Sozinha e feliz: saiba aproveitar as vantagens dessa situação
Viva sozinha e feliz tirando proveito do melhor que esse status pode oferecer
Publicado em 25/06/2007
Cindy Wil
k
Aproveite seu espaço e as vantagens de estar sozinha
Foto: Getty Images
Foto: Getty Images
O bloco do eu sozinho não pára de crescer. Parece que, finalmente, descobriu-se que nem todo mundo vive em família. No Brasil, os que moram sozinhos já compõem 9% da população. É pouco, comparado com os 26% da população americana, mas esse número está crescendo por aqui. Entre 1991 e 2000, mais 4,8 milhões de brasileiros aderiram ao time individual.
Nesses tempos em que estamos todos cada vez mais conectados uns aos outros, ficar só pode ser uma bênção, uma experiência necessária para amadurecer e conhecer-se. Mas por que isso ocorre?
Ainda década de 1940, quando apenas 8% dos americanos moravam sozinhos, o sociólogo alemão Norbert Elias publicou o ensaio A Sociedade dos Indivíduos, sobre a individualização do ser humano. Segundo o pensador, as pessoas preferem ficar sozinhas porque se sentem cada vez com menos coisas em comum com as demais.
Em outras palavras, passamos a ser únicos. Tribos de um índio só. "Internamente, o indivíduo tem a sensação de ser uma coisa separada, de existir sem relação com outras pessoas", escreveu Elias.
Isso não quer dizer, no entanto, que o homem está caminhando para um ponto em que cada um vai se bastar. Afinal, somos bichos sociais que precisam de contato. Mas quanto mais únicos nos tornamos, maior a possibilidade de encontrarmos formas únicas de ser feliz.
Encontre sua força
Claro que morar sozinho tem desvantagens. Para começar, custa mais. Além disso, é preciso estar sempre batalhando para arranjar companhia para um simples almoço ou, para quem não tem um relacionamento, encontrar pessoas para satisfazer as carências afetivas e sexuais. Mas a força que vem dessa experiência é enorme.
Ruth, uma professora aposentada de 6q1 anos que namora há 30 com o mesmo parceiro, diz que encontrou em si mesma uma força que desconhecia. "Eu me acostumei morar só e passei a crer mais em mim mesma", diz ela. "Hoje, acredito que não preciso depender de um homem para nada, nem financeira, nem moralmente", conta. Na vida de Ruth, o namorado é "algo a mais", embora seja importante. "Ele me apóia em tudo e eu não gostaria de perdê-lo, mas dentro da minha casa quero minha individualidade".
Não fuja de si mesmo
Em conversas com gente que vive ou viveu só, percebe-se que as pessoas que se dão bem sozinhas têm um traço em comum: elas gostam de ser quem são.
Em conversas com gente que vive ou viveu só, percebe-se que as pessoas que se dão bem sozinhas têm um traço em comum: elas gostam de ser quem são.
Faz todo sentido. Afinal, quem fica só passa mais tempo na própria companhia. Se não gostar dela, a vida fica difícil. Parece absurdo, mas acredite: tem muita gente que não sente prazer na companhia de si mesmo. Mesmo esses, porém, podem aprender bastante com a experiência de viver só. Basta que não procurem fugir de si. E é muito fácil escapulir. É só ligar a televisão ou o aparelho de som, telefonar para alguém ou conectar-se à internet. Pronto, lá se foi o momento de reflexão, de encontro consigo mesmo.
Há um ano, em busca de qualidade de vida, a paulistana Rafaela Rossi, de 27 anos, resolveu morar sozinha num pequeno sítio em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, sem telefone fixo e televisão. No começo, sentiu-se só. "Morria de vontade de conversar com as pessoas". Então, diz ela, aproveitou para curtir a casa. Ou, em outras palavras, curtir a própria companhia. "Tinha dias em que eu abria uma garrafa de vinho e ficava ali a tarde toda curtindo minha casinha", diz ela, com um tom nostálgico. Vê-se que o namoro consigo mesma fez bem.
Em pouco tempo, Rafaela começou a namorar um rapaz e fez amigos. Hoje, quando olha para trás, percebe que as dificuldades do começo foram importantes para ela perceber que conseguia ficar só. "Acabei gostando mais de mim". O que ocorreu foi que Rafaela encontrou um colo para a vida toda. Ela fez amizade com a única que, certamente, vai acompanhá-la sempre: ela mesma.
LIVROS
O Mínimo Eu, Christofer Lasch, Brasiliense
A Era do Vazio, Gilles Lipovestsky, Relogio D'Água
Modernidade e Identidade, Anthony Giddens, Jorge Zahar
A Transformação da Intimidade, Anthony Giddens, UNESP
A Sociedade dos Indivíduos, Norbert Elias, Jorge Zahar
O Mínimo Eu, Christofer Lasch, Brasiliense
A Era do Vazio, Gilles Lipovestsky, Relogio D'Água
Modernidade e Identidade, Anthony Giddens, Jorge Zahar
A Transformação da Intimidade, Anthony Giddens, UNESP
A Sociedade dos Indivíduos, Norbert Elias, Jorge Zahar
http://mdemulher.abril.com.br/bem-estar/reportagem/auto-ajuda/sozinha-feliz-saiba-aproveitar-vantagens-dessa-situacao-238067.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário