Sikarwar Raiputs apenas como um singelo forte de tijolos. Mas, essa definitivamente não era uma época de paz e ele foi capturado. Muito tempo se passou, até que o primeiro sultão de Delhi - Sikander Lodi - resolveu se mudar de Delhi para Agra. Ele viveu no Forte de Agra, no final do século XV. Seu reinado foi importante. Ele governou o país e levou Agra ao posto de capital. Com sua morte, em 1517, seu filho assumiu o comando de Agra. Edificou mesquitas e fortes na cidade murada. Mas, foi morto nove anos depois numa batalha contra o povo mongol. O imperador mongol Humayun foi coroado no Forte de Agra, em 1530. Depois, foi a vez de outro imperador mongol assumir o comando. Akbar usou o Agra Forte como palácio residencial no final do século XVI. Mais tarde, novas modificações foram feitas pelo seu neto Shah Jahan. E, uma ala de alojamentos foi acrescentada pelos britânicos, ao norte.
O forte ocupa uma área vasta que consta de:
Porta Amar Singh (portão principal de acesso)
Diwan-i-Aam (local das audiências públicas do imperador)
Mesquita Nagina (para o harem de Shah Jahan)
Mesquita Moti
Mina Masjid (menor mesquita do mundo, destinada apenas ao imperador)
Machchhi Bhavan (Casa do Peixe)
Diwan-i-Khas (local onde o imperador se reunia com a corte)
Jahangiri Mahal (palácio do forte do reinado de Akbar)
Khas Mahal (salão de mármore com pinturas no teto ao estilo Shah Jahan)
Anguri Bach (Jardim das Uvas, com tanques de lírios e nichos para velas)
Sheesh Mahal (banhos reais)
Musamman Burj (torre ocotgonal de dois andares com belas incrustações)
O acesso ao forte é feito por dois portões principais: a Porta Amar Singh, homenagem ao fiel guerreiro de Shah Jahan e a Porta de Delhi (usada apenas com fins militares).
Porta Amar Singh.
Seguindo em frente chega-se ao suntuoso Diwan-i-Aam - um salão com arcos delicadamente desenhados. Os nomes são difíceis até de escrever. Ali eram feitas as audiências públicas do imperador, de frente para um imenso gramado, onde hoje está a sepultura de John Russell Colvin, Governador das Províncias do Noroeste da Índia.
No forte não podia faltar uma mesquita, aliás três: Moti Masjid (Mesquita da Pérola), Mina Masjid (destinada apenas ao imperador) e Nagina Masjid (Mesquita da Joia). Sendo que essa última foi feita por Shah Jahan para seu harém. Coisas da época. Haréns eram comuns em países que adotavam a condição de poligamia. Isso hoje é cada vez mais distante da nossa realidade, apesar de ainda existir por aí. Muitas mulheres viviam no palácio em companhia de eunucos para que não tivessem nenhum envolvimento com os funcionários do sultão. Quem os castrava geralmente era a esposa mais velha do imperador.
Ao fundo, as cúpulas da mesquita Moti Masjid que está fechada aos visitantes.
O palácio mais importante do forte é Jahangiri Mahal. Foi feito no reinado de Akbar. É formado por salões, galerias, pátios e masmorras no subsolo. Muitas áreas estão fechadas para visitas. Ali ficava o harém principal de Akbar, ou zenana. Um grande tanque de mármore era usado pela imperatriz para seus banhos com pétalas de rosas. Uma prévia dos spas modernos.
De frente para o rio está o Khas Mahal com seus salões em mármore, arcos e pilares em estilo hindu. Esse era o palácio do rei. Seu interior é ricamente decorado, mas seu estado de conservação não é lá dos melhores. Algumas alas estão fechadas para visitas. Nas suas laterais, dois pavilhões com telhados bangaldar, inspirados nas cabanas bengalis supostamente eram das princesas e tinham nichos que serviam como esconderijo para suas joias.
Em frente, ficam o Jardim das Uvas, Anguri Bagh, com nichos para velas e tanques para flores e o Sheesh Mahal, lugar destino aos banhos reais. Tudo isso, pertinho da torre Musamman Burj, onde Shah Jahan passou seus últimos anos observando de longe o Taj Mahal depois de ter sido aprisionado pelo filho.
