Dinastia
Ming
A dinastia Ming foi a dinastia que governou a China no período de 1368 a 1644. Ela foi marcada
por reconciliar toda a tradição chinesa, más também tem como característica a
intolerância para com influências externas.
O estado sustentado pelos Ming construiu uma vasta Marinha e um grande
Exercito, que dizem que poderia ter chegado a um milhão de de soldados. Também,
nesse período, havia um grande numero de projetos de construções como a
restauração do Grande Canal da China
(o rio artificial mais antigo do mundo), e da Muralha da China.
Estima-se que nesse momento, de 1368
a 1644, a população da China estava entre 160 a 200 milhões de pessoas, e atualmente passa
os 1,3 bilhão, o que faz da China uma grande potencia populacional há muito
tempo atrás.
大明
Grande Ming
Grande Ming
Império
1368 – 1644
O Imperador de
destaque nesse período foi Hongwu ( 1368 a
1398) que tentou criar uma sociedade de comunidades rurais que seriam autossuficientes agricolamente,
não precisando assim dos grandes centros urbanos da época. Com essa
reformulação da base agrícola, houve um inesperado efeito de superprodução,
cujo excedente era vendido, e com toda essa produção para ser vendida houve
também um crescimento muito significativo dos comércios em determinadas rotas.
O comercio Chinês
acompanhado pela agricultura, até o seculo XVI, era a base da economia e foi
muito estimulada pelo comercio marítimo Português, Espanhol, e Holandês, se
envolvendo até mesmo no que chamam de “comércio colombiano”, que é o comercio
mundial de bens, plantas, animais e culturas alimentares. Todo esse comercio
com potências Europeias e com seu vizinho Japão, que era uma potencia asiática,
trouxe muita riqueza para China, principalmente a prata que substituiu o cobre
como moeda de troca. Já na ultimas décadas da dinastia Ming a quantidade de
prata em território Chines havia diminuído muito, o que comprometia toda
receita estatal, e também, toda a economia Chinesa. Para piorar a situação,
houve o que os Chineses chamam de “pequena era do gelo”, que devastou a
agricultura chinesa, proporcionando más colheitas e epidemias.
Podemos perceber
que um dos pilares da base da economia Chinesa era a agricultura. Com essas
calamidades naturais denominadas “pequena era do gelo” há uma defasagem de
quase toda a colheita, fazendo com que os agricultores percam muito na
produção. Com isso, quem perde são os comerciantes, pois não tem muitos
alimentos para vender, e assim a população não tem alimentos em grande quantidade
para comprar. Seguindo esse raciocínio, há então uma diminuição no padrão da
vida dos Chineses, gerando revoltas e o surgimento de lideres rebelde como Li
Zicheng que começaram a desafiar a autoridade dos Imperadores Ming.
Dinastia Ming
A Dinastia Ming (chinês: 明朝, pinyin: Míng
Cháo), ou Império
do Grande Ming(chinês
tradicional: 大明國; chinês
simplificado: 大明国; pinyin: Dà Míng
Guó), foi adinastia que governou a China de 1368 a 1644, depois da queda
da DinastiaMongol dos Yuan acabando
com o período de caos iniciado por Sima Yan em
1263. A
dinastia Ming foi a última dinastia na China comandada pelos Hans (o
principal grupo étnico da China), antes da rebelião liderada, em parte por Li Zicheng, e logo depois substituído pela
Dinastia Manchu dos Qing. Embora a capital Ming, Pequim, tenha sucumbido em 1644, os restos do trono e do
poder dos Ming (coletivamente denominado Ming
Meridional) sobreviveram até 1662.
O Estado comandado pelos Ming construiu uma
vasta marinha e um exército
permanente de um
milhão de soldados.[1] Embora
tenha existido comércio marítimo privado e missões tributárias oficiais nas
dinastias anteriores, a frota tributária do almirante eunuco muçulmano Zheng He no
século XV superou todas as outras em tamanho absoluto. Durante este período,
havia um enorme número de projetos de construções, incluindo a restauração do Grande Canal e da Muralha da China e, também, a criação da Cidade Proibida, em Pequim, durante o primeiro
quarto do século XV. As estimativas para a população no final da Dinastia Ming
variam de 160 a
200 milhões de pessoas.[2] A Universidade de
Calgary afirma que
"os Ming criaram um dos maiores períodos de organização governamental e
estabilidade social na história da humanidade."[3]
O Imperador Hongwu (r. 1368-1398) tentou criar uma
sociedade de comunidades rurais auto-suficientes em um sistema rígido e imóvel
que não teriam qualquer necessidade de se envolver com a vida comercial dos
centros urbanos. Sua reconstrução da base agrícola chinesa e o reforço das
redes de comunicação através do sistema militarizado de correio, acabou por criar o inesperado efeito
da superprodução agrícola, cujo excedente era vendido nos crescentes mercados
localizados ao longo das rotas de correio. A cultura rural e o comércio logo se
tornaram influenciados pelas tendências urbanas. As classes mais ricas da
sociedade, consagrados como a classe
dos aristocratas acadêmicos, também foram afetadas por esta nova
cultura baseada no consumo. Através da tradição, famílias de comerciantes
começaram a produzir candidatos a oficiais
acadêmicos e adotaram traços culturais e práticas típicas da classe
dos aristocratas. Paralelamente a esta tendência que envolve as classes sociais
e a expansão do consumo comercial, aconteceram as mudanças na filosofia social
e política, na burocracia e nas instituições governamentais, e também nas artes
e na literatura.
Até o século XVI a economia da Dinastia Ming foi
estimulada pelo comércio marítimo com portugueses, espanhóis e holandeses.
A China, então, se envolveu em um novo comércio mundial de bens, plantas,
animais e culturas alimentares conhecido como o intercâmbio
colombiano. O comércio com as potências europeias e os japoneses trouxeram
grandes quantidades de prata,
que em seguida substituíram o cobre e as notass de papel como a moeda de troca
principal na China. Durante as últimas décadas da Dinastia Ming, o fluxo de
prata na China tinha diminuído muito, comprometendo assim as receitas estatais
e, de fato, toda a economia Ming. A economia sofreu ainda mais com os graves
efeitos sobre a agricultura da ainda incipiente Pequena era do gelo do século XVIII, das calamidades
naturais, das más colheitas, das epidemias freqüentes. A conseqüente
fragmentação do poder e da diminuição do padrão de vida das pessoas permitiu
que líderes rebeldes como Li Zicheng desafiassem
a autoridade dos Imperadores Ming.
大明
Grande
Ming
Império
1368 – 1644
China sob a Dinastia Ming, quando comandada pelo Imperador
História
Fundação
Revoltas
e rivalidades
A Dinastia Yuan Mongol (1271-1368)
governava antes do estabelecimento da Dinastia Ming. A discriminação étnica
institucionalizada contra os chineses Han suscitou
ressentimento e revolta; outras explicações para o desaparecimento dos Yuan
incluíam áreas com sobretaxas de impostos mesmo quando atingidas pelas más
colheitas, inflação, e as enormes cheias do Rio Amarelo como
resultado do abandono dos projetos de irrigação.[4] Conseqüentemente,
a agricultura e a economia estavam em desordem e a rebelião eclodiu entre as
centenas de milhares de camponeses chamados para trabalhar na reparação dos
diques do Rio Amarelo.[4]
Um canhão do Huolongjing, elaborado por Jiao Yu e Liu Jiantes de sua morte em 1375.
Uma série de grupos Han se revoltou, incluindo
os Turbantes Vermelhos, em 1351. Os Turbantes
Vermelhos eram associados ao Lótus Branco, uma sociedade secreta budista. Zhu Yuanzhang era um pobre camponês e
monge budista que aderiu aos Turbantes Vermelhos em 1352, mas logo ganhou
reputação ao casar com a filha primogênita de um comandante rebelde.[5] Em
1356 A
força rebelde de Zhu invadiu a cidade de Nanquim,[6] o
que ele, mais tarde, estabeleceria como a capital da Dinastia Ming.
