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sábado, 23 de junho de 2012

"O verdadeiro respeito ao cavalo"





18/04/2011 15:10:23

O verdadeiro respeito ao cavalo

doma india.bmp

Criador de um método de amansar equinos sem violência, resgatando antigas técnicas utilizadas pelos índios pampas argentinos baseadas apenas na comunicação e persuasão do homem sobre os animais, Oscar Scarpati Schmid teve seu primeiro contato com os cavalos aos oito anos, através de exemplares que pastavam perto de sua casa, em San Luis, na Argentina. “Ganhei a confiança de um potrilho de um ano e meio, e sem dar-me conta foi domando-o até o ponto em que ele fazia tudo o que eu queria. Era meu companheiro, passamos alguns anos juntos e com ele fiz minhas primeiras experiências”, recorda, explicando, porém, que na época não sabia exatamente que estava domando um cavalo. “Era algo muito natural o que se dava entre nós, nunca houve violência e a relação foi extraordinária.

Foi uma experiência inconsciente da minha parte, eu não tinha conhecimentos, apenas sabia que tinha que tratar o cavalo como desejava que me tratassem e, pouco a pouco, foram aparecendo os resultados desse tratamento”, emenda Scarpati.

Ainda menino, durante os meses de verão ele ia para os campos de um tio, onde ficava rodeado de cavalos soltos na natureza. Foi lá que conheceu Don Cristobal, um velho índio ranquele puro que havia sido guerreiro e não falava com ninguém, pois anos antes havia sido feito prisioneiro num forte que havia naqueles campos. “Quando criança, tive um acidente com um cavalo e ele me ajudou, me curou, e assim iniciou uma forte relação. Me adotou como um neto e, da mesma forma que minha mãe, foi quem mais entendeu esta paixão que tenho pelos cavalos.

Ele me ensinou muito do que agora sei e juntos reconstruímos o modo de domar dos índios pampas”, prossegue Scarpati, que conviveu com o indígena até sua morte, aos 102 anos, compartilhando incontáveis dias no campo, conversando, cantando e praticando muitos dos ritos e costumes de sua cultura. Hoje, aos 62 anos, Scarpati não sabe precisar exatamente quantos cavalos domou, mas diz que foram milhares, muitos deles Crioulos, já que era praticamente a única raça presente nos campos argentinos. “Tive sempre boas experiências com a raça, pois são cavalos dóceis, fortes e rústicos, como eu gosto”, resume, salientando que aprecia muito a raça, tanto na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, pois seus resultados são muito evidentes e satisfatórios.

Sua obra-prima foi um mestiço Crioulo com Puro Sangue de Corrida chamado Capricho, ao qual ensinou 76 exercícios, sendo que o cavalo só não aprendeu mais porque se esgotou sua imaginação. “Foi meu primeiro filho, um cavalo excepcional que me abriu as portas do mundo. Lamentavelmente, não está mais comigo, pois morreu num acidente há vários anos, mas ainda sinto seu galope no pátio de minha casa. Eu o criei junto a meus filhos, era um cavalo muito forte e inteligente, realmente superou minha capacidade de ensinar, minha criatividade chegou ao seu limite, mas ele continuava disposto a aprender mais. Por isso, e por outras coisas, admiro e dedico minha vida aos cavalos”, revela o profissional, eleito pelo Discovery Channel e History Channel o segundo melhor domador do mundo. 


PRINCÍPIOS BÁSICOS
De acordo com Scarpati, os princípios da Doma Índia são baseados numa filosofia de vida, numa visão da natureza e dos cavalos onde o respeito, a admiração e a excelência desempenham um papel fundamental. “Respeitamos a dignidade do cavalo a todo o momento e lhe damos a possibilidade de aprender pouco a pouco, sem subjugá-lo nem agredi-lo desnecessariamente”, explica, reforçando que o método é um jogo, uma comunicação permanente entre o homem e o animal, onde jogando se aprende e se chega aos resultados que se buscam. 

“Os passos são muito simples. Primeiro se estabelece um vínculo, se dá forma a relação mediante uma clara comunicação animal, através de gestos, movimentos e um sincero contato físico. Pouco a pouco, com a corda e a cabeçada, se ensina o básico, se delimitam os limites necessários e se faz o amansamento de baixo e logo montado. Basicamente, o método consiste em tirar o medo e as cócegas que o potro tem, depois de conseguir isso, ganha-se a confiança do animal e a doma se faz mais tranquilamente”, ensina Scarpati. 

Segundo ele, para se obter sucesso utilizando o método é fundamental ter conhecimentos para poder entender o cavalo xucro, além de muito respeito. Assim, com o tempo se adquire experiência, o que fará com que o domador esteja mais perto de fazer um trabalho bem feito. “É muito importante ter humildade, entender que há sempre mais para aprender, que existem vários caminhos para se chegar a um mesmo resultado, e que nunca se justificam os maus tratos ao animal, pois isso demonstra que não se está abordando a situação como se deve. A pessoa que deseja domar deve saber ensinar, ter a vocação de educar e saber por-se no lugar do potro, sobretudo nos momentos difíceis”, acrescenta. 

Scarpati observa que o tempo médio de doma de um animal é muito relativo, já que pode-se amansar um potro em poucos meses, porém alerta que não se deve ir rápido demais, pois quanto mais tempo nos dedicarmos ao cavalo, melhores serão os resultados. Em sua opinião, uma doma bem feita não deve durar menos de oito meses. 


ESCOLA ITINERANTE
Atualmente, Scarpati trabalha ao lado do filho Cristobal, que sempre lhe acompanhou e desde muito pequeno lida com potros. “Realmente, é um orgulho para mim ver até onde ele chegou. Sempre digo que o ensinei muito, mas hoje é um prazer reconhecer que meu filho me ensinou muito também”, admite. Em 1996, os dois fundaram a Primeira Escola Argentina de Doma Índia, sediada em San Luis, mas que funciona de modo itinerante, e passaram então a dar cursos nos mais diversos países da Europa e Américas. “Consideramos muito importante a missão de levar nosso conhecimento a todos os lugares onde tenham cavalos e pessoas dispostas a aprender”, acrescenta o experiente domador. 

Ele revela que, fora da Argentina, o Brasil é o país onde mais atuaram até hoje. “É nossa segunda casa, já fizemos mais de 30 cursos, mas sentimos que nossa história no país recém está começando. O método e a filosofia que transmitimos têm sido aceitos de maneira muito satisfatória, nos chegam mensagens a todo o momento e temos feitos muitos amigos. É muito estimulante ver tantos criadores, aficionados e amantes do cavalo num mesmo país”, ressalta, citando que Aluísio Marins, da Universidade do Cavalo, localizada no interior paulista, foi o primeiro a lhes abrir as portas por aqui e que a relação com ele se fortalece a cada ano. 

Scarpati adianta que existem várias propostas de novos cursos em solos brasileiros, sendo que no mês de julho estarão em Santa Catarina. “Temos esperança de chegar ao Rio Grande do Sul, sabemos que Porto Alegre é um lugar espetacular para levar a Doma Índia e esperamos em breve estar por lá”, completa.

Fonte: Revista Crioulos

Apaixonante, minha expressão de amor total...
Aos Equinos!

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