Trabalhado com a técnica de de incrustação "Pietre Dure", o suntuoso salão Diwan-i-Khas era o local onde o imperador se reunia com a corte. Do lado de fora do prédio, no terraço, havia dois tronos para a diversão favorita do imperador, assistir brigas de elefantes.
O valor do ingresso para visitar o Agra Forte é de 300 rúpias por pessoa. Para indianos o valor é sempre bem mais baixo, nesse caso 50 rúpias.
TÚMULO ITIMAD-UD-DAULAH, O MINI TAJ
O lado esquerdo do rio Yamuna guarda uma bela surpresa, o "Mini Taj" ou "Porta-joias de mármore". É encantadora a delicadeza do pequeno túmulo-jardim Itimad-Ud-Daulah.
Por incrível que pareça sua construção é anterior ao espetacular Taj Mahal e serviu como fonte de inspiração. Foi feito entre 1622 e 1628, pela imperatriz Nurjahan (mulher do imperador Jahangir) em memória ao seu pai Mirza Ghiyas Beg e sua mãe Asmat Begum.
Mirza Ghiyas Beg era persa de nascimento e se mudou para a Índia no reinado de Akbar. O filho de Akbar, Jahangir, casou-se com sua filha Nurjahan. Assim, ele se tornou Primeiro-Ministro e recebeu do imperador o título de Itimad-Ud-Daulah, que significa "Fundamental para o Estado".
O portão de entrada é muito imponente. Sim, pois sempre há um portão de entrada que na verdade é uma fortaleza. Ele é todo em arenito vermelho com incrustações em mármore branco, em motivos florais e geométricos, no fundo de um gramado muito bem cuidado. Interessante notar que o lugar é belíssimo e pouco visitado.
Depois de atravessar o portão principal, já se pode avistar o grande túmulo quadrado de dois andares, todo em mármore branco desenhado. Ao seu redor há quatro minaretes não muito altos com coroas e agulhas em forma de lótus, sobre pavilhões abertos.
Olhando de longe não dá para perceber a delicadeza do trabalho no mármore.
Conforme aumenta a proximidade, os desenhos no mármore vão ficando mais evidentes.
Esse foi o primeiro monumento construído em mármore branco na Índia. Também foi o primeiro a receber adornos em pietre dure (técnica de marcheteria de pedras). Representa um marco de transição da pesada arquitetura de Akbar em arenito vermelho para o novo estilo mais requintado e delicado da era Shah Jahan.
O Mini Taj tem as paredes internas totalmente trabalhadas em padrões florais.
Por fora, belíssimos painéis de mosaicos em padrão geométrico com incrustações de pedras coloridas.
A câmara mortuária tem teto em estuque recortado e pintado com padrões de estalactite. A iluminação é suave e passa entre as malhas das telas de mármore que têm padrões ornamentais bem complexos esculpidos em placas inteiras. Trabalho delicadíssimo.
O valor do ingresso para o Itmad-Ud-Daulah é de 110 rúpias para estrangeiros e 10 para indianos.
PELAS RUAS DE AGRA
Com o declínio mongol, Agra passou pelas mãos dos jats, marathas e também dos britânicos no início do século XIX. Guarda uma herança cultural e arquitetônica muito rica. Mas, como tudo na Índia tem vários ângulos diferentes, nem tudo são flores. A pobreza e a sujeira da cidade são impactantes. Talvez por isso muita gente opte por ficar apenas algumas horas ou um só dia na cidade. No entanto, a pressa induz à superficialidade.
O centro da cidade realmente não prima pela beleza, mas é exótico e colorido. Praticamente não há sinais de trânsito, a bagunça pelas ruas é total. Carroças, macacos, carros velhos, pedestres, bicicletas conseguem se entender não sei como entre buzinas e mais buzinas. No meio de tudo isso inúmeras barracas de rua vendem legumes, pulseiras, roupas, flores, peças para carros, artesanato... Ignore o caos, abstraia a sujeira e mergulhe na riqueza cultural da cidade.
Há muitas crianças pedindo dinheiro pelas ruas. É impactante. Agra exige um olhar livre de preconceitos e reprovações negativas. Cada cultura tem seu modo de funcionamento. E, eles são felizes ao seu modo. Sorriso no rosto sempre. Suas tradições milenares e o sistema de castas precisam ser levados em conta para evitar o choque. Paralelamente, há monumentos seculares e templos religiosos fantásticos, claro que sempre cheios de macacos perambulando ao léu.
