Armênia
A Armênia (português europeu) ou Armênia (português brasileiro) (em arménio: Հայաստան; transl.: Hayastan, ou Հայք, Hayq), denominada oficialmente de República da Arménia (em armênio: Հայաստանի Հանրապետություն, Hayastani Hanrapetut'yun), é um país sem costa marítima localizado numa região montanhosa na Eurásia, entre o mar Negro e o mar Cáspio, no sul do Cáucaso.
Faz fronteira com a Turquia a oeste, Geórgia a norte, Azerbaijão a leste, e com o Irão e com o enclave de Nakhchivan (pertencente ao Azerbaijão) ao sul. Apesar de geograficamente estar inteiramente localizada na Ásia, a Armênia possui extensas relações sociopolíticas e culturais com a Europa.3
Foi a menor das repúblicas da extinta União Soviética. A Armênia configura-se num estado unitário, multipartidário,democrático, com uma antiga herança histórica e cultural. Historicamente foi a primeira nação a adotar o cristianismo como religião de Estado4 em 301.5 A Armênia é constitucionalmente um estado secular, tendo a fé cristã uma grande identificação com o povo. O país é uma democracia emergente e por causa de sua posição estratégica, tenta conciliar alianças com a Rússia e com o Oriente Médio.
Entre 1915 e 1923 sofreu o que os historiadores consideram o primeiro genocídio do século XX, perpetrado pelo Império Otomano e negado até hoje pela República da Turquia. As mortes são estimadas em 1,5 milhão de armênios e a deportação de milhões de outros, fazendo com que a Armênia tenha uma diáspora gigantesca pelo mundo, de descendentes que fugindo das perseguições, tomaram o rumo de países como França, Estados Unidos, Argentina, Brasil,Líbano e muitos outros.
A Armênia é atualmente membro de mais de 40 diferentes organizações internacionais, incluindo a ONU, o Conselho da Europa, Banco Asiático de Desenvolvimento, CEI, Organização Mundial do Comércio e a Organização de Cooperação Econômica do Mar Negro. É observadora da Francofonia, e do Movimento Não-Alinhado. A Armênia também atua em organizações internacionais de desportos, como a FIFA, a UEFA, e a Federação Internacional de Hóquei no Gelo.
Etimologia
Ver artigo principal: Haik
O nome nativo para o país é Haik. Na Idade Média foi aumentado para Hayastan, pela adição dosufixo -stan que significa terra. O nome é tradicionalmente derivado de Haik (Հայկ), o lendário patriarca dos arménios e trineto de Noé, que segundo Moisés de Corene foi quem defendeu seu povo do rei babilônio Bel e estabeleceu seu povo na região das montanhas do Ararate.6 Porém, a mais remota origem do nome é incerta.
O exónimo Armênia aparece pela primeira vez em persa antigo na inscrição de Behistun (515 a.C.) como Armina ( ). Em grego clássico, Ἀρμένιοι (armênios) aparece pela primeira vez numa inscrição atribuída a Hecateu de Mileto (m. 476 a.C.).7 As duas aparições na mesma época atestam a que o nome era empregado realmente naquela época.
Heródoto (440 a.C.) escreveu "Os armênios eram equipados como colonos frígios" (7.73).8 Algumas décadas depois, Xenofonte, um general grego na guerra contra os persas, descreve muitos aspectos do cotidiano das vilas armênias e a sua hospitalidade. Ele relata que o povo fala uma língua que para seus ouvidos, assemelhava-se ao persa.9
História
Ver artigo principal: História da Armênia
Antiguidade
A Armênia é povoada desde os tempos pré-históricos e era o suposto local do Jardim do Éden bíblico.10 O país se localiza no planalto ao entorno da montanha bíblica do Ararate. Segundo a tradição judaico-cristã, foi o local onde a Arca de Noé encalhou após o Dilúvio.11 Arqueólogos continuam a descobrir que o planalto armênio está no meio de locais onde estariam civilizações primitivas e talvez sejam os mesmos locais onde nasceram a agricultura e a civilização.12 De 6 000 a.C. a 1 000 a.C., ferramentas como lanças,machados e ninharias de cobre, bronze e ferro eram comumente produzidos na Armênia e trocados nas terras vizinhas onde esses metais eram menos abundantes.
