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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

MULHER ... HPV: dicas para você se cuidar e prevenir a doença

HPV: dicas para você se cuidar e prevenir a doença

Tire todas as suas dúvidas sobre esta que é a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo

Foto: Getty Images
Você sabia que o HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo? Pode atingir tanto mulheres como homens, sendo que nos homens é mais facilmente identificado pelas lesões serem de mais fácil visualização.

Nas mulheres, a maior preocupação é que o HPV torne-se o ponto de partida para o desenvolvimento do câncer do colo uterino.

Exatamente por ter alta incidência e por poder causar doenças mais graves, o HPV é um problema que chama bastante atenção das pessoas e, também, que ainda causa muitas dúvidas.

João Neto Serafim, médico ginecologista do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, explica que o Papiloma Vírus Humano (HPV é a sigla em inglês) é um vírus que pode ser transmitido sexualmente. “E normalmente pode apresentar-se de duas formas na mulher: como verrugas genitais ou como alterações nas células do colo do útero”, diz.

Sintomas e sinais do HPV

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Mariana Halla, ginecologista geral clínica, explica que a maioria das pessoas com HPV são assintomáticas. “O HPV é um vírus que infecta pele e mucosas, podendo causar verrugas (‘crista de galo’) na vagina, vulva, perianal e orofaringe. São lesões benignas na grande maioria dos casos. Porém, também podem causar lesões malignas, como o câncer do colo do útero, vulva, vagina, ânus e orofaringe. Em 99,7% dos casos de câncer de colo uterino existe DNA do vírus HPV”, diz.

Serafim destaca que os sinais do HPV dependem do tipo de alteração que o vírus causa no hospedeiro. “Os tipos de baixo risco normalmente evoluem com verrugas que se proliferam na região genital masculina e feminina, causando desconforto às relações sexuais e modificações estéticas genitais”, diz.

“Já os tipos de alto risco, normalmente são mais silenciosos e causam alterações inicialmente imperceptíveis a olho nu por visão direta, sendo necessários exames complementares para sua detecção precoce (como o exame de Papanicolaou, colposcopia ou coleta específica para análise do DNA viral no colo uterino). Em caso de estágios mais avançados (como no câncer de colo uterino) pode haver desconforto às relações sexuais e sangramento anormal”, acrescenta o ginecologista Serafim.


Causas / Transmissão do HPV


Entenda como pode ocorrer a transmissão do HPV:

1. Contato pele a pele / Via sexual

Domingos Mantelli, ginecologista, obstetra e autor do livro “Gestação: mitos e verdades sob o olhar do obstetra”, destaca que o HPV é transmitido no contato pele a pele. “Principalmente quando há o contato sexual, pois é preciso haver uma porta de entrada para o vírus entrar e infectar as pessoas.”


Mariana ressalta que a principal forma de transmissão do HPV é por via sexual, sendo essa a doença sexualmente transmissível (DST) viral mais frequente. “Estima-se que 25 a 50% da população feminina mundial esteja infectada, e que 80% das mulheres contraiam a infecção durante algum período das suas vidas”, comenta.

2. Da mãe para o bebê


Embora a transmissão se dê predominantemente por via sexual, existe a possibilidade de transmissão da mãe para o bebê. “No bebê, não é comum o vírus passar pela placenta. O mais comum é a transmissão no canal de parto”, destaca Mantelli.

3. Contato com objeto infectado

Embora pouco provável, a possibilidade de contaminação por meio de objetos (como toalhas, roupas íntimas, vasos sanitários ou banheiras) não é descartada totalmente.


Diagnóstico do HPV


Foto: Getty Images

Serafim explica que os exames mais comumente feitos atualmente, como o Papanicolaou, detectam as alterações causadas pelo vírus, mesmo que precocemente, mas não o vírus.

