Poema dos Dons
Graças quero dar...
Ao divino labirinto
de efeitos e causas pela diversidade das
criaturas que formam este
singular universo!
Graças quero dar...
Pela razão, que não deixará de
sonhar com um plano para o
labirinto!
Graças quero dar...
Pelo amor, que nos deixa ver os
outros como os vê a
divindade!
Pelo firme diamante
e água solta!
Pela álgebra,
palácio de precisos e preciosos
cristais!
Graças quero dar...
Pelo fulgor do fogo, que nenhum ser
humano pode olhar sem
assombro antigo!
Pelo mogno, o cedro,
o sândalo!
Pelo pão e o sal!
Graças quero dar...
Pelo mistério da
rosa que prodigaliza cor
e não a vê!
Pela arte da
amizade!
Pelas palavras que foram ditas no
crepúsculo de uma cruz a
outra cruz!
Graças quero dar...
Pelos rios secretos
e imemoriais que convergem em
mim!
Pelo mar, que é um
deserto resplandecente e uma cifra de
coisas
que não sabemos!
Graças quero dar...
Pelo ouro que reluz
nos versos!
Pelo inverno épico!
Pelos prismas de
cristal e o peso de bronze!
Graças quero dar...
Pelo geométrico e
bizarro xadrez!
Pelo odor medicinal
do eucalipto!
Graças quero dar...
Pela linguagem, que pode simular a
sabedoria!
Pelo esquecimento, que anula ou
modifica o passado!
Pelo hábito, que nos
repete e nos confirma como
um espelho!
Graças quero dar...
Pela manhã, que nos proporciona a ilusão de um
começo!
Pela noite, sua treva e sua
astronomia!
Pelo valor e a
felicidade dos outros!
Pela pátria, sentida nos jasmins ou numa velha
espada!
Graças quero dar...
Pelo fato de que o poema é
inesgotável e se confunde com a
soma das
criaturas e jamais chegará ao
último verso e varia
segundo os
homens!
Graças quero dar...
Pelos minutos que precedem o sono!
Pelo sono e pela
morte,esses dois tesouros
ocultos!
Graças quero dar...
Pela música, misteriosa forma do
tempo!
Pelos íntimo se inúmeros dons que não enumero!
Bye..Bye!
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