Segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Símbolo do Rio, boto-cinza corre risco de extinção
Na Baía de Guanabara, existem apenas 40 animais; atividade industrial e portuária, dragagens e esgoto reduziram população. De tão presentes no litoral fluminense, eles estão no brasão do Rio como símbolo da cidade. Hoje, a população do boto-cinza ou golfinho (Sotalia guianensis) está ameaçada de extinção local, alerta o Centro de Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Os golfinhos habitam as Baías de Sepetiba, na região metropolitana, onde há entre 1 mil e 1,2 mil animais, e da Ilha Grande, na Costa Verde, onde vivem entre 800 e 1 mil espécimes. Na Baía de Guanabara, também na região metropolitana, a intensidade das atividades industrial e portuária, dragagens, falta de saneamento e pesca predatória reduziram a população a, no máximo, 40 golfinhos contra cerca de 400 na década de 1980.
Principal acesso marítimo à capital e a mais seis municípios da região metropolitana, a Baía de Guanabara tem intenso fluxo de embarcações que compromete o habitat da espécie. O barulho atrapalha a comunicação entre os golfinhos, que deixam de se alimentar, reproduzir e conviver.
A espécie se orienta por sons.
Degradação. A poluição é outro fator importante para a diminuição expressiva da presença dos golfinhos na Guanabara, que recebe cerca de 10 mil litros de esgoto por segundo. “Por estar no topo da cadeia alimentar, o boto-cinza reflete o grau de degradação ambiental.
Os animais da Guanabara estão contaminados por vários elementos químicos, o que afeta aspectos fisiológicos, como o sistema hormonal e reprodutivo, e a imunidade”, diz o oceanógrafo José Lailson, coordenador do Laboratório de Mamíferos Aquáticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Tratamento. O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, criado em 1995, foi o mais conhecido. Após sete prorrogações e péssima reputação, foi substituído pelo Programa de Saneamento dos Municípios do Entorno da baía (Psam).
Financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio da Agência de Cooperação Internacional do Japão e do Estado, os programas consumiram cerca de US$ 2 bilhões para coletar esgoto. Como medida paliativa, a Secretaria de Estado do Ambiente constrói unidades de tratamento na foz dos rios com grande carga poluidora, até que o Psam esteja completo.
A expectativa é de que, até 2016, 60% do esgoto despejado na baía seja tratado.
Mortes. Somente neste ano, foram recolhidas cinco carcaças de golfinhos na Baía de Guanabara, o que representa 12% dos 45 animais mapeados em janeiro do ano passado. As carcaças apresentavam marcas de captura em redes de pesca. Na Baía de Sepetiba, houve, ao menos, 40 mortes com carcaças apreendidas, mas há muitos casos em que os restos do animal não são localizados. Na Baía da Ilha Grande, especialistas recolheram sete carcaças.
O boto-cinza não é a única espécie que frequenta a costa do Rio, mas é uma das mais vulneráveis. O boto-nariz-de-garrafa ou golfinho-flíper, por exemplo, habitual frequentador do Arquipélago das Cagarras, na zona sul carioca, área de cria de filhotes, não é avistado ali desde 2011. O golfinho-toninha está a um passo de desaparecer. Pelas pesquisas do ICMBio há apenas 20 animais na orla, concentrados em Sepetiba.
Veja também: Boto cor de rosa - Inia geoffrensis - em extinção
Fonte: estadão/planeta
http://www.vocerealmentesabia.com/2014/01/simbolo-do-rio-boto-cinza-corre-risco.html
Na Baía de Guanabara, existem apenas 40 animais; atividade industrial e portuária, dragagens e esgoto reduziram população. De tão presentes no litoral fluminense, eles estão no brasão do Rio como símbolo da cidade. Hoje, a população do boto-cinza ou golfinho (Sotalia guianensis) está ameaçada de extinção local, alerta o Centro de Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Os golfinhos habitam as Baías de Sepetiba, na região metropolitana, onde há entre 1 mil e 1,2 mil animais, e da Ilha Grande, na Costa Verde, onde vivem entre 800 e 1 mil espécimes. Na Baía de Guanabara, também na região metropolitana, a intensidade das atividades industrial e portuária, dragagens, falta de saneamento e pesca predatória reduziram a população a, no máximo, 40 golfinhos contra cerca de 400 na década de 1980.
Principal acesso marítimo à capital e a mais seis municípios da região metropolitana, a Baía de Guanabara tem intenso fluxo de embarcações que compromete o habitat da espécie. O barulho atrapalha a comunicação entre os golfinhos, que deixam de se alimentar, reproduzir e conviver.
A espécie se orienta por sons.
Degradação. A poluição é outro fator importante para a diminuição expressiva da presença dos golfinhos na Guanabara, que recebe cerca de 10 mil litros de esgoto por segundo. “Por estar no topo da cadeia alimentar, o boto-cinza reflete o grau de degradação ambiental.
Os animais da Guanabara estão contaminados por vários elementos químicos, o que afeta aspectos fisiológicos, como o sistema hormonal e reprodutivo, e a imunidade”, diz o oceanógrafo José Lailson, coordenador do Laboratório de Mamíferos Aquáticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Tratamento. O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, criado em 1995, foi o mais conhecido. Após sete prorrogações e péssima reputação, foi substituído pelo Programa de Saneamento dos Municípios do Entorno da baía (Psam).
Financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio da Agência de Cooperação Internacional do Japão e do Estado, os programas consumiram cerca de US$ 2 bilhões para coletar esgoto. Como medida paliativa, a Secretaria de Estado do Ambiente constrói unidades de tratamento na foz dos rios com grande carga poluidora, até que o Psam esteja completo.
A expectativa é de que, até 2016, 60% do esgoto despejado na baía seja tratado.
Mortes. Somente neste ano, foram recolhidas cinco carcaças de golfinhos na Baía de Guanabara, o que representa 12% dos 45 animais mapeados em janeiro do ano passado. As carcaças apresentavam marcas de captura em redes de pesca. Na Baía de Sepetiba, houve, ao menos, 40 mortes com carcaças apreendidas, mas há muitos casos em que os restos do animal não são localizados. Na Baía da Ilha Grande, especialistas recolheram sete carcaças.
O boto-cinza não é a única espécie que frequenta a costa do Rio, mas é uma das mais vulneráveis. O boto-nariz-de-garrafa ou golfinho-flíper, por exemplo, habitual frequentador do Arquipélago das Cagarras, na zona sul carioca, área de cria de filhotes, não é avistado ali desde 2011. O golfinho-toninha está a um passo de desaparecer. Pelas pesquisas do ICMBio há apenas 20 animais na orla, concentrados em Sepetiba.
Veja também: Boto cor de rosa - Inia geoffrensis - em extinção
Fonte: estadão/planeta
http://www.vocerealmentesabia.com/2014/01/simbolo-do-rio-boto-cinza-corre-risco.html
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