Casa e Cia
Os elementos que caracterizam um jardim japonês
No paisagismo oriental, todos os elementos usados são representações de processos da vida. Entenda mais.
08/03/2012 - 16h:36
08/03/2012 - 16h:36
Simples e deslumbrantes, os jardins japoneses, mais do que uma simples técnica de paisagismo, são frutos de uma das modalidades artísticas mais sublimes da cultura oriental. Feitos para conduzir naturalmente seus visitantes a um estado de meditação, calma e espiritualidade, esses jardins incorporam elementos simbólicos e naturais, de forma a estabelecer uma harmonia perfeita com o entorno.
Em um jardim oriental, os aspectos visuais como a textura e as cores, são menos importantes do que os elementos filosóficos, religiosos e simbólicos. Estes elementos incluem a água, as pedras, as plantas e variados acessórios. Veja o significado de cada um desses elementos na composição básica de um jardim japonês e, na galeria, algumas lindas composições do gênero:
Lanterna de pedra (TORO)
Seu significado é a iluminação da mente de quem percorre o jardim, induzindo à concentração. Os pontos de luz são estrategicamente distribuídos para não ofuscarem a visão. Todas as lanternas têm os mesmos elementos básicos: telhado grande, um compartimento aberto e três ou quatro pernas, a simplicidade fica por conta da textura rústica da pedra.
Lago com carpas (KOI)
A água representa a vida, enquanto as carpas são símbolo de fertilidade e prosperidade. Seu colorido adiciona movimento ao jardim. A carpa é considerado o peixe “rei do rio” e é respeitado pela sua habilidade para nadar rio acima e pela sua determinação em superar obstáculos.
Fonte (TSUKUBAI)
Quando o elemento água não existe no jardim japonês, sua representação é feita por desenhos em pedriscos ou ainda por uma espécie de cuba com água (tsukubai), originário das cerimônias do chá, que representa o ritual simbólico de lavar as mãos para purificar-se antes da meditação no jardim.
Cascata com pedras
O centro do jardim. Além de oxigenar a água, a cascata significa a continuidade da vida. E, como a vida, ela segue um ciclo representado pela intensidade da água. O fluxo da água simboliza o nascimento, o crescimento e a morte: desde as ondas até um simples murmúrio de água correndo.
As posições das pedras, geralmente em números ímpares, são uma analogia da formação do homem e da sociedade: a princípio estamos sós, depois em grupo (como pai, mãe e descendentes). A pedra colocada em posição vertical representa o pai, e na horizontal a mãe. As outras pedras simbolizam os descendentes, sendo estas distribuídas em torno do lago.
Caminho ou trilha (TOBI ISHI) e Ponte (TAIKO BASHI)
Uma ponte ou um caminho dentro do jardim representa a evolução para um nível superior em termos de engrandecimento, amadurecimento e autoconhecimento.
Bambu
A flexibilidade do bambu refere-se à capacidade de adaptação e mudança. O bambu participa da idéia taoísta segundo a qual se deve ceder a situações ou condições externas, para melhor triunfarmos na vida. Seus galhos são amarrados de forma que a planta cresça se curvando para o lago, como em reverência e respeito àquele que aprecia o jardim. É a imagem do bambu, que resiste a verga sob o rancor da tempestade, para em seguida voltar e erguer-se e aparecer novamente em todo seu esplendor. A eles são amarrados também sinos do vento e os macacos de cerâmica que trazem o som da natureza e a felicidade.
Plantas e arbustos
Os arbustos com formatos (topiaria) garantem um efeito de escultura ao jardim e, para a cultura japonesa, o paisagismo é uma das formas mais elevadas de arte, pois consegue expressar a essência da natureza em um limitado espaço. Como cada elemento do jardim japonês tem seu significado, as flores não são usadas e chegaram até mesmo a ser consideradas sinais de frivolidade, devido a sua rápida transformação. Enquanto isso, as árvores e arbustos representam o silêncio e a eternidade. As mais utilizadas são a sakura (flor de cerejeira) e o momiji (acer).
A flor de cerejeira tem um significado especial: é conhecida como a flor da felicidade. A sua floração é comemorada no Hanami, nos meses de março e abril. É o momento de sair da introspecção do inverno e se abrir para o mundo, florescer o espírito e festejar.
Ao contrário do festejo e da alegria que o Hanami proporciona – o florescimento do sakura – a visão da queda das folhas do momiji, acer vermelho, revela um aspecto melancólico e reflexivo da personalidade japonesa. Para eles, apreciar as cores da queda é tão importante quanto as do florescimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário