16/02/2015
Mas isso quer dizer: “A intuição pode ser reduzida ao intelecto?” E a intuição é algo além do intelecto, algo que não faz parte do intelecto, algo que vem de algum lugar onde o intelecto é totalmente inconsciente. Assim, o intelecto pode sentir a intuição, mas não explicá-la.
O salto da intuição pode ser sentido porque existe uma lacuna.
A intuição pode ser sentida pelo intelecto pode-se notar que algo aconteceu mas não se pode explicar, porque a explicação precisa da causalidade. A explicação significa responder à pergunta de onde a intuição vem, por que vem, qual é a causa. E ela vem de algum lugar, não do intelecto propriamente dito logo, não há causa intelectual. Não existe uma razão, uma ligação, uma continuidade dentro do intelecto.
A intuição é um campo de ocorrência diferente, que não se relaciona ao intelecto de maneira nenhuma, embora possa penetrar o intelecto. Deve-se entender que uma realidade superior pode penetrar uma realidade inferior, mas a inferior não consegue penetrar a superior. Assim, a intuição pode penetrar o intelecto porque ela é superior, mas o intelecto não pode penetrar a intuição porque ele é inferior.
É exatamente como a sua mente poder penetrar o seu corpo, mas o seu corpo não poder penetrar a mente. O seu ser pode penetrar a mente, mas a mente não pode penetrar o seu ser.
É por isso que, se você entrar no ser, você terá de se separar tanto do corpo quanto da mente. O corpo e a mente não podem penetrar um fenômeno superior.
Quando você ingressa numa realidade superior, o mundo de ocorrências inferior tem de ser deixado para trás. Não existe uma explicação do superior no inferior, porque os próprios termos da explicação não existem ali; eles não fazem sentido. Mas o intelecto pode sentir a lacuna, pode reconhecer a lacuna.
Ele sente que “aconteceu algo que está além de mim”.
Se até mesmo esse tanto puder ser feito, o intelecto terá feito muito.
Mas o intelecto também pode rejeitar o que aconteceu. É isso que significa ter fé ou não ter fé. Se você sente que o que não pode ser explicado pelo intelecto não existe, você é um “não-crente”. Então vai continuar nessa existência inferior do intelecto, atado a ele. Assim você recusa o mistério, não permitindo que a intuição se comunique com você.
Um racionalista é assim. O racionalista não vai nem mesmo ver que surgiu algo do além.
Se você é educado racionalmente, não admite o superior; você vai negá-lo, você vai dizer:
— Não pode ser.
Deve ser imaginação; deve ser um sonho meu.
A menos que eu possa prová-lo racionalmente, não aceito.
A mente racional se fecha, encerrada dentro dos limites da razão, e a intuição não pode penetrar.
No entanto, você pode usar o intelecto sem ser fechado.
Então, pode usar a razão como um instrumento, permanecendo aberto. Você está receptivo ao superior; se algo acontecer, estará receptivo. Então, poderá usar o seu intelecto como um auxiliar. Ele observa que “aconteceu algo que está além de mim”.
Ele pode ajudar você a entender essa lacuna.
Além disso, o intelecto pode ser usado para a expressão não para a explicação, para a expressão.
Um Buda não “explica” nada. Ele é expressivo, mas não explicativo.
Todos os Upanixades são expressivos sem nenhuma explicação. Eles dizem: “Isso é assim, isso é assado; isso é o que está acontecendo. Se você quiser, venha para dentro. Não fique do lado de fora; nenhuma explicação é possível de dentro para fora. Portanto, venha para dentro torne-se um integrante do grupo.”
Mesmo que vá para dentro, as coisas não lhe serão explicadas; você vai ter de chegar a conhecê-las e senti-las. O intelecto pode tentar entender, mas ele tende a fracassar.
O superior não pode ser reduzido ao inferior.
Osho
https://universonatural.wordpress.com/
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