A Armênia é a principal herdeira do lendário país Aratta (Ararate), mencionado em inscrições sumérias. Na Idade do Bronze, muitos Estados floresceram na área da Grande Arménia (ou "Arménia histórica"), incluindo o Império Hitita (o mais poderoso), o Mitanni(sudoeste da Grande Arménia) e Hayasa-Azzi (1 500–1 200 a.C.). Na época, o povo de Nairi (séculos XII–IX a.C.) e o reino de Urartu(1000–600 a.C.) sucessivamente estabeleceram suas soberanias no planalto Arménio. Cada uma das tribos e nações supracitadas participaram da etno gênese do povo armênio13 14 15 16 Erevan, a moderna capital da República da Armênia, foi fundada em 782 a.C. pelo rei urartiano Argistis I.
Por volta do ano 600 a.C., o reino da Arménia estava estabelecido sob a Dinastia orôntida (em armênio: Երվանդունիներ), a qual existiu sob diversas dinastias até ao ano de 428. O reino chegou em seu maior tamanho entre 95 e 66 a.C. no reinado de Tigranes, o Grande, tornando-se um dos mais poderosos reinos da região. Ao longo da história, o reino da Armênia gozou de períodos de independência alternados com períodos de submissão aos impérios contemporâneos. A Armênia, por sua posição estratégica, localizada entre dois continentes, foi sujeita a invasões por diversos povos, incluindo assírios, gregos, romanos, bizantinos, árabes, mongóis, persas, turcos otomanos e russos.
Em 301, a Armênia se tornou o primeiro país oficialmente cristão do mundo, tomando-o como religião oficial de Estado,17 18 quando um número de comunidades cristãs começaram a se estabelecer na região desde o ano 40. Havia várias comunidades pagãs antes do cristianismo, mas elas foram convertidas por influências de missionários cristãos. Tirídates III (em armênio: Տրդատ Գ), juntamente com Gregório, o Iluminador (em armênio: Գրիգոր Լուսաւորիչ) foram os primeiros reguladores oficiais do cristianismo ao povo, conduzindo a conversão oficial do país dez anos antes de Roma emitir sua tolerância aos cristãos por Galério e 36 anos antes de Constantino I ser batizado.
Antes do declínio do reino armênio em 428, muitos armênios foram incorporados no período masdeísta ao império dos sassânidas(dinastia persa), regido pelo deus Aúra-Masda. Após uma rebelião armênia em 451 (Batalha de Avarair), os armênios cristãos mantiveram sua autonomia religiosa e também autonomia e direito de ser regida por uma Armênia mazdeísta, enquanto o outro império era regido somente pelos persas. Os mazdeístas da Armênia duraram até 630, quando a Pérsia Sassânida foi destruída pelo califado árabe.
Armênia Medieval
Após o período masdeísta (428-636), a Armênia emergiu como Emirado da Armênia, com uma
relativa autonomia junto ao Império Árabe, reunindo terras armênias previamente tomadas pelo Império Bizantino como dele. A principal terra era regulada pelo príncipe da Armênia, reconhecido pelo califa e pelo imperador bizantino. Era parte da divisão administrativa Arminiyya, criada pelos árabes, que incluía partes da Geórgia e da Albânia Caucasiana e tinha a capital na cidade armênia de Dvin (ou Tvin, em arménio: Դվին). O Principado ou Emirado da Armênia terminou em 884, quando os armênios conseguiram a independência do já enfraquecido Império Árabe.
O Reino da Armênia reemergiu sob a dinastia dos Bagratuni (em arménio: Բագրատունյաց Արքայական Տոհմ; transl.: Bagratunyac Arqayakan Tohm, "Real Dinastina dos Bagratuni"), até 1045. Neste tempo, diversas áreas da Armênia Bagrátida foram separadas como independentes reinos e principados, como o reino de Vaspuracan, regido pela família Arcruni, desde que reconhecendo a soberania e supremacia dos reis da Casa dos Bagratuni.