Para vivenciar mais intensamente a cidade contratei por intermédio do hotel Aman de Nova Delhi, um motorista e por intermédio do hotel Oberoi de Agra, um guia. O motorista me acompanhou desde Nova Delhi até Agra e lá ficou comigo por três dias pelo valor de 300 dólares. Se quiser a indicação, o nome dele é Sarwan Singh, telefone +91 99999 87796, e-mail sarvansingh62@gmail.com. Já, o guia foi contratado diretamente em Agra, com o hotel Oberoi por 20 dólares ao dia, o nome dele é Sanjay Srivastava (fala inglês e japonês), telefone +91 9837184455, e-mail shrisanjay2000@gmail.com - ele costuma acompanhar celebridades que visitam o Oberoi (que não é meu caso). Ele tinha acabado de apresentar Agra para Tom Cruise.
E, se quiser fazer umas comprinhas na cidade indico a enorme loja Kalakriti. Tem de tudo. Lenços, xales, artesanato em madeira, peças de mármore trabalhadas em pietre dura, carteiras, bolsas, saris, joias... E, se não estiver com vontade de carregar suas compras na mala, eles entregam no Brasil. E chega direitinho. O endereço é Fatehabad Road 41/142 A/1, VIP Road to Taj Mahal, telefone +91 56222 31011.
DISTÂNCIA DELHI - AGRA
205 quilômetros pela estrada NH 2, que passa por vários vilarejos e cidadelas (leva pelo menos 5 horas sem nenhuma parada).
210 quilômetros pela Yamuna Expressway, estrada de alta velocidade que corta a região rural de Uttar Pradesh (leva em torno de 2 horas e meia sem nenhuma parada).
COMO CHEGAR
De carro leva entre 3 e 5 horas. Também dá para ir de trem e em algumas épocas do ano o aeroporto funciona. Depende da visibilidade, pois o aeroporto é pequeno e costuma ter muita neblina na cidade.
HOTEL EM AGRA
Oberoi Amarvilas. Excelente.
INDICAÇÃO DE RESTAURANTE
Peshawri. Citado como um dos melhores restaurantes da Ásia pelo guia Miele, de Singapura. É do mesmo grupo do restaurante Bukhara, de nova Delhi. Fica no hotel ITC Mughal, Agra. Telefone +91 562 402 1700.
IDIOMA
A Índia tem vários idiomas oficiais e centenas de dialetos dificílimos para nossa compreensão. A boa notícia é que como colônia britânica eles herdaram o inglês. Mas, não vá pensando que é um inglês fácil de entender, pois o sotaque é bem enrolado. Prepare-se para prestar muita atenção.
MOEDA
Dólar x Rúpias indianas: US$ 1 = 54 rúpias. Conversão para o real: R$ 1 = 26 rúpias
LEIA TAMBÉM
Índia, Butão, Emirados Árabes
Introdução à Índia
Nova Delhi
Trajeto Nova Delhi - Agra
Agra, o Taj Mahal
http://www.viajarpelomundo.com/2013/01/desvendando-agra-alem-do-taj-mahal.html
Assim que os primeiros raios de sol aparecem, Agra, a sede do império mongol nos séculos XVI e XVII começa a acordar preguiçosamente, mas ao mesmo tempo frenética. Inicia-se um vai e vem de pessoas e bicicletas que transportam pequenos tarros prateados. Curioso. Uma volta no tempo. Parece que eles ainda vivem como nossos avós. E, se orgulham disso. O que tem ali dentro? Leite. Leite fresco. Recém tirado das vacas sagradas para abastecer as famílias indianas. E, assim começa o dia.
E lá vão os indianos carregando seus tarros com leite fresco.
Perceber esses detalhes do cotidiano de uma cidade só mesmo com tempo ou com o auxílio de uma pessoa que vivano local. Por isso, decidi ficar mais do que um mísero dia em Agra. A maior parte dos turistas faz apenas uma parada de um dia, para ver o Taj Mahal. Ele realmente é um dos pontos altos, não só da cidade como do país. Imponente, forte, grandioso, o mais suntuoso mausoléu da Índia. No entanto, Agra não é só o Taj Mahal. Mesmo sendo uma cidade pequena (apesar de ter quase 2 milhões de habitantes), empoeirada, suja e pobre, ela floresceu sob a proteção dos imperadores Humayun, Akbar, Jahangir e Shah Jahan. Atraiu artesãos e arquitetos de várias partes da Ásia que construíram grandiosos palácios, fortes, mausoléus e jardins.