Zhu Yuanzhang alicerçou o seu poder no sul,
eliminando seu arqui-rival e líder rebelde Chen
Youliangna Batalha
do Lago Poyang, em 1363. Depois do chefe dinástico dos Turbantes
Vermelhos suspeitamente morrer em 1367 enquanto era acolhido como hóspede de
Zhu, este último fez suas ambições imperiais conhecidas através do envio de um
exército em direção à capital Yuan em 1368.[7] O
último imperador Yuan fugiu para o norte para Shangdu,
e Zhu declarou-se o fundador da dinastia Ming após destruir os palácios Yuan de Khanbaliq (Pequim).[7]
Em vez da tradicional forma de nomear uma
dinastia a partir do nome do distrito de origem do primeiro governante, a
escolha de Zhu para "Ming", ou "Brilhante", para a sua
dinastia seguiu o precedente mongol dando um nome glorioso.[6] Zhu
Yuanzhang também usou o título de Hongwu, ou "Imensamente Marcial",
como seu título real. Apesar do Lótus Branco ter ajudado na sua ascensão ao
poder, Hongwu negou mais tarde que ele tenha algum dia sido membro da
organização e reprimiu o movimento religioso depois que ele se tornou
imperador.[6][8]
Retrato do Imperador Hongwu (r. 1368 - 1398)
Reinado do Imperador
Hongwu
Hongwu imediatamente se propôs a reconstruir a
infra-estrutura imperial. Ele construiu um muro de
48 km em torno de Nanquim, bem como novos palácios governamentais e
prefeituras.[7] O Mingshi diz
que já em 1364 Zhu Yuanzhang havia começado a elaboração de um novo código de
leis baseados no Confucionismo conhecido como o Daming Lu, que foi concluído em
1397 e repetiu determinadas cláusulas encontradas no velho Código Tang de 653.[9] O
Hongwu organizou um sistema militar conhecido como o weisuo, que era semelhante ao sistema Fubing da Dinastia Tang (618-907). O objetivo foi o de
tornar os soldados, agricultores auto-suficientes, a fim de poderem se
sustentar enquanto não estão em combate ou treinando.[10] O
sistema de auto-suficiência agrícola dos soldados, porém, foi em grande parte
uma farsa; rações intermitentes e recompensas não foram suficientes para
sustentar as tropas, e muitos desertaram suas posições, se eles não estavam
localizados na fronteira cujas tropas eram fortemente abastecidas.[11]
Embora seja um confucionista, o Hongwu tinha uma
profunda desconfiança contra os funcionários
acadêmicos da classe
gentry, e não era medo de lhes enfrentar no tribunal por ofensas.[12] Ele
aplicou as Avaliações
do funcionalismo público em
1373 após queixar que os 120 estudiosos que obtiveram o grau jinshieram ministros
incompetentes.[13][14] Depois
que os exames foram reintegrados em 1384,[14] ele
executou o chefe-examinador depois que ele descobriu que ele apenas permitia
aos candidatos do sul serem condecorados com o grau jinshi.[13]
Em 1380 o chanceler Hongwu Hu Weiyong foi
executado depois da suspeita de uma conspiração para derrubar ele do trono;
depois disso o Hongwu aboliu a Chancelaria
chinesa, e assumiu esse papel como diretor executivo e imperador.[15][16] Com
uma crescente desconfiança dos seus ministros, Hongwu criou o Jinyi Wei, uma rede de polícia secreta traçada a partir de seu próprios
guardas palacianos. Eles foram parcialmente responsáveis pela perda de 100.000
vidas em várias repressões políticas durante as três décadas de sua
existência.[15][17]
Fronteira Sudoeste
O antigo portão do Sul de Dali, Yunnan, que fora criado como uma cidade em estilo chinês, em 1382, logo após a conquista Ming da região.
Em 1381, a dinastia Ming anexou as áreas do
sudoeste que faziam parte do Reino de Dali. Até o final do século XIV,
cerca de 200.000 colonos militares estabeleceram-se em 2.000.000 mu(350.000 hectares )
de terras no que é hoje Yunnan e Guizhou.[18] Cerca
de meio milhão a mais de colonos chineses chegaram nos períodos posteriores;
estas migrações causaram uma grande mudança na aparência da etnia da região,
uma vez que mais de metade dos cerca de 3.000.000 de habitantes no começo da
dinastia Ming eram povos não-Han.[18] Nesta
região, o Governo Ming adotou uma política de administração dual.
As áreas com maioria étnica chinesa eram regidos de acordo com a legislação e
políticas Ming; áreas onde grupos tribais nativos eram maioria tinham seu
próprio conjunto de leis, enquanto os chefes tribais prometiam manter a ordem e enviar
tributos para a corte Ming, em troca de bens necessários.[18] De
1464 a
1466 os povos Miao e o Yao rebelaram-se contra o que eles viam
sendo um governo opressivo; em resposta, o governo Ming enviou um exército de
30.000 soldados (incluindo 1000 mongóis) para se juntar às 160.000 tropas
locais de Guangxi, e acabar com a rebelião.[19] Depois
que o filósofo Wang
Yangming (1472-1529)
reprimiu outra rebelião na região, ele organizou uma administração conjunta
entre os grupos étnicos locais e os chineses, a fim de implementar elementos da
cultura chinesa na cultura dos povos locais.[19]
Um Thangka tibetano do século XVII de Guhyasamaja Akshobhyavajra; a corte da Dinastia Ming reuniu diversos tributos que eram produtos nativos do Tibete (como thangkas),[20] e em troca dava vasos tradicionais da dinastia aos tibetanos como presentes.[21]
Relações
com o Tibete
Ver artigo principal: Tibete durante a Dinastia Ming
Estudiosos de fora da China em geral vêem o
Tibete como tendo sido um estado independente durante a dinastia Ming, enquanto
historiadores na China atual tem um ponto de vista oposto. O Mingshi — a história oficial da Dinastia Ming
compilada muito mais tarde, em 1739 — afirma que os Ming estabeleceram
comandantes itinerantes que supervisionavam a administração tibetana ao mesmo
tempo em que renovavam títulos de ex-funcionários da dinastia Yuan doTibete e
conferiam novos títulos do principado aos líderes das seitas budistas do Tibete.[22] No
entanto, Turrell V. Wylie afirma que houve censura no Mingshi para reforçar o prestigio do imperador
Ming e a sua reputação e a todo custo ofuscar a história da sutil relação
sino-tibetana durante a dinastia Ming.[23] Estudiosos
modernos debatem se a Dinastia Ming realmente tinha soberania sobre
o Tibete, como alguns acreditam que fora uma relação de suserania, e que foi em grande parte cortada
quando o Imperador
Jiajing (r. 1521-1567)
perseguiu os budistas em favor do Daoísmo na
corte.[23][24][25] Helmut
Hoffman afirma que a dinastia Ming mostrava o papel do Estado sobre o Tibete
através do envio de missões periódicas de "emissários do Tesouro"
para a Corte Ming através da concessão de títulos nominais aos Lamas, mas que não interferiam no Governo
tibetano.[26] Wang
Jiawei e Nyima Gyaincain discordam, afirmando que a China Ming tinha soberania
sobre os tibetanos e que não herdavam títulos Ming, mas eram obrigados a viajar
para a Pequim para renová-los.[27] Melvyn
C. Goldstein escreve que os Ming não tinham qualquer autoridade administrativa
real ao longo do Tibete assim que os vários títulos dados aos líderes tibetanos
no poder já não davam o mesmo poder como os antigos títulos mongóis Yuan;
segundo ele, "os imperadores Ming meramente reconheciam a realidade política
do Tibete".[28] Alguns
estudiosos afirmam que a significante natureza religiosa da relação da corte
Ming com os Lamas tibetanos é sub-representado pelos historiadores modernos.[29][30] Outros
reforçam o aspecto comercial da relação, notando a quantidade insuficiente de
cavalos da Dinastia Ming e à necessidade de manter o troca de chá por cavalos, com o Tibete.[31][32][33][34][35] Estudiosos
também debatem quanta influência e poder a corte da Dinastia Ming teve ao longo
das sucessivas famílias que de
facto governaram o Tibete, a
Phagmodru (1354-1436), Rinbung (1436-1565), e Tsangpa (1565-1642).[36][37][38][39][40][41]
Os Ming iniciaram esporádicas intervenções
armadas no Tibete durante o século XIV, embora, algumas vezes, os tibetanos
também revidaram-nas com sucesso através de resistências armadas contra as
incursões Ming.[42][43] Patricia
Ebrey, Thomas Laird, Wang Jiawei, e Nyima Gyaincain recordam que a Dinastia
Ming não tinha uma guarnição permanente no Tibete,[39][44][45] ao
contrário da antiga dinastia mongol Yuan.[39] O Imperador Wanli (r. 1572-1620) fez alguns esforços
para restabelecer as relações sino-tibetanas, depois da aliança Mongol-tibetana iniciado em 1578, o qual afetava à
política externa da posterior dinastia manchu Qing (1644-1912) em seu apoio ao Dalai Lama da
seita Chapéu
Amarelo.[23][46][47][48][49] No
final do século XVI, os mongóis provaram ser bons protetores do Dalai Lama da
seita Chapéu Amarelo através da sua crescente presença na região Amdo,
culminando na conquista do Tibete em 1642 por Güshi Khan (1582-1655).[23][50][51][52]
Reversão das políticas do Hongwu
Imposição de normas e de realocações
De acordo com o historiador Timothy Brook, o
imperador Hongwu tentou imobilizar a sociedade através da dura criação de
fronteiras regulamentadas pelo estado entre aldeias e cidades maiores,
desencorajando o comércio e viagens entre sociedades não aceitas pelo governo.[53] Hongwu
tentou implantar austeros valores, impondo códigos de vestimenta, métodos
padrões de expressão, e um estilo padrão de escrita da prosa clássica que não mostravam as habilidades dos
mais educados.[54] Sua
desconfiança com a elite acadêmica mostrou o seu desdém para com a elite
comercial, impondo taxas excessivamente elevadas sobre as propriedades de
poderosas famílias mercantes na região de Suzhou em Jiangsu.[13] Ele
também forçou a mudança de milhares de famílias abastadas do sudeste e
reassentou-as ao redor de Nanquim, na região de Jiangnan,
proibindo-lhes de se mudar uma vez que já estivessem assentadas.[13][55] Para
acompanhar as atividades dos mercadores, Hongwu obrigou-os a registrar todos os
seus bens, uma vez por mês.[56] Uma
de suas principais metas como governante foi permanentemente frear a influência
dos comerciantes e donos de terra, embora várias de suas políticas acabassem
por incentivá-los a acumular mais riqueza.