Em 1045, o Império Bizantino conquistou a Armênia Bagrátida. Logo, os demais Estados armênios também caíram sob o domínio bizantino. O domínio bizantino teve uma vida curta, pois em 1071, os turcos seljúcidas derrotaram os bizantinos e conquistaram a Armênia na batalha de Manziquerta, estabelecendo o Império Seljúcida. Para escapar da morte ou da escravidão nas mãos daqueles que assassinaram o rei armênio Gagik II, rei de Ani, um armênio de nome Ruben (depois Ruben I), foi com alguns conterrâneos em direção as montanhas do Taurus e fundaram Tarso, na Cilícia. O governador bizantino do palácio deu-lhes o abrigo onde o Reino Armênio da Cilícia foi então estabelecido. Este reino foi a salvação dos armênios, uma vez que a Grande Armênia fôra devastada pelos invasores.
O Império Seljúcida entrou em colapso. Nos anos 1100, os príncipes da nobre família armênia dos Zacáridas estabeleceram uma semi-independência dos principados armênios do norte e da Armênia oriental (agora chamada de Arménia Zacárida). A nobre família dos Orbeliadas compartilhava o controle com os Zacáridas em várias partes do país, especialmente em Siunique e Vayots Dzor.
Domínio estrangeiro
Durante os anos de 1230, o Ilcanato mongol conquistou o principado dos Zacáridas, assim como o resto da Armênia. Os invasores mongóis vieram seguidos de outras tribos daÁsia Central, em um processo que durou dos anos 1200 até 1400. Após incessantes invasões, cada uma trazendo a destruição ao país, a Armênia ficou enfraquecida. Durante o século XVI, o Império Otomano e o Império Safávida dividiram a Armênia entre si. Mais tarde, o Império Russo incorporou a Armênia oriental (que consistia de Erevan e as terras de Karabakh, na Pérsia) em 1813 e 1828.
Sob o jugo otomano, os armênios tiveram relativa autonomia em seus próprios enclaves e viviam em relativa autonomia com os demais grupos constituintes do império (incluindo os turcos). Entretanto, os cristãos viviam em um sistema social muçulmano estrito. Os armênios enfrentaram a discriminação que persistia. Quando eles reivindicaram por maiores direitos, o sultão Abdul Hamid II, em resposta, organizou massacres e deportação de armênios entre os anos de 1894 e 1896, resultando uma morte estimada de 300 mil armênios. Os massacres hamidianos, como ficaram conhecidos, deram a fama à Hamid II de "Sultão Vermelho" ou "Sultão Sangrento".
Quando o Império Otomano entrou em colapso, os Jovens Turcos assumiram o poder em 1908. Os armênios, que viviam em toda a parte do até então Império Otomano, depositaram as suas esperanças no Comitê União e Progresso, criado pelos Jovens Turcos, como caminho para o fim das mortes e perseguições aos armênios e que eles deixariam de ser cidadãos de segunda classe. Porém, o pacote de reformas para os armênios de 1914 apresentaria a solução definitiva para os ensejos armênios e para toda a questão armênia da pior forma possível.19
A Primeira Guerra Mundial e o genocídio armênio
Ver artigo principal: Genocídio armênio
Com o advento da Primeira Guerra Mundial, o Império Otomano e o Império Russo ocuparam o Cáucaso durante a "Campanha Persa", o novo governo turco começou a olhar para os armênios com dúvidas e suspeitas. Isso era conveniente com o fato do Império Russo ter em seu exército um contingente de voluntários armênios. Em 24 de abril de 1915, cerca de 600 intelectuais armênios foram presos e exterminados a mando de autoridades otomanas, e, com a lei Tehcir (29 de maio de 1915), uma grande parcela da população armênia que vivia na Anatólia começou a ser deportada e privada de seus bens, em um processo que levou a morte de cerca de 1,5 milhão de armênios.
Este evento aqui iniciado ficaria conhecido como genocídio armênio. Havia uma resistência armênia na região, desenvolvida contra a atividade otomana. Os eventos de 1915 a 1923 são considerados pelos armênios e pela maioria dos historiadores ocidentais como um assassinato em massa patrocinado pelo estado, ou genocídio.
Entretanto, como a Turquia, herdeira direta do Império Otomano e que insiste na negação do genocídio armênio, é uma forte aliada ocidental na Ásia Menor e Oriente Médio, tanto os governos dos Estados Unidos como da Grã-Bretanha são lacônicos na categorização do massacre dos armênios como genocídio.
