Crianças superdotadas, como identificar e lidar com elas
A inquietude típica pode ser confundida com distúrbios comportamentais; papel dos pais é estimular a alta habilidade dos pequenos propondo novos desafios.
Por Rita Cássia, Especial para o Yahoo! | Yahoo Brasil – segunda, 23 de dez de
2013 09:14 BRST
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Eles são inquietos, críticos, curiosos e perfeccionistas, são seletivos com as amizades, não gostam muito de rotina e dificilmente aceitam regras se não ajudam a criá-las. Conhece alguma criança com este perfil? Então você pode estar convivendo com um superdotado. Um pequeno talentoso que a todo o momento desafia a sabedoria do próprio mestre, mas também pode parecer um ‘rebelde sem causa’.
A capacidade para aprender determinado assunto já é notada na infância, quando é possível perceber o grande interesse da criança por temas discutidos por adultos. Foi assim que a família de Victor Domene Ribeiro dos Santos, hoje com 17 anos, descobriu que ele tinha alto potencial acadêmico. “Com 4 anos, ele leu sozinho; aos 5 anos já contava até mil e sabia a tabuada de trás para frente”, lembra a mãe do estudante, Dulcimara Domene Ribeiro dos Santos, a Mara.
O gosto pelos estudos ficou evidente muito cedo. Quando começou a ir à escola, Victor levava os exercícios da irmã três anos mais velha para solucionar em sala de aula. Nesta idade, aprendeu a falar inglês sem professor, a única ferramenta: seu vídeogame. “Nunca fizemos testes de Q.I. (Quociente de Inteligência), porque não gostamos de rotular; sabemos o quanto isso pesa para uma criança”, avalia Mara.
A capacidade para aprender determinado assunto já é notada na infância, quando é possível perceber o grande interesse da criança por temas discutidos por adultos. Foi assim que a família de Victor Domene Ribeiro dos Santos, hoje com 17 anos, descobriu que ele tinha alto potencial acadêmico. “Com 4 anos, ele leu sozinho; aos 5 anos já contava até mil e sabia a tabuada de trás para frente”, lembra a mãe do estudante, Dulcimara Domene Ribeiro dos Santos, a Mara.
O gosto pelos estudos ficou evidente muito cedo. Quando começou a ir à escola, Victor levava os exercícios da irmã três anos mais velha para solucionar em sala de aula. Nesta idade, aprendeu a falar inglês sem professor, a única ferramenta: seu vídeogame. “Nunca fizemos testes de Q.I. (Quociente de Inteligência), porque não gostamos de rotular; sabemos o quanto isso pesa para uma criança”, avalia Mara.
Victor faz parte das estatísticas da OMS (Organização Mundial da Saúde), a qual estima que entre 3% e 5% da população mundial possui altas habilidades. E o pequeno gênio logo se destacou na escola pública que frequentou até a 4ª série do ensino fundamental. A partir do quinto ano, ganhou bolsa de estudos em instituição particular e começou a cumprir dupla jornada, cursando aulas no contraturno para estimular suas aptidões.
“Aos 9 anos, ele já começou a falar que queria estudar fora do país”, relembra a mãe, com uma certa indecisão na voz, mas que some rapidamente quando pensa no futuro do filho. “Fico com o coração apertado porque sei que ele vai conseguir (passar no vestibular de alguma universidade americana), mas quero o melhor para ele. Sempre o apoiei”, reforça, ao contar que o filho acaba de preparar redação em inglês a fim de ingressar em Harvard, universidade privada e referência nos Estados Unidos.
Superdotação não é doença
Identificar um pequenino com habilidades acima da média para a idade é uma tarefa árdua, requer paciência e muita dedicação, principalmente dos pais, que por falta de conhecimento acabam confundindo os sinais de superdotação com distúrbios comportamentais, déficit de concentração ou hiperativismo.
Falta de interesse nas aulas e indisciplina dentro da sala de aula podem indicar que a criança tem desenvoltura superior a dos amiguinhos, portanto, não suporta viver naquele ambiente e fica insatisfeita e infeliz. “Um comportamento que para muitos pais e professores é julgado como rebeldia”, explica a pedagoga da Apahsd (Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação), Ada Cristina Garcia Toscanini.
Segundo a profissional, os pais dificilmente percebem quando a criança é altamente habilidosa. “Ninguém imagina ter um filho superdotado, muito menos sabe lidar com a situação. A mãe e o pai são orientados a buscar tratamentos psicológicos, mas essas terapias comportamentais não dão resultado porque a superdotação não é um problema, nem deve ser tratada como doença”, esclarece.
Ada é professora e terapeuta. Na associação tem um trabalho focado na orientação desses jovens e suas famílias para ajudar a demonstrar como os superdotados devem ser estimulados. “Cerca de 40% das crianças com este perfil chegam medicadas (na sede da entidade). Ou seja, profissionais que não entendem o caso indicam remédios para acalmá-las. Mas não há nada de errado com elas, são perfeitamente normais, somente têm rapidez para aprender”.
