Sempre na minha mente e no coração...

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Corcovado ou Cristo Redentor, lindo !!!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Quando nasce a poesia...


Quando vai nascer a poesia, a gente acha que é das flores, das borboletas e do sorriso singelo de uma criança bem nutrida. 
A gente acha, mas não é. 
Quando vai nascer a poesia, é do suor sufocante do gozo silenciado.
Ou do grito enfastiado da última vontade de abandonar o trabalho que lhe garante casa e comida. 
É do gemido obsceno que faz verter o sangue de todas as suas virgindades. 
É de quando você rasga o pudor aos poucos, ferindo a própria carne.
É também do pudor tão sufocante que dói sem poder rasgar. 
A poesia é como a tristeza raivosa da mãe ressentida: “dei tudo a eles e nada tenho em troca”. A poesia ressente no calor dos versos e repete palavras à exaustão. 
É também alegria que vem sem qualquer razão de ser. 
É desalinho. 
É um pecado sem lugar nem o próprio deus de amor perdoa.
 A poesia pede e insiste. 
Mendiga o seu carinho no auge de sua desesperança. 
É quando você escuta a história mais triste do mundo. 
E vê nos olhos de seus filhos todas as crianças assassinadas pelos donos da noite. 
A poesia é quando você não divide mais o mundo entre eles e nós: e tudo o que chora está em você e você está em todas as lágrimas que sangram sob as pontes abandonadas. 
A poesia é aquela pontada de esperança de que universo tenha jeito. 
E um desejo devastador de que tudo se despedace em estrelas cadentes. Recheadas do sangue de quem não sabe amar. 
A poesia é quando você ama o suficiente para se saber um quase-nada. 
Diante de tudo o que arde. 
Diante de tudo o que voa. 
Diante de todo desejo. 
A poesia é quando você sai de si.
E tem todos os corpos de Deus.
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