Autoridades turcas afirmam que as mortes são provenientes de uma guerra civil, acompanhada das doenças e fome que assolaram o Império Otomano no início do século XX, com baixas tanto para armênios quanto para turcos. As estimativas de mortos variam entre 650 mil e 1,5 milhão, sendo esta última cifra a mais aceita pelos historiadores ocidentais e mesmo por alguns intelectuais dissidentes turcos, como Orhan Pamuk, Nobel de Literatura em 2006 e Taner Akcam, professor da Universidade de Minnesota.
A Armênia tem feito campanhas para o reconhecimento do genocídio no mundo por trinta anos. Esses eventos são tradicionalmente realizados no dia 24 de abril, data que marca o início do genocídio armênio.
Embora o exército russo tenha obtido mais ganhos do que o exército otomano durante a Primeira Guerra Mundial, esta vantagem fora perdida com o advento da Revolução Russa de 1917. Neste momento, a Rússia controlava a Armênia oriental, Geórgia e Azerbaijão, criando uma ligação com a República Democrática da Transcaucásia em 28 de maio.
República Democrática da Armênia
Ver artigo principal: República Democrática da Armênia
Infelizmente, a vida curta da RDA independente deveu-se aos perigos da guerra, disputas territoriais, um massivo fluxo de refugiados da Armênia Otomana, espalhando doenças e famintos. A Tríplice Entente alarmada pelos horrores do Império Otomano procurou ajudar o recém-formado estado Armênio a arrecadar fundos e outras formas de se sustentar.
Com o fim da guerra, a vitoriosa Entente procurou dividir o Império Otomano. Assinado entre as potências aliadas e o as autoridades otomanas em 10 de agosto de 1920 em Sèvres, o Tratado de Sèvres previa manter independente a RDA e anexar os territórios da Armênia Ocidental. Pelas novas fronteiras terem sido desenhadas pelo presidente americano Woodrow Wilson, este território apontado pelo Tratado ficou conhecido como "Armênia Wilsoniana". Nesta época, foi considerada a possibilidade da Armênia se tornar um protetorado dos Estados Unidos. O tratado, entretanto, foi rejeitado pelo Movimento Nacional Turco e nunca entrou em vigor. O movimento, liderado por Mustafa Kemal Ataturk, usou o tratado como pretexto para legitimar-se no poder da Turquia, derrubando a monarquia sediada em Istambul e instaurando a República da Turquia, com capital em Ancara.
Em 1920, forças nacionalistas turcas invadiram a República da Armênia pelo leste e teve início a Guerra turco-arménia. Forças otomanas sob o comando de Kazım Karabekirconquistaram territórios armênios que a Rússia anexou em conseqüência da Guerra Russo-Turca de 1877-1878, e ocuparam a antiga cidade de Alexandropol (atual Gyumri). O violento conflito foi encerrado com o Tratado de Alexandropol em 2 de dezembro de 1920. O tratado forçou os armênios a se desmilitarizarem, ceder mais de 50% de seu território de antes da guerra e abrir mão da Armênia Wilsoniana, garantida pelo Tratado de Sèvres. Simultaneamente, o 11º Exércio Soviético, sob o comando de Grigoriy Ordzhonikidze, invadiu a Arménia por Karavansarai (atual Ijevan) em 29 de novembro. Em 4 de dezembro, as forças de Ordzhonikidze entraram em Erevan e a curta vida da República Democrática da Arménia teve fim.
Arménia Soviética
Ver artigo principal: República Socialista Soviética Armênia
A Armênia foi anexada pela Rússia bolchevista e juntamente com Geórgia e Azerbaijão, foi incorporada à URSS como parte da República Federativa Socialista Soviética Transcaucasiana em 4 de março de 1922. Com essa anexação, o Tratado de Alexandropol foi suplantado pelo turco-soviético Tratado de Kars. No acordo, a Turquia permitiu à União Soviética assumir o controle sob Adjara com o porto da cidade de Batumi, com o retorno da soberania de cidades como Kars, Ardahan e Iğdır, que pertenciam à Armênia Russa.