O sistema opressivo do Hongwu de realocação
maciça e o desejo de escapar das suas altas taxas encorajaram muitas pessoas a
tornarem-se vendedores itinerantes, ambulantes, ou trabalhadores migrantes
tentando encontrar proprietários rurais que lhes alugariam um espaço de terra
para cultivar alimentos nela.[57] Até
a metade da era Ming, os imperadores abandonaram o regime de realocação do
Hongwu e ao invés disso confiaram a funcionários locais o trabalho de
documentar os trabalhadores migrantes, a fim de aumentar a receita do Império.[58] A
elite de comerciantes e proprietários ricos que reinavam sobre as terras
ocupadas, os empregados assalariados, os servos domésticos, e os trabalhadores
migrantes foi praticamente a visão do Hongwu: o cumprimento rigoroso do sistema
hierárquico das quatro ocupações.[59]
Um vaso de porcelana do período de reinado de Jiajing (1521-1567); a cultura chinesa tornou-se uma cultura baseada no consumo nos finais da Dinastia Ming.[60]
Agricultura
auto-suficiente, supérfluo, e tendências urbanas
O Hongwu reacendeu o setor agrícola, para criar
comunidades auto-suficientes que não dependessem de comércio, que ele pensou
permaneceriam apenas nas áreas urbanas.[61] No
entanto, o excedente criado a partir desta revitalização encorajou os
agricultores rurais a lucrarem com o comércio, vendendo primeiro seus produtos
a intermediários; em meados da época Ming eles começaram a vender os seus
produtos em mercados urbanos da região.[62]Como as zonas rurais e urbanas
tornaram-se cada vez mais integradas através do comércio, famílias de áreas
rurais começaram a adotar costumes tradicionalmente urbanos, como a produção de
seda e algodão têxtil.[63] No
final da era Ming, houve uma preocupação crescente entre os conservadores confucianos que
a delicada exploração do tecido e a ordem social comum estavam sendo
prejudicadas pelos rústicos do interior que aceitavam todos os costumes da vida
urbana.[64]
O agricultor rural não foi o único grupo social
afetado pela crescente comercialização entre a sociedade chinesa, isso também
influenciou fortemente a elite dona de terras que tradicionalmente produzia
estudiosos para o serviço público.
Os funcionários eram tradicionalmente empregados como indivíduos simples que se
logravam de arrogância apoiados na riqueza obtida a partir de uma carreira
prestigiada; eles eram conhecidos por irem de seus países de origem para as
cidades na qual eram empregados.[65] Durante
o governo do Imperador Zhengde (1505-1521), os funcionários eram
vistos sendo transportados liteiras de
luxo, e começaram a comprar grandes casas em bairros urbanos abastados em vez
de viverem nas zonas rurais.[66] Até
o final da era Ming, ser rico se tornou o principal indicador de prestígio
social, mais ainda do que ganhar um grau acadêmico.[67]
Pagode do Templo Cishou, construído em 1576; os chineses acreditam que construir pagodes em determinados locais de acordo com os princípios do Feng Shui resultaria em prósperos eventos;[68] financiamento de comerciantes para esses projetos eram necessários no final do período Ming.
Fusão das classes
comerciante e gentry burguesa
Na primeira metade da era Ming, oficiais
acadêmicos raramente mencionariam a contribuição dos comerciantes para com a
sociedade, enquanto escreviam as suas gazetas locais;[69] os
funcionários eram certamente capaz de financiarem seus próprios projetos de
obras públicas, um símbolo de sua íntegra liderança política.[70] No
entanto, na segunda metade da era Ming, tornou-se comum dos funcionários
angariarem dinheiro de comerciantes, a fim de financiar seus diversos projetos,
como a construção de pontes ou o estabelecimento de novas escolas de confucionismo
para melhorar a aprendizagem da gentry.[71] A
partir de então as gazetas começaram a citar alguns mercadores e muitas vezes
com grande estima, uma vez que a riqueza produzida pelas suas atividades
econômicas gerava recursos para o Estado, bem como o aumento da produção de livros
necessária para a educação da gentry.[72]
Os
comerciantes começaram a adquirir mais cultura, atitudes de um connoisseur e traços da classe gentry, misturando
as linhas entre os comerciantes e a gentry e preparando o caminho para as
famílias mercantes fornecerem oficiais-acadêmicos.[73] As
raízes desta transformação social e de indistinção de classes poderiam ser
encontrada na Dinastia Song (960-1279),[74] mas
tornou-se muito mais acentuada na Ming. Escrituras de instruções para linhagens
familiares, no período final da era Ming, exibiam que o próximo da linhagem não
herdaria sua posição na categorização das quatro ocupações (em ordem
decrescente): gentry, agricultores, artesãos, e revendedores.[75]
Rede de mensageiros e o
crescimento comercial
O Hongwu acreditava que apenas os mensageiros do
governo e comerciantes humildes e varejistas deveriam ter o direito de viajar
para fora da sua cidade natal.[56] Apesar
de seus esforços para impor este ponto de vista, a sua construção de uma
eficiente rede de comunicações para o seu exército e seus funcionários reforçou
e fomentou a ascensão de uma potencial rede comercial correndo em paralelo à
rede de mensageiros.[76] O
náufrago coreano Choe Bu (1454-1504) comentou em 1488 a forma como os habitantes
locais, ao longo da costa oriental da China não sabiam exatamente a distância
entre determinados locais, cujo conhecimento era praticamente exclusivo do Ministério da Guerra e dos mensageiros.[77] Isso
foi um contraste estrondoso com o final do período Ming, quando comerciantes
não só viajavam mais distâncias para vender seus produtos, mas também
subornavam funcionários do correio para usar as suas rotas e até mesmo tinham
imprimido guias geográficos de rotas comerciais que imitavam os mapas dos
mensageiros.[78]
A única peça sobrevivente do mobiliário da "Fábrica Orchard" (a Oficina Lacquer Imperial), criada em Pequim no início da Dinastia Ming. Decorado com dragões e fênix, que eram feitas durante a época do imperador Xuande (1426-1435). As oficinas imperiais na época Ming eram supervisionados por um gabinete de eunucos.[79] (Clique para mais detalhes)
Mercantes, um mercado
aberto, e prata
A dependência dos oficiais-acadêmicos das
atividades econômicas dos comerciantes se tornou mais do que uma tendência
quando foi semi-institucionalizado pelo Estado, durante a era Ming. Qiu Jun
(1420-1495), um oficial-acadêmico de Hainan, alegou que o Estado só devia tratar dos assuntos do
mercado durante épocas de crise e os comerciantes eram os melhores para
determinarem a importância da riqueza de recursos da nação.[80] O
Governo seguiu esta orientação em meados do período Ming quando ele autorizou
os mercantes a assumir o monopólio estatal da produção de sal. Este foi
um processo gradual, onde o estado forneceu exércitos às fronteiras do norte
com suprimentos suficientes através da concessão de licenças para o comércio de
mercadores de sal em troca de seus serviços marítimos.[81] O
Estado percebeu que comerciantes poderiam comprar licenças de sal de prata e em
troca impulsionassem as receitas do Estado, a ponto de que comprar grãos não
foi mais um problema.[81] Os
governos do Hongwu e de Zhengtong (r. 1435 – 1449) tentaram cortar a
entrada de prata na economia produzindo papel
moeda, ainda que a mineração do metal tivesse se tornado uma
lucrativa atividade ilegal praticada por muitos.[82] O
Hongwu não tinha conhecimento de inflação econômica
por isso continuou a distribuir uma grande quantidade de notas de papel como
prêmios; em 1425, o papel moeda valia apenas de 0,025% a 0,014% do seu valor
original do século XIV.[11] O
valor padrão da cunhagem de cobre também diminuiu significativamente devido à falsificação; no século XVI, novas rotas
comerciais marítimas com a Europa geraram enormes quantidades de prata
importadas, que se tornaram cada vez mais a moeda de troca padrão da época.[83] Já
em 1436, as taxas do comércio de grãos haviam sido parcialmente trocada para
pagamentos em prata.[84] Em
1581, a
Reforma do Chicote ministrada pelo Grande
secretário Zhang Juzheng (1525-1582) finalmente regulamentou os
impostos sobre a quantidade de terras a serem pagas integralmente em prata.[85]
O reinado de Yongle
Retrato de Yongle (r. 1402-1424).