A especialista explica que os superdotados geralmente são criativos, desafiam os mais velhos intelectualmente e podem ser persuasivos. “Mas isso não os dá o direito de demonstrar que são superiores aos adultos, porque não são. Estamos falando de crianças, os pais devem manter a autoridade sobre eles”, orienta a educadora.
“Aos 9 anos, ele já começou a falar que queria estudar fora do país”, relembra a mãe, com uma certa indecisão na voz, mas que some rapidamente quando pensa no futuro do filho. “Fico com o coração apertado porque sei que ele vai conseguir (passar no vestibular de alguma universidade americana), mas quero o melhor para ele. Sempre o apoiei”, reforça, ao contar que o filho acaba de preparar redação em inglês a fim de ingressar em Harvard, universidade privada e referência nos Estados Unidos.
Superdotação não é doença
Identificar um pequenino com habilidades acima da média para a idade é uma tarefa árdua, requer paciência e muita dedicação, principalmente dos pais, que por falta de conhecimento acabam confundindo os sinais de superdotação com distúrbios comportamentais, déficit de concentração ou hiperativismo.
Falta de interesse nas aulas e indisciplina dentro da sala de aula podem indicar que a criança tem desenvoltura superior a dos amiguinhos, portanto, não suporta viver naquele ambiente e fica insatisfeita e infeliz. “Um comportamento que para muitos pais e professores é julgado como rebeldia”, explica a pedagoga da Apahsd (Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação), Ada Cristina Garcia Toscanini.
Segundo a profissional, os pais dificilmente percebem quando a criança é altamente habilidosa. “Ninguém imagina ter um filho superdotado, muito menos sabe lidar com a situação. A mãe e o pai são orientados a buscar tratamentos psicológicos, mas essas terapias comportamentais não dão resultado porque a superdotação não é um problema, nem deve ser tratada como doença”, esclarece.
Ada é professora e terapeuta. Na associação tem um trabalho focado na orientação desses jovens e suas famílias para ajudar a demonstrar como os superdotados devem ser estimulados. “Cerca de 40% das crianças com este perfil chegam medicadas (na sede da entidade). Ou seja, profissionais que não entendem o caso indicam remédios para acalmá-las. Mas não há nada de errado com elas, são perfeitamente normais, somente têm rapidez para aprender”.
A especialista explica que os superdotados geralmente são criativos, desafiam os mais velhos intelectualmente e podem ser persuasivos. “Mas isso não os dá o direito de demonstrar que são superiores aos adultos, porque não são. Estamos falando de crianças, os pais devem manter a autoridade sobre eles”, orienta a educadora.
Estimule os alto habilidosos
A curiosidade excessiva sobre determinado assunto também caracteriza um pequeno altamente habilidoso. Para incentivar seu interesse, orienta a professora Ada, é importante que as respostas não venham na mesma velocidade que as perguntas. “É preciso ser objetivo. Se a criança perguntou A, responda A, não a esgote com informações adicionais, o que pode fazê-la perder o interesse”, alerta a profissional.
A falta de estímulo em casa pode causar frustração, um sentimento de não ser compreendido. Para instigar, é preciso propor novos desafios. “Se a criança gosta de quebra-cabeça, deixe-a montar primeiro um; o próximo dê somente se ela pedir. Se ela se sentir saturada, não vai se desenvolver”, exemplifica a terapeuta, ao enfatizar que a curiosidade deste pequeno inteligente deve ser sempre esclarecida. “Esta é a única necessidade de um superdotado”.
Como não há escolas específicas para estes alunos, eles podem se desinteressar pelos estudos por julgar o conteúdo fraco, atrelado a isso vem o baixo rendimento. Mas o professor pode dar a eles atividades complementares, uma lição diferenciada, que o incite a estudar o tema proposto. “Exercícios de fixação desmotivam. Estamos falando de alguém com facilidade em aprender e que estará sempre um passo à frente”, resume a especialista.
Descobrindo talentos
A superdotação não escolhe cor, crença ou classe social. Pode ser desenvolvida ou, simplesmente, reprimida, cabe aos pais ou responsáveis buscar instituições que ofereçam atividades extracurriculares para ajudar neste processo. Somente na Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação são atendidas, em média, 40 crianças por ano com todos os tipos de talento.
A entidade existe desde 2005, lá as habilidades das crianças são medidas a partir de seus conhecimentos e elas recebem apoio de profissionais das mais diversas áreas. São orientadas a explorar suas aptidões e conviver em sociedade. Deixam o projeto, no máximo, dois anos mais tarde. “Elas saem seguras e integradas socialmente, porque compreendem sua capacidade de aprender e passam a conviver muito bem com as pessoas”, afirma a pedagoga Ada.
