Bolivia: Salar boliviano é eleito símbolo turístico do país
ROBERTO DE OLIVEIRA
Enviado especial ao Uyuni (Bolívia)
Vai dar um baita nó na garganta de tanta sede. A pino, o sol costuma criar aquelas miragens típicas de filme de deserto, que, na verdade, não é tão seco como se pensa. Enquanto a camionete percorre os 30 km que separam a pequena cidade boliviana de Uyuni do Salar, caminhões carregados de sal levantam poeira e lhamas de pescoço esguio cruzam a estrada mirando o visitante.
Roberto de Oliveira/Folha Imagem |
A partir da ilha del Pescado, vê-se o encontro da formação rochosa com o deserto de sal |
A sensação é a de que as mãos estão ressecadas talvez sinal de ansiedade para chegar logo.
Assim que a poeira assenta, basta uma espiada de leve no lado esquerdo do motorista para começar a cair na real. Um mar branco se estende lentamente para, em questão de minutos, tomar conta do cenário. Agora, o aperto na garganta tem um outro significado. Branco e azul se fundem no horizonte a perder de vista.
A paisagem, por mais que se tente evitar clichês, é deslumbrante. A 3.650 m de altitude, o Salar de Uyuni é formado dentro de uma depressão do altiplano boliviano. Sua área ocupa 12 mil km 2. Só para ter uma ideia do que isso significa, seu tamanho é um pouco maior que todo o território da Jamaica. É sal que não acaba mais.
Numa volta de 360 graus, onde a vista alcança, sal, sal e mais sal. A primeira iniciativa é sair do carro, pisar no sal. O chão vai se "quebrando". A cada passo, os pés têm uma sensação de "rachadura". Em alguns pontos, parece que o chão vai se romper.
Há uma pequena lâmina de água formada pelo que restou das chuvas; em alguns pontos, poças.
A segunda iniciativa é agachar e arrancar um pedacinho de chão. A tentação é enorme. A boca se enche d'água. Tem gente que não resiste e resolve experimentar. Sim, aí não restam mais dúvidas: é sal mesmo. Crostas que medem de 5 cm a 70 cm de espessura de puro sal.
Para quem não se amarra em monocromia, ao seu redor, vulcões inativos, picos gelados e pequenas ilhas rompem a brancura. Nessa hora, a sensação de garganta seca é substituída por uma pergunta inevitável. Como, num lugar tão inóspito, foi se formar um deserto como aquele?
Acredita-se que a formação do Salar de Uyuni tenha tido origem há cerca de 80 milhões de anos, quando ali existia um braço do Pacífico. Hoje, para tristeza geral da nação, a Bolívia nem mar tem, perdeu o acesso que tinha para o Chile. Durante o processo de formação da cordilheira dos Andes, a água do oceano teria sido "aprisionada".
Primeiramente, virou um imenso lago. Devido às altas temperaturas e chuvas raras, o lago secou e, em seu lugar, surgiu o imenso Salar, para alegria dos amantes da natureza do mundo inteiro. Hoje, é cada vez mais comum ver turistas europeus e japoneses, incluindo famílias inteiras, passados com a beleza do deserto de sal.
Localizado no sudoeste da Bolívia, o Salar de Uyuni faz fronteira com o Atacama, no norte do Chile. São desertos próximos com características distintas. A pequena cidade de Uyuni é a porta de entrada no lado boliviano a um dos lugares mais autênticos do mundo. Até por isso, a atração turística foi recentemente lançada como a oficial do país. Bem-vindo ao maior deserto de sal do planeta.
Roberto de Oliveira viajou a convite da LAB (Lloyd Aereo Boliviano) e da operadora Natural Mar.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u4783.shtml
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