Ascensão
ao poder
O neto do Hongwu, Zhu Yunwen, assumiu o trono
como o Imperador
Jianwen (1398-1402)
depois da morte de Hongwu em 1398. Em uma introdução para uma guerra civil de
três anos, com início em 1399,[86] Jianwen
se envolveu em uma confrontação política com seu tio Zhu Di, o Príncipe de Yan.
O Imperador tinha conhecimento das ambições dos seus tios príncipes,
estabelecendo medidas que limitavam suas autoridades. O militante Zhu Di,
devido às batalhas contra os mongóis nas fronteiras ao redor de Pequim, era o
mais temido dos príncipes. Depois que Zhu Di teve muitos de seus associados
presos por Jianwen, ele planejou uma rebelião. Sob o pretexto de evitar que o
jovem Jianwen corrompesse funcionários, Zhu Di pessoalmente liderou o exército
revolto, e o palácio de Nanquim foi queimado, juntamente com o sobrinho de Zhu
Di, o Imperador Jianwen, sua esposa, mãe, e toda sua corte. Zhu Di assumiu o
trono como o Yongle (1402-1424);
seu reinado é universalmente visto pelos estudiosos como uma "segunda
fundação" da Dinastia Ming, pois ele reverteu muitas das políticas do seu
pai.[87]
Nova capital e o canal
restaurado
Yongle rebaixou Nanquim como capital secundária
e em 1403 anunciou que a nova capital da China seria na sede do seu próprio
governo em Pequim. A construção da nova cidade durou 13 anos, de 1407 a 1420, empregando
centenas de milhares de trabalhadores diariamente.[88] No
centro ficava a zona política da Cidade Imperial,
e no centro dessa zona existia a Cidade Proibida, a residência palaciana do
imperador e de sua família. Até 1553,
a cidade cresceu para o sul, que levou o Pequim ao
tamanho de 6,5 a
7,3 quilômetros .[89]
As Tumbas da Dinastia Ming localizadas a 50 km ao norte de Pequim; o local foi escolhido por Yongle.
Depois que passou décadas abandonado e
degradado, o Grande Canal foi restaurado sob o império de Yongle
de 1411-1415. O motivo para a restauração do canal era o de resolver
definitivamente o problema do transporte de grãos para o norte de Pequim. O
transporte marítimo anual de 4.000.000 shi (um shi é igual a 107 litros ) era difícil
devido ao sistema ineficiente de transporte de grãos através do Mar da China Oriental ou por vários canais fluviais que,
durante o processo, exigiam a transferência dos grãos entre vários tipos de
barcaça diferentes, incluindo as barcaças de água superficial e profunda.[90] Yongle
encomendou cerca de 165.000 trabalhadores para dragar o leito do canal na parte
ocidental de Shandong, e construiu uma série de quinzeeclusas.[89][91] A
reabertura do Grande Canal teve implicações para Nanquim também, pois ela foi
superada pela cidade de Suzhou como o
maior centro comercial da China, devido à sua ótima posição geográfica.[92]
Embora Yongle ordenasse episódios sangrentos de purgas como seu pai - incluindo a execução de
Fang Xiaoru que recusou-se a propor a proclamação da sua sucessão Yongle teve
uma atitude diferente sobre os oficiais-acadêmicos.[88] Ele
tinha uma seleção de textos elaborados a partir da escola de Zhu
Xi Cheng- Confucionismo Zhu ou Neo-Confucionismo a fim de ajudar aqueles que
estudavam para os exames do funcionalismo público.[88]Yongle encomendou a dois mil
acadêmicos a missão de criar uma enciclopédia de 50 milhões de palavras (22 938
capítulos), aEnciclopédia
Yongle- de sete mil livros.[88] Esta
superou todas as enciclopédias anteriores em cobertura e dimensão, incluindo a
compilação dos Quatro Grandes Livros de Canções do século XI. No entanto, os
oficiais-acadêmicos não foram o único grupo político que o Yongle teve que
apaziguar. O historiador Michael Chang salienta que o Yongle foi um
"imperador a cavalo" que muitas vezes viajava entre as duas capitais,
como na tradição mongol dos Yuan e constantemente conduziu expedições para a
Mongólia.[93] Isso
era o oposto do que o confucionismo pregava porque ao mesmo tempo servia para
reforçar a importância dos eunucos e dos oficiais militares cuja força dependia
dos favores do imperador.[93]
Frota
do Tesouro
Uma girafa trazida da África no décimo segundo aniversário do Yongle (1414); os chineses associavam a girafa com o mítico qilin.
A partir do início de 1405, o Yongle confiou ao
seu favorito comandante-eunuco Zheng He (1371-1433)
o título de almirante naval para a gigantesca nova frota de navios designadas
para missões comerciais internacionais. Os chineses enviavam missões diplomáticas para o ocidente desde a Dinastia Han (202 a .C. – 220 d.C.) e
estavam envolvidos com comércio
exterior não-estatal estando
presente na África
Oriental durante séculos -
que atingiu o pico nas dinastias Song e Yuan mas nenhuma missão comercial
patrocinada pelo Governo desta grandeza e dimensão tinha sido montada antes.
