ENVELHECER É UMA BÊNÇÃO
“Você não precisa ser grande para ser feliz, precisa ser simples, natural e amoroso.”
Todas as idades, assim como todas as circunstâncias, têm suas compensações. Acho que algumas pessoas temem envelhecer. Agora que envelheci, posso dizer a todos que essa é uma experiência abençoada.
A ideia popular é a de que a juventude é a época em que somos mais felizes.
Sei que isso não é verdade.
A cada ano que envelheço, fico mais feliz. Tenho até certa pena dos jovens, tão inexperientes, freqüentemente tão confusos.
Só com a idade é que se pode encarar a vida de maneira impessoal, acumulando, assim, a sabedoria que dela emana.
Lembro-me de quando sentia tudo de maneira muito mais vívida do que hoje.
Quando somos jovens, amamos intensamente, sofremos, ficamos ansiosos.
Não que eu tenha deixado de fazer isso; agora, porém, faço de uma maneira mais madura e mais sábia. Jamais sentirei novamente nesse corpo os maravilhosos estremecimentos da juventude, com seus grandiosos momentos.
Lembro-me deles, e isso é suficiente.
Na velhice, não se pode fazer tanto quanto se fazia antes, mas pode-se pensar de maneira muito mais eficaz. Como disse um famoso filósofo francês:
“Se a juventude ao menos soubesse; se a velhice pelo menos pudesse."
É missão da juventude colocar em ação a sabedoria obtida na última encarnação.
Quero retornar à vida para fazer as coisas que agora consigo ver claramente que devem ser feitas. Mas, de qualquer maneira, sou feliz.
O que os senhores do carma me pedem eu dou com alegria.
Provavelmente você descobriu que, via de regra, ocorreu dor, desapontamento e frustração, em vez da “moleza” que a maioria dos jovens espera. Mas como valeu a pena toda essa experiência!
Lembro-me de Annie Besant relembrando sua vida longa e maravilhosamente plena, e dizendo que poria de lado todas as alegrias, mas nenhuma das dores; foi através delas que mais pôde aprender.
Não tenha medo da dor. Helena Blavatsky chamava-a de “o instrutor, o despertador da consciência”.
O mesmo disse Krishnamurti.
À medida que envelhecemos, aqueles a quem mais amamos nos deixam, um a um.
Mas nós não os perdemos.
O amor é sempre a sua própria eternidade.
Eles se foram um pouco antes de nós e estarão lá para nos dar as boas vindas quando nosso grande dia chegar.
Foi também Annie Besant quem me disse, certa vez:
‘’Quando você conseguir ficar feliz quando aquele a quem mais ama não estiver presente, você terá verdadeiramente aprendido a amar.”
Duas coisas me doem sempre que as vejo: a juventude sem esperança e a velhice sem paz.
Outra coisa que noto a respeito do envelhecimento: poucas memórias persistem.
No meu caso, não são as grandes e maravilhosas ocasiões da vida que retornam à lembrança, mas as pequeninas coisas: pessoas que vi apenas uma vez, pequenos atos de ternura que presenciei.
A humanidade não precisa de coisas grandes. Ela precisa, acima de tudo, do doce calor do amor cotidiano.
Você não precisa ser grande para ser feliz.
Precisa ser simples, natural e amoroso.
Talvez o mundo se volte novamente para as coisas simples da vida, e assim reconquiste a felicidade.
Eu gostaria de devolver ao camponês, ao homem que trabalha, as coisas que o fazem feliz, e desviar os pensamentos dos ricos e poderosos da dura procura por lucro e poder, que só podem ser obtidos com a dor de milhões de pessoas.
Estou feliz por estar velha.
Agradeço à vida por isso.
A “alma peregrina” em nós jamais envelhece.
Ela é a eterna juventude, o fogo imorredouro.
Existe uma serena benevolência, uma ternura graciosa, encorajadora, a respeito do gradual declínio do nosso veículo físico neste mundo.
Podemos muito bem dizer para toda a nossa vida:
“Deus esteja contigo até que nos encontremos novamente."
Clara M. Codd
Fonte: http://lucio-vergel.blogspot.com.br/search/label/CLARA%20M.%20CODD
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