Forte de entrada do Taj Mahal.
Taj Mahal.
ALÉM DO TAJ MAHAL
No centro de Agra estão: o Itimad-ud-Daulah (carinhosamente apelidado de Mini Taj) e o Agra Forte. Em seus arredores, a 8 quilômetros está o mausoléu de Akbar, no vilarejo de Sikandra. A 35 quilômetros, o marajá Akbar construiu a nababesca cidade de Fatehpur Sikri que foi abandonada. Um pouquinho mais longe, 60 quilômetros, mas também nas imediações de Agra fica a cidade de Mathura, onde nasceu Krishna.
Destes, foram declarados Patrimônio da Humanidade pela Unesco o Taj Mahal, o Forte de Agra e Fatehpur Sikri.
Mini Taj.
Agra Forte.
O FORTE DE AGRA
Grandioso. Murado. Todo em arenito vermelho e mármore branco, protegido por um fosso. O Forte de Agra foi construído às margens do rio Yamuna, em 1080, por Hindu Sikarwar Raiputs apenas como um singelo forte de tijolos. Mas, essa definitivamente não era uma época de paz e ele foi capturado. Muito tempo se passou, até que o primeiro sultão de Delhi - Sikander Lodi - resolveu se mudar de Delhi para Agra. Ele viveu no Forte de Agra, no final do século XV. Seu reinado foi importante. Ele governou o país e levou Agra ao posto de capital. Com sua morte, em 1517, seu filho assumiu o comando de Agra. Edificou mesquitas e fortes na cidade murada. Mas, foi morto nove anos depois numa batalha contra o povo mongol. O imperador mongol Humayun foi coroado no Forte de Agra, em 1530. Depois, foi a vez de outro imperador mongol assumir o comando. Akbar usou o Agra Forte como palácio residencial no final do século XVI. Mais tarde, novas modificações foram feitas pelo seu neto Shah Jahan. E, uma ala de alojamentos foi acrescentada pelos britânicos, ao norte.
Agra Forte.
O forte ocupa uma área vasta que consta de:
Porta Amar Singh (portão principal de acesso)
Diwan-i-Aam (local das audiências públicas do imperador)
Mesquita Nagina (para o harem de Shah Jahan)
Mesquita Moti
Mina Masjid (menor mesquita do mundo, destinada apenas ao imperador)
Machchhi Bhavan (Casa do Peixe)
Diwan-i-Khas (local onde o imperador se reunia com a corte)
Jahangiri Mahal (palácio do forte do reinado de Akbar)
Khas Mahal (salão de mármore com pinturas no teto ao estilo Shah Jahan)
Anguri Bach (Jardim das Uvas, com tanques de lírios e nichos para velas)
Sheesh Mahal (banhos reais)
Musamman Burj (torre ocotgonal de dois andares com belas incrustações)
O acesso ao forte é feito por dois portões principais: a Porta Amar Singh, homenagem ao fiel guerreiro de Shah Jahan e a Porta de Delhi (usada apenas com fins militares).
Porta Amar Singh.
Seguindo em frente chega-se ao suntuoso Diwan-i-Aam - um salão com arcos delicadamente desenhados. Os nomes são difíceis até de escrever. Ali eram feitas as audiências públicas do imperador, de frente para um imenso gramado, onde hoje está a sepultura de John Russell Colvin, Governador das Províncias do Noroeste da Índia.
Arcos e colunas do Diwan-i-Aam - Agra Forte.
Diwan-i-Aan.
No forte não podia faltar uma mesquita, aliás três: Moti Masjid (Mesquita da Pérola), Mina Masjid (destinada apenas ao imperador) e Nagina Masjid (Mesquita da Joia). Sendo que essa última foi feita por Shah Jahan para seu harém. Coisas da época. Haréns eram comuns em países que adotavam a condição de poligamia. Isso hoje é cada vez mais distante da nossa realidade, apesar de ainda existir por aí. Muitas mulheres viviam no palácio em companhia de eunucos para que não tivessem nenhum envolvimento com os funcionários do sultão. Quem os castrava geralmente era a esposa mais velha do imperador.