A RFSST existiu de 1922 até 1936, quando ela foi dividida em três repúblicas intituladas RSS da Armênia, RSS da Geórgia e RSS do Azerbaijão. Os armênios desfrutaram de um período de relativa estabilidade sob o jugo soviético. Eles recebiam medicamentos, comida, e outras provisões de Moscou, e o governo soviético provou ser um "bálsamo calmante" em contraste com os últimos anos do Império Turco-Otomano. A situação era difícil para a Igreja, estranguladas pelas normas anticlericais soviéticas. Após a morte de Lenin, Stálin tomou as rédeas do poder e recomeçou o período de terror para os armênios. Como várias outras etnias minoritárias que viviam na URSS durante o período do Grande Expurgo de Stalin, dezenas de milhares de armênios foram executados ou deportados.
O medo diminuiu quando Stalin morreu em 1953 e Nikita Khruschev assumiu o poder na URSS. Logo, a vida na Armênia Soviética sofreu uma rápida melhora. A Igreja que sofria com as perseguições de Stálin, foi restaurada quando o católico Vasken I assumiu as funções de seu cargo em 1955. Em 1967, um memorial para as vítimas do genocídio armênio foi construído nas colinas de Tsitsernakaberd acima do desfiladeiro de Hrazdan, em Erevan. Isto aconteceu depois de uma grande manifestação na capital onde se exigiu que fossem tomadas medidas para recordar as vítimas do genocídio no seu 50º aniversário.
Durante a era Gorbachev, nos anos 1980, com as reformas da glasnost e perestroika, os arménios começaram a exigir melhores cuidados ambientais com seu país, opondo à poluição que as fábricas soviéticas produziam. Tensões também se desenvolveram entre o Azerbaijão Soviético e o distrito autônomo de Nagorno Karabakh, majoritariamente habitado por armênios, separado da Armênia por Stálin em 1923. Os armênios residentes em Karabakh reivindicaram a unificação com a Armênia Soviética. Protestos pacíficos em Erevan apoiavam os armênios de Karabakh que se encontravam sob pogroms anti armênios na cidade azeri de Sumgait. Compondo os problemas da Armênia, um terremoto devastador atingiu o país em 1988, com uma escala sismológica de 7.2.20
A inabilidade de Mikhail Gorbachev de resolver os problemas da Armênia (especialmente Karabakh) criou desilusões entre os armênios e apenas alimentou o desejo crescente de independência. Em maio de 1990, o Novo Exército Arménio (NEA) foi estabelecido, servindo como força de defesa separatista do Exército Vermelho soviético. Choques logo aconteceram entre o NEA e as tropas da Força Soviética de Defesa do Interior, baseadas em Erevan, quando os armênios decidiram comemorar o estabelecimento da República Democrática da Armínia de 1918. A violência resultou na morte de cinco armênios baleados na estação de trem, pela Força Soviética. Testemunhas acusaram a Força Soviética de usar força excessiva e de ter instigado a violência. Mais atritos aconteceram entre os milicianos armênios e as tropas soviéticas em Sovetashen, próxima à capital, e resultou na morte de 26 pessoas, a maioria civis armênios. Em 17 de março de 1991, a Armênia, juntamente com os Países Bálticos, Geórgia e Moldávia, boicotaram um referendo onde 78% dos votos eram para a retenção da URSS, porém após uma reforma.21
Restabelecimento da independência
Em 1991, a União Soviética se fragmentou e a Armênia restabeleceu sua independência. Declarando-se independente em 23 de agosto, sendo a primeira república não-báltica a se desassociar. No entanto, os primeiros anos pós-soviéticos foram assolados por dificuldades econômicas bem como pelo começo repentino em grande escala de um confronto armado entre armênios de Karabakh e azeris. Os problemas econômicos tiveram origem no início do conflito de Karabakh, quando a Frente Popular do Azerbaijão conseguiu pressionar a RSS do Azerbaijão a impor um bloqueio ferroviário e aéreo contra a Arménia. Essa medida enfraqueceu efetivamente a economia arménia, pois 85% de seus produtos e mercadorias chegavam através do tráfego ferroviário.22 Em 1993, a Turquia adere ao bloqueio contra a Armênia em apoio ao Azerbaijão.23
A guerra de Karabakh terminou após um cessar-fogo intermediado pela Rússia estabelecido em 1994. A guerra foi um sucesso para as Forças Armadas de Karabakh que asseguraram 14% do território azerbaijano.24 Desde então, Armênia e Azerbaijão têm participado de conversas de paz, mediadas pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). O status de Karabakh está sendo ainda determinado. A economia de ambos países têm sido afetadas na falta de uma resolução definitiva e as fronteiras azeri e turca permanecem fechadas para a Arménia.
