Sempre na minha mente e no coração...

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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Amor não tem hora... Por Ana Paula Padrão

Amor não tem hora


ANA PAULA PADRÃO: “Ele tinha uns 80 anos, ou mais. Ela estava por volta dos 70 e poucos, mas muito jovial. Eles flertavam. Namoravam. Era paixão. Não aqueles amores antigos, confortáveis, porém, tranquilos. Era um fogo de coisa nova, de sedução descarada”.
Por ANA PAULA PADRÃO

O casal me chamou a atenção assim que entrei no restaurante, um dos mais charmosos e tradicionais de Veneza. Ele tinha uns 80 anos, ou mais. Ela estava por volta dos 70 e poucos, mas muito jovial. Elegante, nem sinal de cirurgia plástica. Pele e cabelo muito bem tratados. Ele estava de terno, sem gravata. Ela com uma camisa transparente e com um toque de brilho, uma roupa obviamente escolhida para um encontro a dois.

Eram americanos, pude perceber pelo sotaque. Apesar de estarem sentados numa mesa perto da nossa, não consegui ouvir o que diziam. Vejam bem, não é que eu fique por aí de ouvido ligado na conversa alheia em restaurantes, mas aquele casal me intrigou.

Não eram casados. E digo isso não porque não usassem alianças, o que também reparei. Mas pela maneira como se comportavam. Linguagem corporal. Ela pousava a mão sobre a dele, na mesa, olhava pra baixo com jeito encabulado e depois para ele, direto nos olhos, dando umas piscadinhas. Eles flertavam. Namoravam. Era paixão. Não aqueles amores antigos, confortáveis, porém, tranquilos. Era um fogo de coisa nova, de sedução descarada.

Jornalistas gostam de histórias e, na falta de informação suficiente sobre aquela, inventei a minha própria. Os dois foram namorados na juventude. Em Veneza, colocaram um cadeado com seus nomes gravados numa das pontes, como fazem os amantes que visitam a cidade para garantir que aquele momento será eterno.

O cadeado ficou lá, mas a vida os levou por caminhos diferentes, embora paralelos. E a lenda dos cadeados de Veneza os fez reencontrarem-se, viúvos, no lugar onde tudo começou.

Pode ser que seja excesso de imaginação. E daí? O romance me permite essa licença poética. Faço assim minha homenagem a todos os que acreditam que cada pessoa tem uma outra esperando por ela num canto qualquer do mundo e que o amor não tem hora nem idade para acontecer.

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