Para servir a sete diferentes missões comerciais no estrangeiro, os estaleiros
navais de Nanquim construiriam dois mil navios entre 1403 a 1419, que incluía os
grandes navios
do tesouro que mediam de 112 metros (370 pés ) a 134 m (440 pés ) de comprimento e 45 m (150 pés ) a 54 m (180 pés ) de largura.[94] A
primeira viagem, que ocorreu entre 1405 e 1407, continha 317 embarcações com
uma equipe de 70 eunucos, 180 médicos, 5 astrólogos, e 300 oficiais militares
comandando um total estimado de 26.800 homens.[95]
As enormes missões comerciais foram
interrompidas após a morte de Zheng He, mas sua morte foi apenas um de muitos
fatores que acabaram com as missões. Yongle tinha conquistado o Vietnã em
1407, mas as tropas Ming foram expulsas em 1428 com grandes custos para a
tesouraria Ming; em 1431 a
nova Dinastia Lê do Vietnã foi reconhecida como um
estado independente, que era tributada pelo império.[96] Houve
também a ameaça e a revitalização dos mongóis no norte da estepe, que desviaram
a atenção da corte dos outros assuntos; para enfrentar esta ameaça, uma
quantidade enorme de dinheiro foi utilizadas para a construção da Grande Muralha após 1474.[96] A
mudança de Yongle de Nanquim para Pequim como capital foi, em grande parte, em
resposta à necessidade da corte de manter-se mais próxima da ameaça mongol no
norte do país.[97] Os
oficiais-acadêmicos também associaram os enormes gastos com as frotas com o
aumento do poder dos eunucos na corte e, por isso, cortou o financiamento para
as frotas para barrar a ampliação da influência dos eunucos.[98]
Crise Tumu e os Ming mongóis
Ver artigo principal: Crise Tumu e Rebelião de Cao Qin
O líder dos Mongóis Oirats Esen Tayisi lançou uma invasão na China Ming em julho de 1449. O chefe eunuco Wang Zhen incentivou o Imperador Zhengtong (r. 1435-1449) para que ele conduzisse pessoalmente uma força para enfrentar os mongóis após uma derrota Ming recente; marchando com 50 000 tropas, Zhengtong deixou a capital e colocou o seu meio-irmão Zhu Qiyu, encarregado do trono como regente temporário. Na batalha que ocorreu em 8 de setembro, a sua força de 50 000 soldados foi dizimada pelo exército de Esen e Zhengtong foi capturado e mantido em cativeiro pelos mongóis - um evento conhecido como a Crise Tumu.[99] Depois da captura de Zhengtong, as forças da Esen pilharam tudo que aparecia no caminho até chegarem ao subúrbio de Pequim.[100] Depois ocorreu outro saque nos subúrbios de Pequim em novembro do mesmo ano por bandidos locais e soldados Ming de ascendência Mongol que estavam vestidos como invasores mongóis.[101] Muitos chineses Han também começaram a saquear e roubar logo após o incidente Tumu.[102][103]
A Grande Muralha da China; embora as muralhas de terra batida dos antigos Estados Guerreiros foram combinadas em um muro unificado sob as dinastias Qin e Han, a grande maioria do tijolo e pedra da Grande Muralha como ela é vista hoje é resultado da Dinastia Ming.
Os mongóis sequestraram o Imperador Zhengtong e pediram um resgate para devolvê-lo. No entanto, esse plano foi frustrado porque o irmão mais novo de Zhengtong assumiu o trono com o Imperador Jingtai (r. 1449-1457); os mongóis também foram repelidos quando o braço-direito de Jingtai, o ministro de defesa Yu Qian (1398-1457 ), controlou as forças armadas Ming. Manter Zhengtong em cativeiro era inútil na negociação para os mongóis, pois outro tinha sentado em seu trono, de modo que ele foi liberado para voltar para a China Ming.[99] Zhengtong foi colocado em prisão domiciliar no seu palácio até o golpe contra Jingtai em 1457 conhecido como o "Incidente da Captura do Portão".[104]
Zhengtong retomou o trono como Imperador Tianshun (r. 1457-1464).
O reinado do Tianshun foi agitado e as forças
mongóis de dentro da estrutura militar Ming continuaram a ser problemáticas. Em
7 de agosto de 1461, o general chinês Qin Cao e suas tropas Ming de ascendência
mongol tentaram
um golpe contra Tianshun por
medo de estarem na lista de purga daqueles que ajudaram na sucessão de Jingtai.[105] Os
mongóis que serviam no exército Ming também se tornaram cada vez mais
prudentes, pois os chineses começaram a desconfiar dos pedidos dos mongóis após
a crise Tumu.[106] A
força rebelde de Cao organizara-se para por fogo nos portões ocidental e
oriental da Cidade Imperial (apagado pela chuva durante a
batalha), e matou vários ministros antes que suas forças tenham sido finalmente
derrotadas e ele foi forçado a cometer suicídio.[107][108]
A ameaça mongol para a China atingiu o seu pico
no século XV, embora investidas periódicas tenham continuado durante todo o
período da dinastia. Assim como na Crise Tumu, o líder Mongol Altan Khan (r. 1470-1582) invadiu a China e
dominou uma grande parte do território até os arredores de Pequim.[109][110] É
interessante notar que o Imperador Ming empregou soldados de ascendência mongol
para lutar contra a invasão de Altan Khan, assim como os oficiais militares
mongóis foram contra o golpe falho de Cao Qin.[111]As incursões mongóis levaram as
autoridades Ming à reconstrução da Grande Muralha a partir do final do século
XV até o século XVI; John Fairbank observa que "isso provou ser um gesto
fútil militarmente, mas expressou fortemente o fechamento da mentalidade
chinesa".[96] Ainda,
a Grande Muralha não foi concebida para ser uma fortificação puramente
defensiva; suas torres funcionavam mais como uma série de fronteiras iluminadas
e estações de sinalização para advertir mais rapidamente às tropas amigas do
avanço das tropas inimigas.[112]
Isolamento da globalização
Comércio ilegal,
pirataria, e a guerra com o Japão
Incursões piratas japonesas do século XVI.
Em 1479, o vice-presidente do Ministério da
Guerra queimou os registros do tribunal que documentavam as viagens de Zheng
He; esse foi um dos muitos eventos que sinalizavam a mudança chinesa na
política externa.[113] As
leis navais que foram implementadas restringiam os navios a um pequeno tamanho;
o declínio da marinha Ming permitiu o crescimento da pirataria ao longo da
costa chinesa.[96]
Piratas
japoneses ou wokou começaram a saquear navios chineses
e comunidades costeiras, apesar de grande parte da pirataria ter sido realizada
por chineses nativos.[96]
Em vez de montar um contra-ataque, as
autoridades Ming optaram por encerrar as instalações costeiras e matar os
piratas de fome; todo o comércio exterior teve de ser realizado pelo Estado,
por missões tributárias formais.[96] Estas
políticas eram conhecidos como as leis hai jin,
que instituíam uma proibição rigorosa da atividade privada marítima até a
abolição formal, em 1567.[96] Neste
período de controle estatal, o comércio exterior com o Japão foi
realizado exclusivamente pelo porto de Ningbo, o comércio com as Filipinas exclusivamente
em Fuzhou, e com a Indonésia exclusivamente
em Cantão.[114] Depois
disso os japoneses só foram autorizados no porto uma vez a cada dez anos, e
eram autorizados a levar um máximo de trezentos homens em dois navios; estas
leis chinesas encorajaram muitas pessoas a empenharem-se na comercialização
ilegal do comércio e na generalização do contrabando.[114]
O ponto fraco nas relações entre a China Ming e
o Japão ocorreu durante o governo do grande general japonês Toyotomi Hideyoshi,
que em 1592 anunciou que ia conquistar a China. Nas duas campanhas conhecidas
como Guerra Imjin, os japoneses lutaram contra os
exércitos coreano e Ming. Ambos os lados ganharam batalhas na guerra, mas com a
morte de Hideyoshi em 1598, os japoneses perderam as suas últimas bases na
Coréia e retornaram para o Japão. Apesar disto e a grande liderança dos
coreanos, como do almirante Yi Sun-sin, os generais Ming foram quem
levaram o crédito pela vitória. No entanto, a vitória veio com um enorme custo
para o Tesouro do governo Ming: 26 000 000 onças
de prata.[115]
Comércio e contato com a Europa
Centros de comando militar em 1580, concentrados principalmente ao longo da costa, na fronteira norte, e no sudoeste; as principais rotas de comunicação indicadas são baseados em um mapa do livro "O Prazer de conflito de Timothy Brook.