Ao entrar no século XXI a Arménia enfrenta grandes dificuldades. Mesmo assim, apesar dos altos índices de desemprego, conseguiu fazer algumas melhorias econômicas, entre as quais, uma plena mudança para uma economia de mercado e desde 2007, permanece a 32ª nação mais economicamente livre no mundo. Suas relações com a Europa, o Oriente Médio e a Comunidade dos Estados Independentes têm permitido o aumento do comércio da Armênia. Gás, óleo e outros suprimentos chegam por meio de duas rotas vitais: o Irão e a Geórgia, com os quais a Armênia mantém relações cordiais.
Geografia
Ver artigo principal: Geografia da Armênia
A Armênia é um país sem costa marítima na Transcaucásia. Localizado entre os mares Cáspio e Negro, o país faz fronteiras a norte com a Geórgia, a leste com o Azerbaijão, ao sul com o Irão e a oeste com a Turquia.
Desde os primórdios da humanidade, o povo armênio vive no planalto armênio, um vasto território com mais de 300 000 km², localizado na parte central e norte da Anatólia. O planalto armênio é cercado, ao norte, pelo encadeamento do Baixo Cáucaso e ao sul, pelo encadeamento do Tauro Armênio, enquanto declina-se ao oeste para o vale do rio Eufrates e ao leste para as terras baixas do mar Cáspio. Um enorme maciço vulcânico está localizado quase no centro desta região. Este maciço possui dois picos: o Grande Ararate, chamado pelos armênios de Massis (com 5 156 metros de altitude acima do nível do mar), e o Pequeno Ararate, identificado pelos armênios pelo nome de Sis (com altitude de 3 914 metros). Existe ainda, um número considerável de planícies e vales férteis dentro do planalto do país, entre os quais, os mais conhecidos são os vales de Ararate, Much, Khaberd, Yerznka, Alachkert e Chirak, destacando a vida econômica do povo armênio. O vale de Ararate é o maior e mais fértil de todos estes, e transformou-se, com o passar dos tempos, no centro da vida econômica, política e cultural da Armênia. Diversas capitais da Armênia histórica, como Armavir, Yervandachat, Vagharchapat e Dvin estavam situadas nesta região geográfica, assim como ocorre hoje com a atual capital,Erevan.25
Relevo e hidrografia
O relevo armênio é homogêneo. Constitui-se em sua maior parte por planaltos, sendo que estes são abundantes com rios. Localizam-se aí as nascentes dos rios Eufrates eTigres, com seus afluentes, que se desembocam no Golfo Pérsico, bem como os rios Kura e Arax, que desembocam no Mar Cáspio. O maior rio da Armênia é o Arax, sendo seus afluentes os rios Akhurian, Hrazdan, Kassakh, Azat e outros. Os maiores lagos do planalto armênio são o Van, o Úrmia e o Sevan, sendo que atualmente, o lago Van está em sua grande parte, dentro do território da Turquia. Este lago possui uma extensão de 3733 km² e sua água é salgada. O lago Urmia, que também está em sua maior parte em outro país, no Irão, era denominado antes de Kaputan, também possui água salgada e não possui espécies de peixes. Sua dimensão é de 5800 km². O lago Sevan, antes chamado de Mar de Guegham, é um dos lagos mais altos do mundo, com aproximadamente 1400 km². Aproximadamente duas dúzias de pequenos rios desembocam no lago, e apenas alguns afluem dele. Sua água é doce.25
Topografia
A República da Armênia ocupa uma área de 30 mil km², localizada no nordeste do Planalto Armênio (ocupando 400 mil km²), outrora conhecida como Armênia Histórica e considerada a terra original dos armênios. O terreno é muito montanhoso, com rápidas correntezas de rios e poucas florestas. O Clima continental está em todo o planalto, o que significa que os verões são quentes e os invernos são rigorosos na Armênia. O ponto alto é o monte Aragats, localizado no Pequeno Cáucaso (4095 metros), e não há ponto do país que esteja abaixo dos 390 metros acima do nível do mar.
O monte Ararate que historicamente pertence à Armênia é o ponto mais alto da região. Atualmente ele se localiza na Turquia, mas da Armênia tem-se uma vista clara e total da montanha, que lembra aos armênios de seu maior símbolo. A montanha está presente no Brasão de armas da Armênia e em várias manifestações culturais do povo.