“Atualmente, exames mais detalhados, como a Colposcopia e a Captura Híbrida, têm sido mais utilizados para avaliar aquelas pacientes que apresentem forte suspeita de contaminação pelo vírus, ou para aquelas que já têm alguma anormalidade detectada pelo exame de prevenção”, acrescenta o ginecologista Serafim.

Tratamentos

Mariana destaca que, felizmente, na maioria dos casos de infecção, o vírus é eliminado pelo próprio sistema imunológico dentro de 18 meses. “Porém, no caso de lesões verrucosas, o tratamento consiste na retirada destas lesões, seja com quimioterápicos, imunoterápicos ou cirúrgico (cauterização química, eletrocauterização, crioterapia, ou laser)”, diz.

“Em casos de lesões no colo uterino, pode-se fazer a retirada de parte deste órgão, até a retirada total do útero nos casos de doença maligna”, acrescenta a ginecologista.

Serafim ressalta que os tipos de tratamento dependem da forma de manifestação do vírus e do grau de agressividade do mesmo, bem como do grau de evolução das lesões por ele causadas.
Como se prevenir?

Qual é a melhor maneira de se prevenir do HPV? Será que isso é possível? Esta é uma das maiores preocupações entre as pessoas que já ouviram falar sobre o assunto.


1. Uso de preservativo

Mariana explica que o uso do preservativo (camisinha) confere certo grau de proteção. “Porém, sabemos que é possível contaminar-se mesmo usando corretamente, uma vez que o contágio pode ser pelo sexo oral ou contato da pele com áreas infectadas”, diz.

2. Vacinação

Serafim ressalta que, atualmente, a forma mais eficaz de prevenção é a vacinação. “Mesmo os preservativos de latex não podem garantir total proteção contra a transmissão do vírus, diferentemente do que ocorre com o HIV ou com os vírus da Hepatite”, lembra.

Vacina contra HPV: tire suas dúvidas

Foto: Getty Images

Ainda há muitas dúvidas sobre a vacinação contra o HPV. 

Abaixo os profissionais esclarecem as principais questões:

1. Toda mulher deve tomar a vacina?

Mariana explica que, idealmente, as mulheres dos 9 aos 26 anos devem tomar a vacina. “Mas sabemos que mulheres com mais de 26 anos também se beneficiam da vacinação, principalmente aquelas sem parceiro fixo”, diz.

“Mulheres previamente expostas ao HPV podem se beneficiar ou não. Nesses casos a decisão sobre a vacinação deve ser individualizada, levando em conta as expectativas e a relação custo-benefício”, acrescenta a ginecologista.

Serafim reforça que nem toda mulher se beneficiaria com a vacinação. “Segundo os estudos científicos em que se embasaram as indicações da vacinação, o público alvo seriam as mulheres entre 9 e 26 anos de idade, que ainda não tiveram contato com o vírus. Estudos estão sendo conduzidos atualmente com a finalidade de avaliar o benefício de se vacinar mulheres fora do perfil descrito inicialmente”, destaca.

2. A partir de que idade pode ser tomada de graça no SUS? 

Quais são as doses e prazos?

Mariana destaca que o programa do SUS abrange, atualmente, meninas de 9 anos aos 13 anos.

A ginecologista explica que são 3 doses. “Existem dois tipos de vacinas contra HPV: a vacina quadrivalente, da empresa Merck Sharp & Dohme (Gardasil), que confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18; e a vacina bivalente, da empresa GlaxoSmithKline (Cervarix), que confere proteção contra HPV 16 e 18”, diz.


Devem ser aplicadas intramuscular nos tempos 0, 2 e 6 meses para a Gardasil; e 0, 1 e 6 meses para Cervarix. Existe uma outra forma de imunização (canadense), na qual aplica-se nos tempos 0, 6 meses e 5 anos”, acrescenta a ginecologista.

Serafim destaca que a vacina contra o HPV está contraindicada na gestação, por falta de estudos que evidenciem a sua segurança nesta população específica. “No caso de a gestante ter iniciado o esquema antes de engravidar e falte apenas a última dose, esta deverá ser adiada para administração após o término da gestação”, diz.