Embora Jorge Álvares tenha sido o primeiro a desembarcar na
Ilha Lintin no Delta
do Rio das Pérolas, em maio de 1513, foi Rafael Perestrelo - um parente da esposa de Cristóvão Colombo - que se tornou o primeiro explorador
europeu a desembarcar na costa sul da China continental e a comercializar com Cantão em
1516, comandando um navio português com uma tripulação de malaios e que
havia navegado de Malaca.[116][117][118] Os
Portugueses enviaram uma expedição em larga escala em 1517 para entrar em
Cantão e abrir relações comerciais formalmente com as autoridades chinesas.[116] Durante
esta expedição os portugueses tentaram enviar uma delegação para o interior no
nome de Manuel I para a corte do imperador Ming
Zhengde; em vez disso a missão diplomática foi presa em uma prisão chinesa e
morreu nela.[116] Após
a morte de Zhengde em abril de 1521,
a parte conservadora da corte, que era contra a expansão
das relações comerciais, interpretava que a conquista portuguesa de Malaca - um vassalo fiel dos Ming - era
motivo suficiente para rejeitar a instalação de uma embaixada portuguesa.[119] Simão
de Andrade, irmão do embaixadorFernão Pires de
Andrade, também havia alimentado as especulações chinesas que os
portugueses sequestravam crianças chinesas para comê-las; Simão tinha comprado
crianças, raptadas como escravas, que foram encontradas mais tarde em Diu, Índia.[120] Em
1521, as forças navais Ming lutaram e expulsaram os navios portugueses em Tuen Mun,
onde os primeiros canhões de carregamento-traseiro foram introduzidos na China.[121] Apesar
das hostilidades iniciais, depois de 1549 os portugueses enviavam missões
comerciais anualmente para a Ilha
de Shangchuan.[116] Em
1557, os portugueses conseguiram convencer a corte Ming sobre um tratado comercial
legal que estabeleceria Macau como uma colônia oficial portuguesa no
litoral do Mar do Sul da China.[116] A
frota portuguesa de Gaspar da Cruz (c. 1520 - fevereiro 5, 1570) viajou
para Cantão em 1556, e escreveu o primeiro livro completo sobre a China e a
Dinastia Ming que foi publicada na Europa (quinze dias após a sua morte); ele
incluía informações sobre a sua geografia, as províncias, a realeza, os altos
funcionários, a burocracia, o transporte marítimo, a arquitetura, agricultura,
o artesanato, negócios comerciais, vestuário, costumes religiosos e sociais,
música e instrumentos, caligrafia, educação e justiça.[122]
A partir da China as principais exportações eram
seda e porcelana.
A Companhia
das Índias Orientais transportava
sozinha 6 milhões de itens em porcelana da China para a Europa entre os anos de
1602 e 1682.[123] Antonio
de Morga (1559-1636),
um oficial espanhol em Manila, indicou um grande inventário dos bens que foram
negociadas pela China Ming na virada do século XVII, notando que havia
"raridades que, se eu me referisse a todos elas, eu nunca terminaria, ou
sequer tenho papel suficiente para tal."[124] Depois
de notar a variedade de produtos de seda comercializados com os europeus, Ebrey
escreveu sobre o tamanho considerável das transações comerciais.
Mapa da Ásia Oriental pelo jesuíta italiano Matteo Ricci em 1602; Ricci (1552-1610) foi o primeiro europeu permitido na Cidade Proibida, ensinou os chineses como construir e tocar espineta, traduziu textos do chinês para o latim e vice-versa, e trabalhou estreitamente com o seu associado chinês Xu Guangqi (1562-1633) em trabalhos com matemática.
De uma
vez só, um galeão espanhol transportou para os territórios espanhóis no Novo
Mundo mais de 50 000 pares de meias de seda. Em troca a China importou
principalmente prata das minas peruana e mexicana, transportados através de
Manila. Os comerciantes chineses eram ativos nestes empreendimentos
comerciais, e muitos emigraram para locais como as Filipinas e Bornéu para
arranjar novas oportunidades comerciais.[114]
|
Depois que os chineses proibiram o comércio
direto dos comerciantes chineses com o Japão, os portugueses preencheram este
vácuo como intermediários entre a China e o Japão.[125] Os
portugueses compravam seda chinesa e vendiam-nas para os japoneses, em troca de
prata japonesa; como a prata era mais valorizada na China, os portugueses
podiam utilizar a prata japonesa para comprar cada vez mais estoques de seda
chinesa.[125] No
entanto, em 1573 - após os espanhóis estabelecerem uma base comercial em Manila o comércio português como intermediários foi diminuído pela entrada principal
de prata na China a partir da América espanhola.[126][127]
Embora a maior parte das importações para a
China tenham sido de prata, os chineses também importavam produtos agrícolas do Novo Mundo a
partir do Império espanhol.
Nisso incluía batata doce, milho,
e amendoim, alimentos que poderiam ser
cultivados em terras onde as culturas tradicionais chinesas trigo, milhete e arroz não podiam crescer, portanto
facilitando o aumento da população chinesa.[114][128] Na Dinastia Song (960-1279), o arroz tinha se tornado a
principal plantação de subsistência dos pobres;[129] depois
que a batata doce foi introduzida na China, em torno de 1560, ela se tornou
gradualmente o alimento tradicional das classes mais baixas.[130]
Reinado do Imperador Wanli
A perda financeira na Guerra Imjin na Coréia
contra os japoneses foi um de muitos problemas de carácter fiscal ou outros que a China Ming enfrentou durante o reinado do Imperador Wanli (r. 1572-1620). No início de seu
reinado, Wanli cercou-se com conselheiros experientes e fez um esforço
consciente para tratar dos assuntos do Estado. Seu Grande Secretário Zhang Juzheng (funcionário entre 1572 e 1582)
acumulou uma eficaz rede de alianças com altos funcionários.[131] No
entanto, não houve nenhum outro funcionário qualificado o suficiente depois
dele para manter a estabilidade dessas alianças;[131] os
funcionários logo se uniram em facções políticas opostas. Ao longo do tempo,
Wanli foi ficando cansado de assuntos judiciais e queixas políticas freqüentes
entre os seus ministros, preferindo ficar por trás dos muros da Cidade Proibida
e longe da vista de seus funcionários.[132]
Imperador Wanli (r. 1572-1620).
Os assessores oficiais pressionaram Wanli sobre
qual dos seus filhos deveria o suceder no trono; ele também foi ficando
igualmente revoltado com altos assessores constantemente palpitando sobre a
forma de gerir o Estado.[132] Houve
aumento das facções na corte e em todo a esfera intelectual da China que
crescia a partir do debate filosófico contra ou a favor do ensino de Wang
Yangming (1472-1529),
o último daqueles que rejeitou algumas das opiniões ortodoxas do Neo-Confucionismo.[133][134] Entediado
por tudo isso, Wanli começou a negligenciar algumas de suas funções,
permanecendo ausente das audiências da corte para discutir política, perdeu o
interesse em estudar os clássicos do
confucionismo, recusou-se a ler petições e outros documentos do
estado, e parou de preencher as recorrentes vagas de vitais cargos
administrativos.[132][135] Os
funcionários-acadêmicos perderam destaque na administração assim que os eunucos
se tornaram os intermediários entre o imperador e seus funcionários; qualquer
alto funcionário que queria discutir questões do estado teria que subornar um
dos poderosos eunucos simplesmente para ter suas exigências ou mensagem
retransmitida para o imperador.[136]
Papel
dos eunucos
Foi dito que o Hongwu proibia os eunucos de
aprender a ler ou a se envolverem na política.[89] Se
estas restrições foram realizados com sucesso absoluto em seu reinado ou não,
os eunucos no período de reinado do Yongle e depois dele, administraram
departamentos imperiais enormes, comandaram exércitos, e participaram em
assuntos de nomeação e promoção de funcionários.[89]
Os eunucos desenvolveram sua própria
burocracia que foi organizada paralelamente mas não estava sujeita a burocracia
do funcionalismo público.[89] Embora
houvesse vários eunucos ditatores ao longo de todo o período Ming, como Wang
Zhen, Wang Zhi, e Liu Jin, o excessivo poder tirânico dos
eunucos não se tornou evidente até a década de 1590 quando Wanli aumentou seus
direitos sobe a burocracia civil e concedeu-lhes poder de cobrar os impostos
provinciais.[135][136][137]
Copos de chá da época Tianqi, a partir da coleção Nantoyōsō do Japão; O Imperador Tianqi foi fortemente influenciado e controlado pelo eunuco Wei Zhongxian (1568-1627).