Meio ambiente
A Armênia possui muitos problemas ambientais, os quais ela tenta resolver. Existe no país um Ministério do Meio Ambiente que introduziu taxas para a poluição do ar e da água, e para o despejo exagerado de lixo, que são usadas para atividades de proteção ambiental. A Armênia tem interesse em cooperar com outros membros da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e com a comunidade internacional nas questões ambientais. O governo armênio trabalhou para fechar a Usina Nuclear de Medzamor, próximo a Erevan, procurando desenvolver formas alternativas de energia.
Clima
O clima na Armênia é marcadamente continental. Os verões são secos e ensolarados, indo de junho até meados de setembro. A temperatura varia entre 22° e 36° C. Entretanto, a baixa umidade atenua o efeito das altas temperaturas. Brisas à tarde proveniente das montanhas promovem um bem-vindo frescor. A primavera é curta e os outonos são longos. Os outonos são conhecidos pela vibração e cor das folhas das árvores. Os invernos são muito frios com bastante neve, com temperaturas que variam entre -10° à -5 °C. Os esportes de invernos fazem sucesso essa época do ano, como a prática de esqui nas colinas de Tsakhkadzor, localizadas a 30 minutos de Erevan. O Lago Sevan está situado nas terras altas e é o segundo lago mais alto do mundo, a 1900 metros acima do nível do mar.25
Política
A política da Armênia situa-se em um ambiente de democracia representativa de república presidencial. Conforme a Constituição da Armênia, o presidente é o líder do governo e do sistema multipartidário pluriforme. O parlamento unicameral (também chamado de Azgayin Joghov ou Assembleia Nacional) é controlado por uma coalizão de três partidos políticos: o conservador Partido Republicano, o Partido Armênia Próspera e a Federação Revolucionaria Armênia. Os principais partidos de oposição incluem o partido do ex-presidente da Assembleia Nacional, Estado de Direito, e o partido do ex-primeiro-ministro Raffi Hovannisian, Herança, ambos são favoráveis a uma eventual adesão armênia à União Europeia e à OTAN.
O governo armênio declaradamente objetiva construir uma democracia parlamentar ao estilo ocidental e as bases para sua forma de governo. Contudo, observadores internacionais do Conselho da Europa e do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América têm questionado a clareza das eleições parlamentares e presidenciais da Armênia e o referendo constitucional desde 1995, citando divergência nas pesquisas, a falta de cooperação da Comissão Eleitoral e a escassa manutenção das listas eleitorais e os locais pesquisados. A Freedom House qualificou a Armênia como "praticamente livre" em seu relatório de 2007, apesar de não classificar o país como uma "democracia eleitoral", indicando uma relativa falta de liberdade e competitividade eleitoral.26 Há o sufrágio universal com idade superior a dezoito anos.
Relações exteriores
Ver artigo principal: Relações entre Armênia e União Europeia
Ver página anexa: Lista de países com reconhecimento limitado
A Armênia atualmente mantém boas relações com quase todos os países do mundo, com duas importantes sendo seus vizinhos mais próximos, a Turquia e o Azerbaijão. Tensões foram elevadas entre armênios e azerbaijanos durante os últimos anos da União Soviética. A Guerra de Nagorno-Karabakh dominou a política da região por todo os anos de 1990.27 As fronteiras entre os dois países rivais permanece fechada nos dias de hoje, a solução para o conflito não foi alcançada apesar da mediação prestada por organizações como a OSCE. O ministro do exterior, Vardan Oskanyan, representa a Armênia nas negociações de paz.