No Brasil, o Ismart (Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos) busca na rede pública de ensino jovens que apresentam alto potencial acadêmico. Foi por meio do instituto que o jovem Victor Domene, o autodidata que já é fluente nas línguas inglesa e francesa, teve a primeira oportunidade de mostrar seu potencial.
A instituição é uma das opções para os pais que não têm condições financeiras para custear os estudos em um colégio privado. Atualmente, 825 bolsistas participam de programas da unidade, cujo objetivo é prepará-los para a inserção em boas universidades. A intenção é garantir um futuro promissor dentro da área a qual os estudantes se destacam.
Sonho de gente grande
A autocrítica e as facilidades em aprender, se expressar e resolver problemas fazem estes pequeninos com habilidades especiais crescer mais rapidamente, do ponto de vista psicológico. É assim a vida de Victor, além do sonho em estudar fora “para buscar novas experiências”, ele já vislumbra carreira sólida nas áreas de engenharia ou ciências da computação.
Antes de completar maioridade, o estudante está decidido: quer ser o próprio chefe. “Quero ter condição financeira estável e poder ter a minha própria empresa. Quero criar maneiras de ajudar as pessoas a crescer (por meio dos estudos). Tudo isso para retribuir as oportunidades que tive na vida e mostrar às pessoas que investiram em mim que fiz o melhor possível. Sinto isso como uma obrigação”.
A curiosidade excessiva sobre determinado assunto também caracteriza um pequeno altamente habilidoso. Para incentivar seu interesse, orienta a professora Ada, é importante que as respostas não venham na mesma velocidade que as perguntas. “É preciso ser objetivo. Se a criança perguntou A, responda A, não a esgote com informações adicionais, o que pode fazê-la perder o interesse”, alerta a profissional.
A falta de estímulo em casa pode causar frustração, um sentimento de não ser compreendido. Para instigar, é preciso propor novos desafios. “Se a criança gosta de quebra-cabeça, deixe-a montar primeiro um; o próximo dê somente se ela pedir. Se ela se sentir saturada, não vai se desenvolver”, exemplifica a terapeuta, ao enfatizar que a curiosidade deste pequeno inteligente deve ser sempre esclarecida. “Esta é a única necessidade de um superdotado”.
Como não há escolas específicas para estes alunos, eles podem se desinteressar pelos estudos por julgar o conteúdo fraco, atrelado a isso vem o baixo rendimento. Mas o professor pode dar a eles atividades complementares, uma lição diferenciada, que o incite a estudar o tema proposto. “Exercícios de fixação desmotivam. Estamos falando de alguém com facilidade em aprender e que estará sempre um passo à frente”, resume a especialista.
Descobrindo talentos
A superdotação não escolhe cor, crença ou classe social. Pode ser desenvolvida ou, simplesmente, reprimida, cabe aos pais ou responsáveis buscar instituições que ofereçam atividades extracurriculares para ajudar neste processo. Somente na Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação são atendidas, em média, 40 crianças por ano com todos os tipos de talento.
A entidade existe desde 2005, lá as habilidades das crianças são medidas a partir de seus conhecimentos e elas recebem apoio de profissionais das mais diversas áreas. São orientadas a explorar suas aptidões e conviver em sociedade. Deixam o projeto, no máximo, dois anos mais tarde. “Elas saem seguras e integradas socialmente, porque compreendem sua capacidade de aprender e passam a conviver muito bem com as pessoas”, afirma a pedagoga Ada.
No Brasil, o Ismart (Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos) busca na rede pública de ensino jovens que apresentam alto potencial acadêmico. Foi por meio do instituto que o jovem Victor Domene, o autodidata que já é fluente nas línguas inglesa e francesa, teve a primeira oportunidade de mostrar seu potencial.
A instituição é uma das opções para os pais que não têm condições financeiras para custear os estudos em um colégio privado. Atualmente, 825 bolsistas participam de programas da unidade, cujo objetivo é prepará-los para a inserção em boas universidades. A intenção é garantir um futuro promissor dentro da área a qual os estudantes se destacam.
Sonho de gente grande
A autocrítica e as facilidades em aprender, se expressar e resolver problemas fazem estes pequeninos com habilidades especiais crescer mais rapidamente, do ponto de vista psicológico. É assim a vida de Victor, além do sonho em estudar fora “para buscar novas experiências”, ele já vislumbra carreira sólida nas áreas de engenharia ou ciências da computação.
Antes de completar maioridade, o estudante está decidido: quer ser o próprio chefe. “Quero ter condição financeira estável e poder ter a minha própria empresa. Quero criar maneiras de ajudar as pessoas a crescer (por meio dos estudos). Tudo isso para retribuir as oportunidades que tive na vida e mostrar às pessoas que investiram em mim que fiz o melhor possível. Sinto isso como uma obrigação”.
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