Ao fundo, as cúpulas da mesquita Moti Masjid que está fechada aos visitantes.
O palácio mais importante do forte é Jahangiri Mahal. Foi feito no reinado de Akbar. É formado por salões, galerias, pátios e masmorras no subsolo. Muitas áreas estão fechadas para visitas. Ali ficava o harém principal de Akbar, ou zenana. Um grande tanque de mármore era usado pela imperatriz para seus banhos com pétalas de rosas. Uma prévia dos spas modernos.
Jahangiri Mahal.
Interior do Jahangiri Mahal.
De frente para o rio está o Khas Mahal com seus salões em mármore, arcos e pilares em estilo hindu. Esse era o palácio do rei. Seu interior é ricamente decorado, mas seu estado de conservação não é lá dos melhores. Algumas alas estão fechadas para visitas. Nas suas laterais, dois pavilhões com telhados bangaldar, inspirados nas cabanas bengalis supostamente eram das princesas e tinham nichos que serviam como esconderijo para suas joias.
Pavilhão do Khas Mahal com paredes entalhadas e teto ricamente trabalhado.
Um dos tetos trabalhados do Khas Mahal.
Em frente, ficam o Jardim das Uvas, Anguri Bagh, com nichos para velas e tanques para flores e o Sheesh Mahal, lugar destino aos banhos reais. Tudo isso, pertinho da torre Musamman Burj, onde Shah Jahan passou seus últimos anos observando de longe o Taj Mahal depois de ter sido aprisionado pelo filho.
Anguri Bagh.
Trabalhado com a técnica de de incrustação "Pietre Dure", o suntuoso salão Diwan-i-Khas era o local onde o imperador se reunia com a corte. Do lado de fora do prédio, no terraço, havia dois tronos para a diversão favorita do imperador, assistir brigas de elefantes.
Diwan-i-khas.
Trabalho em Pietre Dure incrustado com pedras semi preciosas.
O valor do ingresso para visitar o Agra Forte é de 300 rúpias por pessoa. Para indianos o valor é sempre bem mais baixo, nesse caso 50 rúpias.
TÚMULO ITIMAD-UD-DAULAH, O MINI TAJ
O lado esquerdo do rio Yamuna guarda uma bela surpresa, o "Mini Taj" ou "Porta-joias de mármore". É encantadora a delicadeza do pequeno túmulo-jardim Itimad-Ud-Daulah.
Mini Taj visto da margem oposta do rio.
Mirza Ghiyas Beg era persa de nascimento e se mudou para a Índia no reinado de Akbar. O filho de Akbar, Jahangir, casou-se com sua filha Nurjahan. Assim, ele se tornou Primeiro-Ministro e recebeu do imperador o título de Itimad-Ud-Daulah, que significa "Fundamental para o Estado".
Túmulo de Itimad-Ud-Daulah, o Mini Taj.
O portão de entrada é muito imponente. Sim, pois sempre há um portão de entrada que na verdade é uma fortaleza. Ele é todo em arenito vermelho com incrustações em mármore branco, em motivos florais e geométricos, no fundo de um gramado muito bem cuidado. Interessante notar que o lugar é belíssimo e pouco visitado.
Portão de entrada do Mini Taj, visto de fora.
Mosaicos coloridos do portão de entrada.
Olhando de longe não dá para perceber a delicadeza do trabalho no mármore.
Conforme aumenta a proximidade, os desenhos no mármore vão ficando mais evidentes.
Minarete do Mini Taj.
O Mini Taj tem as paredes internas totalmente trabalhadas em padrões florais.
Por fora, belíssimos painéis de mosaicos em padrão geométrico com incrustações de pedras coloridas.
A câmara mortuária tem teto em estuque recortado e pintado com padrões de estalactite. A iluminação é suave e passa entre as malhas das telas de mármore que têm padrões ornamentais bem complexos esculpidos em placas inteiras. Trabalho delicadíssimo.
Teto da câmara mortuária.
Telas de mármore para deixar a luz entrar nos túmulos.
O valor do ingresso para o Itmad-Ud-Daulah é de 110 rúpias para estrangeiros e 10 para indianos.