O eunuco Wei Zhongxian (1568-1627) dominou a corte do Imperador
Tianqi (r. 1620-1627)
e teve seus rivais políticos torturados até à morte, principalmente os críticos
da facção da "Sociedade
Donglin".[138] Ele
ordenou a construção de templos em sua homenagem ao longo de todo o Império
Ming,[136] e
construiu palácios pessoais com os fundos reservados para a construção do
túmulo do antigo imperador. Seus amigos e familiares ganharam posições
importantes, sem qualquer qualificação. Wei também publicou uma obra histórica
censurando e desprezando seus adversários políticos.[136] A
instabilidade na corte veio à tona quando calamidades naturais, pestes,
rebeliões, e as invasões estrangeiras chegaram ao seu máximo. Apesar do Imperador
Chongzhen (r.
1627-1644) ter demitido a corte de Wei que levou ao suicídio de Wei pouco
depois - o problema com os eunucos persistiu até o colapso da dinastia menos de
duas décadas mais tarde.
Crise
econômica
Durante os últimos anos do reinado de Wanli e os
de seus dois sucessores, desenvolveu-se uma crise econômica que foi centrada em
torno de uma súbita falta generalizada do principal meio de troca do império:
prata. Os poderes protestantes da República Holandesa e do Reino da Inglaterra patrocinavam freqüentes incursões e
atos de pirataria contra os impérios católicos da
Espanha e de Portugal no intuito de enfraquecer a sua potência econômica
mundial.[139] Entretanto, Filipe IV de Espanha (r. 1621-1665) iniciou o combate ao
contrabando ilegal de prata do México e do Peru em todo o Pacífico em
direção à China, favorecendo o transporte marítimo da prata americana
diretamente da Espanha para Manila. Em 1639, o novo regime Tokugawa do Japão encerrou a maior parte do seu
comércio externo com as potências europeias dificultando mais uma das fontes
de entrada de prata na China. No entanto, a maior interrupção do fluxo de prata
veio das Américas, ao mesmo tempo em que a entrada da prata japonesa continuava
na China, mas em quantidades limitadas.[140] Alguns
historiadores afirmam que mesmo que o preço de prata tenha subido no século
XVII, seria devido a uma queda na procura de bens, e não diminuiria os estoques
de pratas.[141]
Manhã de Primavera no Palácio Han, por Qiu Ying (1494-1552); o luxo excessivo e a decadência foram marcas distintivas do período Ming tardio.
Estes acontecimentos ocorreram praticamente ao
mesmo tempo o que causou um rápido aumento no valor de prata, e fez o pagamento
dos impostos praticamente impossível para a maioria das províncias. As pessoas
começaram a acumular prata, conforme houve um desaparecimento progressivo dela,
forçando a um forte declínio na cotação entre o valor do cobre e da prata.[126] Na
Década de 1630, uma seqüência de mil moedas de cobre valia uma onça de
prata; em 1640 foi reduzido para o valor de meia onça; em 1643 valia
aproximadamente um terço de uma onça.[126] Para
os camponeses foi um desastre econômico, já que eles pagavam os impostos com
prata, mas conduziam o comércio local e vendiam seus produtos em troca de
moedas de cobre.[142]
No início da metade do século XVII, a fome se
tornou comum no norte da China por causa do incomum clima frio e seco que
encurtou o período de colheita; estes foram efeitos de um evento ecológico
maior que hoje é conhecido como a Pequena Idade do Gelo.[143] A
fome, junto com o aumento dos impostos, deserções militares generalizadas, um
sistema de seguridade social em declínio, e desastres naturais como enchentes e
a incapacidade do governo para administrar adequadamente as irrigações e os
projetos de controle das cheias causou uma ampla perda de vidas e da civilidade
normal.[143] O
governo central sofria com uma falta de recursos e poderia fazer muito pouco
para atenuar os efeitos dessas calamidades. Para tornar as coisas piores, uma
epidemia se alastrou por toda a China de Zhejiang à Henan, matando um grande
número de pessoas, desconhecido até hoje.[144]
Queda da Dinastia
Ascensão
dos manchus
Shanhaiguan ao longo da Grande Muralha, o portão que os Manchus foram repetidamente rechaçados até que finalmente foram permitidos de entrar por Wu Sangui, em 1644.
Um notável líder tribal chamado Nurhaci (r. 1616-1626), começando com apenas
uma tribo pequena, rapidamente ganhou o controle de toda as tribos da Manchúria. Durante a Guerra Imjin ele se
ofereceu para liderar as suas tribos no apoio aos exércitos Ming e Joseon. Esta
oferta foi recusada, mas a ele foi concedido grandes títulos de honra dos Ming
pelo seu gesto.[145] Reconhecendo
a fragilidade da autoridade Ming na sua fronteira norte, ele assumiu o controle
sobre todas as outras tribos independentes ao redor de sua terra natal.[145] Em
1610 ele quebrou relações com a corte Ming; em 1618 ele exigia aos Ming que
pagassem tributos a ele, a fim de corrigir as sete
injustiças no qual ele
documentou e enviou para a corte Ming. Esta foi, num sentido muito real, uma
declaração de guerra pois o Imperador Ming não estava apto a dar dinheiro para
os manchus.
Sob o brilhante comandante Yuan
Chonghuan (1584-1630),
os Ming foram capazes de lutar repetidamente contra os Manchus, notadamente em
1626, na Batalha
de Ningyuan (na qual
Nurhaci foi ferido mortalmente) e em 1628 . Sob o comando do Yuan, o exército
Ming manteve segura a passagem de
Shanhai, bloqueando, assim, os Manchus de atravessarem a passagem e
atacarem a península
Liaodong. Usando armas de fogo européias, ele foi capaz de evitar os
avanços de Nurhaci ao longo do rio Liao.[146] Embora
ele tenha sido nomeado marechal de todas os exércitos do nordeste em 1628, ele
foi executado em 1630 em uma falsa acusação de conluio com os Manchus, uma vez
que supostamente eles fantasiavam suas incursões militares.[147] Os
generais sucessores revelaram-se incapazes de eliminar a ameaça manchu.
Incapazes de atacar diretamente o coração do
Império Ming, os manchus aproveitaram para desenvolver suas próprias
artilharias e alianças. Eles foram capazes de mobilizar os funcionários do
governo Ming e os seus generais como conselheiros estratégicos. Uma grande
parte do Exército Ming desertou com a ascensão manchu. Em 1632, eles haviam
conquistado uma boa parte da Mongólia Interior,[146] resultando
em um recrutamento em larga escala de tropas mongóis sob a bandeira
manchu e na garantia
de uma rota suplementar para o centro do Império Ming.
Até 1636, o governante manchu Huang-Taiji renomeou
a sua dinastia de os "Últimos Jin" para "Qing" em Shenyang, que tinha caído sob domínio manchu
em 1621, e lá foi feita sua capital em 1625.[146][148][149] Huang-Taiji
aprovou também o título imperial chinêshuangdi em vez de Khan,
tomou o título Imperial Chongde ("Venerada
Virtude"), e mudou o nome do seu povo de Jurchen paraManchu.[149][150] Em
1638 os manchus derrotaram e conquistaram o aliado tradicional da China Ming, Joseon,
com um exército de 100 000 soldados. Pouco depois dos coreanos terem renunciado
à sua longa lealdade à Dinastia Ming.[150]
Rebelião,
invasão e colapso
O Imperador Shunzhi (1644-1661), proclamado governante da China em 8 de outubro de 1644.