“A vacina contra o HPV pode ser realizada concomitante a qualquer outra vacina”, acrescenta Serafim.

3. A vacina é realmente eficaz? Tem efeitos negativos?

Serafim destaca que a eficácia da vacina já foi comprovada por meio de diversos estudos de respaldo internacional. “E a vacina é atualmente indicada em vários países (inclusive EUA e países da Europa).”

“Efeitos adversos potencialmente perigosos não foram relatados por nenhum dos produtores que a fabricam e comercializam, bem como também não foram detectados nos testes desenvolvidos antes de seu lançamento, caracterizando-a como segura para indicação em seres humanos”, acrescenta o ginecologista Serafim.

Mariana ressalta que a vacina é bastante eficaz, prevenindo até 70% dos casos de câncer de colo uterino e 90% das lesões verrucosas.

“Estima-se que mais de 72 milhões de pessoas tenham sido vacinadas e os efeitos colaterais mais comuns são dor local e vermelhidão, comum a outros tipos de vacinas. Já a Síndrome dolorosa regional complexa e taquicardia postural ortostática são mais raras, e estudos na Europa estão em andamento para assegurar a relação destas síndromes com a vacina e segurança do uso”, acrescenta a ginecologista.


4. Como posso me cuidar se eu decidi não tomá-la ou não deixar minha filha tomar?

“O Papanicolau é o exame preventivo mais eficaz para rastreamento das lesões causadas pelo HPV e deve ser feito em todas as mulheres que já tiveram relação sexual”, diz Mariana.


HPV e a gravidez
Mantelli explica que o HPV pode, tanto ser transmitido na gravidez, quanto a grávida pode já ter o vírus e as lesões aparecerem na gestação (que são normalmente verrugas genitais).

“Uma questão importante para comentar é que o aparecimento das verrugas não é contraindicação ao parto normal. Este tipo de parto só é contraindicado em mulheres que têm o HPV quando as verrugas são tão grandes que obstruem o canal do parto”, destaca o ginecologista.

O risco de o recém-nascido contrair o HPV no parto existe, mas a chance é muito pequena, de acordo com Mantelli.

“A doença tem tratamento quando se manifesta, mas o vírus fica no organismo. Se a imunidade baixar, ele volta e podem ocorrer novas lesões. O tratamento pode ser cauterização, bisturi elétrico, ácido, ou até cirúrgico. Depende de cada caso”, acrescenta o ginecologista e obstetra.
HPV e o câncer de colo de útero

Serafim explica que as alterações que o HPV causa nas células do colo uterino levam a uma mudança nas características do núcleo da célula, modificando seu DNA. “Essas modificações podem gerar uma reprodução exacerbada das células, que passam a desenvolver-se de forma acelerada e invasiva, resultando na infiltração de todas as estruturas (órgãos) ao redor do colo uterino. É dessa forma que o HPV torna-se o ponto de partida para o desenvolvimento do câncer do colo uterino”, diz.


HPV e a AIDS


Um dos grandes questionamentos é: existe relação entre o HPV e a AIDS?

Mantelli esclarece que, na verdade, nos pacientes que possuem uma ou outra doença nota-se a imunodepressão, que é a queda de imunidade. “Quem é HIV positivo tem maior chance de desenvolver o HPV por conta do sistema imunológico prejudicado”, diz.


HPV no homem

De acordo com Mantelli, o HPV no homem, com a manifestação de verrugas no pênis, acaba sendo parecido com o que se apresenta na mulher.

“O tratamento se dá da mesma forma. A prevenção, embora o HPV possa aparecer em outras partes do corpo, se dá com o uso da camisinha. Já o diagnóstico é feito pelo urologista”, explica o ginecologista e obstetra.