PELAS RUAS DE AGRA
Com o declínio mongol, Agra passou pelas mãos dos jats, marathas e também dos britânicos no início do século XIX. Guarda uma herança cultural e arquitetônica muito rica. Mas, como tudo na Índia tem vários ângulos diferentes, nem tudo são flores. A pobreza e a sujeira da cidade são impactantes. Talvez por isso muita gente opte por ficar apenas algumas horas ou um só dia na cidade. No entanto, a pressa induz à superficialidade.
Bois tatuados trabalhando.
Vendedores de flores.
Farmácia, em Agra.
Vendedor de roupas.
E a Coca Cola sempre presente.
Há muitas crianças pedindo dinheiro pelas ruas. É impactante. Agra exige um olhar livre de preconceitos e reprovações negativas. Cada cultura tem seu modo de funcionamento. E, eles são felizes ao seu modo. Sorriso no rosto sempre. Suas tradições milenares e o sistema de castas precisam ser levados em conta para evitar o choque. Paralelamente, há monumentos seculares e templos religiosos fantásticos, claro que sempre cheios de macacos perambulando ao léu.
Sorriso sempre estampado no rosto.
Para vivenciar mais intensamente a cidade contratei por intermédio do hotel Aman de Nova Delhi, um motorista e por intermédio do hotel Oberoi de Agra, um guia. O motorista me acompanhou desde Nova Delhi até Agra e lá ficou comigo por três dias pelo valor de 300 dólares. Se quiser a indicação, o nome dele é Sarwan Singh, telefone +91 99999 87796, e-mail sarvansingh62@gmail.com. Já, o guia foi contratado diretamente em Agra, com o hotel Oberoi por 20 dólares ao dia, o nome dele é Sanjay Srivastava (fala inglês e japonês), telefone +91 9837184455, e-mail shrisanjay2000@gmail.com - ele costuma acompanhar celebridades que visitam o Oberoi (que não é meu caso). Ele tinha acabado de apresentar Agra para Tom Cruise.
À esquerda o guia Sanjay e de turbante, o motorista, Sarwan.
E, se quiser fazer umas comprinhas na cidade indico a enorme loja Kalakriti. Tem de tudo. Lenços, xales, artesanato em madeira, peças de mármore trabalhadas em pietre dura, carteiras, bolsas, saris, joias... E, se não estiver com vontade de carregar suas compras na mala, eles entregam no Brasil. E chega direitinho. O endereço é Fatehabad Road 41/142 A/1, VIP Road to Taj Mahal, telefone +91 56222 31011.
DISTÂNCIA DELHI - AGRA
205 quilômetros pela estrada NH 2, que passa por vários vilarejos e cidadelas (leva pelo menos 5 horas sem nenhuma parada).
210 quilômetros pela Yamuna Expressway, estrada de alta velocidade que corta a região rural de Uttar Pradesh (leva em torno de 2 horas e meia sem nenhuma parada).
COMO CHEGAR
De carro leva entre 3 e 5 horas. Também dá para ir de trem e em algumas épocas do ano o aeroporto funciona. Depende da visibilidade, pois o aeroporto é pequeno e costuma ter muita neblina na cidade.
HOTEL EM AGRA
Oberoi Amarvilas. Excelente.
INDICAÇÃO DE RESTAURANTE
Peshawri. Citado como um dos melhores restaurantes da Ásia pelo guia Miele, de Singapura. É do mesmo grupo do restaurante Bukhara, de nova Delhi. Fica no hotel ITC Mughal, Agra. Telefone +91 562 402 1700.
IDIOMA
A Índia tem vários idiomas oficiais e centenas de dialetos dificílimos para nossa compreensão. A boa notícia é que como colônia britânica eles herdaram o inglês. Mas, não vá pensando que é um inglês fácil de entender, pois o sotaque é bem enrolado. Prepare-se para prestar muita atenção.
MOEDA
Dólar x Rúpias indianas: US$ 1 = 54 rúpias. Conversão para o real: R$ 1 = 26 rúpias
LEIA TAMBÉM
Índia, Butão, Emirados Árabes
Introdução à Índia
Nova Delhi
Trajeto Nova Delhi - Agra
Agra, o Taj Mahal
Dispa-se de preconceitos e encare a Índia de frente.
http://www.viajarpelomundo.com/2013/01/desvendando-agra-alem-do-taj-mahal.html
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