Um soldado camponês chamado Li Zicheng (1606-1644)
revoltou-se junto com seus companheiros na parte ocidental de Shaanxi, no
início da década de 1630 quando o governo deixou de enviar muito dos
suprimentos necessários à região.[143] Em
1634 ele foi capturado por um general Ming, e liberado apenas se ele voltasse
ao serviço.[151] O
acordo foi breve quando um magistrado local executou trinta e seis de seus
companheiros rebeldes; as tropas de Li retaliaram matando os funcionários que
participaram da execução e continuaram a liderar uma rebelião baseada em
Rongyang, no centro da província de Henan em 1635.[152] Até
a Década de 1640, um ex-soldado e rival de Li - Zhang
Xianzhong (1606-1647)
- havia criado base rebelde em Chengdu, Sichuan, enquanto o centro do poder de Li era
em Hubei,
estendendo sua influência sobre Henan e Shaanxi.[152]
Em 1640, massas de camponeses chineses que
estavam famintos, incapazes de pagar os seus impostos, e sem medo do
freqüentemente derrotado exército chinês, começaram a formar enormes bandos de
rebeldes. O exército chinês, pego entre infrutíferos esforços para derrotar as
incursões manchu no norte e as enormes revoltas camponesas nas províncias, naturalmente
não suportou. Mal-alimentado e mal-pago, o exército foi derrotado por Li
Zicheng - agora auto-denominado como o Príncipe de Shun – e arrasou a capital
sem muita resistência.[153] As
tropas de Li conseguiram entrar na cidade quando inesperadamente os portões
foram abertos por dentro.[153] Em 26 de maio de 1644,
Pequim caiu sob o exército rebelde liderado por Li Zicheng; durante o tumulto,
o último
imperador Ming enforcou-se em
uma árvore do jardim imperial.[153]
Aproveitando a oportunidade, os Manchus
atravessaram a Grande Muralha depois que o general de fronteira Ming Wu Sangui (1612-1678) abriu as portas na passagem
de Shanhai. Isso ocorreu pouco depois que ele leu sobre o destino da
capital e que o exército de Li Zicheng marchava em direção a ela; depois de
ponderar suas opções de aliança, ele decidiu se aliar com os Manchus.[154] O
exército manchu sob o comando do Príncipe Manchu Dorgon (1612-1650)
e de Wu Sangui se aproximavam de Pequim depois que o exército enviado por Li
Zicheng foi destruído em Shanhaiguan;
o exército do Príncipe de Shun fugiu da capital em 4 de junho.[155] Em
6 de junho, os Manchus e Wu entraram na capital e proclamaram o jovem Imperador Shunzhi, o novo governante da China.[155] Após
ser expulso de Xi'an pelos
Manchus, e perseguido ao longo do Rio
Han para Wuchang e, finalmente, ao longo da fronteira
norte da província de Jiangxi, Li Zicheng morreu no Verão de 1645,
acabando assim com a Dinastia
Shun.[155] Um
relatório diz que sua morte foi suicídio; outro afirma que ele foi espancado
até a morte por camponeses depois que ele foi pego roubando comida.[155] Zhang
Xianzhong foi morto em janeiro de 1647 por tropas Manchu depois que ele fugiu
de Chengdu e utilizou a política da terra arrasada.[156]
Remanescentes da Dinastia Ming ainda existiam
após 1644, incluindo os de Koxinga. Apesar da perda de Pequim e da morte
do imperador, o poder Ming não foi totalmente destruído. Nanquim, Fujian,
Guangdong, Shanxi, e Yunnan foram fortalezas da resistência Ming. No entanto,
houve vários pretendentes para o trono Ming, e suas forças estavam divididas.
Cada baluarte de resistência foi individualmente derrotado pelos Qing até 1662,
quando a última esperança real de uma renascença Ming morreu com o imperador
Yongli, Zhu
Youlang. Apesar da derrota Ming, pequenos movimentos leais a eles
continuaram até a proclamação da República da
China, em 1912.
Governo
Província, prefeitura, subprefeitura e os concelhos
O processo de figurino de Xangai do túmulo do Pan Yongzheng, na dinastia Ming, que viveu durante o século 16
Os imperadores Ming assumiu o sistema de
administração provincial da Dinastia Yuan, e os treze províncias Ming são os
precursores das províncias moderna. Ao longo da Dinastia Song, a maior divisão
política foi os circuits(lu 路).[157] No
entanto, após da Invasão
Jurchen em 1127, o tribunal estabeleceu quatro sistema semi-autônoma
depois do comando regional com base em unidades territoriais e militares, com
um destacado serviço de secretariado que se tornaria a administrações
provinciais do Yuan, Ming e Qing.[158]
População
Appreciating Plums, por Chen Hongshou (1598 - 1652) mostrando uma dama segurando um leque oval apreciando a vista.
O Imperador Xuande, (r. 1425–1435); ele afirmou em 1428 que sua população estava diminuindo devido à construção do palácio e as campanhas militares, mas de fato a população aumentava sob o seu reinado, um fato notado pelo governador de Zhou Chen de Zhili do sul em seu censo de 1432 ao trono sobre o comércio itinerante em larga escala.[159]
As histórias sinologistas continuam a debater a real população
para cada era na Dinastia Ming. As anotações do historiador Timothy Brook dizem
que os censos do governo Ming são dúbios desde que as obrigações fiscais
impulsionaram a muitas famílias que não reportassem o número de pessoas em suas
casas e muitas contagens oficiais para mascarar o número de famílias em sua
jurisdição.[160] Crianças
usualmente não foram contadas, especialmente as do sexo feminino, como mostrado
pela manipulação da estatística de população durante a Dinastia Ming.[161] Até
mulheres adultas não entravam no censo;[58] por
exemplo, a prefeitura de Daming em Zhili
do Norte reportou uma
população de 378.167 homens e 226.982 mulheres em 1502.[162] O
governo tentou revisar a forma do censo usando estimativas do número médio
esperado de pessoas em cada casa, mas isto não resolveu o maior problema do
registro de impostos.[163]
O número de pessoas contadas no censo de 1381
foi de 59.873,305; entretanto, este número caiu significativamente quando o
governo achou que alguns dos 3 milhões de pessoas estava faltando no censo de
imposto de 1391.[164] Ainda
que a não reportação tenha se tornado crime capital em 1381, a necessidade de
sobrevivência levou muitos a abandonar o registro para impostos e sair de suas
regiões, aonde Hongwu havia tentado impor imobilidade rígida na população.[159] O
governo tentou mitigar isto criando sua própria estamitiva conservadora de
60.545,812 pessoas em 1393.[159] Em
seus Studies on the Population
of China, Ho Ping-ti sugestiona a revisão do censo de 1393 para 65 milhões
de pessoas, notando que largas áreas do Norte da China e de fronteira não
haviam sido contadas no censo.[165] Brook
estabeleceu que a população reunida no censo oficial depois de 1393 era entre
51 e 62 milhões, enquanto a população estava de fato crescendo.[159] Até
o Imperador
Hongzhi (r. 1487–1505)
remarcou que o aumento diário em assuntos coincidiram com a quantidade diária
diminuição de civis e soldados registrados.[166] William
Atwell afirma que entorno de 1400
a população da China era possivelmente de 90 milhões de
pessoas, citando Heijdra e Mote.[167]
Historiadores estão agora buscando em noticiários locais
da China Ming por evidências que mostrem crescimento consistente na população.[161] Usando
os noticiários, Brook estima que a população total sob o poder do Imperador
Chenghua (r.
1464–1487) era precisamente de 75 milhões,[163] apesar
do censo da era Ming média apresentar entorno de 62 milhões.[166] Enquanto
as prefeituras através do império no período Ming médio ainda reportasse uma
queda ou tamanho da população estagnada, os noticiários locais reportavam
enormes quantidades de trabalhadores nômades chegando sem terras o suficiente
para se sustentarem, então muitos se tornariam andarilhos ou cortadores de
lenha que contribuíram para a desmatamento.[168] Os
imperadores Hongzhi e Zhengde aplicaram
as penalidades contra aqueles que fugiram de sua cidade natal, enquanto o Imperador
Jiajing (r. 1521–1567)
finalmente conseguiu imigrantes oficialmente registrados em qualquer lugar que
eles tivessem se mudado ou fugido de forma a trazer mais receitas.[162]
Mesmo com a reforma de Jiajing para documentar
os trabalhadores e mercadores imigrantes, no final da era Ming o censo do
governo ainda não refletia precisamente o grande crescimento da população.
Noticiários através do império notaram isto e fizeram suas próprias estimativas
do número total da população Ming, alguns acreditando que a população havia dobrado,
triplicado, ou até quintuplicado desde 1368.[169] Fairbank
estima que a população era possivelmente de 160 milhões no final da Dinastia
Ming,[170] enquanto
Brook estima 175 milhões,[169] e
Ebrey afirma que talvez chegasse perto de 200 milhões.[19] Entretanto,
uma grande epidemia que chegou à China pelo noroeste em 1641 devastou as áreas
densamente povoadas ao longo do Grande Canal; uma gazeta no norte de Zhejiang reportou que mais da metade da
população ficou doente neste ano e que 90% da população local foi morta em uma
única área em 1642.[171]
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