A Turquia também possui uma longa historia de conturbadas relações com a Armênia por sua recusa em reconhecer o genocídio armênio de 1915. O conflito de Karabakh tornou-se uma desculpa para a Turquia fechar suas fronteiras com a Armênia em 1993. Não tem revogado o bloqueio, apesar da pressão do poderoso lobby empresarial turco interessado nos mercados armênios27
Devido a sua posição hostil entre dois países vizinhos, a Armênia tem aproximado laços de segurança com a Rússia. A pedido do governo armênio a Rússia mantém uma 102ª base militar russa no noroeste da cidade armênia de Gyumri como elemento de dissuasão contra a Turquia.28 Apesar disto, a Armênia também tem olhado para as estruturas euro-atlânticas nos últimos anos. Mantém boas relações com os Estados Unidos especialmente por meio de sua diáspora. De acordo com o Censo americano de 2000, há 385 488 armênios vivendo naquele país.29
A Armênia é também membro da Parceria para Paz da OTAN, bem como, do Conselho da Europa, mantendo relações amigáveis com a União Europeia, especialmente com seus Estados-membros tais como a França e a Grécia. Uma pesquisa realizada em 2005 mostrou que 64% da população armênia estaria a favor da adesão à União Europeia.30 Muitos oficiais armênios também têm expressado o desejo de seu país eventualmente tornar-se um Estado-membro da UE,31 outros preveem que será feito uma candidatura oficial em poucos anos.32Alguns também tem olhada a favor de uma adesão á Otan.28 De qualquer modo o presidente, Robert Kotcharian, quer manter a Armênia atrelada à Rússia e à CEI e a OTSC, tornando parceiro, não membro, da UE e da OTAN.33
Forças Armadas
O Exército Armênio, Força Aérea, Defesas Aéreas e a Guarda de Fronteira são os quatro braços que formam as Forças Armadas da República da Armênia. As Forças Armadas foram formadas após o colapso da URSS em 1991 e com o estabelecimento do Ministério da Defesa em 1992. O comandante-em-chefe das Forças Armadas é o Presidente da República Robert Kocharyan. O Ministério da Defesa é um cargo de liderança política, atualmente ocupado pelo Coronel-General Mikael Harutyunyan, enquanto os comandos militares restantes estão nas mãos do Estado-Maior, liderado pelo Chefe do Estado, que atualmente é o Tenente-General Seyran Ohanian.
As forças ativas têm perto de 60 mil homens, com um adicional de reservas de 32 mil e "reservas dos reservas" estimados em 350 mil soldados. A Guarda de Fronteira armênia tem condição de patrulhar as divisas com a Geórgia e Azerbaijão, enquanto tropas russas monitoram as fronteiras com a Turquia e Irão. Em caso de eventual ataque, a Armênia pode mobilizar todos os homens capazes de manejar uma arma entre 15 e 59 anos com treino militar.
O Tratado das Forças Armadas Convencionais da Europa (FACE) estabeleceu limites nas categorias-chaves de equipamentos militares, foi ratificado pelo Parlamento Armênio em julho de 1992. Em março de 1993, a Armênia assinou a multilateral Convenção de Armas Químicas, que clamava pela eventual eliminação das armas químicas. A Armênia aderiu também ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares como um país sem armas nucleares, em junho de 1993. O país é membro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, juntamente com Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão. Participa do programas desenvolvidos pela OTAN "Parceria pela Paz" e Conselho da Parceira Euro-Atlântico. A Armênia estava engajada em missões de paz no Kosovo como parte das tropas kosovares não-OTAN, sob o comando grego.34 E no Iraque, o país possui 46 membros das Forças Armadas como parte da Força de Coalizão.35
Símbolos nacionais
Ver artigos principais: Bandeira da Armênia e Brasão de armas da Armênia
A bandeira nacional consiste em três listas horizontais de cores vermelha, azul e laranja. Existem muitas interpretações do significado das cores, mas a mais aceite diz que o vermelho simboliza o sangue derramado pelos armênios em defesa do seu país, o laranja simboliza o solo fértil da nação e o azul simboliza o céu.
O brasão de armas é composto por uma águia e um leão segurando um escudo. O brasão combina elementos simbólicos antigos e modernos da cultura armênia. A águia e o leão são antigos símbolos armênios que datam dos primeiros reinos que dominaram a região, na era pré-cristã.
Mer Hayrenik (em arménio: Մեր հայրենիք) é o hino nacional adaptado a 1 de Julho de 1991, adquiriu a mesma música do antigo hino mas com uma letra diferente. Esta foi adaptada de um poema de Mikael Nalbandian (1829-1866) que mais tarde foi transformado em música pelo compositor Barsegh Kanachyan (1885-1967). Seu título significada Nossa Pátria.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arm%C3%A9nia
Ótimo Domingo, para todos vocês!
DESCANSEM... Paz e Luz!
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