12 perguntas e respostas sobre HPV

Confira abaixo as respostas para as principais dúvidas sobre o assunto:

1. Quais são os tipos e subtipos do HPV?

Serafim explica que há uma divisão bem didática dos tipos de HPV: os do grupo de baixo risco para desenvolvimento de neoplasias e os de alto risco. “Ao todo, são mais de 100 subtipos. Os de baixo risco mais comuns são o 6 e o 11 (normalmente responsáveis pelo aparecimento de verrugas genitais). Já os que mais comumente levam ao desenvolvimento do câncer de colo uterino são os subtipos 16 e 18. É com base nesses vírus (os mais frequentes) que são desenvolvidas as vacinas atualmente disponibilizadas à população”, esclarece.

2. Beijo ou o abraço transmitem o HPV?

“O abraço não. O beijo pode até transmitir o HPV, mas é extremamente raro. A possibilidade existe porque o HPV pode estar na orofaringe (parte da garganta logo após a boca) e, se houver lesão na boca, a transmissão pode ocorrer”, destaca Mantelli.

3. As lesões do HPV podem surgir em qualquer parte do corpo?

“Em tese, sim. Mas tem lugares prediletos, como as mucosas, vagina, boca, orofaringe, região pubiana”, esclarece Mantelli.

4. As lesões podem se desenvolver bastante tempo depois de a pessoa ter sido contaminada?

Por exemplo, a pessoa teve uma relação há mais de um ano e nunca desconfiou de nada, de repente, surgem as lesões. Será que isso é possível?

Mariana explica que sim. “E não existe um prazo para isto acontecer, o HPV pode ficar silencioso durante anos e depois reaparecer na forma de verrugas ou doenças no colo uterino”, diz.

5. É seguro o paciente com HPV usar camisinha para proteção de ambos na relação?

É seguro, de acordo com Mantelli, mas depende da região que tem o HPV. “Se for na região pubiana, o vírus pode ser transmitido pelo atrito, mas o preservativo previne grande parte da transmissão do HPV”, diz.

6. O cigarro pode facilitar o desenvolvimento do HPV?

Pode, conforme explica Mantelli. “Tem estudos de propensão que relacionam o aumento da contaminação na orofaringe ao cigarro, o que pode causar câncer de faringe pelo vírus HPV 16. Além disso, o cigarro deprime o sistema imunológico”, diz.

7. Crianças podem adquirir HPV pelo contato com objetos contaminados, como toalhas e sabonetes?

“Muito raro, porque o vírus não sobrevive muito tempo fora do corpo dificilmente ele se mantém ativo, porque precisa de uma porta de entrada”, destaca Mantelli.

8. O sexo oral transmite HPV? Caso positivo, podem surgir lesões na região da boca?

“Sim, se o HPV estiver na região da orofaringe”, esclarece Mantelli.

9. Herpes tem alguma relação com HPV?

Mantelli explica que sim. “É o mesmo caso do HIV os dois deprimem o sistema imunológico.”

10. Verrugas genitais são sempre sinônimo de HPV?

De acordo com Mantelli, não necessariamente. “Podem ser verrugas mesmo. Para saber se é apenas uma verruga ou se é a manifestação do HPV, é preciso consultar um ginecologista ou um urologista (no caso dos homens)”, esclarece.

11. Quais são os principais fatores de risco do HPV?

“Imunidade debilitada, promiscuidade, relação sexual desprotegida”, destaca Mantelli.

12. HPV tem cura?

“Sim, e essa cura é espontânea na maioria das mulheres. Em 95% dos casos o HPV será eliminado pelo sistema imunológico em 18 meses, e apenas 5% das mulheres vão apresentar algum tipo de lesão”, esclarece Mariana Halla.

Mantelli ressalta que, embora a doença tenha cura, o vírus fica latente no corpo. “Ele pode ser eliminado dois anos depois do tratamento, mas é difícil, porque se o sistema imunológico for prejudicado, ele pode retornar”, finaliza.

Agora você já tem todas as informações para se proteger contra o HPV. Lembre-se de consultar regularmente seu médico ginecologista para maiores esclarecimentos e para exames preventivos.

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