Quem dera eu
aprendesse a viver cada dia como se fosse
o último.
o último.
O último para dizer “obrigada”.
O último para dizer
“me desculpa”.
O último para dizer
“eu te amo”.
O último para abraçar cada pessoa
amada com aquele abraço bom que faz um coração cantar para o outro.
O último para apreciar a vida com o entusiasmo que
não guarda nenhuma delícia nem ternura pra depois.
O último para fazer as pazes.
Para desfazer enganos. Para saborear com calma, como se me servissem um banquete, a preciosidade genuína que cada único respiro humano representa.
Para desfazer enganos. Para saborear com calma, como se me servissem um banquete, a preciosidade genuína que cada único respiro humano representa.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se
fosse o último.
O último pra esquecer tolices.
O último para ignorar o que, no fim das contas, não
tem a menor importância.
O último para rir até o coração dançar.
O último para chorar toda dor que não transbordou e
virou nódoa no tecido da vida.
O último para aprontar todas as artes que a emoção
quiser.
O último para ser útil em toda circunstância que me
for possível.
O último para não deixar o tempo escoar inutilmente
entre os dedos das horas.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se
fosse o último.
O último para me maravilhar diante de cada
expressão da natureza com o olhar demorado de quem olha pela primeira vez.
O último para ouvir aquela música que acende sóis
por toda a extensão da minha alma.
O último para ler, de novo, o poema que diz tanto
de mim que eu me sinto caber nos olhos do poeta que o escreveu.
O último para desembaraçar os fios emaranhados dos
medos que me acompanham.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se
fosse o último.
Eu não perderia uma chance para me presentear com
os agrados que me nutrem.
Eu criaria mais oportunidades para dizer o meu
amor.
Para expressar a minha admiração.
Para destacar para cada pessoa a beleza singular
que ela tem.
Para compartilhar. Eu não adiaria delicadezas.
Não pouparia compreensão.
Não desperdiçaria energia com perigos imaginários e com uma série de bobagens que só me afastam da vida.
Não pouparia compreensão.
Não desperdiçaria energia com perigos imaginários e com uma série de bobagens que só me afastam da vida.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se
fosse o último, porque pode ser.
Ana Jácomo
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